O presidente dos EUA, Barack Obama, durante discurso em New
London, em que falou que a mudança climática ameaça a segurança
norte-americana (Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP)
O presidente americano, Barack Obama,
disse nesta quarta-feira (20), durante um discurso, que o aquecimento
global é uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos e insistiu
em que o tema seja tratado como uma prioridade da defesa no país.
Falando em New London (Connecticut) para jovens graduados da Academia
da Guarda Costeira, Obama destacou a necessidade de adaptar as forças
armadas de todo o país, do Alasca à Flórida, para enfrentar o degelo do
permafrost (solo permanentemente congelado) ártico, o aumento do nível
dos mares e as secas prolongadas.
"Vocês são parte da primeira geração de oficiais que começará a servir
em um mundo onde os efeitos das mudanças climáticas serão sentidas
claramente", disse.
Ele também advertiu para o custo das mudanças que estão por vir e citou
uma estimativa, segundo a qual uma elevação de 30 centímetros nas águas
até o fim do século poderia custar US$ 200 bilhões nos Estados Unidos.
Neste sentido, disse que o nível do mar no porto de Nova York já
aumentou 30 cm em um século.
O Departamento de Defesa (DoD) lançou um estudo para avaliar a
vulnerabilidade de 7.000 bases e instalações do exército americano,
anunciou a Casa Branca.
"Em todo o mundo, as mudanças climáticas aumentam os riscos de
instabilidade e de conflitos", insistiu Obama, para que estes eventos
meteorológicos aumentarão a quantidade de "refugiados climáticos".
"Nenhuma nação está a salvo", advertiu. Isto "impactará na forma como
nosso exército terá que defender nosso país", razão pela qual será
necessário fazer profundos ajustes dentro da organização, no treinamento
do pessoal e na proteção das infra-estruturas.
Obama, que deixará a Casa Branca em janeiro de 2017, elevou o tom nos
últimos meses sobre os riscos das mudanças climáticas, um tema sobre o
qual não pode fazer muito em seu primeiro mandato, em parte devido à
oposição no Congresso.
A ciência é indiscutível
"Nos arredores de Norfolk (Virgínia, leste), grandes marés e tormentas provocam cada vez mais inundações em algumas áreas da nossa base naval e da nossa base aérea", prosseguiu. "No Alasca, o derretimento do permafrost danifica nossas instalações militares (...) No oeste, as prolongadas secas e incêndios ameaçam zonas de treinamento cruciais para nossas tropas".
"Nos arredores de Norfolk (Virgínia, leste), grandes marés e tormentas provocam cada vez mais inundações em algumas áreas da nossa base naval e da nossa base aérea", prosseguiu. "No Alasca, o derretimento do permafrost danifica nossas instalações militares (...) No oeste, as prolongadas secas e incêndios ameaçam zonas de treinamento cruciais para nossas tropas".
Ao mesmo tempo em que reconheceu que certo nível de aquecimento a estas
alturas é inevitável, o presidente americano pediu fazer tudo o
possível para limitar a elevação das temperaturas mundiais.
No fim de 2014, Obama anunciou em Pequim um acordo inédito entre
Estados Unidos e China sobre as emissões de gases de efeito estufa, que
são os que causam o aquecimento global. Pequim prometeu que suas
emissões deixarão de aumentar a partir de 2030, enquanto os Estados
Unidos asseguraram que reduzirão entre 26% e 28% suas emissões até 2025,
com base nos níveis reportados em 2005.
Há algumas semanas, o presidente americano expressou otimismo sobre a
possibilidade de que se alcance um acordo "ambicioso e duradouro" na
conferência mundial sobre o clima, que será celebrada em dezembro, em
Paris.
O objetivo da comunidade internacional é limitar o aumento da temperatura a um máximo de 2°C com relação à era pré-industrial.
Obama também mostrou exasperação diante dos legisladores republicanos -
alguns dos quais competirão por ocupar seu lugar nas eleições de 2016 -
que põem em dúvida os estudos científicos que asseguram a
responsabilidade das atividades humanas nas mudanças climáticas.
"Eu sei que ainda há gente em Washington que se nega a aceitar a
realidade das mudanças climáticas", acrescentou, mas "a ciência é
indiscutível. O planeta está esquentando".
"Negar o aquecimento e se negar a fazer algo a respeito é por em risco a
nossa segurança nacional", disse Obama aos jovens oficiais, prestes a
receber seus diplomas.
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