Um relatório da Royal Commission, divulgado esta
quinta-feira, revela que o cardeal George Pell sabia de abusos sexuais a
crianças cometidos por clérigos católicos na Austrália nos anos 1970,
mas nada fez.
As páginas relativas à conduta do cardeal George Pell do relatório,
que foi entregue em 2017, foram editadas de forma a impedir que os
jurados nos seus julgamentos sobre alegações de abuso sexual infantil as
conhecessem e fossem condicionados na decisão.
A comissão, criada em 2012 para invetsigar abusos na Igreja,
descobriu que Pell, quando era sacerdote na diocese de Ballarat, apoiou,
em 1973, Gerald Ridsdale, agora condenado por abuso sexual infantil, que levava rapazes para acampamentos noturnos.
“A essa altura, o abuso sexual infantil estava no seu
radar”, afirmou a comissão, citada pelo Diário de Notícias. “Também
estamos convencidos que, em 1973, o cardeal Pell não estava apenas
consciente do abuso sexual infantil por parte do clero, mas também
considerou medidas para evitar situações que pudessem provocar comentários sobre o assunto”.
A comissão relata que era “provável que Pell soubesse das
transgressões sexuais de Ridsdale” quando participou numa reunião sobre a
mudança do padre para outra paróquia em 1977. Pell insistiu que não se
lembrava de alegações de maus-tratos em Ballarat.
O relatório conclui que Pell deveria ter procurado o afastamento de outro padre,
Peter Searson, depois de receber uma lista de reclamações de uma
delegação de professores em 1989, quando Pell era bispo auxiliar em
Melbourne. Searson declarou-se culpado por agredir fisicamente uma
criança, mas nunca foi acusado de abuso sexual.
Segundo o inquérito, havia mais de quatro mil supostas vítimas de pedofilia em instituições religiosas e, em algumas dioceses católicas, mais de 15% dos padres eram perpetradores.
Em abril, o Supremo da Austrália absolveu Pell de todas as acusações e libertou-o da prisão.
Pell foi condenado em março de 2019 por cinco acusações de abuso sexual,
incluindo uma de penetração oral, cometida contra duas crianças no coro
da Catedral de São Patrício em 1996 e 1997, quando era arcebispo de
Melbourne.
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