As empresas norte-americanas registraram uma queda recorde nos lucros no
primeiro trimestre. Os números caíram para valores próximos dos da
crise de 2009.
A situação é crítica: o mercado acionário tem uma bolha pior que a da
crise da Internet de 2000, alertou uma das principais empresas de
investimento. Os analistas estão esperando uma onda de falências e
colapso do mercado acionário.
Inadimplência e falências iminentes
No primeiro trimestre de 2020, os lucros operacionais das empresas do
S&P 500 (índice bolsista composto a partir da capitalização das 500
maiores empresas norte-americanas) em termos anuais caíram US$ 661
bilhões (R$ 3.527 bilhões), uma redução de cerca de 50% em comparação
com o quarto trimestre de 2019.
"Este é o pior registro desde a crise de 2009", afirmou Joseph Carson,
economista-chefe da Alliance Berstein Investment Company.
Muito se perdeu por causa da guerra comercial com a China. Embora
Washington e Pequim tenham assinado a primeira fase do acordo em 15 de
janeiro, as taxas sobre produtos no valor de centenas de bilhões de
dólares ainda estão em vigor, tendo as relações entre os dois países se
deteriorado novamente.
As empresas americanas têm incorrido em sérias despesas, tanto mais que os produtos chineses são bem mais baratos.
De acordo com um relatório do escritório de Nova York da Reserva Federal
(FED, na sigla em inglês) e da Universidade da Colúmbia, a guerra
comercial entre os dois países reduziu o valor de mercado das empresas
norte-americanas em US$ 1,7 trilhões (R$ 9,1 trilhões).
No segundo trimestre, o desempenho financeiro continuará seguramente a
deteriorar-se devido às repetidas quedas nas vendas e na produção em
meio à pandemia do novo coronavírus.
© AP PHOTO / MARK LENNIHAN
Trader no salão da bolsa de valores de Wall Street observa variações nos preços das ações
De acordo com a previsão do FED, o PIB em termos anuais cairá mais de 40
por cento. Isso significa que mais inadimplências e falências serão
inevitáveis.
"Se a queda nos lucros operacionais das empresas do S&P 500 em
dólares no segundo trimestre ficar ao mesmo nível do primeiro, então em
termos anuais a queda já será de US$ 1,3 trilhão (R$ 6,9 trilhões)",
adverte Joseph Carson.
"Assim, até o final de junho, a relação preço/rendimento das ações do
índice S&P 500 superará os níveis extremamente altos da bolha do ano
2000", previu o especialista.
Em caso de aprofundamento da crise motivada pela COVID-19 e de queda
acentuada da atividade empresarial, as empresas do S&P 500
conhecerão o pior trimestre da última década em termos de lucro, preveem
os estrategistas do maior banco de investimentos, o JP Morgan.
FED não consegue resolver
As esperanças depositadas nas políticas de estímulo do FED e na liquidez
que o regulador injetou no mercado, para melhorar a situação financeira
das empresas e sua solvência, esfumaram-se.
Assim que os investidores perceberem a amplitude da queda do lucro
corporativo, outro colapso se iniciará no mercado de ações, creem os
especialistas.
© AFP 2020 / SPENCER PLATT / GETTY IMAGES
Painel com dados financeiros da Bolsa de Valores de Nova York (foto de arquivo)
Na semana passada, o gestor de fortunas Stanley Druckenmiller, que
administra o fundo de George Soros, afirmou que a atual relação
risco/rendimento no mercado de ações é a pior de toda a sua carreira.
"Parece que o consenso do mercado é o seguinte: "Não se preocupem, o FED
vai nos salvar. Mas, pelas nossas análises, o mercado está errado",
advertiu Druckenmiller, acrescentando que – na sua previsão - o programa
de estímulo massivo lançado pelo FED vai limitar ainda mais o
crescimento econômico.
Bilionários se preparam para o pior
A política do FED "é apenas um conjunto de pagamentos e transferências
que permitiu que as pessoas recebessem mais dinheiro sem trabalhar",
salientou Druckenmiller, para quem muito desse dinheiro foi parar a
empresas zumbis.
As empresas zumbi não geram lucros, elas vivem de dívidas. O crescimento
de seu número foi facilitado por um longo período de taxas de juros
baixas. Os economistas têm dito repetidamente que a abundância de
"mortos-vivos" cria uma ameaça real de uma nova crise em larga escala.
Os bilionários americanos estão se preparando para o pior. Assim, o
fundo de investimento Warren Buffett's Berkshire Hathaway reduziu
drasticamente sua participação em um dos maiores bancos do mundo, o
Goldman Sachs, ao vender 84% de suas ações.
O fundador do fundo de investimento Appaloosa Management, David Tepper,
disse que apenas uma vez na história os preços das ações das empresas
norte-americanas estiveram mais sobrevalorizados do que agora - em 1999 –
precisamente em vésperas da famosa crise da Internet que colapsou os
mercados.
https://br.sputniknews.com
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