A Áustria regista um aumento preocupante do discurso
xenofóbico, em particular em relação aos muçulmanos e refugiados, alerta
um relatório do Conselho da Europa.
A
Comissão do Conselho da Europa contra o Racismo e a Intolerância (ECRI)
alertou, num relatório divulgado na terça-feira, para “o elevado nível
de islamofobia” na Áustria, que se reflete num “discurso público cada
vez mais xenófobo”.
O relatório analisou a situação no país até dezembro do ano passado e concluiu que a xenofobia visa “sobretudo muçulmanos e refugiados”, relativamente a quem os políticos adotam “posições hostis e de clivagem”.
Além disso, o relatório observa uma “subnotificação de crimes de
ódio” e sublinha que “continua a ser denunciado o alegado uso policial
de perfis étnicos contra pessoas pertencentes a comunidades
minoritárias, em particular comunidades negras e muçulmanas”.
Apesar de a Áustria ter reconhecido recentemente a luta contra o
anticigano como uma prioridade contra o racismo e a discriminação, a
comissão critica “o alto nível de islamofobia, que se reflete num discurso público cada vez mais xenófobo“.
Quanto à política de integração, a Áustria é elogiada pelos recursos
investidos nas medidas de integração para recém-chegados ao país, em
particular para aprender a língua e aceder ao mercado de trabalho.
Por outro lado, o país adotou mudanças legislativas que “introduziram
restrições significativas às medidas em favor da integração, como o
reagrupamento familiar e a naturalização”.
Citado pelo Expresso, Farid Hafez, cientista político da Universidade de Salzburgo e editor fundador do Islamophobia Studies Yearbook, considera que as críticas do ECRI estão “corretas”.
“A islamofobia tornou-se uma forma dominante de racismo
e é amplamente partilhada na política austríaca, ainda que diferindo em
intensidade e motivação”, disse. “A legislação antimuçulmana tem vindo a
aumentar desde 2015 e, de então para cá, tem sido implementada cada vez
mais discriminação com letra de lei.”
Pela positiva, a comissão destaca “medidas legislativas destinadas a promover a igualdade para as pessoas LGBTI“,
como a autorização de casamento entre pessoas do mesmo sexo desde 2019,
bem como os “esforços para melhorar a deteção do discurso de ódio
online e apoiar as vítimas”.
Numa resposta de várias páginas anexada ao relatório do Conselho da
Europa, o Governo austríaco garante permanecer “totalmente empenhado na
luta contra o racismo, a xenofobia, o anti-semitismo e a intolerância”.
https://zap.aeiou.pt/austria-islamofobia-dominante-racismo-328222
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