Uma rede de saúde em Michigan, nos Estados Unidos (EUA), abriu uma investigação após alguns cirurgiões residentes publicarem fotografias nas redes sociais segurando órgãos removidos dos pacientes.
Segundo noticiou o New York Times, nas publicações, os médicos – residentes no Spectrum Health em Grand Rapids, no Michigan, e especializados em obstetrícia e ginecologia -, pediram aos seguidores que adivinhassem quanto pesavam os órgãos, de acordo com informações obtidas pela WOOD, uma filial da NBC.
De acordo com o jornal, as publicações – removidas após os médicos serem contactados pela estação televisiva – mostravam pelo menos um paciente em segundo plano.
“O outro jogo que jogamos na sala de cirurgia é adivinhar o peso”, indicava a publicação. “Isso se aplica a muito mais do que bebés. Como sempre, aplicam-se as regras do ‘Preço Certo’, então se ultrapassares, estarás fora!”, lia-se ainda.
O médico responsável pela publicação referia-se à regra do jogo televisivo ‘Preço Certo’, no qual os competidores que não acertam no valor de um prémio são desqualificados.
A Spectrum Health, que opera em 14 hospitais em Michigan – três dos quais em Grand Rapids -, afirmou num comunicado divulgado no domingo que a confidencialidade do paciente é fundamental.
“Ficamos chocados e consternados quando soubemos que as imagens cirúrgicas foram publicadas numa conta do Instagram não conetada oficialmente à Spectrum Health, usada por um grupo de médicos residentes”, escreveu. “Este comportamento inaceitável não reflete de forma alguma a nossa organização, o excelente profissionalismo da nossa equipa médica ou dos nossos médicos residentes em treinamento”, sublinhou.
Não ficou claro qual hospital ou quantos médicos estavam envolvidos no episódio. Nenhum dos cirurgiões foi identificado.
“Estamos a investigar de forma ativa e abrangente esse infeliz incidente”, acrescentou a organização. “Essas publicações não seguem o nosso código de excelência, os nossos valores ou as nossas expetativas quanto ao comportamento dos membros da equipa. Valorizamos profundamente a confiança que os nossos pacientes depositam em nós e trabalhamos para fortalecer esse vínculo todos os dias”, concluíram.
Noutra fotografia partilhada no Instagram, um médico aponta para um fio de tecido depois que uma paciente foi operada para remover miomas uterinos. O médico havia acabado de concluir um procedimento, através do qual extraiu o tecido por meio de pequenas incisões.
No domingo, Arthur Caplan, professor de ética médica na Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova Iorque, disse numa conferência que as publicações nas redes sociais podem motivar ações disciplinares e perda da licença.
“Certamente é uma violação grave da ética”, apontou. “Não há absolutamente nenhuma desculpa para transformar algo que deveria ser sério e tratado com respeito numa espécie de carnaval”, frisou.
Muitos pacientes consideram os tecidos ou órgãos removidos como parte de si mesmos, especialmente os órgãos reprodutivos femininos, esclareceu Caplan. Publicar fotografias com pacientes parcialmente visíveis em salas de cirurgia ultrapassou os limites, indicou.
“Tentamos explicar que um aspeto fundamental do profissionalismo é sempre o respeito pelo paciente e a compreensão de que estes têm um sentimento forte sobre o seu corpo e a sua intimidade”, concluiu.
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