segunda-feira, 6 de julho de 2020

Na Indonésia, são os recém-licenciados quem mais vai sofrer com o impacto económico da covid-19

A covid-19 continua a desacelerar a economia na Indonésia e pode causar graves impactos nos recém-licenciados que entram no mercado de trabalho pela primeira vez.
Na Indonésia, o crescimento económico diminuiu para 2,97% durante o primeiro trimestre e muitas empresas deixaram de recrutar novos funcionários já em março. Os dados apontam que a taxa de desemprego do país pode atingir o nível mais alto em mais de uma década, subindo para 9,2% – ou quase 13 milhões de pessoas – até ao final de 2020.
Mesmo antes da pandemia, a taxa de desemprego entre os jovens era uma das mais altas do Sudeste Asiático. Agora, pode piorar: a covid-19 trouxe com ela maiores barreiras à entrada no mercado de trabalho, salários mais baixos e agravamento das condições de trabalho.
De acordo com um artigo publicado no The Conversation, os baixos níveis de educação e a falta de avanços digitais são fatores que contribuem para os altos níveis de desemprego. Muhammad Adi Rahman, investigador no Instituto SMERU, disse que a pandemia só irá piorar a situação e dificultar a integração de recém-licenciados no mercado de trabalho.
A competição será muito mais acesa. Os jovens terão de lutar não apenas com outros jovens candidatos, mas também com candidatos a emprego que foram demitidos por causa da crise”, explicou.
No entanto, no caso dos jovens que consigam um emprego durante a pandemia, as perdas financeiras duradouras, em comparação com aqueles que conseguem um emprego em condições económicas normais, vão prejudicá-los de forma acentuada.
Hizkia Polimpung, investigador da Universidade Bhayangkara, em Jacarta, alerta ainda que a recessão também pode afetar negativamente as condições de trabalho. O impacto será pior para os jovens candidatos, dado que terão uma “reserva salarial” reduzida em comparação com os trabalhadores experientes.
“O resultado final não é apenas a possibilidade de desemprego, mas também as condições abusivas”, que podem forçar alguns jovens “desesperados” a aceitar empregos para os quais são superqualificados e cujas oportunidades de crescimento são mínimas.
Muhammad Adi Rahman defende que, perante este cenário, é muito importante estimular a economia com subsídios e incentivos financeiros – especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs) – para que consigam enfrentar os choques do mercado do trabalho causados pela pandemia de covid-19.
https://zap.aeiou.pt/indonesia-recem-formados-covid-19-333245

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