segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Rússia invade Ucrânia !


Meios de comunicação internacionais avançam que as primeiras movimentações bélicas já causaram 8 mortes e 11 feridos. Capital ucraniana com filas de quilómetros de carros com cidadãos que pretendem abandonar o território.

Quando faltavam 10 minutos para as 6h da manhã em Moscovo, e o Sol estava prestes a erguer-se na capital russa, Vladimir Putin falou aos seus compatriotas para anunciar o que há semanas os governos europeus e norte-americano vinham a antecipar, mas que o Kremlin insistiu em classificar como “especulações provocatórias“. Perante os pedidos dos rebeldes para que as forças russas lhes prestassem apoio militar contra a Ucrânia, Vladimir Putin acedeu, criando um pretexto para a invasão.

Fez saber que a Rússia iria iniciar uma “operação militar especial” com o objetivo de “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia. O anúncio fez-se acompanhar de um aviso: “qualquer tentativa estrangeira de interferir com a ação russa levará a consequências nunca antes vistas“. Desde o anúncio até que os jornalistas de órgãos de comunicação social internacionais presentes na Ucrânia começarem a reportar as primeiras explosões e troca de tiros foram precisos apenas poucos minutos.

Há relatos de incidentes nas cidades de Kramastorsk, Belgorod, Kharkiv, Odesa, Ivano-Frankivsk, Mariupol ou até na capital, Kiev – onde as sirenes de emergência tocaram às 7h da manhã, hora local.

À mesma hora que Putin se dirigia aos Russos, a um oceano de distância, a Organização das Nações Unidas, que reunia o seu Conselho de Segurança a pedido da Ucrânia, deparava-se com uma total impotência. Sentados à mesma mesa, em Nova Iorque, estavam representantes dos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, numa tentativa desesperada de travar um conflito que, naquela altura, já se havia iniciado. António Guterres, secretário-geral da ONU, disse-o taxativamente: “Presidente Putin, evite que as suas tropas entrem na Ucrânia”.

Na sala, os ecos do discurso do líder russo já se faziam sentir, com o embaixador ucraniano a usar palavras de Putin para elucidar os restantes países para os perigos que a Ucrânia corria a partir daquele momento. A mensagem parecia não surtir qualquer efeito junto do representante russo, Vasily Nebenzya, a dirigir a reunião, que continuava a negar a existência de uma guerra – ao mesmo tempo que se registavam explosões em Kiev. Segundo o próprio, o objetivo da operação é proteger a região de Donbass, a qual inclui as cidades de Donestsk e Lugansk.

Os incidentes armados sucederam-se nas primeiras horas do dia, mas as cidades ucranianas a amanhecerem com relativa calma, apesar dos ataques que acontecem sobretudo por via aérea. De acordo com os repórteres no local, o grande e principal sinal de que uma invasão está em curso vem das principais estradas de saída da capital ucraniana, com filas de quilómetros de carros com pessoas que pretendem abandonar não só Kiev, mas o país.

Nas redes sociais começam também a circular vídeos onde se podem ver as tropas russas a entrar em solo ucraniano, ainda que os avanços tenham ocorrido Norte, Leste e Sul – com especial destaque para a Crimeira, território anexado pela Rússia em 2014 no âmbito de outra operação armada. A agência Reuters noticia a morte de 8 pessoas e o ferimento de 11 como consequência das primeiras movimentações bélicas.

“Uma mulher e uma criança ficaram feridas na região de Konopot, onde um carro se incendiou. Na cidade de Podolsk, na região de Odessa, há sete mortos, sete feridos e 19 desaparecidos como resultado do bombardeiro. Na cidade de Mariupol, cidade de Donetsk, há um morto e dois feridos”, descreveu Anton Guraschenko, assessor do Ministério do Interior na plataforma Telegram.

No entanto, é provável que ao longo das próximas horas e dias surjam informações contraditórias relativamente ao número de baixas, com os dois lados a tentar exacerbar as suas conquistas bélicas. O mesmo acontece no que respeita à participação de forças externas no conflito. Inicialmente, as autoridades ucranianas davam conta da participação da Bielorrúsia no ataque, um cenário que o país já veio afastar.

Reações europeias e norte-americana

Ao início desta manhã, a presidente da Comissão Europeia anunciou novas “sanções pesadas” contra a Rússia depois do início dos ataques, deixando também o aviso para que Vladimir Putin “não subestimasse” a União Europeia.

“Estamos perante um ato de agressão sem precedentes por parte da liderança russa contra um país soberano e independente. O alvo dos russos não é apenas Donbass, o alvo não é apenas a Ucrânia, o alvo é a estabilidade na Europa e toda a ordem internacional de paz e responsabilizaremos o Presidente Putin por isso, pelo que, ainda hoje apresentaremos um pacote de sanções pesadas e direcionadas aos líderes europeus”, anunciou a responsável.

Ursula von der Leyen disse ainda, numa curta declaração à imprensa, que as novas medidas atingirão “setores estratégicos da economia russa, bloqueando o acesso a tecnologias e mercados que são fundamentais para a Rússia”.

“Enfraqueceremos a base económica da Rússia e a sua capacidade de modernização e, além disso, iremos congelar os ativos russos na União Europeia e impedir o acesso dos bancos russos aos mercados financeiros europeus.”

Já Josep Borrell, Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da União, descreveu as caracterizou os últimos acontecimentos na Ucrânia como “as horas mais negras para a Europa desde a Segunda Guerra Mundial. O diplomata confirmou que os 27 chefes de Estado e governo europeus vão discutir e votar um “pacote de sanções mais forte e mais severo que alguma vez implementámos”.

“Uma grande potência nuclear atacou um país vizinho e ameaça represálias contra qualquer outro Estado que possa vir em seu socorro”, descreveu Borrel. “A União Europeia responderá com a maior veemência possível. A liderança russa enfrentará um isolamento sem precedentes”, assegurou.

Para além das sanções, a União Europa está também a preparar um programa de assistência urgente à Ucrânia.

Joe Biden, em comunicado, fala num “ataque injustificado” que vai resultar “em sofrimento e perdas humanas catastróficas”. “A Rússia, e apenas ela, é responsável pela morte e pela destruição que este ataque vai provocar”. O presidente norte-americano apontou ainda que “o mundo vai exigir contas” a Moscovo.

Ainda segundo o mesmo documento, Joe Biden vai reunir-se ao longo do dia de hoje com os homólogos do G7.

Presidente ucraniano promete “armas a quem quiser defender o país”

Volodimir Zelenskii, presidente da Ucrânia, escreveu no Twitter que o Governo do país dará armas “a quem quiser defender o país“. “Preparem-se para apoiar a Ucrânia nas praças das nossas cidades” afirmou o governante, incentivando a mobilização da população. Já numa publicação no Facebook, Valery Zalouzhni, comandante das Forças Armadas ucranianas, fez saber que o presidente do país ordenou às tropas de Kiev que infligissem o maior número de baixas às forças russas.

Posteriormente, numa declaração ao país, Volodymyr Zelensky também anunciou o corte das relações diplomáticas com a Rússia, recordando que a relação entre Kiev e Moscovo foi mantida mesmo depois de a Rússia ter anexado a península da Crimeia, em 2014.

https://zap.aeiou.pt/de-especulacoes-provocatorias-a-operacao-militar-especial-russia-invade-ucrania-464239

 

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