Meios
de comunicação internacionais avançam que as primeiras movimentações
bélicas já causaram 8 mortes e 11 feridos. Capital ucraniana com filas
de quilómetros de carros com cidadãos que pretendem abandonar o
território.
Quando faltavam 10 minutos para as 6h da manhã em
Moscovo, e o Sol estava prestes a erguer-se na capital russa, Vladimir
Putin falou aos seus compatriotas para anunciar o que há semanas os
governos europeus e norte-americano vinham a antecipar, mas que o
Kremlin insistiu em classificar como “especulações provocatórias“.
Perante os pedidos dos rebeldes para que as forças russas lhes
prestassem apoio militar contra a Ucrânia, Vladimir Putin acedeu,
criando um pretexto para a invasão.
Fez saber que a Rússia iria
iniciar uma “operação militar especial” com o objetivo de
“desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia. O anúncio fez-se acompanhar
de um aviso: “qualquer tentativa estrangeira de interferir com a ação
russa levará a consequências nunca antes vistas“. Desde o anúncio até
que os jornalistas de órgãos de comunicação social internacionais
presentes na Ucrânia começarem a reportar as primeiras explosões e troca
de tiros foram precisos apenas poucos minutos.
Há relatos de
incidentes nas cidades de Kramastorsk, Belgorod, Kharkiv, Odesa,
Ivano-Frankivsk, Mariupol ou até na capital, Kiev – onde as sirenes de
emergência tocaram às 7h da manhã, hora local.
À mesma hora que
Putin se dirigia aos Russos, a um oceano de distância, a Organização das
Nações Unidas, que reunia o seu Conselho de Segurança a pedido da
Ucrânia, deparava-se com uma total impotência. Sentados à mesma mesa, em
Nova Iorque, estavam representantes dos Estados Unidos, Rússia, China,
França e Reino Unido, numa tentativa desesperada de travar um conflito
que, naquela altura, já se havia iniciado. António Guterres,
secretário-geral da ONU, disse-o taxativamente: “Presidente Putin, evite
que as suas tropas entrem na Ucrânia”.
Na sala, os ecos do
discurso do líder russo já se faziam sentir, com o embaixador ucraniano a
usar palavras de Putin para elucidar os restantes países para os
perigos que a Ucrânia corria a partir daquele momento. A mensagem
parecia não surtir qualquer efeito junto do representante russo, Vasily
Nebenzya, a dirigir a reunião, que continuava a negar a existência de
uma guerra – ao mesmo tempo que se registavam explosões em Kiev. Segundo
o próprio, o objetivo da operação é proteger a região de Donbass, a
qual inclui as cidades de Donestsk e Lugansk.
Os incidentes
armados sucederam-se nas primeiras horas do dia, mas as cidades
ucranianas a amanhecerem com relativa calma, apesar dos ataques que
acontecem sobretudo por via aérea. De acordo com os repórteres no local,
o grande e principal sinal de que uma invasão está em curso vem das
principais estradas de saída da capital ucraniana, com filas de
quilómetros de carros com pessoas que pretendem abandonar não só Kiev,
mas o país.
Nas redes sociais começam também a circular vídeos
onde se podem ver as tropas russas a entrar em solo ucraniano, ainda que
os avanços tenham ocorrido Norte, Leste e Sul – com especial destaque
para a Crimeira, território anexado pela Rússia em 2014 no âmbito de
outra operação armada. A agência Reuters noticia a morte de 8 pessoas e o
ferimento de 11 como consequência das primeiras movimentações bélicas.
“Uma
mulher e uma criança ficaram feridas na região de Konopot, onde um
carro se incendiou. Na cidade de Podolsk, na região de Odessa, há sete
mortos, sete feridos e 19 desaparecidos como resultado do bombardeiro.
Na cidade de Mariupol, cidade de Donetsk, há um morto e dois feridos”,
descreveu Anton Guraschenko, assessor do Ministério do Interior na
plataforma Telegram.
No entanto, é provável que ao longo das
próximas horas e dias surjam informações contraditórias relativamente ao
número de baixas, com os dois lados a tentar exacerbar as suas
conquistas bélicas. O mesmo acontece no que respeita à participação de
forças externas no conflito. Inicialmente, as autoridades ucranianas
davam conta da participação da Bielorrúsia no ataque, um cenário que o
país já veio afastar.
Reações europeias e norte-americana
Ao
início desta manhã, a presidente da Comissão Europeia anunciou novas
“sanções pesadas” contra a Rússia depois do início dos ataques, deixando
também o aviso para que Vladimir Putin “não subestimasse” a União
Europeia.
“Estamos perante um ato de agressão sem precedentes
por parte da liderança russa contra um país soberano e independente. O
alvo dos russos não é apenas Donbass, o alvo não é apenas a Ucrânia, o
alvo é a estabilidade na Europa e toda a ordem internacional de paz e
responsabilizaremos o Presidente Putin por isso, pelo que, ainda hoje
apresentaremos um pacote de sanções pesadas e direcionadas aos líderes
europeus”, anunciou a responsável.
Ursula von der Leyen disse
ainda, numa curta declaração à imprensa, que as novas medidas atingirão
“setores estratégicos da economia russa, bloqueando o acesso a
tecnologias e mercados que são fundamentais para a Rússia”.
“Enfraqueceremos
a base económica da Rússia e a sua capacidade de modernização e, além
disso, iremos congelar os ativos russos na União Europeia e impedir o
acesso dos bancos russos aos mercados financeiros europeus.”
Já
Josep Borrell, Alto Representante para a Política Externa e de Segurança
da União, descreveu as caracterizou os últimos acontecimentos na
Ucrânia como “as horas mais negras para a Europa desde a Segunda Guerra
Mundial. O diplomata confirmou que os 27 chefes de Estado e governo
europeus vão discutir e votar um “pacote de sanções mais forte e mais
severo que alguma vez implementámos”.
“Uma grande potência
nuclear atacou um país vizinho e ameaça represálias contra qualquer
outro Estado que possa vir em seu socorro”, descreveu Borrel. “A União
Europeia responderá com a maior veemência possível. A liderança russa
enfrentará um isolamento sem precedentes”, assegurou.
Para além das sanções, a União Europa está também a preparar um programa de assistência urgente à Ucrânia.
Joe
Biden, em comunicado, fala num “ataque injustificado” que vai resultar
“em sofrimento e perdas humanas catastróficas”. “A Rússia, e apenas ela,
é responsável pela morte e pela destruição que este ataque vai
provocar”. O presidente norte-americano apontou ainda que “o mundo vai
exigir contas” a Moscovo.
Ainda segundo o mesmo documento, Joe Biden vai reunir-se ao longo do dia de hoje com os homólogos do G7.
Posteriormente, numa declaração ao país, Volodymyr Zelensky também anunciou o corte das relações diplomáticas com a Rússia, recordando que a relação entre Kiev e Moscovo foi mantida mesmo depois de a Rússia ter anexado a península da Crimeia, em 2014.
https://zap.aeiou.pt/de-especulacoes-provocatorias-a-operacao-militar-especial-russia-invade-ucrania-464239
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