Greta
Thunberg e António Guterres foram as vozes de alerta: podemos bem ter
atingido este ano o ponto de não retorno para a civilização e até para a
maioria da vida na Terra.
O
ano de 2019 foi o último em que pudemos consumir sem consciência, poluir
sem remorsos ou andar de automóvel (pior, de avião!) sem sermos
cúmplices do apocalipse. A emergência climática, finalmente declarada
pelos líderes mundiais - entre os quais António Guterres e a jovem Greta
Thunberg assumiram protagonismo - significa que a humanidade está no
possível ponto de não retorno. Reduzir já não basta. Temos de parar de
poluir.
De
acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas, o aquecimento global está nos níveis mais altos da
história, com temperaturas recorde na atmosfera e nos oceanos, que têm
promovido o degelo glaciar e a subida do nível do mar. Se as emissões de
gases de estufa continuarem iguais às atuais, chegaremos a 2100 com
mais 4,8 graus Celsius de temperatura média na Terra. O nível do mar
poderá subir 80 centímetros. As consequências negativas para o homem e
para os ecossistemas podem ser irreversíveis, com aquecimento cumulativo
e duradouro.
"Enfrentamos
uma crise sem precedentes que nunca foi tratada como tal e os nossos
líderes estão a agir como crianças. Precisamos acordar e mudar tudo",
exigiu Greta Thunberg, num dos primeiros discursos globais, nos
protestos climáticos de Londres (Extinction Rebellion), no final de
2018. A jovem ativista sueca, que continua a promover as greves das
escolas pelo clima às sextas-feiras (Fridays for Future), é a figura do
ano da revista "Time".
O planeta que se afunda
Fotografado
com água pelos joelhos e o título "O nosso planeta a afundar-se", o
secretário-geral da ONU, António Guterres, foi capa da "Time", em junho,
para alertar que "o Mundo enfrenta uma grave emergência climática que
acontece agora e para todos. A mudança climática avança ainda mais
rapidamente do que o previsto por grandes cientistas e supera os
esforços para resolvê-la".
Em novembro,
a União Europeia declarou a emergência climática. Setenta países
comprometeram-se, este mês, com o objetivo da neutralidade carbónica até
2050. De que forma a consciência da emergência climática, que impõe a
suspensão de emissões de combustíveis fósseis até 2050 se
quisermos sobreviver, poderá ou irá mudar a forma como vivemos, a
economia global, o turismo, a saúde e os transportes, é algo que a
próxima década nos dirá.
Fonte: https://www.jn.pt/mundo/emergencia-climatica-catastrofe-planetaria-deixou-de-ser-ficcao-cientifica-11659957.html