quarta-feira, 11 de março de 2015

Crime organizado lava 140 mil milhões de dólares por ano em desporto

Dado é de estudo da Sorbonne. Lisboa recebe cimeira sobre políticas públicas desportivas e cooperação internacional.

Os casos de resultados combinados, lavagem de dinheiro ou branqueamento de capitais têm alastrado ao Desporto, fazendo perigar a integridade das competições. Um estudo da Sorbonne para a Associação Internacional de Segurança no Desporto (ICSS) revela que o crime organizado lava entre 100 e 140 milhões de dólares/ano no sector. Emanuel Medeiros, CEO da entidade que organiza cimeira sobre políticas públicas desportivas e cooperação inter-regional em Lisboa no começo da próxima semana, destaca recomendações do relatório como a "cooperação entre as diversas entidades, a luta sistemática contra o crime organizado e o equilíbrio entre protecção da ordem pública, autonomia do desporto e funcionamento dos mercados de apostas e espectáculos desportivos". 

Numa "perspectiva conservadora, calcula-se que haja um trilião de dólares anuais em apostas desportivas e 500 mil milhões de euros em condições ilegais", destaca. Sublinhando que o estudo "durou cerca de dois anos, foi o mais aprofundado de sempre e envolveu dezenas de especialistas em áreas como Direito, Gestão ou Finanças", Medeiros saúda o "impulso legislativo recente sobre as apostas on-line em Portugal", lembra que fala sobre o tema "há mais de 10 anos" e este é "o primeiro passo para regular e disciplinar o sector, evitando que se mantenha na opacidade com práticas enviesadas". Porém, essa legislação vai necessitar de "ser complementada", definindo-se rumos para uma agenda internacional comum.

Além deste relatório, o dirigente explica estar em preparação aquilo que designa por ‘magna carta' para os jovens atletas, destinando-se a "codificar as melhores práticas neste âmbito em questões como recrutamento, treino, educação e protecção" com o objectivo de combater o tráfico de seres humanos associado a este tema.

Falar sobre estes problemas "é um passo prioritário para os resolver, contrariando a máxima do filme ‘Clube de Combate', onde a primeira regra sobre o clube era que não se falava dele e a segunda remetia para a primeira", compara. E, se a lei está, por norma, passos atrás do ladrão, Medeiros pretende-se que o resultado seja o final de "Apanha-me se puderes", onde a perseguição movida ao criminoso acaba por levá-lo a ser inestimável colaborador da lei. "Sabe-se melhor como operam os sindicatos do crime nesta área: criam empresas fachada que ganham posição nas sociedades desportivas; mudam de treinador, este assegura a entrada de pessoas da sua confiança, muitos deles criminosos que abrem caminho às irregularidades", conta.

Integridade financeira

Entretanto, outro estudo independente, liderado pela Universidade de Harvard e com participação de várias instituições de ensino superior, estará pronto até ao final do ano. "Vai fazer um diagnóstico exaustivo sobre as principais ameaças à integridade e à transparência financeira das competições e abordará áreas como direitos económicos de atletas, direito de imagem, offshores, fundos, sistema de licenciamento dos clubes ou o sistema de transferências", explica o responsável.

"Não tenho uma visão dantesca ou apocalíptica sobre a imagem do Desporto - em termos estruturais é serio e limpo, mas basta um caso de viciação e já será um a mais", conclui.

Fonte: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=4448523

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