“Em
linguagem científica, é nojento”. Como há escassez de testes nas
farmácias, cada teste é utilizado por várias pessoas dentro de uma casa.
Não, o título ali em cima não é uma anedota. Nem é uma ideia para um episódio de uma série satírica sobre a pandemia.
A revista The Atlantic assegura que isto está realmente a acontecer nos Estados Unidos da América: um teste rápido, de detecção do coronavírus, é utilizado por várias pessoas, dentro de cada casa.
A casa que dá o mote para o artigo é o de Elena Korngold. Uma radiologista que vive em Portland, Oregon, e que admitiu que o cotonete que utilizou na sua narina foi o cotonete que o seu marido utilizou na narina dele. Os dois filhos seguiram a rotina.
“Na verdade, isto começou como uma piada. Mas é um esquema não autorizado que não faz mal. Era uma espécie de ritual religioso”, contou Elena.
Este esquema não é uma rotina aplicada apenas em casa de Elena Korngold. Outras famílias que vivem nos Estados Unidos da América fazem o mesmo, sobretudo porque não há testes para todos. A escassez de testes rápidos nas farmácias é uma constante desde Dezembro.
Por isso, uma alternativa é partilhar testes. Ignora-se a bula e passam o cotonete por todos os membros da família.
Se, no final, o resultado for negativo, partem do princípio que toda a gente daquela casa não está infectada pelo coronavírus.
E mais: se o resultado for negativo, poupa-se. Mais embalagens ficam disponíveis para as próximas “rondas” de testes caseiros.
“Cientificamente falando, é nojento“, reage a revista, citando especialistas que deixam outro aviso já esperado: os resultados não são fiáveis.
Inspiração, mas com diferenças
Há uma inspiração para este método. Nas escolas, no desporto (de alto nível) e nos hospitais são executados testes padrão combinados. Mas, obviamente, a sequência é diferente e o procedimento é distinto.
Um grupo de pessoas assintomáticas é testado. Todas as pessoas ao mesmo tempo. Cada narina é analisada (um cotonete por pessoa, diga-se) e todas as amostras são misturadas numa “poção”, que depois é analisada através do método PCR.
Se houver registo de caso positivo, todas as pessoas serão analisadas novamente para verificar quem é que está infectado. Se a poção for negativa, é sinal de que ninguém daquele grupo contraiu o vírus.
A questão é que nestes testes combinados são utilizados produtos químicos específicos, o material é outro. E, por isso, neste caso os resultados são fiáveis.
Consequência indesejada
Jennifer Nuzzo, especialista no Johns Hopkins Center, disse à revista que este regime de testes partilhados em casa traz uma consequência negativa que, muito provavelmente, muitas famílias desconhecem: o aumento da probabilidade de contágio no seio da família em causa.
“Para já, do ponto de vista da saúde pública, enfiar um cotonete nos narizes uns dos outros não parece ser uma grande ideia. Depois, o contágio do coronavírus em casa, do membro de uma família para o outro, anda apenas entre os 15 e os 35 por cento. Mas a promiscuidade intranasal é uma maneira infalível de aumentar esses números e de espalhar outros germes incontáveis”, avisou Jennifer.
Poderão aparecer em breve kits de testes familiares – ou algo semelhante – mas, para já, estão em fase de ensaios; nada desse género está oficialmente autorizado.
Mas a família de Elena não se arrepende da experiência: “Acho que somos como outras famílias que estão a tentar descobrir uma maneira de superar isto. E, num dia de desespero, ficaremos felizes ao partilhar ranho novamente“.
https://zap.aeiou.pt/familias-partilham-testes-rapidos-incluindo-cotonetes-459279
Não, o título ali em cima não é uma anedota. Nem é uma ideia para um episódio de uma série satírica sobre a pandemia.
A revista The Atlantic assegura que isto está realmente a acontecer nos Estados Unidos da América: um teste rápido, de detecção do coronavírus, é utilizado por várias pessoas, dentro de cada casa.
A casa que dá o mote para o artigo é o de Elena Korngold. Uma radiologista que vive em Portland, Oregon, e que admitiu que o cotonete que utilizou na sua narina foi o cotonete que o seu marido utilizou na narina dele. Os dois filhos seguiram a rotina.
“Na verdade, isto começou como uma piada. Mas é um esquema não autorizado que não faz mal. Era uma espécie de ritual religioso”, contou Elena.
Este esquema não é uma rotina aplicada apenas em casa de Elena Korngold. Outras famílias que vivem nos Estados Unidos da América fazem o mesmo, sobretudo porque não há testes para todos. A escassez de testes rápidos nas farmácias é uma constante desde Dezembro.
Por isso, uma alternativa é partilhar testes. Ignora-se a bula e passam o cotonete por todos os membros da família.
Se, no final, o resultado for negativo, partem do princípio que toda a gente daquela casa não está infectada pelo coronavírus.
E mais: se o resultado for negativo, poupa-se. Mais embalagens ficam disponíveis para as próximas “rondas” de testes caseiros.
“Cientificamente falando, é nojento“, reage a revista, citando especialistas que deixam outro aviso já esperado: os resultados não são fiáveis.
Inspiração, mas com diferenças
Há uma inspiração para este método. Nas escolas, no desporto (de alto nível) e nos hospitais são executados testes padrão combinados. Mas, obviamente, a sequência é diferente e o procedimento é distinto.
Um grupo de pessoas assintomáticas é testado. Todas as pessoas ao mesmo tempo. Cada narina é analisada (um cotonete por pessoa, diga-se) e todas as amostras são misturadas numa “poção”, que depois é analisada através do método PCR.
Se houver registo de caso positivo, todas as pessoas serão analisadas novamente para verificar quem é que está infectado. Se a poção for negativa, é sinal de que ninguém daquele grupo contraiu o vírus.
A questão é que nestes testes combinados são utilizados produtos químicos específicos, o material é outro. E, por isso, neste caso os resultados são fiáveis.
Consequência indesejada
Jennifer Nuzzo, especialista no Johns Hopkins Center, disse à revista que este regime de testes partilhados em casa traz uma consequência negativa que, muito provavelmente, muitas famílias desconhecem: o aumento da probabilidade de contágio no seio da família em causa.
“Para já, do ponto de vista da saúde pública, enfiar um cotonete nos narizes uns dos outros não parece ser uma grande ideia. Depois, o contágio do coronavírus em casa, do membro de uma família para o outro, anda apenas entre os 15 e os 35 por cento. Mas a promiscuidade intranasal é uma maneira infalível de aumentar esses números e de espalhar outros germes incontáveis”, avisou Jennifer.
Poderão aparecer em breve kits de testes familiares – ou algo semelhante – mas, para já, estão em fase de ensaios; nada desse género está oficialmente autorizado.
Mas a família de Elena não se arrepende da experiência: “Acho que somos como outras famílias que estão a tentar descobrir uma maneira de superar isto. E, num dia de desespero, ficaremos felizes ao partilhar ranho novamente“.
https://zap.aeiou.pt/familias-partilham-testes-rapidos-incluindo-cotonetes-459279
Sem comentários:
Enviar um comentário