As ameaças de que Washington possa impor
sanções diretamente ao presidente russo, Vladimir Putin, não são uma
demonstração da força e capacidade americanas, mas sim uma demonstração
de desespero. Se tais sanções forem aprovadas e implementadas, isso
levará a uma séria deterioração das relações entre os EUA e a Rússia e,
possivelmente, até mesmo um rompimento de laços.
Senadores
democratas seniores, liderados pelo presidente do Comitê de Relações
Exteriores do Senado, Robert Menendez, revelaram um novo pacote de
sanções na semana passada para atingir Putin e outros altos funcionários
russos – se Washington determinar que a Rússia iniciou uma guerra com a
Ucrânia.
Pode-se especular que se trata realmente de tentar
impedir o projeto Nord Stream 2 Pipeline que fornecerá gás russo para a
Alemanha e outras partes da Europa.
O
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que as sanções contra
Putin são “uma medida sem precedentes, equivalente a romper laços”.
Embora tal ação dos EUA seja drástica, as notícias de possíveis sanções,
especialmente no momento em que as negociações de segurança estavam em
andamento na semana passada entre a Rússia e os EUA/OSCE, devem ser
vistas como uma tentativa desesperada de pressionar Moscou à submissão.
Talvez
as ameaças tenham sido feitas para fortalecer a posição negociadora
americana durante as discussões da semana passada. Não há nada
particularmente novo nas ameaças de sanções contra a Rússia, exceto que
agora a ênfase foi colocada em sanções pessoais a Putin. Isso está sendo
encabeçado pelo lobby anti-russo ligado à parte do Partido Democrata
que está descontente com o que eles consideram a política branda do
presidente Joe Biden em relação à Rússia.
Apesar da Rússia tentar
desesperadamente evitar a guerra, os EUA estão pintando um quadro de que
o país está buscando nefastamente maneiras de justificar uma invasão da
Ucrânia. Dado o longo histórico de operações de bandeira falsa dos EUA,
talvez as provocações ucranianas estejam sendo preparadas para serem
apresentadas como uma operação de bandeira falsa russa para justificar
sanções e talvez coagir a Rússia a uma guerra destrutiva e custosa.
Outro
aspecto problemático é que tipo de sanções os americanos podem impor ao
presidente russo, já que ele não possui ativos ou contas bancárias no
Ocidente. Como ninguém sabe publicamente quais sanções os senadores dos
EUA planejaram, é provável que as ameaças de sanção contra Putin tenham
sido vazias, dadas na esperança de fortalecer o poder de negociação dos
EUA com Moscou. Isso não nega, porém, que os EUA poderiam sancionar
outros indivíduos ou talvez até mesmo o gasoduto Nord Stream 2.
Além
disso, novas sanções estão sendo preparadas caso a situação se agrave
na Ucrânia. Isso apesar do fato de Moscou insistir que não tem intenção
de invadir a Ucrânia. Isso não impediu que os EUA disseminassem
desinformação, sendo que a mais recente é que a Rússia está “criando as
bases para ter a opção de fabricar um pretexto para a invasão” culpando a
Ucrânia.
“Temos informações que indicam que a Rússia já preparou
um grupo de agentes para conduzir uma operação de bandeira falsa no
leste da Ucrânia”, disse Jen Psaki, secretário de imprensa da Casa
Branca na sexta-feira.
As sanções propostas pelos democratas
também podem incluir o primeiro-ministro, o ministro das Relações
Exteriores, o ministro da Defesa, o chefe do Estado Maior das Forças
Armadas e outras figuras militares. As sanções também podem visar os
principais bancos e o sistema SWIFT. Washington acredita que tais
ameaças enviam um sinal claro sobre sua prontidão para devastar a
economia russa.
No entanto, se há realmente um desejo de reduzir as
tensões, então Washington deve falar a linguagem da diplomacia e não das
ameaças que podem ser consideradas um método descarado e cínico para
negociar o que é necessário e importante para o lado dos EUA em as
negociações. No entanto, foi exatamente por isso que vazamentos
controlados durante as negociações da semana passada enviaram a mensagem
de que as sanções foram preparadas se a Rússia não capitular às
demandas americanas.
Desta forma, as ameaças de sanções reforçadas,
especialmente contra Putin, nada mais são do que uma tentativa
desesperada de forçar a Rússia à capitulação e abandonar a situação
humanitária na Ucrânia e o oleoduto Nord Stream 2. Como Moscou não vai
capitular ou ser arrastada para a guerra com a Ucrânia, a maior ameaça
não é se Washington vai impor sanções reforçadas contra a Rússia, mas se
está preparando uma operação de bandeira falsa na Ucrânia para culpar o
Kremlin.
Sem dúvida, as sanções afetam a economia russa, mas
certamente não a destruíram. Tomemos como exemplo o fato de que a Rússia
costumava ser um importador de produtos agrícolas, mas hoje é um grande
exportador, apesar das sanções. O mesmo poderia acontecer em outros
setores da economia onde poderiam ser impostas sanções.
Paul
Antonopoulos é analista geopolítico independente e colaborador frequente
da Global Research A imagem em destaque é da OneWorld
Sem comentários:
Enviar um comentário