Depois da Holanda, da Alemanha e do Reino Unido, também a Itália, a República Checa e a Espanha se preparam para apertar as medidas com medo da multiplicação de casos no Natal.
Com medo de uma possível terceira vaga após as festividades natalícios, vários países na Europa têm vindo a apertar as medidas para travar a pandemia durante esta época do ano, depois de ações anteriores não terem conseguido fazer baixar os casos de infeção pelo novo coronavírus e após um aumento de casos que poderão estar ligados a celebrações ou compras de Natal.
Estes países vão desde Itália, o primeiro país a sofrer com a pandemia na Europa, ao Reino Unido, onde se detetou uma nova variante do coronavírus que se propaga mais rapidamente do que outras.
Em Itália, as autoridades têm estado assustadas não só com os números mas também com a dimensão de ajuntamentos nas ruas de várias cidades para as compras de Natal. O país passou a ser detentor do maior número de mortes por covid-19 na Europa, ultrapassando já o total de mais de 65 mil mortos.
República Checa retoma recolher obrigatório
Mais radical está já a República Checa: recolhimento obrigatório noturno entre as 23h e as 7h é retomado na sexta-feira. O governo checo decidiu também encerrar bares e restaurantes e limitar as movimentações, depois de um aumento significativo dos contágios em consequência do relaxamento nas medidas.
As lojas e serviços vão continuar abertos, embora devam obedecer a estritas medidas de higiene, as visitas em lares de idosos mantêm-se, embora os visitantes tenham que ser submetidos a testes rápidos antes de o fazerem.
Espanha celebra Natal e Ano Novo de forma desigual
Em Espanha, as celebrações serão feitas de forma desigual, com cada região a decidir que medidas aplicar além das previstas no plano acordado entre o governo central e as comunidades autónomas para travar os contágios durante o Natal.
O plano prevê a proibição de viajar entre regiões, com exceção das deslocações para reuniões familiares. As refeições não podem ter mais do que 10 pessoas e o início do atual recolher obrigatório diário é atrasado para a 1h30 da madrugada no dia de Natal e no de Ano Novo.
Estas medidas mínimas são de aplicação obrigatória, podendo as 17 comunidades autónomas acrescentar outras mais rígidas. É o caso de Valência que está a estudar a possibilidade de apertar ainda mais as medidas, após ser a região com mais incidência de internamentos em Espanha na última semana.
Estes três países juntam-se à Holanda, Reino Unido e Alemanha que ontem apertaram as restrições.
Londres em nível máximo de alerta
O primeiro a fazer um anúncio de medidas mais restritivas foi o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, que referiu que Londres e algumas localidades de Essex e Hertfordshire vão passar para o nível 3 de restrições, o mais alto. A medida foi anunciada após o mayor de Londres ter dito que a situação na capital era “profundamente preocupante”.
Restaurantes e pubs vão estar encerrados, funcionando apenas com entregas para fora, e serão permitidos encontros entre pessoas que não sejam do mesmo agregado a familiar ou “bolha de apoio” (que prestem cuidados a dependentes, por exemplo) apenas ao ar livre e em locais públicos.
São ainda desaconselhadas viagens de zonas fora deste escalão para as zonas de nível 3, esclareceu Hancock. As medidas entram em vigor já na quarta-feira.
Já o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, anunciou na segunda-feira novo confinamento de cinco semanas até 19 de janeiro. As creches e as escolas da Holanda, bem como todas as atividades consideradas não essenciais, vão encerrar para se tentarem conter as infeções pelo novo coronavírus.
À exceção de supermercados, mercearias e farmácias, todos os estabelecimentos vão encerrar a partir de terça-feira, incluindo museus, cinemas, salas de espetáculos e jardins zoológicos.
Os encontros, mesmo em casa, não podem incluir mais de duas pessoas fora do agregado. Apenas há uma exceção no Natal, em que cada casa pode receber três adultos.
Apesar das medidas mais restritas, há quem acredite que os facilitismos de Natal podem trazer graves problemas de saúde pública ao Reino Unido. As revistas científicas BMJ e Health Service Journal alertam que permitir que as famílias se encontrem no Natal vai fazer aumentar os casos e que sistema nacional de saúde britânico não vai aguentar.
Em vez de aliviarem as medidas e permitirem que até três agregados familiares se juntem no Natal, como tem sido discutido, os dois editores das revistas sugerem que se adote medidas mais parecidas com o que está a ser feito na Alemanha, Itália ou Holanda. E explicam porquê: apesar das medidas restritivas que estão atualmente em vigor, o número de pessoas internadas está a subir.
Alemanha prepara Natal mais “duro”
Também a Alemanha vai endurecer as medidas de combate à pandemia da Covid-19 durante o período do Natal, uma vez que o número de novos casos de infeção por dia continua a aumentar, anunciou a chanceler alemã, Angela Merkel. A partir de quarta-feira, 16 de dezembro, a esmagadora maioria das lojas vai fechar — e assim será até ao dia 10 de janeiro.
Bares e restaurantes vão manter-se fechados até à mesma data, mas as escolas, que deveriam manter o seu calendário de funcionamento normal, vão encerrar mais cedo e ficar fechadas entre 16 de dezembro e 10 de janeiro.
Eslováquia e o “não milagre” dos testes rápidos
Há pouco mais de um mês, a Eslováquia espantava o mundo quando, em apenas dois dias, testou dois terços da sua população de cerca de 5,5 milhões. A pandemia parecia controlada, a curva baixou, mas os números dos últimos dias estão, de novo, a bater máximos.
Apesar de inicialmente o plano de fazer testes rápidos ter ajudado a diminuir o número de contágios, em dezembro, o vento da pandemia mudou de direção e a curva ameaçou uma subida. A 12 de dezembro, um dia depois de serem anunciadas as primeiras medidas restritivas, a Eslováquia chegava ao seu pico: 3.707 contágios registados em 24 horas, o maior número jamais contado desde o início da pandemia.
Ainda hoje os eslovacos vão conhecer as regras para o Natal. Tudo indica que serão apertadas.
https://zap.aeiou.pt/natal-europa-confinar-governos-366043
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