O Presidente dos Estados Unidos terá qualificado os latinos e
os negros de “estúpidos” entre outros comentários racistas, segundo o
livro de memórias de Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Donald Trump.
No livro “Disloyal: A memoir” (Desleal: Uma memória), obtido pelo jornal norte-americano The Washington Post
antes da sua publicação prevista para terça-feira, Trump soma novos
ataques à comunidade latina, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
Cohen, condenado por fraude,
entre outros crimes, conta que os três filhos mais velhos de Trump
foram ao seu gabinete depois de o empresário ter anunciado a intenção de
se candidatar à nomeação republicana no verão de 2015 e que queriam que
o pai se retirasse da campanha.
Trump disse na altura que o México mandava para os Estados Unidos
traficantes de droga, criminosos e violadores, justificando a instalação
de um muro na fronteira com o país do sul, temendo os seus filhos que esta retórica “matasse a empresa”.
Cohen indica que o magnata não estava preocupado com a possibilidade
de a campanha afetar os seus negócios. “Além disso, nunca terei o voto
hispânico. Como os negros são demasiado estúpidos para votarem Trump. Não são a minha gente”, terá dito o presidente norte-americano, de acordo com o livro de Cohen.
Michael Cohen foi condenado a três anos de prisão por violar as leis
de financiamento da campanha eleitoral, ao comprar com dinheiro o
silêncio de mulheres que afirmavam ter tido relacionamentos com Trump,
bem como por evasão fiscal e declarações falsas a um banco.
Antes de ser preso, o advogado testemunhou no Congresso e relatou numerosas mentiras e crimes que alegadamente cometeu para proteger Trump, que considerou “um racista” e “uma fraude”.
Kamala Harris acusa Trump de viver “realidade diferente”
Donald Trump vive numa “realidade diferente” quando o tema é racismo. As acusações foram feitas por Kamala Harris, candidata do Partido Democrata à vice-presidência dos EUA.
Para a número dois de Joe Biden, o adversário de Trump nas
presidenciais, o chefe de Estado e o procurador-geral, William Barr,
“passam todo o seu tempo numa realidade diferente”, havendo “dois sistemas jurídicos diferentes”: um para negros e outro para brancos.
Kamala Harris fez história
ao tornar-se na primeira mulher de ascendência negra e indiana a
aceitar a nomeação como candidata a vice-presidente dos Estados Unidos
por um grande partido, com vista às eleições presidenciais de 3 de
novembro.
No entanto, a atual senadora pelo estado da Califórnia chegou a ser criticada por ter alegadamente sido muito dura com as minorias quando era procuradora naquele estado antes de ser eleita para o Senado, em 2017.
” xistem desigualdades raciais nos Estados Unidos e um sistema que
participou no racismo, em termos de aplicação da lei. Não nos serve de
nada negá-lo. Precisamos de falar sobre isso, sejamos honestos”,
sublinhou a senadora, de 55 anos.
Durante uma visita esta semana ao estado do Wisconsin — que regista
tensões raciais desde que Jacob Blake, um afro-americano, foi alvejado sete vezes nas costas
por um polícia, encontrando-se nos cuidados intensivos e paralisado —,
Donald Trump recusou-se a falar de racismo quando foi questionado por um
jornalista.
“Volta sempre ao tema oposto. Devemos falar de violência”, respondeu o Presidente norte-americano a propósito das inúmeras manifestações antirracistas dos últimos meses no país.
Simultaneamente, William Barr defendeu numa entrevista esta semana que a Justiça é a mesma para todos os cidadãos dos Estados Unidos
e sublinhou que “é preciso ter cuidado quando se levanta a ideia de
racismo”, por considerar que “não é tão comum como as pessoas dizem”.
Jacob Blake, 29 anos, foi atingido a tiro em 23 de agosto. O caso
desencadeou protestos que tornaram o Wisconsin centro do debate por
todos os Estados Unidos da América sobre violência policial e injustiça
racial.
O debate, e os protestos por todo o país, foram desencadeados pelo caso de George Floyd, um afro-americano que morreu asfixiado por um polícia branco em maio passado, em Minneapolis.
https://zap.aeiou.pt/trump-qualificado-latinos-negros-344968
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