Kobe Bryant, um dos maiores basquetebolistas de sempre, morreu este
domingo na Califórnia, num desastre de helicóptero. Uma das filhas do
jogador também morreu no acidente. Kobe tinha 41 anos.
Kobe Bryant, um dos maiores basquetebolistas de sempre, morreu na
manhã deste domingo em Calabasas, Califórnia, num desastre de
helicóptero. A notícia começou por ser avançada pelo TMZ: numa primeira
fase, as primeiras informações davam conta de que nenhum elemento da
família de Bryant estaria na aeronave mas Gianni, de 13 anos e uma das filhas do antigo atleta, também estaria a bordo.
Kobe Bryant viajava com, pelo menos, três outras pessoas num helicóptero privado, que se despenhou. Nenhum
dos passageiros sobreviveu e a aeronave ter-se-á incendiado ao embater
no chão: ao todo, cinco pessoas terão morrido devido ao desastre.
A mulher do ex-basquetebolista, Vanessa Bryant, não estaria no
helicóptero. As causas do desastre estão a ser investigadas. Bryant
tinha 41 anos e quatro filhas — a mais nova nasceu em junho, há menos de
um ano.
Kobe Bryant é considerado um dos melhores jogadores da NBA de todos os
tempos e o melhor da última geração, interpretado normalmente como o
sucessor de Michael Jordan na alta roda do basquetebol norte-americano e
internacional. Ao longo de 20 anos de carreira, nunca jogou por
outra equipa que não os Lakers, um dado raro e cada vez mais escasso na
atualidade. Foi cinco vezes campeão da NBA, duas vezes MVP das Finals, MVP em 2008 e integrou 18 equipas All-Star, um número que só é superado pelas 19 de Kareem Abdul-Jabbar.
Terminou a carreira há quatro anos, em 2016, ano em que os Lakers
anunciaram a retirada dos dois números que usou, o 8 e o 24, algo que
nunca tinha acontecido na história da franquia da Califórnia. Em 2018,
foi agraciado comum Oscar pela curta-metragem “Dear Basketball”, onde
declarava toda a paixão pela modalidade que praticava. Foi até este sábado o terceiro melhor marcador da história da NBA:
no dia antes de morrer, foi ultrapassado por LeBron James, também
jogador do Lakers, e caiu para quarto numa lista que é liderada por
Abdul-Jabbar. No Twitter, enquanto o jogo dos Lakers contra os 76ers
ainda decorria e assim que James chegou aos 18 pontos que superavam a
sua marca, Bryant felicitou-o e agradeceu-lhe por “continuar a levar o
jogo para a frente”, naquela que acabou por ser a última publicação que
fez nas redes sociais.
Kobe chegou aos Lakers em 1996, precisamente o ano em que saltou da universidade para a NBA, e foi a 13.ª escolha do draft
desse mesmo ano. Jogava basquetebol desde muito novo, influenciado pelo
pai, Joe Bryant, que também foi jogador nos anos 70 e 80 e acabou ter
uma carreira de treinador em várias equipas. No ano de rookie,
bateu desde logo dois recordes, tornando-se o mais novo de sempre a
jogar na NBA, com 18 anos e 72 dias, e ainda o mais novo a integrar um
cinco titular, com 18 anos e 158 dias. Teve poucos minutos no
primeiro ano mas acabou por ganhar preponderância em 1998, beneficiado
também pelas saídas de Eddie Jones e Nick Van Exel, e acabou por assinar
uma extensão de contrato no valor de 70 milhões de euros. A chegada do
treinador Phil Jackson à equipa de Los Angeles, no último ano do século
XX, acabou por funcionar como ponto de viragem e uma alavanca necessária
na carreira de Kobe Bryant.
Jackson tinha sido campeão seis vezes com os Chicago Bulls e levou essa
mesma mentalidade vencedora para Los Angeles, retirando o melhor da
dupla formada por LeBron James e Shaquille O’Neal. Os Lakers foram
campeões em três anos consecutivos no início do milénio, em 2000, 2001 e
2002, e assumiram uma hegemonia que catapultou Kobe para a elite do
basquetebol norte-americano. Apesar de terem um entendimento
acima da média dentro de court, Kobe e Shaquille não se davam bem no
balneário e os desentendimentos sobre os papéis que ambos representavam
dentro dos Lakers acabaram por motivar a saída do segundo para
os Miami Heat em 2004, enquanto que o primeiro voltou a assinar com a
franquia. Mais tarde, já reformado, Phil Jackson acabou por escrever o
livro The Last Season: A Team in Search of Its Soul, onde abordava os problemas entre os dois jogadores na última temporada em que partilharam o balneário.
Depois de uma segunda metade de década abaixo da média, em que os
Lakers não conseguiram voltar a conquistar o título, Kobe Bryant foi
instrumental no regresso da equipa ao topo da NBA, alcançando novamente
campeonatos consecutivos em 2009 e 2010. Os anos seguintes, os últimos da carreira, foram já marcados por várias lesões e uma inegável inconsistência exibicional — em 2015, num poema
publicado no site The Players’ Tribune que tinha como título “Dear
Basketball”, o nome que acabou por dar à curta-metragem que realizou,
anunciou que iria deixar o basquetebol depois de uma carreira de 20
anos.
“Apaixonei-me por ti. Um amor tão profundo que te dei tudo — desde a
minha mente ao meu corpo, ao meu espírito e à minha alma. Enquanto um
miúdo de seis anos profundamente apaixonado por ti, nunca vi o fim do
túnel. Só me vi a mim mesmo a sair de um (…) Estou pronto para
te deixar ir. Quero que saibas agora para que possamos os dois saborear
os momentos que ainda temos juntos. Os bons e os maus. Demos um ao outro
tudo aquilo que temos. E ambos sabemos, faço eu o que fizer a
seguir, que serei sempre aquele miúdo com as meias enroladas, caixote do
lixo no canto, cinco segundos no relógio, bola nas mãos. 5, 4, 3, 2,
1…Amo-te sempre, Kobe”, escreveu o jogador.
No último jogo, em abril de 2016 e aos 37 anos, marcou 60 pontos contra
os Utah Jazz e tornou-se o mais velho de sempre e atingir esses números
na NBA. Mais do que um exemplo dentro de court — que além dos
títulos nos Lakers ainda garantiu duas medalhas de ouro olímpicas ao
serviço dos Estados Unidos –, Kobe Bryant era também um exemplo fora
dele. Tanto a nível pessoal e familiar, longe dos escândalos que
acabavam por afetar grande parte dos atletas de primeira água, como num
panorama de profissionalismo. A Mamba Mentality, o
título do primeiro livro que escreveu, tornou-se um mantra de superação e
ambição que comprovava que Kobe, mais do que um dos melhores de sempre,
era consensualmente um dos melhores de sempre. “Para resumir o que a Mamba Mentality
é, significa basicamente tentar constantemente ser a melhor versão de
nós próprios. É isso que esta mentalidade significa. É a constante
procura por tentar ser melhor hoje do que éramos ontem”, explicou o
jogador.
Simone Biles, Barcelona, Luka Doncic: as primeiras reações à morte de Kobe Bryant
Começam
a surgir as primeiras reações do mundo do desporto à morte de Kobe
Bryant. A ginasta Simone Bilas foi uma das primeiras, ao partilhar uma
fotografia do basquetebolista com a equipa feminina de ginástica dos
Estados Unidos e acrescentar a frase “descansa em paz”. Também o
Barcelona e o AC Milan já assinalaram a morte de Kobe, assim como a
Chapecoense, clube brasileiro que atravessou uma tragédia semelhante
quando em 2016 quase todo o plantel morreu num desastre de avião.
Luka Doncic, esloveno que está atualmente nos Dallas Mavericks, também
já reagiu, assim como Dwyane Wade, jogador já retirado que foi colega de
Kobe na seleção norte-americana. Também Donald Trump também já
comentou: “notícias terríveis”, disse o presidente dos Estados Unidos.
Joel Embiid, camaronês dos 76ers que é atualmente uma das grandes
promessas da NBA, partilhou no Twitter uma sentida homenagem a Kobe
Bryant. “Nem sei por onde começar. Comecei a jogar basquetebol por causa do Kobe depois de ver as Finals de 2010. Nunca tinha visto basquetebol antes disso e essas Finals foram o ponto de viragem da minha vida. Eu queria ser como o Kobe. Estou tão triste”, escreveu o jogador de 25 anos.
Fonte: https://observador.pt/2020/01/26/kobe-bryant-morreu-em-desastre-de-helicoptero/
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