Nos Estados Unidos é muito comum a existência de “fazendas de corpos” (“body farms”, no original). O Texas possui uma das maiores, com aproximadamente 50 cadáveres espalhados em mais de 16 hectares de terra.
Alguns estão mumificados e outros foram atacados ferozmente por
abutres. Porém, os mais assustadores são os frescos, pois ficam inchados
devido às poucas semanas transcorridas após a morte.
O campo de estudo está estabelecido no Freeman Ranch
e faz parte do Centro de Antropologia Forense da Universidade do Texas.
Os defuntos são doados e deixados a céu aberto para que os
pesquisadores possam compreender o processo de decomposição, visando
assim auxiliar nas investigações criminais.
“Basicamente, nós queremos descobrir como a decomposição funciona”,
explica Daniel Wescott, o antropólogo-diretor do recinto e professor da
Universidade do Texas. “Há um miniecossistema ocorrendo nos corpos e
queremos entendê-lo por inteiro”, complementa.
O primeiro estudo sobre a decomposição humana chamado Washing Away of Wrongs
e escrito pelo juiz Song Ci no século 13, ensina como examinar um corpo
e determinar a causa da morte. Já em 1800, vários estudiosos europeus
observaram os estágios específicos pelos quais o corpo passa durante o
processo de apodrecimento.
Na década de 70, os cientistas forenses utilizavam carcaças de porcos
para averiguar detalhadamente os dados que envolvem o intervalo
post-mortem – o período entre o momento em que a pessoa morre e o corpo é
encontrado. Nessa época, ninguém nunca havia observado um corpo humano
em deterioração em um ambiente controlado.
Nos anos 80, William Bass fundou a primeira fazenda de corpos. A
ideia surgiu após ele ter sido chamado para ajudar os policiais em uma
cena de crime local. Nela, uma cova do tempo da Guerra Civil Americana
havia sido violada e suspeitaram que o cadáver fosse recente –
provavelmente trocado pelo assassino para encobrir as evidências. Nisso,
Bass avaliou as roupas e outros fatores e descobriu que esse não era o
caso.
A partir daí, o cientista passou a coletar amostras para análise,
tendo como objetivo expandir o conhecimento sobre a decomposição humana.
Depois de alguns anos, a fazenda de corpos no estado do Tennessee já
havia analisado mais de 650 falecidos, legitimado o estudo e
estabelecido muito do que sabemos atualmente.
A maior fazenda de corpos do mundo
A fazenda de corpos do Texas é gerenciada por quatro funcionários em
tempo integral, mas recebe dezenas de voluntários graduados ou não.
Nela, encontram-se mais de 200 esqueletos contemporâneos. Wescott
informa que isso é importante porque o corpo humano está sempre mudando –
hoje em dia, principalmente por causa da obesidade.
As outras coleções nos EUA possuem mais amostras históricas.
Portanto, ter uma amostra recente de defuntos auxilia no processo de
determinação da idade de uma pessoa não identificada e encontrada em
circunstâncias misteriosas. Em um de seus casos, Wescott conta que foi
chamado para ajudar na análise de um corpo decapitado, achado próximo à
cidade de Columbia, em 2008.
“A primeira coisa que notei foram os ossos da coxa”, diz o
atropólogo. “Eles eram muito mais finos do que o normal e se se uniam ao
corpo em um ângulo estranho”, complementa. Depois de comparar com as
amostras da universidade, ele deduziu que esse era o resultado de um
longo período sentado – provavelmente em uma cadeira de rodas.
Nisso, a polícia informou ao público a descoberta. O caso foi
encerrado quando um vendedor de cadeiras de rodas ouviu a notícia,
telefonou e disse que uma de suas clientes havia desaparecido e não
retornava mais suas chamadas.
Fotos:
Fonte: http://www.issoebizarro.com/blog/mundo-bizarro/a-fazenda-de-corpos/
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