O
simulador Nukemap mostra o raio de alcance de vários tipos de bombas
nucleares em localizações à nossa escolha — e tem notado um boom no
tráfego nos últimos dias.
O mundo vive momentos muito tensos por
estes dias devido à guerra na Ucrânia e há até receios de que o
conflito dê origem a uma terceira guerra mundial e que possam ser usadas
armas nucleares.
Este cenário tem levado muitas pessoas a
entrar em pânico, especialmente agora que as tropas da Rússia controlam a
maior central nuclear da Europa, com muitos a fazer compras em massa de iodo.
Num sinal destes tempos incertos que vivemos, um simulador de explosões nucleares — Nukemap
— que foi foi lançado há já 10 anos, também notou um pico de tráfego
tão grande nos últimos dias que o site até tem ficado indisponível.
Criado
em 2012 por Alen Wellerstein, um historiador especializado em armas
nucleares e professor no Instituto de Tecnologia de Stevens, o simulador
permite ter uma ideia do alcance dos ataques com vários tipos de armas
nucleares numa cidade ou região à escolha do utilizador, revela o IFLScience.
Para além de mostrar o raio de alcance da explosão inicial causada pela bomba, o simulador também dá uma ideia das zonas mais afectadas pela radiação,
em que a exposição seria “provavelmente fatal no período de um mês” e
em que “15% dos sobreviventes eventualmente morrerão com cancro”.
O mapa mostra ainda a área onde é mais provável que os habitantes sofram queimaduras que Wellerstein descreve como “queimaduras de terceiro grau
que se estendem nas camadas da pele e são frequentemente indolores
porque destroem os nervos” e que podem chegar a causar amputações.
O simular foi inicialmente criado para Wellerstein perceber melhor
como funcionam as armas nucleares, com o especialista a reconhecer, em
entrevista à The Atlantic, que tinha dificuldades em “visualizar” os
números e “transformar as equações em código” que lhe permitem “entender melhor estas armas” para o seu trabalho.
O Nukemap tornou-se inicialmente viral depois de tablóides britânicos terem começado a cobri-lo e com o conflito na Ucrânia, voltou a ganhar popularidade.
O site recebeu tanto tráfico nos últimos dias que Wellerstein criou um
outro endereço com um sistema igual para que os utilizadores
continuassem a aceder ao simulador.
O criador também já notou alguns padrões nas simulações que os utilizadores fazem, que se podem dividir em duas categorias — as bombas nucleares catárticas, referentes a simulações sobre o que aconteceria se o utilizador bombardeasse um país inimigo, e as bombas experimentais, que testam o que aconteceria se o inimigo nos bombardeasse a nós.
Segundo Wellerstein, a generalidade dos norte-americanos cai na
segunda opção, preferindo testar o que aconteceria se os Estados Unidos
fossem atacados.
Nick Fuentes tem sido o nome mais mediático nos últimos dias. Mas o movimento de extrema-direita está a crescer claramente.
Florida
foi o palco, Nick Fuentes foi o protagonista. Numa conferência que
juntou apoiantes do “nacionalismo branco”, um dos rostos mais conhecidos
do movimento disse algo que o próprio admitiu, no momento, que não
deveria ter dito.
“Agora vão andar a falar sobre a Rússia e a
dizer que o Vladimir Putin é o Hitler – e dizem que isso não é uma coisa
positiva“, afirmou Nick, antes de se começar a rir.
“Eu não deveria ter dito isto. Não deveria ter dito isto. Claro que é uma comparação terrível”, corrigiu, ainda entre sorrisos.
Quem
também esteve no evento em Orlando – que contou com diversos apoiantes
de Putin – foi Marjorie Taylor Greene. A congressista republicana está
no centro das atenções dentro do Partido Republicano: os líderes têm
sido pressionados para expulsar Marjorie do partido.
Com ou sem
Marjorie, o grupo que apela à supremacia da raça branca ainda é pequeno
mas está a crescer de forma visível. São pessoas de extrema-direita que
protagonizam mensagens racistas e anti-semitas, destaca o portal Axios.
Há
outro aspecto que une os membros deste movimento: a ascendência
hispânica. O pai do próprio Nick Fuentes vem de família mexicana.
Já
em Janeiro de 2021, na invasão ao Capitólio, um dos líderes terá sido
Enrique Tarrio, que foi preso nesta terça-feira. Enrique, de família
cubana, também era líder de outro grupo extremista, os Proud Boys.
E a lista de casos violentos sobre negros, em que os criminosos foram brancos hispânicos, é longa, nos últimos anos.
É
uma movimentação ainda escassa, mas que tem crescido dentro da vasta
comunidade latina que vive nos Estados Unidos da América.
Há
três origens para estas posturas extremistas: os norte-americanos
hispânicos que se apresentam como “brancos”, a disseminação de
desinformação online e as constantes perspectivas anti-negras e
anti-semitas entre os latinos dos EUA (um assunto que raramente é
comentado na praça pública).
A História traz uma explicação para
este terceiro ponto: havia muitos escravos nos países da América
Latina, que arrastou preconceitos até hoje. E, mais recentemente,
discursos do antigo presidente Donald Trump “alimentaram” esses
preconceitos.
“A franja racista está a tentar tornar-se mais
popular“, avisou Brian Levin, director do Centro para o Estudo do Ódio e
Extremismo da Universidade do Estado da Califórnia.
Essa franja
racista tem em Nick Fuentes um dos nomes mais mediáticos. Nick, que
lidera um podcast, duvida do Holocausto e critica o casamento entre
pessoas de raças diferentes.
No entanto, os censos mais recentes
nos EUA demonstram um panorama diferente: ao longo da última década
cresceu muito o número de latinos que se apresentam como multi-raciais; e
desceu muito o número de latinos que se apresentam exclusivamente como
brancos.
Os
autores vão agora debruçar-se sobre o impacto cognitivo a longo prazo
da exposição ao chumbo e vão ter em conta as disparidades raciais.
A
exposição ao chumbo nos Estados Unidos durante a infância pode ter tido
um impacto muito maior e preocupante do que se pensava. De acordo com
um novo estudo publicado na PNAS, 54% dos adultos norte-americanos vivos em 2015 foram expostos a níveis perigosos de chumbo quando eram crianças.
A
investigação baseou-se em análises ao uso de gases com chumbo desde
1940 e combinou-as com dados sobre os níveis de chumbo no sangue desde
os meados dos anos 70.
Os resultados mostram que mais de 170
milhões de adultos têm assim um maior risco de doenças
neurodegenerativas, problemas mentais e doenças cardiovasculares,
escreve o Science Alert.
A
exposição ao chumbo nunca é segura, mas tem consequências ainda mais
graves nas crianças, causando problemas comportamentais e atrasando o
desenvolvimento do cérebro. Os cientistas estimam que, no total, o
chumbo tenha reduzido o QI cumulativo da nação em 824 milhões de pontos,
quase três pontos por pessoa.
Este valor refere-se apenas à média, já que aqueles que nasceram nas décadas de 60 e 70, quando o uso do gás com chumbo
era maior, podem ter sofrido uma quebra de entre seis a sete pontos,
visto que a sua exposição era oito vezes superior aos limites de saúde
actuais.
Desde que o governo dos EUA proibiu a venda de gasolina com chumbo
em 1996 que a exposição na infância tem caído, mas os efeitos ainda se
notam em muitos cidadãos. As crianças nascidas depois de 1996 têm
valores de chumbo no sangue muito menores do que os seus pais ou avós,
mas os números ainda são muito altos em comparação com as gerações
nascidas antes da revolução industrial.
A exposição ao chumbo também não é uniforme entre a população e notam-se grandes disparidades raciais.
Os adultos negros acima dos 45 anos têm níveis de exposição muito
superiores aos brancos da mesma faixa etária e a disparidade racial
ainda é notória entre os jovens nascidos depois de 1996.
Os autores do estudo vão agora examinar as consequências a longo-prazo
da exposição ao chumbo e ter em conta as diferenças demográficas no
impacto na saúde, como as doenças de rins, a demência e as doenças
coronárias.
“Ao dar estimativas mais completas do número de pessoas expostas a
chumbo no início da vida, este estudo dá um passo considerável para
entendermos a extensão completa dos danos feitos à população dos EUA num
domínio específico: a capacidade cognitiva“, concluem os autores.
A
covid-19 terá provocado 18,2 milhões de mortes no mundo até 31 de
dezembro, cerca de três vezes mais do que os números oficiais, estima um
estudo publicado hoje na revista científica The Lancet.
“Apesar
de terem sido reportadas, entre 01 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro
de 2021, um total de 5,94 milhões de mortes, estimamos que 18,2 milhões
morreram em todo o mundo devido à pandemia de covid-19 – medida pelo
excesso de mortalidade – durante esse período”, adianta a investigação
já revista por pares.
Em relação a Portugal, o estudo indica
19.000 mortes reportadas por covid-19 até 31 de dezembro, uma taxa de
mortalidade por covid-19 reportada por 100 mil pessoas de 94.8 e um
excesso de mortes estimado de 40.400.
A investigação avança
ainda que as taxas de mortes em excesso variaram amplamente entre
regiões, embora o número de óbitos resultantes da pandemia tenha sido
muito maior particularmente no sul da Ásia e na África Subsaariana do
que os registos oficiais indicam.
“Estima-se que o excesso de
mortalidade seja de 120 mortes por 100.000 habitantes em todo o mundo e
que 21 países tenham taxas de mais de 300 mortes em excesso por 100.000
habitantes”, adiantam as conclusões da investigação.
As maiores
taxas estimadas de mortes em excesso registaram-se na América Latina
(512 mortes por 100.000 habitantes), Europa Oriental (345 mortes),
Europa Central (316), África Subsaariana do Sul (309) e América Latina
Central (274).
Em sentido contrário, os dados publicados na The
Lancet indicam que alguns países tiveram menos mortes do que o esperado
com base nas tendências de mortalidade em anos anteriores, caso da
Islândia (48 mortes a menos por 100.000), a Austrália (38 mortes) e
Singapura (16).
Ao nível dos países, o maior número estimado de
mortes em excesso ocorreu na Índia (4,1 milhões), EUA (1,1 milhão),
Rússia (1,1 milhão), México (798.000), Brasil (792.000), Indonésia
(736.000) e Paquistão (664.000).
“Esses sete países podem ter
sido responsáveis por mais da metade das mortes em excesso globais
causadas pela pandemia durante o período de 24 meses”, refere.
A
distinção entre os óbitos causados diretamente pela covid-19 e aqueles
que ocorreram como resultado indireto da pandemia é crucial, salientam
os autores da investigação.
“Entender o verdadeiro número de
mortes da pandemia é vital para uma tomada de decisão eficaz em saúde
pública. Estudos de vários países, incluindo a Suécia e os Países
Baixos, sugerem que a covid-19 foi a causa direta da maioria das mortes
em excesso, mas atualmente não temos dados suficientes para a maioria
dos locais”, adiantou Haidong Wang, do Institute for Health Metrics and
Evaluation e autor principal do estudo.
A covid-19 provocou pelo
menos 6.011.769 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia,
segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A
variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente
tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez,
em novembro, na África do Sul.
As
autoridades da cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, denunciaram
um novo ataque contra um estabelecimento de saúde, desta vez um hospital
psiquiátrico, onde estavam doentes e funcionários, disse hoje o
porta-voz da Organização Mundial da Saúde.
“Trata-se de outro
ataque à saúde na Ucrânia”, referiu Tarik Jasarevic, numa comunicação
feita através de videoconferência a partir de Lviv, no oeste da Ucrânia.
O porta-voz da Organização Mundial de Saúde indicou que no local estavam mais de 300 pessoas, das quais 50 não podiam mover-se.
“Condenamos
todos os ataques a instalações de saúde, a profissionais de saúde ou a
doentes, [já que] constituem uma violação flagrante do direito
internacional humanitário, privando as pessoas de cuidados médicos e
pondo em risco a vida de pacientes e trabalhadores”, afirmou.
“As
instalações de saúde, além de serem locais onde as pessoas recebem
cuidados de saúde, devem ser também locais onde as pessoas se sentem
seguras”, defendeu o responsável.
De acordo com uma primeira
avaliação dos serviços de emergência de Kharkiv – perto de Oskil, onde
se situava o hospital – o número de pessoas no hospital chegava a 330,
incluindo 10 em cadeiras de rodas e 50 sem mobilidade ou com mobilidade
muito reduzida, sendo que uma parte das instalações atacadas era
dedicada a pessoas com deficiência.
O bombardeamento não fez,
até agora, vítimas mortais, mas destruiu o segundo e terceiro andares do
edifício”, referiram os serviços de emergência.
A OMS contabilizou 26 ataques a instalações de saúde na Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país, há 16 dias.
Ataques
que, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos
Humanos são “atos chocantes”, que, se se provar terem sido cometidos de
forma indiscriminada, podem ser considerados crimes de guerra.
O
ataque ao hospital psiquiátrico aconteceu poucos dias depois de um
centro hospitalar da cidade de Mariupol, onde funcionava uma unidade
pediátrica e uma maternidade, ter sido bombardeado, matando três pessoas
e deixando outras 17 gravemente feridas.
O ministro dos
Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, disse na quinta-feira –
sem fornecer provas – que o hospital de Mariupol estava a ser usado
como base por combatentes radicais, mas hoje a agência da ONU para os
Direitos Humanos confirmou que o local continuava a ser um hospital
operacional.
De acordo com a porta-voz desta agência da ONU, Liz Throssell, o hospital estava em pleno funcionamento quando foi atacado.
Por
outro lado, Tarik Jasarevic também avançou que a OMS enviou cinco
toneladas de material médico para Kiev e várias toneladas para cidades
do leste da Ucrânia, onde as hostilidades são mais intensas, estando a
aguardar a confirmação da chegada e distribuição dessa ajuda.
A
Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na
Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a
população civil e provocou a fuga de mais de 2,5 milhões de pessoas para
os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A
invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade
internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o
reforço de sanções económicas a Moscovo.
Ao
final da segunda semana de invasão da Ucrânia pela Rússia, o desenrolar
da incursão militar está a causar surpresa e a demonstrar fraquezas no
exército russo, disseram à Lusa cientistas políticos nos Estados Unidos.
“A guerra não está a correr bem a Putin”, afirmou Daniela
Melo, politóloga luso-americana especialista em relações internacionais
que leciona na Universidade de Boston.
“O que nós presumimos que
eram as expectativas iniciais que ele tinha, de que esta seria uma
guerra rápida em que o Ocidente não se quereria envolver e em que
poderia pôr rapidamente um governo em Kiev, saíram furadas”.
Com
notícias de que haverá falta de rações e de gasolina no contingente
russo, a imagem do presidente Vladimir Putin e do seu exército está a
deteriorar-se, algo que poderá enfurecer ainda mais o chefe do Kremlin.
“O
que estamos a ver ao fim de duas semanas é uma série de surpresas”,
disse o especialista em relações internacionais Everett Vieira III,
professor na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno.
“Pensei
que Putin atacaria de forma mais rápida e eficiente. O facto de que as
forças ucranianas conseguiram resistir está a surpreender muita gente”.
Isto
“está a mostrar fraquezas no exército russo”, diz o académico, que
ressalva que a expectativa é de que Moscovo endureça os ataques de forma
esmagadora. “Putin ainda não mostrou todas as suas cartas e não fez o
pior”, sublinhou Vieira.
É por isso que está a aumentar o receio de que a Rússia passe a ataques nucleares ou recorra a armas químicas.
“O
exército russo poderá ser significativamente mais fraco que o que
qualquer um de nós pensava. Talvez Putin pensasse que, com 200 mil
militares, só o número seria suficiente para dominar a Ucrânia, mas tal
não aconteceu”, disse Thomas Holyoke, chefe do departamento de ciência
política na Fresno State.
“Putin pode ficar tão zangado e tão
descontrolado que poderá começar a usar armas nucleares táticas, cujo
poder nuclear é potencialmente maior que a bomba que caiu em Hiroshima”,
explicou.
Um dos problemas, disse, é que o Kremlin não pode
aceitar uma derrota. “Vai escalar e escalar, daí o medo de que use armas
nucleares. Ninguém sabe bem qual é o objetivo final aqui”.
Para
Jeffrey Cummins, reitor interino da Faculdade de Ciências Sociais em
Fresno, alguns sinais apontam mesmo para cenários catastróficos.
“Há
sinais de alerta que mostram que Putin tem os olhos postos em mais que a
Ucrânia”, disse à Lusa. “Uma delas é o facto de esta ser uma invasão
total, que está a tentar tomar o controlo de todo o país”, contrariando
as análises preliminares que apontavam apenas para a anexação de
território ucraniano com movimentos separatistas.
O ataque a áreas civis, com a destruição de hospitais pediátricos
e maternidades, evidencia essa intenção e é algo a que Daniela Melo
chama de “estratégia de rendição”: infligir o maior número de mortes e
horror para forçar à rendição completa.
“E uma certa certeza de que nunca serão levados ao Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra”, frisou.
Por
outro lado, Putin diz ver a ocidentalização da Ucrânia como uma ameaça
existencial para a Rússia. “Não sei porque é que não pensará o mesmo de
outros países da Europa de Leste que se tornaram mais ocidentais, alguns
dos quais entraram na NATO”, afirmou Cummins.
“Poderá colocar
esses países na mira, porque falou de querer restaurar a antiga União
Soviética e o império russo”, continuou. “Se esse é o objetivo último,
então a invasão da Ucrânia é apenas um passo numa tentativa muito mais
alargada de expandir o território da Rússia”.
O que os analistas
consideram, apesar da resistência, é que Moscovo tem capacidade para
tomar o controlo da Ucrânia, ainda que demorando mais tempo.
“Em
termos de número de armas e de capacidade militar, o mais provável é
que Putin consiga na mesma ganhar a guerra convencional e que chegue a
um ponto em que consiga mudar o governo em Kiev”, referiu Daniela Melo.
“Mas aí também há uma grande probabilidade de uma insurreição e de um
conflito muito longo”
Everett Vieira III deu o exemplo do
Iraque, onde a insurreição dura há vinte anos, e disse que a Ucrânia
pode seguir o mesmo caminho. “Salvo se houver uma completa aniquilação,
consigo ver isto a durar anos e anos”.
Esse cenário indica que
podemos passar a um jogo de espera. “O que é que aguenta mais tempo – a
economia russa ou o interesse do Ocidente sobre o que se está a passar
na Ucrânia?”, questionou Daniela Melo.
Sublinhando a
complexidade da situação, que pode seguir em direções muito diferentes, a
politóloga frisou que os efeitos negativos desta decisão de Vladimir
Putin tornam difícil compreendê-la.
“Não temos um tiro pela
culatra político deste nível deste 1945”, afirmou. “Temos a potencial
criação de um estado pária, o isolamento internacional a um nível nunca
visto desde o fim da II Guerra Mundial e o enfraquecimento geopolítico
da Rússia, porque demonstrou que as suas forças armadas não são tão
fortes nem tão organizadas quanto se acreditava”.
A isso
junta-se o colapso da economia russa, que pode acontecer já este verão.
“Putin precisa de uma porta de saída, mas ainda não deu sinais de estar
pronto para o diálogo e para abdicar do que ele julga ser o direito a
controlar a política interna e externa da Ucrânia”, frisou Daniela Melo.
No entanto, a especialista diz que ainda não há sinais de
fissuras internas que levem a pensar num golpe de estado ou uma
revolução dentro da Rússia.
O que há, disse Thomas Holyoke, é
embaraço e estranheza. “Putin queria uma vitória esmagadora, porque isso
fá-lo-ia parecer muito forte”, afirmou.
Os autoproclamados “verificadores de fatos” da imprensa corporativa dos EUA passaram duas semanas zombando como desinformação e falsa teoria da conspiração
a alegação de que a Ucrânia possui laboratórios de armas biológicas,
sozinho ou com apoio dos EUA. Eles nunca apresentaram nenhuma evidência
para sua decisão – como eles poderiam saber? e como eles poderiam provar
o negativo? – mas, no entanto, eles invocaram seu tom
caracteristicamente autoritário, acima de tudo, de autoconfiança e
direito auto-arrogante de decretar a verdade, rotulando definitivamente
tais alegações como falsas.
As alegações de que a Ucrânia
atualmente mantém laboratórios de armas biológicas perigosos vieram da
Rússia e da China. O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou este mês : “Os EUA têm 336 laboratórios em 30 países sob seu controle, incluindo 26 apenas na Ucrânia”.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou
que “a Rússia obteve documentos provando que os laboratórios biológicos
ucranianos localizados perto das fronteiras russas trabalhavam no
desenvolvimento de componentes de armas biológicas”. Tais afirmações
merecem o mesmo nível de ceticismo que as negações dos EUA: ou seja,
nada disso deve ser considerado como evidência ausente verdadeira ou
falsa. No entanto, os verificadores de fatos dos EUA obediente e
reflexivamente ficaram do lado do governo dos EUA para declarar tais
alegações como “desinformação” e zombar delas como teorias da
conspiração QAnon.
Infelizmente para esse esquema de propaganda
disfarçado de verificação de fatos neutra e altiva, o oficial neocon há
muito encarregado da política dos EUA na Ucrânia testemunhou na
segunda-feira perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado e
sugeriu fortemente que tais alegações são, pelo menos em parte,
verdadeiras. . Ontem à tarde, a subsecretária de Estado Victoria Nuland
compareceu perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado. O senador
Marco Rubio (R-FL), na esperança de desmascarar as crescentes alegações
de que existem laboratórios de armas químicas na Ucrânia, perguntou
presunçosamente a Nuland: “A Ucrânia tem armas químicas ou biológicas?”
Rubio,
sem dúvida, esperava uma negação por parte de Nuland, fornecendo assim
mais “provas” de que tal especulação é uma Fake News covarde emanada do
Kremlin, do PCC e do QAnon. Em vez disso, Nuland fez algo completamente
atípico para ela, para os neocons e para altos funcionários da política
externa dos EUA: por algum motivo, ela contou uma versão da verdade. Sua
resposta surpreendeu Rubio visivelmente, que - assim que percebeu o
dano que ela estava causando à campanha de mensagens dos EUA ao dizer a
verdade - a interrompeu e exigiu que ela afirmasse que, se ocorresse um
ataque biológico, todos deveriam ser "100 % de certeza” de que foi a
Rússia quem fez isso. Agradecido pelo bote salva-vidas, Nuland disse a
Rubio que estava certo.
Mas o ato de limpeza de Rubio veio tarde
demais. Quando perguntado se a Ucrânia possui “armas químicas ou
biológicas”, Nuland não negou: absolutamente. Em vez disso, ela – com
desconforto palpável girando a caneta e fala vacilante, um contraste
gritante com seu estilo normalmente arrogante de falar em ofuscadores
oficiais do Departamento de Estado – reconheceu: “uh, a Ucrânia tem, uh,
instalações de pesquisa biológica”.
Qualquer esperança de
retratar tais “instalações” como benignas ou banais foi imediatamente
destruída pelo aviso que ela rapidamente acrescentou:
“Agora
estamos de fato bastante preocupados que as tropas russas, as forças
russas, possam estar tentando, uh, ganhar o controle [desses
laboratórios], então estamos trabalhando com os Ukrainiahhhns [sic] em
como eles podem impedir qualquer um desses materiais de pesquisa. de
cair nas mãos das forças russas caso se aproximem” — [interrupção do
senador Rubio]:A bizarra admissão de Nuland de que “a
Ucrânia tem instalações de pesquisa biológica” que são perigosas o
suficiente para justificar a preocupação de que possam cair nas mãos dos
russos ironicamente constituiu uma evidência mais decisiva da
existência de tais programas na Ucrânia do que o que foi oferecido em
2002 e 2003 para corroborar as alegações dos EUA sobre os programas
químicos e biológicos de Saddam no Iraque. Uma confissão real contra os
interesses de um alto funcionário dos EUA sob juramento é claramente
mais significativa do que Colin Powell segurando um tubo de ensaio com
uma substância desconhecida dentro enquanto apontava para imagens de
satélite granuladas que ninguém conseguia decifrar.
Não é preciso
dizer que a existência de um programa de “pesquisa” biológica ucraniana
não justifica uma invasão da Rússia, muito menos um ataque tão
abrangente e devastador quanto o que está se desenrolando: não mais do
que a existência de um programa biológico semelhante sob Saddam tornaram
justificável a invasão do Iraque pelos EUA em 2003. Mas a confissão de
Nuland lança luz crítica sobre várias questões importantes e levanta
questões vitais que merecem respostas.
Any attempt to claim that
Ukraine’s biological facilities are just benign and standard medical
labs is negated by Nuland’s explicitly grave concern that “Russian
forces may be seeking to gain control of” those facilities and that the
U.S. Government therefore is, right this minute, “working with the
Ukrainians on how they can prevent any of those research materials from
falling into the hands of Russian forces.”
A Rússia tem seus próprios laboratórios médicos avançados. Afinal, foi um dos primeiros países a desenvolver uma vacina contra a COVID, que Lancet , em 1º de fevereiro de 2021, declarou ser “segura e eficaz” (ainda que autoridades dos EUA tenham pressionado vários países , incluindo o Brasil, a não aceitar qualquer vacina, enquanto aliados dos EUA, como a Austrália, se recusaram por um ano inteiro
a reconhecer a vacina russa COVID para fins de seu mandato de vacina). A
única razão para estar “bastante preocupado” com essas “instalações de
pesquisa biológica” caindo nas mãos dos russos é se eles contêm
materiais sofisticados que os cientistas russos ainda não desenvolveram
por conta própria e que podem ser usados para fins nefastos –ou seja ,
armas biológicas avançadas ou “pesquisa” de uso duplo que tem o
potencial de ser transformada em arma.
O que há nesses
laboratórios biológicos ucranianos que os tornam tão preocupantes e
perigosos? E a Ucrânia, não exatamente conhecida por ser uma grande
potência com pesquisa biológica avançada, teve a ajuda de outros países
no desenvolvimento dessas substâncias perigosas? A assistência americana
está limitada ao que Nuland descreveu na audiência - "trabalhar com os
ucranianos sobre como eles podem impedir que qualquer um desses
materiais de pesquisa caia nas mãos das forças russas" - ou a
assistência dos EUA se estendeu à construção e desenvolvimento do
próprias “instalações de pesquisa biológica”?
PolitiFact, 25 de fevereiro de 2022
Apesar
de toda a linguagem desdenhosa usada nas últimas duas semanas pelos
autoproclamados “verificadores de fatos”, confirma-se que os EUA
trabalharam com a Ucrânia, ainda no ano passado, no “desenvolvimento de
uma cultura de gerenciamento de biorisco; parcerias internacionais de
pesquisa; e a capacidade dos parceiros para melhorar as medidas de
biossegurança, biossegurança e biovigilância”. A Embaixada dos EUA na
Ucrânia se gabou publicamente
de seu trabalho colaborativo com a Ucrânia “para consolidar e proteger
patógenos e toxinas de preocupação de segurança e continuar a garantir
que a Ucrânia possa detectar e relatar surtos causados por patógenos
perigosos antes que eles representem ameaças à segurança ou
estabilidade”.
Essa pesquisa biológica conjunta EUA/Ucrânia é,
obviamente, descrita pelo Departamento de Estado da maneira menos
ameaçadora possível. Mas isso novamente levanta a questão de por que os
EUA estariam tão seriamente preocupados com a pesquisa benigna e comum
caindo nas mãos dos russos. Também parece muito estranho, para dizer o
mínimo, que Nuland tenha escolhido reconhecer e descrever as
“instalações” em resposta a uma pergunta clara e simples do senador
Rubio sobre se a Ucrânia possui armas químicas e biológicas . Se esses
laboratórios são apenas projetados para encontrar uma cura para o câncer
ou criar medidas de segurança contra patógenos, por que, na mente de
Nuland, isso teria algo a ver com um programa de armas biológicas e
químicas na Ucrânia?
A
realidade indiscutível é que – apesar das convenções internacionais de
longa data que proíbem o desenvolvimento de armas biológicas – todos os
países grandes e poderosos realizam pesquisas que, no mínimo, têm a
capacidade de serem convertidas em armas biológicas. O trabalho
realizado sob o pretexto de “pesquisa defensiva” pode, e às vezes é,
facilmente convertido nas próprias armas proibidas. Lembre-se de que, de acordo com o FBI
, os ataques de antraz em 2001 que aterrorizaram a nação vieram de um
cientista de pesquisa do Exército dos EUA, Dr. Bruce Ivins, que
trabalhava no laboratório de pesquisa de doenças infecciosas do Exército
dos EUA em Fort Detrick, Maryland. A alegação era de que o Exército
estava “meramente” realizando pesquisas defensivas para encontrar
vacinas e outras proteções contra o antraz como arma, mas para isso o
Exército teve que criarcepas de antraz altamente armadas, que Ivins
então desencadeou como uma arma.
Um programa PBS Frontline
de 2011 sobre esses ataques de antraz explicou: “em outubro de 2001, o
microbiologista da Northern Arizona University Dr. Paul Keim identificou
que o antraz usado nas cartas de ataque era a cepa Ames, um
desenvolvimento que ele descreveu como 'arrepiante' porque essa cepa em
particular foi desenvolvido em laboratórios do governo dos EUA.” Falando
ao Frontline em 2011, o Dr. Keim explicou por que era tão alarmante
descobrir que o Exército dos EUA estava cultivando cepas tão altamente
letais e perigosas em seu laboratório, em solo americano:
Ficamos
surpresos que fosse a cepa Ames. E foi arrepiante ao mesmo tempo,
porque a cepa Ames é uma cepa de laboratório que foi desenvolvida pelo
Exército dos EUA como uma cepa de desafio de vacina. Sabíamos que era
altamente virulento. Na verdade, é por isso que o Exército a usou,
porque representava um desafio mais potente às vacinas que estavam sendo
desenvolvidas pelo Exército dos EUA. Não era apenas um tipo aleatório
de antraz que você encontra na natureza; era uma cepa de laboratório, e
isso foi muito significativo para nós, porque foi o primeiro indício de
que isso poderia realmente ser um evento de bioterrorismo.
Esta
lição sobre os graves perigos da chamada pesquisa de uso duplo em armas
biológicas foi reaprendida nos últimos dois anos como resultado da
pandemia de COVID. Embora as origens desse vírus ainda não tenham sido
comprovadas com evidências dispositivas (embora lembre-se, os
verificadores de fatos declararam desde o início que foi definitivamente
estabelecido que ele veio de saltos de espécies e que qualquer sugestão
de vazamento de laboratório era uma “teoria da conspiração”. ” apenas
para a Casa Branca de Biden em meados de 2021 admitir
que não conhecia as origens e ordenar uma investigação para determinar
se veio de um vazamento de laboratório), o que é certo é que o Instituto
de Virologia de Wuhan estava manipulando várias cepas de coronavíruspara
torná-los mais contagiosos e letais. A justificativa era que isso seria
necessário para estudar como as vacinas poderiam ser desenvolvidas,
mas, independentemente da intenção, o cultivo de cepas biológicas
perigosas tem a capacidade de matar um grande número de pessoas. Tudo
isso ilustra que pesquisas classificadas como “defensivas” podem ser
facilmente convertidas, deliberadamente ou não, em armas biológicas
extremamente destrutivas.
Política Externa, 2 de março de 2022
No
mínimo, a surpreendente revelação de Nuland revela, mais uma vez, quão
fortemente envolvido o governo dos EUA está e há anos tem estado na
Ucrânia, na parte da fronteira da Rússia que autoridades dos EUA e
acadêmicos de todo o espectro passaram décadas alertando é o mais
sensível e vulnerável para Moscou. Foi a própria Nuland, enquanto
trabalhava para Hillary Clinton e o Departamento de Estado de John Kerry
sob o presidente Obama, que estava fortemente envolvidano
que alguns chamam de revolução de 2014 e outros chamam de “golpe” que
resultou em uma mudança de governo na Ucrânia de um regime amigo de
Moscou para um muito mais favorável à UE e ao Ocidente. Tudo isso
aconteceu quando a empresa de energia ucraniana Burisma pagou US$ 50.000
por mês não ao filho de um oficial ucraniano, mas ao filho de Joe
Biden, Hunter: um reflexo de quem exercia o poder real dentro da
Ucrânia.
Nuland não só trabalhou para os Departamentos de Estado
de Obama e Biden para administrar a política da Ucrânia (e, de muitas
maneiras, a própria Ucrânia), mas também foi
vice-conselheira de segurança nacional do vice-presidente Dick Cheney e
depois embaixadora do presidente Bush na OTAN. Ela vem de uma das famílias reais neoconservadoras mais prestigiadas
da América ; seu marido, Robert Kagan, foi cofundador do notório grupo
neoconservador de guerra Project for the New American Century, que defendia
a mudança de regime no Iraque muito antes do 11 de setembro. Foi Kagan,
junto com o ícone liberal Bill Kristol, que (ao lado do atual
editor-chefe do The Atlantic Jeffrey Goldberg), foi o maior responsável pela mentiraque Saddam estava trabalhando lado a lado com a Al Qaeda, uma mentira que desempenhou um papel fundamental em convencer os americanos a acreditar que Saddam estava pessoalmente envolvido no planejamento do 11 de setembro.
O
fato de um neoconservador como Nuland ser admirado e empoderado
independentemente do resultado das eleições ilustra como as alas do
establishment de ambos os partidos estão unidas e em sintonia quando se
trata de questões de guerra, militarismo e política externa. De fato, o
marido de Nuland, Robert Kagan, estava sinalizando que os neoconservadores provavelmente apoiariam Hillary Clinton para presidente
– fazendo isso em 2014, muito antes de alguém imaginar Trump como seu
oponente – com base no reconhecimento de que o Partido Democrata agora
era mais hospitaleiro à ideologia neocon do que o GOP, onde o
neo-isolacionismo de Ron Paul e depois de Trump estava crescendo.
Você
pode votar contra os neocons o quanto quiser, mas eles nunca vão
embora. O fato de que um membro de uma das famílias neoconservadoras
mais poderosas dos Estados Unidos vem conduzindo a política da Ucrânia
para os EUA há anos – tendo passado de Dick Cheney para Hillary Clinton e
Obama e agora para Biden – ressalta a pouca dissidência em Washington.
em tais questões. É a vasta experiência de Nuland em exercer o poder em
Washington que torna sua confissão de ontem tão surpreendente: é o tipo
de coisa sobre a qual pessoas como ela mentem e escondem, não admitem.
Mas agora que ela admitiu, é crucial que essa revelação não seja
enterrada e esquecida.
Imagem em destaque: 8 de outubro de 2014:
Secretária de Estado adjunta dos EUA, Victoria Nuland, em uma Base de
Serviço da Guarda de Fronteira do Estado ucraniano em Kiev. (Embaixada
dos EUA em Kiev, Flickr)
Esta não é a primeira vez que as
conclusões favoráveis de um relatório ignoram os dados de um
relatório. Os documentos da Pfizer parecem mostrar que todos eles
estavam apenas passando pelos movimentos, tudo para mostrar.
Quando
a Siri & Glimstad apresentou sua reclamação contra a FDA por não
apresentar os documentos dos ensaios clínicos da Pfizer em sua vacina
COVID-19, a FDA produziu uma torrente de documentos. Entre esses
documentos, disponíveis via Saúde Pública e Profissionais Médicos para a Transparência , um documento se destaca. Vou resumir aqui alguns dos relatórios, mas certifique-se de obter sua própria cópia aqui
. O arquivo desejado é “5.3.6 experiência pós-comercialização.pdf”, e o
documento é intitulado “5.3.6 ANÁLISE CUMULATIVA DE RELATÓRIOS DE
EVENTOS ADVERSOS PÓS-AUTORIZAÇÃO DE PF-07302048 (BNT162B2) RECEBIDOS ATÉ
28-FEV-2021”.
Dê uma olhada na Figura 1, que resume os 42.086 relatos de casos contendo 158.893 eventos.
Vejo
mais de 20.000 distúrbios gerais GRAVES, mais de 10.000 eventos GRAVES
do sistema nervoso, mais de 5.000 eventos GRAVES musculoesqueléticos e
gastrointestinais cada.
A Tabela 2 da Pfizer lista >93.000 eventos que ocorreram em ≥2% dos eventos.
Observando a Figura 1 e o texto (grave e não grave): Distúrbios do sistema nervoso: 25.957. Distúrbios musculoesqueléticos e do tecido conjuntivo: 17.283. Distúrbios gastrointestinais: 14.096.
Existem mais categorias, você pode vê-las na Figura 1.
Enquanto isso:
Lembre-se que a Pfizer e a Moderna prometeram total transparência.
Lembre-se que a FDA teve acesso aos números da Pfizer.
Lembre-se
de que esses dados não foram revisados por pares, e os dados de
estudos de segurança de vacinas para aprovação da EUA e FDA não são, por
uma questão de prática, sujeitos a revisão cega por pares. Por que não?
O que isso diz sobre o risco?
Infelizmente,
não podemos saber. O número de doses dadas até a data em que o
relatório foi gerado foi editado , evitando qualquer cálculo de taxas e
riscos.
John Campbell ressalta que Janet Woodcock da FDA
informou, relatando a aprovação dos EUA em 21 de agosto de 2021, disse o
seguinte:
Sabendo que ela teve acesso a esses dados, John se pergunta como ela poderia dizer isso naquele momento?
John
é um especialista em saúde pró-vacinas (enfermeiro aposentado, eu
presumo) no Reino Unido que agora está chamando o comissário interino da
FDA dos EUA. Ele liga para nosso Peter Marks, diretor do Centro de
Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA, para dizer o seguinte em um
comunicado à imprensa:
“Nossos especialistas científicos e
médicos realizaram uma avaliação incrivelmente completa e cuidadosa
desta vacina. Avaliamos dados científicos e informações incluídas em
centenas de milhares de páginas, realizamos nossas próprias análises de
segurança e eficácia do Comirnaty e realizamos uma avaliação detalhada
dos processos de fabricação, incluindo inspeções nas instalações de
fabricação... (w)e não perdemos de vista que a crise de saúde pública do
COVID-19 continua nos EUA e que o público está contando com vacinas
seguras e eficazes. A comunidade pública e médica (sic) pode ter certeza
de que, embora tenhamos aprovado esta vacina rapidamente, ela estava
totalmente de acordo com nossos altos padrões existentes para vacinas
nos EUA”.
Bom para você, John, por chamá-los, como todos devemos.
Na verdade, ao redigir o denominador, o FDA pode estar infringindo o
tribunal. Eles certamente desprezam a conscientização pública sobre os
riscos associados à vacina da Pfizer.
A FDA precisa publicar o denominador editado para que possamos conhecer as taxas.
Aqui você pode ver John percorrer o relatório passo a passo e concluir que a FDA “destruiu” a confiança do público no processo.
A
Rússia e a Ucrânia são dois dos maiores exportadores de trigo e
fertilizantes do mundo — e o conflito entre os dois países está a criar
problemas aos seus compradores nas cadeias de fornecimento.
A
guerra na Ucrânia está a abalar a Europa, mas as repercussões estão a
ser sentidas por todo o mundo — e os ucranianos não são as únicas
vítimas. Juntos, Rússia e Ucrânia são responsáveis por um quarto das
exportações de trigo em todo o mundo, e o conflito entre ambos está a
afectar a cadeia de fornecimento.
Devido ao clima árido e
quente, que é também menos propenso à agricultura, o Médio Oriente e
África estão a ser as regiões mais impactadas. Quase metade do trigo
importado pela Tunísia tem origem ucraniana e os preços chegaram agora a
um valor que já não era registado há 14 anos.
O Estado controla
o preço do pão, mas os tunisinos receiam que a inflação causada pela
guerra eventualmente se faça sentir nos seus bolsos. A economia do país
já é frágil devido à crise que tem vivido nos últimos anos, com
desemprego elevado e a dívida pública em alta.
Mas a Tunísia não está sozinha. O Iémen, que já está a sofrer com uma
guerra civil desde 2014 e uma consequente crise humanitária, está
também a sentir as réplicas do conflito europeu, visto que importa quase todo o seu trigo, com mais de um terço vindo da Rússia e da Ucrânia.
Para além disto, a dieta da população baseia-se muito no pão — numa altura em que cerca de oito milhões de crianças estão a passar fome, mais de metade das calorias diárias consumidas pelas famílias estão no pão, escreve o The Guardian.
O Líbano também está a ser afectado, visto que
mais de metade das suas importações de trigo são ucranianas. O Ministro
da Economia, Amin Salam, já terá dito que o país tem apenas trigo
suficiente para mais “um mês, ou um mês e meio“, estando já à procura de novos fornecedores.
Já no Egipto, mesmo antes da guerra, os preços do trigo já tinham subido 80%
entre Abril de 2020 e Dezembro de 2021 e o Governo anunciou que vai
aumentar o custo do pão, que é altamente subsidiado, pela primeira vez
em décadas.
“A insegurança alimentar causa agitação e violência”
A porta-voz do Programa Alimentar Mundial no Egipto, Abeer Etefa, acredita que o fornecimento de muitos bens de “importância particular” para o Médio Oriente e o norte de África já está a ser afectado pelo conflito.
Mesmo que os países optem por comprar a outros países, os produtos vão demorar mais a chegar e o transporte será mais caro do que se estes viessem da Ucrânia.
“A guerra leva a uma maior insegurança alimentar e a insegurança alimentar aumenta a probabilidade de haver agitação e violência“, afirma, alertando que a guerra na Europa pode assim acender conflitos noutras partes do planeta.
O
preço da farinha de trigo subiu 15% no último ano em muitos países
africanos e o óleo alimentar é também um terço mais caro, nota a Der Spiegel. A guerra promete agravar ainda mais a situação.
“Há já 276 milhões de pessoas em 81 países a sofrer
de fome aguda. O mundo simplesmente não aguenta com mais um conflito. A
guerra de Putin não está só a causar sofrimento na Ucrânia. Os efeitos
vão sentir-se muito além da região”, afirma Martin Frick, director do
Programa Alimentar Mundial na Alemanha.
No Quénia, o trigo é especialmente importante para a população mais pobre.
“Os preços vão subir ainda mais por causa da guerra e os mais pobres
vão sofrer ainda mais as consequências”, revela o economista queniano
Timothy Njagi.
Para além do trigo, a Ucrânia e a Rússia são também grandes
exportadores de fertilizantes, e os preços têm também notado uma
escalada. O problema acaba assim por ser um ciclo vicioso — com os
agricultores africanos a serem obrigadores a usar menos fertilizantes do que o normal, o que leva a colheitas mais pequenas e, consequentemente, mais caras.
Robert Regan soltou uma frase inesperada durante um debate online: “Não sou um político. Estou a trabalhar nisso”.
O
debate em directo ocorreu no domingo passado, através plataforma
Rumble, e envolveu vários elementos conservadores da política dos
Estados Unidos da América.
Robert Regan é candidato pelo Partido
Republicano a congressista no Michigan. E é favorito à vitória no 74.º
Distrito da zona Oeste daquele Estado, em Maio deste ano.
Mas
tem sido um alvo de críticas desde domingo porque, para pedir a outro
elemento que esquecesse a derrota nas eleições presidenciais de 2020, e
para sublinhar que, quando o mal está feito nada se pode fazer, soltou
uma frase inesperada.
“Eu tenho três filhas e costumo dizer-lhes: se a violação é inevitável, deves apenas deitar-te e aproveitar“, declarou Robert.
No
dia seguinte, num podcast do Bridge Michigan, o candidato justificou a
sua frase: “Eu queria dizer que há coisas inevitáveis”.
“Por
vezes, as minhas palavras não são tão suaves e politicamente correctas,
tal como as palavras dos políticos – porque eu não sou político. Estou a
trabalhar nisso”, acrescentou.
Nesta quarta-feira voltou ao
assunto e disse que a polémica à volta das suas palavras é uma
“distracção” e considerou que “os eleitores merecem melhor do que a
comunicação social e o sistema Republicanos têm oferecido”.
“Estamos
cansados do que está estabelecido, sempre a dizerem-nos que «temos de
nos contentar, é assim e é assim, pronto». E eu utilizei esse exemplo da
violação. Porque não é isso que queremos. Mesmo em tempos muito
difíceis, lutamos. Foi isso que os nossos fundadores fizeram”, explicou.
Robert Regan não é estreante em declarações controversas. Há
poucos dias afirmou que o conflito na Ucrânia é uma “guerra falsa, tal
como é falsa a pandemia”.
Já a sua filha, em 2020, pediu publicamente a todas as pessoas do Michigan para não votarem no seu pai.
O
parlamento espanhol decidiu hoje criar uma comissão para investigar,
pela primeira vez de forma oficial, os alegados abusos a menores pela
Igreja Católica, uma instituição há muito acusada de opacidade sobre o
assunto.
Proposta pelo Partido Socialista (PSOE), no poder, e
pelo Partido Nacionalista Basco (PNV), esta iniciativa sem precedentes
foi aprovada por uma maioria muito ampla de 277 votos num Congresso dos
Deputados (câmara baixa do parlamento) com um total de 350 membros
eleitos.
Ao contrário de outros países como os Estados Unidos da
América, França, Alemanha, Irlanda e Austrália, em Espanha a violência
sexual contra menores no seio da Igreja nunca foi sujeita a uma grande
investigação.
O texto votado pelos deputados prevê que esta
comissão independente seja presidida pelo provedor de Justiça e composta
por representantes das autoridades, das vítimas e do clero.
A
comissão será responsável por “investigar os atos execráveis cometidos
por indivíduos contra crianças indefesas” e “identificar as pessoas que
cometeram estes abusos, bem como aqueles que os encobriram”, antes de
elaborar um relatório a ser apresentado ao parlamento, de acordo com o
texto aprovado.
Esta investigação marcará “o início do fim de
uma vergonha“, disse recentemente ao diário El País a deputada
socialista Carmen Calvo, ex-número dois do Governo de esquerda de Pedro
Sánchez.
Na ausência de dados oficiais, o diário El País lançou o
seu próprio inquérito em 2018, listando 1.246 vítimas desde os anos 30.
Por seu lado, a Igreja só reconheceu 220 casos desde 2001.
Tendo
Espanha uma forte tradição católica, a Igreja teve um papel central na
educação durante a ditadura de Francisco Franco (1936-1975).
Atualmente,
mais de 1,5 milhões de crianças ainda estudam em cerca de 2.500 escolas
católicas, de acordo com números da Conferência Episcopal Espanhola de
2020.
Vários países, entre os quais Portugal, estão a investigar
os alegados abusos cometidos por membros da Igreja Católica ao longo
dos anos, tendo o Papa Francisco reiterado em 20 de janeiro último que a
instituição continua firme no seu compromisso de fazer justiça às
vítimas.
“Na luta contra os abusos de todo o tipo, a Igreja
continua firme no compromisso de fazer justiça às vítimas de abusos
cometidos pelos seus membros, aplicando com particular atenção e rigor a
legislação canónica prevista”, disse o Papa.
Russos colocaram na Ucrânia as suas melhores tropas mas não planearam muito bem esta ofensiva militar.
Quando
o exército da Rússia chegou à Ucrânia no dia 24 de Fevereiro, a opinião
generalizada foi: os russos vão vencer os ucranianos muito rapidamente.
Comparando o poder militar dos dois países, essa conclusão era quase
óbvia. Mas não é isso que está a acontecer.
Têm surgido imagens
que mostram que os russos não estão assim tão fortes: equipamentos
ultrapassados, falta de planeamento, derrotas no terreno, resistência
dos adversários.
Paulo Batista Ramos, professor de Relações Internacionais, falou na rádio Observador
sobre este tema. Indicou que a Rússia colocou na Ucrânia as suas tropas
de elite e o melhor armamento disponível; e contratou mercenários,
tropas de países aliados, para estarem na frente da batalha, com o
objectivo de ter uma maior eficiência no combate, mas também para
intimidar os ucranianos.
Mas as tropas de elite russas são tropas de topo? “Depende. Estamos a
comparar com os Estados Unidos da América? Estamos a comparar com as
forças armadas europeias? Ou estamos a comparar com as forças armadas
ucranianas?”, questionou o especialista.
“São as melhores tropas que a Rússia tem. Mas se a
opinião pública estava à espera de ver algo diferente… O que estamos a
ver neste conflito não é o que vimos no Iraque e no Afeganistão, em
intervenções dos EUA. Estamos a ver material um pouco bizarro, para não dizer obsoleto ou desadequado. Estamos a ver militares que parecem não estar preparados para a missão, estamos a ver falta de liderança e ainda falta de adaptação dos russos às condições no terreno”, descreveu.
E tudo isto parece “um pouco bizarro”, acrescentou Paulo, que acredita que o planeamento dos generais e dos estrategas russos não foi o mais adequado:
“Não mediram muito bem todas as consequências desta ofensiva, não
projectaram todos os cenários. E a resistência ucraniana foi uma
surpresa para todos”.
Questionado sobre um eventual bluff de Putin e seus ajudantes, há duas perspectivas. Primeira, a Rússia “está a fazer bluff há mais de 10 anos, através de estratégias de intimidação e de ciberataques”.
Segunda, esta é a primeira vez que estamos a ver o poder militar russo a operar e “parece que não está a corresponder às expectativas dos próprios russos e ao seu excesso de confiança”.
Resumindo: “Não há bluff. Há arrogância. E essa arrogância está a mostrar as fraquezas do poder russo”.
Neste cenário, o moral das tropas russas não estará muito elevado: “Não conseguimos medir o moral, mas temos muita dificuldade em encontrar imagens positivas
da propaganda do lado russo. Nem nos órgãos de comunicação social
controlados pelo Kremlin, vemos imagens que transmitam o mínimo de
eficiência e de capacidade das tropas russas”.
Paulo Batista Ramos abordou também os problemas logísticos do lado russo, nomeadamente no abastecimento: “Vemos soldados russos que, depois de derrotados, são alimentados pela população ucraniana“.
Fevereiro registou o maior aumento de inflacção dos últimos 40 anos. Análise nos EUA deverá expandir-se para outros países.
A
inflacção nos Estados Unidos da América subiu 7,9% em Fevereiro deste
ano, comparando com os números de Fevereiro de 2021. É a maior subida
nos últimos 40 anos – a invasão russa à Ucrânia, “anunciada” no dia 21 e
concretizada no dia 24, contribuiu para este aumento.
O relatório do grupo Accountable.US,
publicado no sábado passado, já tinha mostrado que o índice de preços
no consumidor nos EUA subiu 7% entre Dezembro de 2020 e Dezembro de
2021.
No entanto, o impacto não é igual para todos. Os
consumidores pagam mais quando vão às compras, sofrem mais no seu
orçamento mensal, ao mesmo tempo que as empresas ganham mais dinheiro.
A CNBC
baseou-se em dados da empresa Refinitiv e verificou que o lucro das 500
principais empresas cotadas nas bolsas de Nova Iorque (NYSE e NDASAQ)
subiu 49% ao longo do ano passado.
Os lucros das 30 maiores empresas dos principais sectores industriais nos EUA subiram 137.5 milhões de euros em 2021, ainda de acordo com os números do Accountable.US.
O mesmo relatório mostra que as mesmas empresas têm “premiado” os seus accionistas com mais 25 mil milhões de euros por ano.
“Essas empresas querem que os consumidores acreditem que aumentaram os preços apenas para acompanhar os custos externos, mas as dezenas de mil milhões em lucros extras e generosos brindes aos investidores no ano passado mostram o contrário“, destacou Kyle Herrig, presidente do Accountable.US.
As grandes empresas vêm os seus lucros a aumentar, aproveitando assim a disponibilidade (ou obrigatoriedade) dos consumidores em pagar mais pelo que consomem, sublinha o portal HuffPost.
“Ao contrário do que dizem, essas empresas altamente lucrativas podem escolher; e escolhem engordar os seus resultados em vez de estabilizar os preços para o consumidor”, acrescentou Kyle Herrig.
Do lado do consumidor, o desagrado aumenta: o índice de satisfação com o presidente Joe Biden diminuiu muito, desde que os preços começaram a subir.
Foi precisamente Biden a falar nesta terça-feira sobre a inflacção,
avisando as empresas de petróleo e gás para não utilizarem a guerra na
Ucrânia como pretexto para aumentar demasiado os preços: “Este não é o momento de especulação ou de manipulação de preços”.
Três
pessoas, incluindo uma criança, morreram no bombardeamento russo que
atingiu um hospital pediátrico e uma maternidade em Mariupol, no leste
da Ucrânia.
O ataque da Força Aérea russa, esta quarta-feira, a
um hospital pediátrico e a uma maternidade de Mariupol, cidade portuária
estratégia no Sul da Ucrânia, é “um crime de guerra”, denunciou o
Presidente ucraniano, Volodimir Zelenskyy.
“Hoje é o dia que
define tudo. Quem está de que lado. Bombas russas caíram sobre um
hospital e uma maternidade em Mariupol (…) Os prédios estão destruídos.
Os escombros estão a ser retirados”, realçou o chefe de Estado da
Ucrânia, através de um vídeo.
“Que tipo de país, a Rússia, tem
medo de hospitais e maternidades e os destrói?“, acrescentou,
denunciando “atrocidades” infligidas a Mariupol, que está submetida a um
bloqueio russo há mais de uma semana.
De acordo com as
autoridades daquela cidade portuária, três pessoas, incluindo uma
criança, morreram no bombardeamento que atingiu o hospital pediátrico.
“Três pessoas morreram, incluindo uma menina”, disse o município numa
informação divulgada no Telegram.
Volodimir Zelenskyy apelou a
uma união na condenação ao ataque: “Europeus! Ucranianos! Moradores de
Mariupol! Hoje temos de nos unir para condenar este crime de guerra da
Rússia, que reflete todo o mal que os invasores fizeram ao nosso país”.
“O
bombardeio aéreo é a prova final. A prova de que está a acontecer um
genocídio de ucranianos (…) Nós nunca cometemos e nunca teríamos
cometido um crime de guerra como este nas cidades de Donetsk ou Lugansk
ou em nenhuma região”, assegurou, numa referência às duas cidades, no
Leste ucraniano, detidas por separatistas pró-Rússia desde 2014.
A Câmara Municipal de Mariupol comunicou, através das redes sociais, que os danos foram “colossais“.
O
bombardeamento do hospital pelas forças russas provocou indignação na
comunidade internacional, quer por vários países ocidentais, como
Estados Unidos e Reino Unido, quer por organizações como a ONU.
Em
Moscovo, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, referiu que
“nacionalistas ucranianos” fizeram sair pacientes e funcionários do
hospital para depois o usarem como base para disparos.
Já esta
quinta-feira, questionado sobre o ataque, o ministro dos Negócios
Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que “o hospital já estava sob
controlo de radicais ucranianos e não tinha pacientes”. “Os meios de
comunicação ocidentais não ouviram os dois lados sobre este assunto”,
acrescentou.
Volodimir Zelenskyy partilhou no Twitter um vídeo
que mostra os escombros do hospital, classificando o ataque como uma
“atrocidade” e acusando o mundo de ser “cúmplice ao ignorar o terror“. O
Presidente ucraniano afirmou, ainda, haver crianças presas no meio dos
destroços.
Rússia vai deixar Conselho da Europa
O
Governo russo anunciou que vai deixar de participar no Conselho da
Europa e acusou os países da União Europeia (UE) e da NATO de minarem o
organismo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo
salientou que a UE e a NATO mantêm uma postura “hostil” e salientou que
mantêm “uma linha de destruição do espaço comum do Conselho da Europa a
nível humanitário e jurídico”.
Por outro lado, afirmou que
Moscovo “não participará” nos esforços para “transformar” o Conselho da
Europa “noutra plataforma para exaltar a superioridade e o narcisismo
ocidentais“.
“Deixemos que desfrutem comunicar uns com os
outros, sem a Rússia”, disse em comunicado, citado pela agência de
notícias russa TASS, num momento de tensões crescentes sobre a invasão
russa da Ucrânia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de
fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516
mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga
de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os
mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela
generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de
armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
O
ex-presidente da Câmara dos Comuns do Reino Unido, John Bercow, foi
banido para sempre do Parlamento depois de um painel independente ter
concluído que ele agiu, no cargo, como um “bully” e “mentiroso
compulsivo”.
Um relatório interno indica que o ex-presidente da
Câmara dos Comuns do Reino Unido intimidou repetidamente os funcionários
e que, portanto, deve ser impedido de receber um passe de acesso ao
Parlamento. Uma interdição para toda a vida.
O painel de
especialistas independentes confirmou as conclusões anteriores da
comissária parlamentar para as normas de conduta, Kathryn Stone,
aceitando as 21 queixas apresentadas contra John Bercow por três actuais
e antigos colaboradores da Câmara dos Comuns.
As queixas foram
apresentadas por Lord Lisvane, o ex-secretário mais antigo da Câmara dos
Comuns, e pelos ex-secretários particulares de Bercow, Angus Sinclair e
Kate Emms, como avança o The Times.
A
investigação realizada ao longo de 22 meses, em torno do comportamento
do político nos 12 anos que esteve no Parlamento, detectou insultos,
humilhações e faltas de temperamento.
Assim, emitiu a recomendação de que Bercow deve ser proibido de obter
um passe de acesso ao Parlamento de forma indefinida, ou seja, para
sempre.
“A conduta do inquirido foi tão grave que, se ele ainda fosse deputado, teríamos determinado que deveria ser expulso por resolução da Câmara”, aponta o relatório.
Bercow fala em “perseguição vingativa”
Bercow qualificou as conclusões como o resultado de uma “perseguição vingativa”.
“O caso contra mim teria sido rejeitado por qualquer tribunal do país, uma vez que é baseado na mais frágil das evidências, enraizado em boatos e rumores infundados, e promovido por dogmáticos da velha escola,
decididos a resistir à mudança a todo o custo e agora acertando algumas
contas antigas comigo”, apontou o ex-presidente da Câmara dos Comuns.
Bercow, de 59 anos, tornou-se conhecido a nível mundial durante os debates parlamentares sobre o processo do Brexit, chegando a gritar com os deputados para controlar a ordem na Câmara.
David
Bennet, a primeira pessoa a receber um transplante de um coração de
porco, morreu na terça-feira, dois meses depois da cirurgia inédita,
anunciou hoje o hospital de Maryland, onde o homem tinha sido operado.
O
homem de 57 anos, morreu no Centro Médico da Universidade de Maryland,
mas os médicos não revelaram a causa, afirmando apenas que a sua
condição médica começou a deteriorar-se há vários dias.
O
transplante aconteceu no início do ano, em 10 de janeiro, numa tentativa
derradeira para salvar a vida de David Bennett e, na altura, a equipa
médica responsável disse que o sucesso da cirurgia provava que um
coração de um animal geneticamente modificado pode funcionar no corpo
humano, sem rejeição imediata.
O filho de David Bennet elogiou a
última tentativa do hospital, afirmando que a família espera que possa
ajudar esforços futuros para responder à escassez de órgãos.
“Estamos
gratos por todos os momentos inovadoras, todos os sonhos loucos, todas
as noites não dormidas que este esforço histórico implicou”, sublinhou
David Bennett Jr. num comunicado da Universidade citado pela agência
norte-americana Associated Press, acrescentando que espera que “esta
história possa ser o começo da esperança e não o fim”.
Esta cirurgia foi revolucionária, já que as
tentativas anteriores de se fazer um transplante com um órgão animal
rapidamente falhavam, com os pacientes a rejeitar o órgão transplantado.
No caso de David Bennet, os cientistas usaram um coração que tinha sido editado geneticamente para que os genes de porco fossem retirados, evitando assim a rejeição imediata e aumentando a probabilidade do corpo aceitar o novo órgão.
Tudo estava a funcionar bem e o hospital estava a emitir atualizações
periódicas sobre a recuperação do paciente. Mesmo com a morte de
Bennet, a cirurgia foi um grande avanço na Medicina e
deu aos clínicos uma nova esperança sobre o uso de órgãos de origem
animal nos transplantes para humanos, especialmente devido à enorme
escassez de órgãos que limita a esperança de vida destes pacientes.
O
Reino Unido diz que a Rússia confirma estar a usar armas termobáricas
na Ucrânia. Este tipo de armamento usa o oxigénio para expandir o efeito
da explosão.
As armas termobáricas foram usada pela primeira vez pelos Estados Unidos na guerra do Vietname, e um especialista ouvido pela TSF não tem dúvidas de que está a ser utilizada contra civis na Ucrânia.
A Rússia tem sido acusada, desde o início da invasão da Ucrânia, de
usar bombas termobáricas, o que pode configurar um crime de guerra.
De
acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, Moscovo confirma o
uso deste tipo de armamento no conflito. A convenção de Genebra proíbe a
utilização contra civis das bombas de vácuo, o outro nome pelo qual é conhecida a arma termobárica.
O historiador da Academia Militar, António José Telo, explica que tipo de armamento está em causa.
“As
armas termobáricas explodem na atmosfera, um pouco acima do solo,
espalham um aerossol que se vai expandindo rapidamente na atmosfera, a
partir de um momento em que encontra de oxigénio, até que atinja um
ponto de expansão máxima. Nessa altura, explodem. A explosão é de
grandes dimensões, tem efeitos incendiários e tem uma imensa onda de
choque”, explica.
José Telo revela que as armas termobáricas
foram utilizadas pela primeira vez pelos Estados Unidos da América na
guerra do Vietname, mas não tinha civis como alvo.
O uso deste
tipo de armamento contra civis é proibido pela generalidade dos acordos
internacionais. O historiador não tem dúvidas de que estão a ser
utilizadas na invasão da Rússia à Ucrânia.
“Claramente estão a
ser utilizadas na Ucrânia em zonas de população. Posso dizer claramente
porque vi uma reportagem em que aparecia um cidadão ucraniano a filmar
na janela da sua casa, de noite e muito ao longe — qualquer coisa a 10
km de distância — viam-se explosões normais”, relata.
“E, de
repente, estas explosões convencionais ficam completamente transformadas
em anãs por uma gigantesca explosão. Pelo cogumelo que se forma, pela
gigante explosão e pela cor que tem, nota-se claramente que é uma arma
termobárica“, esclarece o historiador. Rússia pode “usar armas químicas”
A
Casa Branca diz que as denúncias “risíveis” e “falsas” do Kremlin sobre
o apoio norte-americano a um programa de armas biológicas na Ucrânia
pretendem “montar o palco” para as tropas russas recorrerem a esse tipo
de armamento. “É um padrão evidente”, acusa Washington, segundo o Público.
O
Governo dos Estados Unidos admitiu a possibilidade de o Exército russo
vir a usar armamento químico na guerra com a Ucrânia e acusou o Kremlin
de estar a “montar o palco” para esse cenário, recorrendo àquilo a que
os norte-americanos descrevem como “propaganda russa clássica“, que já
se viu na guerra na Síria.
Em causa está a narrativa promovida
nos últimos dias por Moscovo – e apoiada, segundo a Casa Branca, por
Pequim – de que os EUA teriam apoiado e financiado laboratórios
ucranianos dedicados ao desenvolvimento de armas biológicas.
A
Casa Branca afirmou que, para além de pretenderem “tentar justificar um
ataque premeditado, não provocado e injustificável à Ucrânia”,
correspondem a um “padrão evidente” das autoridades russas para
recorrerem, elas próprias, a armas químicas.
“Agora que a Rússia
fez estas denúncias falsas – e que, aparentemente, a China apoia esta
propaganda – temos de estar atentos à possível utilização de armas
químicas e biológicas pela Rússia, na Ucrânia, ou à criação de uma falsa
operação clandestina para as usar”, alertou Jen Psaki, assessora de
imprensa da Casa Branca, numa série de mensagens publicadas no Twitter,
na quarta-feira à noite.
“É o tipo de operação de desinformação
dos russos que temos vindo a assistir, repetidamente, ao longo dos anos,
na Ucrânia e noutros países, mas que tem sido desmascarada”, acusou.
Antes,
Maria Zakharova, porta-voz do Kremlin, tinha revelado que a Federação
Russa tem na sua posse “documentos” que confirmam que o Ministério da
Saúde da Ucrânia mandou destruir amostras de antraz, de cólera, de peste
e de outros agentes patogénicos antes do início da “operação militar
especial” da Rússia no país.
Segundo Moscovo, os documentos, não
divulgados, foram apreendidos durante a invasão, e mostram uma
“tentativa de emergência de apagar provas de programas militares
biológicos” financiados pelos EUA.
O Ministério da Defesa russo
deu ainda conta de uma operação de “provocação”, recorrendo a armas
químicas, que está a ser preparada por “nacionalistas ucranianos”, na
cidade de Kharkiv.
Citado pela Reuters, um representante do
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, “negou firmemente todas as
acusações” russas.
“É a Rússia que tem um histórico, antigo e
bem documento, de utilização de armas químicas, incluindo tentativas de
assassínio e envenenamento dos inimigos políticos de [Vladimir] Putin,
como Alexei Navalny”, denunciou Jen Psaki.
“É a Rússia que
continua a apoiar o regime de Assad, na Síria, que usou repetidamente
armas químicas. É a Rússia que mantém, há muito tempo, um programa de
armas biológicas, em violação do direito internacional“, insistiu a
porta-voz de Joe Biden.
“Essa desinformação russa é um absurdo
total e não é a primeira vez que a Rússia inventa tais falsas alegações
contra outro país. Além disso, essas alegações foram desmascaradas de
forma conclusiva e repetida ao longo de muitos anos”, indicou o
porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, em
comunicado, segundo o Jornal de Notícias.
Em
causa está a tentativa da Rússia de justificar as “suas próprias ações
horríveis na Ucrânia” através da invenção de falsos pretextos, segundo
Price.
“Os EUA não possuem ou operam nenhum laboratório químico
ou biológico na Ucrânia, estão em total conformidade com suas obrigações
sob a Convenção de Armas Químicas e a Convenção de Armas Biológicas, e
não desenvolvem ou possuem tais armas em nenhum lugar. (…) A Rússia tem
um histórico de acusar o Ocidente dos mesmos crimes que a própria Rússia
comete“, frisa o comunicado.
Em abril de 2020, a Organização
para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) atribuiu ao Governo sírio a
responsabilidade pelo uso de gás sarin e bombas de cloro na guerra civil
da Síria.
A Federação Russa, aliada de Assad, e peça
fundamental na reconquista militar de grande parte do território que as
forças do Presidente Bashar al-Assad tinham perdido, rejeitou, no
entanto, as acusações a OPAQ.
Tal como também negou ter
participado ou apoiado as operações de envenenamento do opositor
político Navalny, na Sibéria, e do antigo espião Serguei Skripal, na
localidade inglesa de Salisbury, com o agente nervoso Novichok – uma
arma química altamente tóxica, fabricada nas décadas de 1970 e 1980 na
União Soviética.
Entre
10% a 20% das pessoas com covid-19 sofrem de sintomas após recuperarem
da fase aguda da infeção, uma condição “imprevisível e debilitante” que
afeta também a saúde mental, alertou hoje a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
“Embora os dados sejam escassos, estimativas recentes
apontam que 10 a 20% das pessoas com covid-19 experimentam doença
contínua durante semanas ou meses após a fase aguda da infeção”, refere o
Relatório Europeu da Saúde 2021 da OMS hoje divulgado.
Segundo o
documento, esta situação conhecida por “long covid” ocorre em pessoas
com um historial de infeção pelo SARS-CoV-2 geralmente três meses a
partir do início da covid-19, com sintomas que duram pelo menos dois
meses, sendo a fadiga, falta de ar e a disfunção cognitiva os mais
comuns.
“A condição pós-covid-19 é imprevisível e debilitante e
pode, posteriormente, levar a problemas de saúde mental, tais como
ansiedade, depressão e sintomatologia pós-traumática”, alerta o capítulo
do relatório dedicado à pandemia.
De acordo com o documento da
OMS Europa, o que influencia o desenvolvimento e gravidade do long covid
é, até agora, desconhecido, mas não parece estar correlacionado com a
gravidade da infeção inicial por SARS-CoV-2 ou com a duração dos
sintomas associados, sendo, porém, mais comum em pessoas que foram
hospitalizadas.
“Espera-se que o número absoluto de casos
aumente à medida que ocorrem novas ondas de infeção na região europeia e
é necessária mais investigação e vigilância” a esta condição específica
provocada pela covid-19, adianta ainda o documento.
O relatório
sobre a Saúde na Europa, que é publicado a cada três anos, refere ainda
que as medidas de contenção da pandemia, como os confinamentos,
“influenciaram negativamente os comportamentos de saúde” da população
europeia.
Estas restrições tiveram impacto nos padrões de
consumo de álcool, tabaco e de drogas em “partes significativas da
população”, registando-se também “um aumento do comportamento sedentário
e alterações negativas” ao nível alimentar.
A OMS adianta
também que o encerramento de escolas e universidades em diversos países,
durante as fases mais críticas da pandemia, teve um “impacto no
bem-estar mental” das crianças e adolescentes.
“Uma análise
recente mostra um número significativo de crianças que sofrem de
ansiedade, depressão, irritabilidade, desatenção, medo, tédio e
distúrbios do sono”, alerta a OMS, ao avançar que o encerramento de
escolas durante os picos da pandemia em 2020 e 2021 tem provocado perdas
na aprendizagem e perturbação no desenvolvimento cognitivo de crianças e
adolescentes.
“Os dados emergentes mostram perdas de
aprendizagem correspondentes de um terço a um quinto de um ano letivo e
foram reportadas mesmo em países com uma aplicação relativamente curta
das medidas de saúde pública e sociais e o acesso generalizado à
Internet. Isto sugere que as crianças fizeram pouco ou nenhum progresso
enquanto aprenderam em casa”, sublinha a organização.
O
relatório evidencia ainda que, devido à natureza do seu trabalho, os
profissionais de saúde estão em maior risco de infeção por SARS-CoV-2 e a
prevalência de infeção é ligeiramente maior entre os profissionais de
saúde do que na população em geral.
“As estimativas atuais
mostram que cerca de 10% dos profissionais de saúde foram infetados.
Cerca de 50% destes eram enfermeiros e 25% eram médicos”, adianta o
documento.
A covid-19 provocou pelo menos 6.011.769 mortos em
todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço
da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020,
morreram 21.267 pessoas e foram contabilizados 3.367.469 casos de
infeção, segundo dados de hoje da Direção-Geral da Saúde.
Apesar
de passar despercebido perante a popularidade de Drácula, o livro
Carmilla do escritor irlandês Sheridan Le Fanu foi o primeiro a
representar os vampiros na literatura — e a protagonista era uma mulher.
Foi em 1897, com a publicação de Drácula de Bram Stoker, que os
vampiros se tornaram criaturas mais conhecidas entre os adeptos de
literatura de terror. Mas contrariamente ao que se possa pensar e apesar
de ser o mais conhecido, Drácula não foi o primeiro vampiro literário.
Na
verdade, a primeira representação em livro destas criaturas sedentas de
sangue foi no feminino, no livro Carmilla, do escritor irlandês
Sheridan Le Fanu, que foi publicado em 1872. E além de ser uma vampira,
Carmilla era também lésbica.
Escrito 26 anos antes de Drácula,
Carmilla serviu claramente de inspiração a Stoker, que escolheu uma
figura histórica — o famoso Vlad Drácula, o Empalador — e transformou-o
num vampiro, recorda o Ancient Origins.
Carmilla
é ao mesmo tempo uma obra revolucionária e com elementos comuns da era
em que foi escrita. O seu estilo é típico da literatura gótica que era
popular na altura, incluindo um castelo sombrio, um ambiente sinistro e
elementos sobrenaturais.
Mas outros aspectos do livro foram
pioneiros, notoriamente, a escolha de uma protagonista feminina que se
sentia atraída pela sua vítima, uma jovem rapariga chamada Laura — e
aparentemente, a atracção é recíproca, numa mistura de sentimentos de
desejo e repulsão. No austero período Vitoriano, histórias com alusões
ao lesbianismo eram inéditas.
A independência feminina era
também um tema tabu nesta época, quando as mulheres eram apenas vistas
como posses para os homens e não tinham autonomia própria. Além disto,
as personagens masculinas do livro também desafiam o arquétipo do homem
ideal que costumava protagonizar os livros da altura, sendo fracas e
ingénuas em vez de fortes e sábias.
A inspiração histórica em
Drácula é evidente, mas será que Le Fanu também se baseou em elementos
verdadeiros para escreve o seu livro? De acordo com os estudiosos do
assunto, o mais provável é que o autor irlandês se tenha inspirado nos
trabalhos do francês Agostinho Calmet, especialmente a sua obra de 1746 —
Dissertations sur les apparitions des anges, des démons et des esprits,
et sur les revenants et vampires de Hongrie, de Bohême, de Moravie et
de Silésie.
Este foi um dos primeiros trabalhos académicos que
se debruçou sobre os vampiros, com várias teorias sobre estas criaturas e
detalhes sobre os casos contemporâneos mais populares na Sérvia e na
Hungria.
A palavra vampiro tem inclusivamente origem sérvia, de
onde quase todos os mitos sobre estas criaturas são e onde até hoje
ainda há uma crença generalizada de que os vampiros existem, sobretudo
nas comunidades rurais. O caso de Arnaut Pavle
O famoso caso
de Arnaut Pavle pode ter sido a inspiração original para Le Fanu. Os
habitantes da vila de Pavle afirmavam que o homem os assombrava depois
de ter morrido e que em vida, teria sido assediado por um vampiro. Pavle
ter-se-ia livrado desta maldição ao comer terra da cova do vampiro e
sujar-se com o seu sangue.
No entanto, menos de um ano depois da
sua morte, os habitantes da vila de Pavle reportavam casos de
assombrações e doenças que estariam ligadas ao falecido, que se teria
tornado ele mesmo num vampiro. Em Janeiro de 1726, 17 pessoas já teriam
morrido devido a esta doença misteriosa.
A primeira vítima de
Arnaut Pavle terá sido uma mulher que terá comido a carne de ovelhas que
teriam sido mortas por Pavle. A mulher também se terá manchado com o
sangue do vampiro, tendo assim continuado a onda de vampirismo na vila.
As
autoridades austríacas terão ainda testemunhado uma exumação dos
habitantes da vila ao corpo de Arnaut Pavle, que teria “veias repletas
de sangue fluído” e o seu corpo e caixão estariam completamente
ensanguentados. A sua pele, unhas e cabelo teriam caído e nascido
novamente e o seu corpo estaria vermelho.
Ao verem isto, as
pessoas terão empalado o corpo com uma estaca de madeira e o cadáver
terá reagido com um grito. Terão depois decapitado o corpo e queimado os
seus restos mortais, chegando assim ao fim os relatos de assombrações
na vila.
Não há forma termos certeza, mas é provável que
Sheridan Le Fany se tenha inspirado nestes detalhes sombrios para
escrever Carmilla, já que ambas as histórias têm em comum uma personagem
feminina adolescente. Resta-nos especular.