Estatísticas oficiais estiveram mais de um ano sem registar mortos. Mas serão reais? Shanghai é o centro das novas dúvidas.
A COVID-19 está menos presente nas notícias desde o dia 24 de Fevereiro, quando a guerra na Ucrânia começou, mas continua a estar presente no planeta.
E voltou a ser notícia na China ao longo das últimas semanas. O país que viu “nascer” esta pandemia tinha passado mais de um ano sem registar qualquer morte associada ao coronavírus.
Em Março, 14 meses depois, os registos oficiais apresentaram dois falecimentos. E depois dessas duas mortes, passou quase um mês sem qualquer óbito nos documentos oficiais.
Nos últimos dias, Shanghai tem sido o centro das atenções. O número de casos aumentou muito, a grande cidade ficou confinada (cerca de 25 milhões de pessoas “presas” em casa), mas oficialmente continuava livre de falecimentos.
Até que, nesta segunda-feira, foram anunciadas oficialmente as primeiras mortes na cidade, neste novo surto da doença: três pessoas idosas, não vacinadas. Nesta terça-feira o boletim apresentou sete óbitos. 10 mortos em dois dias.
No entanto, os dados oficiais podem estar a enganar a população.
O jornal Folha de S. Paulo lembra uma reportagem que, no início de Abril, demonstrou que pelo menos 23 pessoas tinham morrido (12 delas em lares de idosos), por causa da pandemia.
Esse trabalho do portal Caixin não esteve disponível durante muito tempo. Foi apagado pouco depois da publicação e as autoridades chinesas nunca acrescentaram aquelas informações aos boletins oficiais.
No final de Março o The Wall Street Journal relatou que “muitas pessoas” morreram num hospital de idosos em Shanghai, em poucos dias, numa altura em que o próprio local estava afectado por um surto generalizado de COVID-19. No mesmo estabelecimento hospitalar terão sido retirados, de forma discreta, muitos cadáveres – que também não entraram na lista oficial de mortos.
As dúvidas acumulam-se quando olhamos para o número total de mortes associadas à pandemia, na China: no dia 17 de Abril de 2020 havia 4.632 mortos; no dia 17 de Abril de 2022 havia 4.638 mortos.
Apenas seis falecimentos em dois anos, num país com quase 1.5 mil milhões de habitantes.
“É muito difícil” acreditar em números como estes, admite Mauricio Santoro, professor de relações internacionais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro: “O Governo simplesmente não está preparado para admitir o número real de vítimas”.
https://zap.aeiou.pt/numeros-covid-china-474244
A COVID-19 está menos presente nas notícias desde o dia 24 de Fevereiro, quando a guerra na Ucrânia começou, mas continua a estar presente no planeta.
E voltou a ser notícia na China ao longo das últimas semanas. O país que viu “nascer” esta pandemia tinha passado mais de um ano sem registar qualquer morte associada ao coronavírus.
Em Março, 14 meses depois, os registos oficiais apresentaram dois falecimentos. E depois dessas duas mortes, passou quase um mês sem qualquer óbito nos documentos oficiais.
Nos últimos dias, Shanghai tem sido o centro das atenções. O número de casos aumentou muito, a grande cidade ficou confinada (cerca de 25 milhões de pessoas “presas” em casa), mas oficialmente continuava livre de falecimentos.
Até que, nesta segunda-feira, foram anunciadas oficialmente as primeiras mortes na cidade, neste novo surto da doença: três pessoas idosas, não vacinadas. Nesta terça-feira o boletim apresentou sete óbitos. 10 mortos em dois dias.
No entanto, os dados oficiais podem estar a enganar a população.
O jornal Folha de S. Paulo lembra uma reportagem que, no início de Abril, demonstrou que pelo menos 23 pessoas tinham morrido (12 delas em lares de idosos), por causa da pandemia.
Esse trabalho do portal Caixin não esteve disponível durante muito tempo. Foi apagado pouco depois da publicação e as autoridades chinesas nunca acrescentaram aquelas informações aos boletins oficiais.
No final de Março o The Wall Street Journal relatou que “muitas pessoas” morreram num hospital de idosos em Shanghai, em poucos dias, numa altura em que o próprio local estava afectado por um surto generalizado de COVID-19. No mesmo estabelecimento hospitalar terão sido retirados, de forma discreta, muitos cadáveres – que também não entraram na lista oficial de mortos.
As dúvidas acumulam-se quando olhamos para o número total de mortes associadas à pandemia, na China: no dia 17 de Abril de 2020 havia 4.632 mortos; no dia 17 de Abril de 2022 havia 4.638 mortos.
Apenas seis falecimentos em dois anos, num país com quase 1.5 mil milhões de habitantes.
“É muito difícil” acreditar em números como estes, admite Mauricio Santoro, professor de relações internacionais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro: “O Governo simplesmente não está preparado para admitir o número real de vítimas”.
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