Ramavo nasceu em 1788 em uma família humilde de Madagascar. Seu pai
descobriu um complô que mataria o futuro rei do país,
Andrianampoinimerina, e acabou com esse esquema. O rei, como forma de
agradecimento, resolveu adotar a menina e passou a chamá-la de
Ranavalona. O futuro rei inclusive fez com que ela se casasse com seu
filho, Radama.
Quando Radama assumiu o trono, Ranavalona seria a mãe do futuro
herdeiro da coroa. Como foi a primeira das 12 esposas de Radama, apenas
seus filhos seriam considerados na linha de sucessão. Porém, o casal
nunca teve filhos, e isso se tornou um grande problema, já que Radama
morreu de sífilis tempos depois.
O sobrinho de Radama, Rakotobe, seria o herdeiro neste caso. Porém, a
tradição falava que qualquer filho de Ranavalona, mesmo que não fosse
comprovado ser filho de Radama, poderia roubar a coroa. Rakotobe
planejou matar a prima bastarda e ela descobriu isso. Foi então que
treta fedeu...
Coroação e primeiras tiranias
Antes de morrer, Radama tinha aberto Madagascar para missionários
cristãos, o que atraiu a ira de muita gente. Por isso, as pessoas
achavam que Rakotobe iria seguir os passos do tio, e a galera não estava
muito animada com isso. Ranavalona era bastante popular entre o
exército e conseguiu convencer o povo que seria uma boa rainha. Então,
em 12 de junho de 1829, a rainha-plebeia assumiu o trono.
Seu primeiro ato foi mandar matar Rakotobe e sua mãe. Durante a
coroação, ela disse: “Nunca diga ‘ela é apenas uma mulher fraca e
ignorante, como ela pode governar um vasto império?’ Vou governar para a
sorte do meu povo e a glória do meu nome! Vou adorar deuses, mas
aqueles de meus ancestrais. O oceano é o limite do meu reino, e eu não
vou ceder nem à espessura de um fio de cabelo do meu reino!”.
E assim foi feito: Ranavalona mandou os missionários cristãos embora
de Madagascar, desfez acordos comerciais firmados por seu falecido
marido com a França e a Inglaterra, e até entrou em uma batalha marítima
contra os franceses.
Combate ao cristianismo
Ranavalona não estava para brincadeira: se soubesse de alguém que não
fosse fiel a ela, a rainha ordenava que a pessoa comesse 3 peles de
galinha e uma noz envenedada que a faria vomitar: se o suposto infiel
não vomitasse todas as peles, não provaria sua fidelidade. Ela decapitou
um amante que se recusou a esse castigo.
Aos estrangeiros, ela não negava a liberdade religiosa em seu país.
Porém, ninguém poderia ensinar o povo de Madagascar uma crença que não
fosse própria de lá. A pena era clara: a morte! Isso fez com que muitos
cristãos fugissem do país, e inúmeros dos que ficaram foram presos,
torturados e executados.
Certa vez, ela colocou 15 missionários cristãos para perdurados em
cordas sobre um precipício, cortando a sustentação e matando a todos! Em
outras ocasiões, ela cozinhava os cristãos vivos! Já em 1845, ela
organizou uma expedição de caça a búfalos com mais de 50 mil pessoas do
seu reino: 10 mil homens morreram de fome nos 4 meses de caçada; e
nenhum búfalo foi ferido.
Morte e assombração
Mais tarde, Ranavalona acabou gerando um filho, a quem lhe deu o nome
de Rakoto. O rapaz não concordava com a tirania da mãe, inclusive
conspirando contra a própria vida dela! Ele nunca conseguiu atingir seu
objetivo, e Ranavalona morreu pacificamente aos 80 anos de idade.
Acredita-se que ela tenha sido responsável pela morte de 2,5 milhões
de pessoas durante o seu reinado. Em seu funeral, um acidente com um
barril de pólvora ainda matou vários espectadores. Muitos consideram
isso um final “apoteótico” para uma vida de tantas tiranias.
Rakoto assumiu o trono e conseguiu reverter várias das políticas
polêmicas de sua mãe. Ele durou pouco no reinado: ele foi vítima de
traição alguns anos após colocar a coroa na cabeça. Essas mudanças de
Rakoto fizeram o povo de Madagascar acreditar que Ranavalona estava
assombrando o país, descontente com as decisões do filho. Bizarro, hein?
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