quinta-feira, 1 de abril de 2021

“Horror absoluto” - Activista acusa Governo moçambicano de saber do ataque a Palma e nada fez !

O ataque à vila de Palma, na província moçambicana de Cabo Delgado, que provocou centenas de mortes e de deslocados poderia ter sido evitado. Quem o afirma é uma activista que trabalha na região há três anos e que garante que o Governo de Moçambique foi avisado e que nada fez para evitar o “massacre”.

Deslocados dos ataques a Palma, Moçambique

“É uma tragédia, é um massacre”, e “podia ter sido evitado”. É desta forma que a activista Jasmine Opperman, investigadora do Observatório Cabo Ligado, se refere, em declarações à TSF, ao ataque à vila de Palma que provocou três mil deslocados e 800 desaparecidos, além de dezenas de mortos.

Contudo, os números das organizações não-governamentais são “conservadores”, aponta Jasmine Opperman, notando que haverá, “pelo menos, 40 mil” pessoas afectadas pela violência.

“O ataque podia ter sido prevenido”, diz ainda, notando que “os serviços de informação avisaram o Governo moçambicano e as embaixadas estrangeiras três dias antes do ataque”.

Porque é que não se fez nada? Não há indicação de que [o aviso] tenha sido levado a sério”, lamenta ainda a activista na TSF.

Jasmine Opperman sublinha também que “o Governo moçambicano precisa de ajuda“. “Precisamos de segurança em Cabo Delgado agora”, apela, apontando ainda que “não podemos descartar a hipótese de um ataque como este voltar a acontecer noutro sítio”.

Assim, a activista pede ajuda internacional, considerando que os terroristas estão a receber ajuda de outros países.

“O aperfeiçoamento, a sofisticação, os planos de longo prazo, o acesso a munições e armas enquanto o ataque estava a decorrer” mostram que “eles receberam treino por parte de estrangeiros”, destaca.

“Ligações significativas ao Estado Islâmico”

O ataque foi levado a cabo por um grupo local conhecido por Shabaab ou Juventude em Português, que tem sido responsável por vários episódios de violência na região de Cabo Delgado.

Em 2019, o Shabaab foi admitido no grupo Província da África Central do Estado Islâmico (ISCAP na sigla em Inglês) e passou a chamar-se Ahl al-Sunnah wa al Jamma’ah.

Desde então, assumiu o controlo do porto estratégico de Mocimboa da Praia e ocupou agora Palma.

O ISCAP assumiu os louros pelo ataque à vila de Cabo Delgado e a agência de notícias do Daesh celebrou o episódio, referindo as “mortes de 55 forças moçambicanas e Cristãos, incluindo trabalhadores de fora do país”.

O que é certo é que o grupo de terroristas que atacou a vila moçambicana estava altamente organizado, surgindo de “três direcções numa operação bem planeada”, como reporta a CNN.

“Alguns dos atacantes usavam uniformes militares“, mostrando “comando, controle e disciplina aprimorados”, e conseguiram “confundir o pequeno número de tropas” que estavam no local, acrescenta a estação internacional.

Moçambique tem tentado controlar o grupo terrorista, contando com a ajuda de militares russos e sul-africanos contratados, mas sem sucesso.

Um elemento do Departamento de Estado dos EUA revela à CNN que o país está “convencido dos ligações substanciais e significativas [do grupo terrorista] ao Estado Islâmico”.

“As tácticas e as manobras dos extremistas durante estes últimos meses, bem como a sua efetividade no combate, além de outros indicadores, convenceram-nos que há apoio significativo do Isis”, aponta este elemento referindo-se ao grupo terrorista também conhecido por Daesh.

Analistas contactados pela CNN acreditam que o Shabaab integra combatentes da Tanzânia que partilham a mesma “origem linguística e étnica”.

“O que aconteceu em Palma é um horror absoluto”

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registou 3.361 deslocados internos em Moçambique causados pelos ataques em Palma. É o equivalente a “672 famílias”, segundo o porta-voz da OIM, Paul Dillon.

O porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke, considera que a situação em Palma é “um horror absoluto”, que causará a deslocação de outras “milhares de pessoas” pelo país inteiro, “em direcção à fronteira com a Tanzânia”.

“O que aconteceu em Palma é um horror absoluto”, frisa Jens Laerke, apontando que “fizeram coisas horríveis e continuam a fazê-las”.

O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Andrej Mahecic, refere que “as pessoas foram mortas ou mutiladas, as casas foram saqueadas e queimadas e os campos foram destruídos”.

Mulheres e meninas foram “sequestradas, forçadas a casar, em alguns casos violadas e submetidas a outras formas de violência sexual“, relata ainda Andrej Mahecic.

“Também há relatos de recrutamento de crianças à força para os grupos armados insurgentes”, acrescenta.

Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, a população moçambicana precisa da ajuda urgente de cerca de 254 milhões de dólares (cerca de 217 milhões de euros) “para enfrentar a tripla crise resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia de covid-19”.

A ONU indicou que apenas 1% do valor necessitado foi angariado até agora.

Presidente de Moçambique desvaloriza ataque

Apesar dos números trágicos e dos apelos de ajuda para a província de Cabo Delgado, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, considera que o ataque a Palma “não foi maior que tantos outros” que o país já sofreu.

Em declarações divulgadas pela Rádio Moçambique e citadas pela Rádio Renascença, Filipe Nyusi diz que o ataque só está a receber mais atenção mediática por causa do projecto da petrolífera Total na província.

Não percamos o foco, não fiquemos atrapalhados. Vamos abordar o inimigo como temos estado a abordar, porque a falta de concentração é o que os nossos inimigos – internos e externos – querem”, apela Nyusi.

A descoberta de gás natural naquela região motivou grandes investimentos de multinacionais, mas também poderá estar associada ao aumento dos ataques, segundo alguns analistas.

A violência em Cabo Delgado tem levado milhares de pessoas a fugirem para o mato ou a deslocarem-se para outras áreas do país. Haverá quase 700 mil deslocados, segundo números das Nações Unidas.

Em declarações à TSF, o pároco de Palma diz que “não sabe da maioria das pessoas da sua paróquia”. “As pessoas não sabem se os seus familiares estão vivos, se não estão vivos, se foram raptados. As pessoas que fugiram estão a passar fome. É tudo dramático”, lamenta o padre.

Entretanto, o secretário-geral da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA), Vítor Ramalho, revela na TSF que vai ser realizada uma reunião por videoconferência para estudar medidas para acabar com a violência na província moçambicana.

Até porque o que aconteceu em Palma, “pode acontecer amanhã em qualquer cidade”, avisa Vítor Ramalho.

https://zap.aeiou.pt/governo-mocambicano-ataque-palma-391627

 

Os humanos podem tornar-se venenosos no futuro !

Um novo estudo revelou que os ratos – e até os humanos – têm o “kit de ferramentas para produzir veneno” e podem vir a tornar-se venenosos, como as cobras e os ornitorrincos.


Uma equipa de cientistas descobriu a base genética necessária para a evolução do veneno oral que existe tanto em répteis como em mamíferos, por isso, embora nem humanos nem ratos sejam venenosos atualmente, os seus genomas têm o potencial se o ser sob certas condições ecológicas.

Segundo os cientistas, esta investigação é a primeira evidência concreta de uma ligação entre as glândulas de veneno em cobras e as glândulas salivares em mamíferos.

De acordo com o jornal britânico The Independent, o autor do estudo Agneesh Barua descreveu o veneno como “um cocktail de proteínas” usado por animais para imobilizar e matar presas, bem como para autodefesa.

Para a investigação, em vez de se concentrarem em genes que codificam proteínas que compõem a mistura tóxica, os cientistas do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Pós-Graduação de Okinawa (OIST) e da Universidade Nacional da Austrália procuraram genes que trabalham lado a lado e interagem com os genes de veneno.

Os investigadores usaram glândulas de veneno da cobra habu de Taiwan – uma víbora encontrada na Ásia – e identificaram cerca de três mil desses genes “cooperativos”, observando que desempenhavam papéis importantes na proteção das células do stresse causado pela produção de muitas proteínas.

Os cientistas também analisaram os genomas de outras criaturas, incluindo mamíferos como cães, chimpanzés e humanos, e descobriram que continham as suas próprias versões destes genes.

Tendo investigado os tecidos das glândulas salivares nos mamíferos, os investigadores viram que os genes tinham um padrão de atividade semelhante ao observado nas glândulas de veneno de cobra – ou seja, as glândulas salivares nos mamíferos e as glândulas de veneno nas cobras partilham um núcleo funcional antigo.

“Muitos cientistas acreditavam intuitivamente que isto é verdade, mas esta é a primeira evidência sólida real para a teoria de que as glândulas de veneno evoluíram das primeiras glândulas salivares”, disse Barua.

“Enquanto as cobras enlouqueciam, incorporando muitas toxinas diferentes no seu veneno e aumentando o número de genes envolvidos na produção do veneno, mamíferos produzem veneno mais simples que tem uma alta semelhança com a saliva”, continuou.

Barua disse que as experiências na década de 1980 mostraram que ratos machos “produzem compostos na sua saliva que são altamente tóxicos quando injetados em ratos”.

“Se, sob certas condições ecológicas, os ratos que produzem proteínas mais tóxicas na sua saliva tiverem melhor sucesso reprodutivo, por isso, em alguns milhares de anos, poderemos encontrar ratos venenosos”, acrescentou.

Embora seja improvável, se as condições ecológicas certas existissem, os humanos também têm o potencial de se tornarem venenosos.

https://zap.aeiou.pt/humanos-podem-venenosos-no-futuro-391392

 

 

quarta-feira, 31 de março de 2021

“Libertem-nos!” - No campo de Lesbos, os migrantes estão a “asfixiar” !

“Libertem-nos, aqui nós asfixiamos!” No campo de Lesbos, na Grécia, os migrantes avançam sobre o grupo de jornalistas, autorizados excecionalmente a percorrer algumas fileiras de barracas, para relatar que estão fartos de serem tratados há sete meses “como porcos”.


O campo de refugiados é conhecido por Mavrovouni, nome grego da montanha onde foi erguido o “Moria 2.0”, montado à pressa após o incêndio no gigantesco campo de Moria, em setembro do ano passado.

Embora todos concordem que “a segurança é melhor” do que no campo anterior, não se pode dizer o mesmo das condições de vida. “As pessoas queixam-se de tudo, principalmente no inverno, com as chuvas fortes. Faz muito frio“, conta à AFP Raed Alobeed, refugiado sírio que criou uma organização de ajuda aos solicitantes de asilo.

Nas barracas deste campo provisório, que deve ser substituído no próximo inverno por um novo centro para solicitantes de asilo, “as noites são extremamente frias, o que é muito difícil com um bebé de cinco meses”, relata a síria Abdelkhader Ali, de 25 anos.

Num antigo terreno do Exército, “a chuva molha as barracas, mas é melhor do que nada”, diz o somali Shafi Dibiere. Para o jovem Bakari, do Mali, “é um pouco melhor do que no Moria, mas há três dias que não podemos tomar banho”.

Não há água quente e são poucos os chuveiros e casas de banho. “As condições sanitárias e higiénicas não são boas”, lamenta Jacques, da República Democrática do Congo (RDC). “Pelo menos, aqui a polícia trabalha, estamos mais seguros do que no Moria.”

Violência frequente

A violência era frequente no “antigo campo de Moria”, lembra Raed Alobeed. Abusavam sexualmente das mulheres, “esfaqueavam pessoas, roubos, máfia, venda de drogas, etc… Aqui isso quase não existe, com cerca de 300 policias”, assinala o refugiado sírio.

Mas para o congolês Jogo, que, como muitos, não revela o nome verdadeiro, “a polícia só vem quando há brigas. Aqui não vivemos, somos como porcos“. “Temos que nos desenrascar com o que nos dão, duas refeições diárias”, conta Jacques. “Não há nenhum lugar para procurar comida.”

Devido ao confinamento, os migrantes só podem sair uma ou duas vezes por semana. No antigo Moria, eles podiam ir até a cidade para fazer compras. A falta de liberdade é a principal queixa dos migrantes do Mavrovouni. E também o cansaço, após meses ou anos à espera de asilo.

Durante a visita do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), surgem jornalistas sob escolta policial, autorizados a falar com os migrantes durante alguns minutos nesta segunda-feira, por ocasião da visita a Lesbos da comissária europeia Ylva Johansson.

Isto é uma prisão, não podemos fazer nada“, queixa-se o afegão Jawed, de 34 anos, que esperava poder falar com a comissária. Mas no fim, Ylva não compareceu ao encontro. Ao chegar a Mavrovouni, uma multidão de migrantes cercou o avião da comissária e, depois, o carro.

O sírio Ahad, pai de sete filhos, teme que o devolvam à Turquia, depois de ver o seu pedido de asilo rejeitado três vezes. “Gostamos da Grécia, por que a Grécia não gosta de nós?”, questiona Cédric, procedente da RDC.

“Libertem-nos, vocês têm que nos libertar!”, gritam mulheres do Mali e da RDC, enquanto se dirigem à saída do campo. Uma delas, que vive em Lesbos desde 2019, diz à AFP: “Já passei pela grande entrevista, e nada acontece. Quero sair daqui, libertem-nos, por favor. Queremos ir para a escola, queremos construir nossa família.”

Quando os portões se fecham atrás dos jornalistas, ela grita: “Aqui asfixiamos!

https://zap.aeiou.pt/libertem-nos-no-campo-de-lesbos-os-migrantes-estao-a-asfixiar-391404

 

Médica da Administração Trump diz que milhares de mortes podiam ter sido evitadas !

A coordenadora da resposta da Casa Branca à pandemia da Administração Trump admitiu que as mortes ligadas à covid-19 “podiam ter sido reduzidas de forma substancial”. 


Numa entrevista ao canal televisivo CNN, transmitida no domingo, Deborah Birx, coordenadora do combate à pandemia durante a Administração Trump, sugeriu que o ex-Presidente é o grande responsável pela maioria das mortes registadas no país.

“Na primeira vez, temos uma desculpa. Nesse pico inicial houve cerca de 100 mil mortes. Estou convencida de que todas as outras mortes podiam ter sido mitigadas, ou reduzidas de forma substancial”, disse a médica, citada pelo jornal Público.

A profissional revelou também que foi chamada para uma reunião com Trump, em agosto do ano passado, depois de ter aconselhado as comunidades das zonas rurais a usarem máscara e a manterem o distanciamento durante o verão.

Birx disse que “toda a gente na Casa Branca ficou transtornada” com as suas declarações, por irem contra a narrativa de que a transmissão do vírus ia abrandar com o calor, e admitiu que a conversa com o antigo chefe de Estado foi “muito desconfortável, muito direta e muito difícil”.

Numa outra entrevista à CNN, conta o mesmo jornal, o antigo chefe dos Centros de Prevenção e Controlo das Doenças (CDC), Robert Redfield, acusou o então secretário da Saúde de Trump, Alex Azar, de o ter pressionado a alterar os números do relatório semanal de morbilidade e mortalidade.

“Pode desmentir, mas essa é a verdade. Numa das vezes, não só fui pressionado pelo secretário da Saúde e pelos seus advogados, como também fui pressionado por telefone, pelos mesmos advogados e pelo chefe de gabinete, e durante mais de uma hora, quando ia a conduzir para casa”, disse.

O ex-chefe da Food and Drug Administration (FDA), Stephen Hahn, também denunciou pressão política, sobretudo na altura em que a Administração Trump lhe retirou a autoridade para avaliar os testes que estavam a ser desenvolvidos por laboratórios privados no país.

https://zap.aeiou.pt/medica-administracao-trump-mortes-evitadas-391315

 

Começou o julgamento histórico de Derek Chauvin, o polícia acusado de matar George Floyd !

Esta segunda-feira começou um julgamento histórico em Minneapolis, nos Estados Unidos. Derek Chauvin foi acusado de sufocar deliberadamente até à morte George Floyd, enquanto a defesa do ex-polícia justificou o uso da força, invocando o consumo de drogas por parte do afro-americano.


O vídeo chocante de um polícia de Minneapolis ajoelhado no pescoço de George Floyd foi o foco da abertura da argumentação, esta segunda-feira, no arranque do julgamento da morte que abalou os Estados Unidos.

A defesa de Derek Chauvin, que pressionou o pescoço de Floyd numa manobra que seria fatal, alegou que consegue provar que o afro-americano estava drogado (o que teria forçado os agentes policiais a serem mais duros) e que a sua morte se devia mais às drogas e aos seus problemas de saúde do que propriamente à asfixia.

“Nove minutos e 29 segundos. Esse foi o tempo que durou”, disse o procurador Jerry Blackwell, sobre o tempo que Chauvin manteve o joelho pressionado sobre o pescoço de Floyd. No vídeo, Floyd, algemado e com o corpo estendido de bruços na calçada, tentava recuperar o fôlego enquanto os pedestres pediam ao polícia para não usar tanta força.

Não consigo respirar“, implorou Floyd, antes de desmaiar.

Há 19 anos na polícia, Chauvin é acusado de assassinato e homicídio culposo e enfrenta até 40 anos de prisão se for declarado culpado da acusação mais grave: assassinato em segundo grau. O veredito deve ser conhecido no final de abril ou início de maio.

O vídeo da morte de Floyd, gravado e transmitido ao vivo nas redes sociais por um pedestre, gerou protestos antirracistas e confrontos pelos abusos policiais contra os negros em todo o território norte-americano e até noutros países.

O Presidente Joe Biden “certamente estará a observar de perto, assim como todos os americanos”, afirmou a sua porta-voz, Jen Psaki, mencionando a “ferida” que este caso deixou no país.

“Força excessiva e irracional”

Durante a sua intervenção, Blackwell disse que o antigo agente de 45 anos não seguiu os procedimentos policiais e agiu de forma insensível ao continuar a pressionar o corpo imóvel de Floyd contra o chão. “O senhor Derek Chauvin traiu o seu distintivo policial quando usou uma força excessiva e irracional sobre o corpo do senhor George Floyd.”

“Ele colocou os joelhos sobre o pescoço e as costas, magoando-o e esmagando-o, até que a sua respiração – não, senhoras e senhores, até que a própria vida – lhe fosse arrancada“, acrescentou.

O advogado de Chauvin, Eric Nelson, disse ao júri que Floyd estava sob a influência de drogas ao ser detido e resistiu à prisão. “Derek Chauvin fez exatamente o que foi treinado a fazer”, afirmou Nelson, pedindo ao júri para ignorar a política e os movimentos sociais que rondam o caso.

“Não existe nenhuma causa política ou social nesta sala”, acrescentou.

“As evidências mostrarão que Floyd morreu de arritmia cardíaca por causa da hipertensão, a sua doença coronária, a ingestão de metanfetamina e fentanil e a adrenalina que fluía no seu corpo. Tudo isso comprometeu ainda mais partes do corpo que já estavam comprometidas”, argumentou.

O julgamento de Chauvin, transmitido ao vivo, tornou-se o centro das atenções para o movimento Black Lives Matter e uma prova sobre o exercício da justiça no âmbito policial.

O advogado e os membros da família Floyd ajoelharam-se durante o tempo em que Chauvin pressionou o joelho sobre o pescoço de Floyd no vídeo.

“Achei que a imagem tinha congelado”

Blackwell deixou claro que não pretende julgar todos os polícias, apenas Chauvin, que foi demitido do departamento de polícia de Minneapolis após o incidente.

Ben Crump, advogado dos direitos civis que representa a família da vítima, disse que o advogado de defesa de Chauvin “vai tentar assassinar o caráter de George Floyd“. “Mas este é o julgamento de Derek Chauvin, vamos ver o seu histórico”, afirmou. “Os fatos são simples. O que matou George Floyd foi uma overdose de força excessiva”.

Para mostrar que a atitude do agente foi equivocada, o procurador chamou como primeira testemunha a operadora que enviou a polícia para onde Floyd estava.

Jena Scurry disse que os viu nas imagens de uma câmara de segurança enquanto atendia outras chamadas. “Achei que a imagem tinha congelado“, porque ficaram muito parados durante muito tempo. “O meu instinto dizia-me que algo estava errado.”

Foi então que Scurry decidiu chamar outro polícia para relatar o incidente.

Donald Williams, um instrutor de artes marciais que estava no local do assassinato, afirmou ter dito a Chauvin que a sua maneira de imobilizar Floyd pelo pescoço era equivalente a uma manobra perigosa usada em combates chamada de “blood choke”, ou “sufocamento de sangue”.

O julgamento acontece numa sala de Minneapolis fortemente vigiada. O processo deve durar aproximadamente um mês.

O júri de 14 membros é racialmente misto: seis mulheres brancas, três homens negros, dois homens brancos e três mulheres negras.

Os policias raramente são condenados nos Estados Unidos e a sentença por qualquer uma das acusações contra Chauvin exigirá que o júri emita um veredito unânime.

https://zap.aeiou.pt/comecou-o-julgamento-historico-de-derek-chauvin-o-policia-acusado-de-matar-george-floyd-391481

 

 

O aglomerado de estrelas mais próximo do Sol pode estar a ser destruído por uma “força invisível” !

Dados do satélite de mapeamento estelar Gaia da ESA revelaram evidências de que o aglomerado de estrelas mais próximo do Sol está a ser perturbado pela influência gravitacional de uma estrutura massiva e invisível na nossa galáxia.


A descoberta foi feita pela investigadora Tereza Jerabkova, juntamente com colegas da ESA e do Observatório Europeu do Sul, enquanto estudavam a forma como um aglomerado de estrelas próximo está a fundir-se com o fundo geral das estrelas na Via Láctea.

De acordo com um comunicado , a equipa escolheu Híades como o seu alvo porque é o aglomerado de estrelas mais próximo do Sol. Está localizado a pouco mais de 153 anos-luz de distância e é facilmente visível para os observadores amadores nos hemisférios norte e sul como uma forma de V conspícua de estrelas brilhantes que marcam a cabeça do touro na constelação de Touro.

Além das estrelas brilhantes facilmente visíveis, os telescópios revelam cerca de 100 estrelas mais fracas contidas numa região esférica do espaço, com aproximadamente 60 anos-luz de diâmetro.

Um aglomerado de estrelas perderá estrelas naturalmente porque, conforme essas estrelas se movem dentro do aglomerado, puxam-se gravitacionalmente. Este puxão constante muda ligeiramente as velocidades das estrelas, movendo algumas delas para as bordas do aglomerado. A partir daí, as estrelas podem ser varridas pela atração gravitacional da galáxia, formando duas longas caudas.

Uma cauda segue o aglomerado de estrelas, a outra sai à frente dele. São conhecidas como caudas de maré e foram amplamente estudadas em galáxias em colisão, mas nunca ninguém as tinha visto num aglomerado de estrelas aberto próximo – até recentemente.

A chave para detetar caudas de maré é identificar que estrelas no céu estão a mover-se de forma semelhante ao aglomerado de estrelas. O satélite Gaia torna a tarefa fácil porque mede com precisão a distância e o movimento de mais de mil milhões de estrelas da Via Láctea.

Para entender o alcance das órbitas a serem procuradas, Jerabkova construiu um modelo de computador que simularia as várias perturbações que as estrelas fugitivas do aglomerado poderiam sentir durante as suas centenas de milhões de anos no Espaço. Após executar esse código e comparar as simulações com os dados reais, foi revelada a verdadeira extensão das caudas de maré de Híades.

Os investigadores encontraram milhares de ex-membros nos dados do Gaia. Essas estrelas estendem-se agora por milhares de anos-luz através da galáxia em duas enormes caudas de maré.

Porém, a verdadeira surpresa foi que pareciam faltar estrelas na cauda da maré. Isto indica que está a acontecer algo muito mais brutal do que uma “dissolução” suave do aglomerado de estrelas.

Fazendo novamente as simulações, Jerabkova mostrou que os dados poderiam ser reproduzidos se aquela cauda colidisse com uma nuvem de matéria com cerca de 10 milhões de massas solares. “Deve ter havido uma interação próxima com esse aglomerado realmente enorme e Híades acabou por ser esmagado”, explicou.

Por outro lado, não há observações de uma nuvem de gás ou aglomerado de estrelas tão massivo nas proximidades. Se nenhuma estrutura visível for detetada em futuras buscas, Jerabkova sugere que o objeto pode ser um subhalo de matéria escura – aglomerados naturais de matéria escura que parecem ajudar a moldar a galáxia durante a sua formação.

“Com Gaia, a forma como vemos a Via Láctea mudou completamente. E com estas descobertas, poderemos mapear as subestruturas da Via Láctea melhor do que nunca”, afirmou Jerabkova.

Este estudo, que foi publicado em fevereiro na revista científica Astronomy & Astrophysics, mostra como Gaia está a ajudar os astrónomos a mapear esta estrutura invisível de matéria escura da galáxia.

https://zap.aeiou.pt/aglomerado-estrelas-sol-391359

 

 

“Vai demorar muito para descobrir.” - Enviado especial da OMS admite dificuldade em detetar origem do vírus !

O enviado especial da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a covid-19, David Nabarro, admitiu esta terça-feira que é “manifestamente difícil” encontrar a origem do vírus que causou a pandemia, mas que se trabalha com várias hipóteses.


“Encontrar a origem de um vírus, quando se tenta explicar de onde vem uma doença, é manifestamente difícil”, disse Nabarro à BBC Radio 4.

“Não sabemos a origem precisa do VIH (o vírus que provoca a Sida), não sabemos a origem precisa do Ébola e vai demorar muito para descobrir a origem precisa da covid-19”, acrescentou o especialista, antes de a OMS publicar oficialmente o seu relatório sobre a pandemia.

Nabarro disse que a organização trabalha com várias hipóteses, mas que esse trabalho leva tempo.

“Todas as hipóteses ainda estão sobre a mesa”, disse também o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na segunda-feira.

O relatório da missão que investigou a origem da covid-19 na China será publicado oficialmente esta terça-feira.

Segundo os meios de comunicação que tiveram acesso a uma minuta do relatório, este defende que a teoria mais provável da origem da pandemia tenha sido a transmissão do novo coronavírus de morcegos para humanos por meio de outro animal, enquanto a hipótese de fuga do vírus de um laboratório é “extremamente improvável”.

O relatório recomendou a continuação dos estudos com base nessas três hipóteses, mas descarta a possibilidade de o vírus ter sido transmitido a humanos devido a um acidente de laboratório.

Nas suas descobertas, os investigadores disseram que estudos da cadeia de abastecimento do mercado de Huanan (e outros mercados em Wuhan) não permitiram encontrar “evidências da presença de animais infetados, mas a análise da cadeia de abastecimento forneceu informações” úteis para estudos de monitoração direcionados, especialmente nas regiões vizinhas.

Os especialistas também pediram para “não se negligenciar os produtos de origem animal de regiões fora do Sudeste Asiático” e defenderam que os inquéritos futuros devem ser desenhados “em áreas maiores e num maior número de países”.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.784.276 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

https://zap.aeiou.pt/vai-demorar-muito-para-descobrir-oms-admite-dificu-391261

 

Vacinas contra a covid-19 podem revelar-se ineficazes dentro de um ano !

Dentro de menos de um ano, as vacinas contra a covid-19 que estão agora a ser administradas pelo mundo fora poderão já não ser eficazes, por isso é urgente que se desenvolvam novos imunizantes para combater outras variantes do novo coronavírus que vão aparecendo.


Esta é a previsão de um terço dos 77 cientistas entrevistados pela People’s Vaccine Alliance, segundo o The Guardian.

A People’s Vaccine Alliance é uma coligação de várias organizações internacionais que fez uma pesquisa com 77 epidemiologistas, virologistas e infeciologistas de 28 países.

Na pesquisa, dois terços destes especialistas concluíram que, para enfrentar a ameaça da covid-19 e as suas variações, terão que ser criadas novas fórmulas para as vacinas porque as que foram agora criadas poderão ser ineficazes dentro de cerca de um ano.

Por outro lado, perto de um terço dos inquiridos, considera que será em menos tempo: num espaço inferior a nove meses.

De acordo com o jornal britânico, 88% dos inquiridos considerou que o facto de haver muitos países onde as taxas de vacinação são ainda baixas faz com que apareçam mutações do vírus mais resistentes às vacinas que agora estão a ser administradas.

“A menos que vacinemos o mundo, deixamos o campo aberto para mais mutações, que podem produzir variantes que podem escapar das nossas vacinas atuais e exigir doses de reforço para lidar com elas”, constatou Gregg Gonsalves, professor de epidemiologia na Universidade de Yale.

Uma pessoa vacinada baixa risco de agregado familiar ficar infetado

Um estudo divulgado na segunda-feira pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) revela que uma vacina contra a covid-19 num determinado agregado familiar pode reduzir em pelo menos 30% o risco de infeção nos restantes membros.

A informação consta de um relatório sobre o risco de transmissão da SARS-CoV-2 por recuperados ou vacinados contra a doença, no qual o ECDC dá conta de um estudo que indica que “a vacinação de um membro do agregado familiar reduz o risco de infeção em membros suscetíveis do agregado familiar em pelo menos 30%”.

Esse estudo destacado pela agência europeia, realizado na Escócia, teve em conta profissionais de saúde e revela também que, como os membros dos agregados familiares destes trabalhadores “poderiam também ter sido infetados por outras vias, a redução do risco de infeção em 30% é provavelmente uma estimativa por baixo e poderia na realidade atingir os 60%”.

“Estas conclusões são consistentes com uma redução substancial do risco de transmissão de indivíduos totalmente vacinados para contactos suscetíveis”, acrescenta o ECDC no relatório.

E numa altura em que a campanha de vacinação na União Europeia (UE) decorre mais lentamente do que o desejado, o centro europeu observa também que “há provas de que a vacinação reduz significativamente a infeção sintomática ou assintomática em indivíduos vacinados, embora a eficácia da vacina varie em função do produto vacinal e do grupo-alvo”.

Além disso, “há também algumas provas de menor carga viral e menor duração da disseminação em indivíduos vacinados, em comparação com indivíduos não vacinados, o que se poderia traduzir numa transmissão reduzida”, acrescenta.

Ainda assim, o ECDC alerta que “muitos dos estudos sobre a eficácia da vacina foram realizados antes do aparecimento das variantes preocupantes” da SARS-CoV-2, nomeadamente a britânica (já dominante nalguns países da UE), da África do Sul e do Brasil, admitindo serem necessárias mais análises.

No que toca à campanha de vacinação europeia, 18,2 milhões adultos dos perto de 400 milhões de cidadãos da UE receberam já a segunda dose da vacina contra a covid-19, levando a que só 4,1% da população europeia esteja completamente imunizada, segundo a informação divulgada pela Comissão Europeia na passada quinta-feira.

Bruxelas atribuiu estes níveis baixos de inoculações aos problemas de entrega das vacinas da AstraZeneca para a UE, exigindo o executivo comunitário que a farmacêutica recupere os atrasos na distribuição e honre o contratualizado.

A meta de Bruxelas é que, até aofinal do verão, 70% da população adulta esteja vacinada.

Os dados divulgados pela instituição na passada quinta-feira revelaram também que foram já administradas 62 milhões de doses de vacinas em relação às 88 milhões distribuídas.

Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE: Pfizer/BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Janssen (grupo Johnson & Johnson).

Até ao final deste primeiro trimestre, de acordo com Bruxelas, chegarão à UE quase 100 milhões de doses de vacinas, a grande parte da Pfizer/BioNTech (66 milhões, mais do que os 65 milhões inicialmente acordadas), da AstraZeneca (30 milhões de um total de 120 milhões inicialmente acordadas) e da Moderna (10 milhões).

Para o segundo trimestre, a expectativa do executivo comunitário é que cheguem 360 milhões de doses à UE, principalmente da Pfizer/BioNTech (200 milhões), da AstraZeneca (70 milhões de um total de 180 milhões inicialmente acordadas), da Janssen (55 milhões) e da Moderna (35 milhões).

Reinfeções são raras

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) disse ainda que as reinfeções por SARS-CoV-2 são “bastante raras”, dado o nível “muito elevado” de proteção até sete meses após a infeção, mas pediu estudos devido às novas variantes.

A agência europeia precisa que “estudos que acompanharam pessoas durante cinco a sete meses após a recuperação de uma infeção pelo SARS-CoV-2 estimaram que o efeito protetor da infeção anterior é muito elevado durante esse período, entre 81% a 100%”.

Ainda assim, “a proteção contra a reinfeção é menor em indivíduos com 65 anos ou mais”, acrescenta.

O ECDC alerta, porém, que “muitos destes estudos foram realizados antes do aparecimento das variantes preocupantes do SARS-CoV-2”, nomeadamente as que tiveram origem no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul.

“À medida que o número de indivíduos que adquirem imunidade natural aumenta, espera-se que o número total de infeções diminua significativamente, levando a uma diminuição geral da transmissão, a menos que as alterações genéticas nas variantes circulantes induzam a uma fuga imunitária significativa”, assinala.

A diretora do ECDC, Andrea Ammon, diz ser “muito encorajador ver que as reinfecções do SARS-CoV-2 são bastante raras”.

“Embora o efeito das novas variantes nos padrões de transmissão deva ser acompanhado de perto, ainda esperamos que o número total de infeções diminua significativamente à medida que a cobertura vacinal aumenta”, adiantou.

https://zap.aeiou.pt/vacinas-podem-revelar-se-ineficazes-391266

terça-feira, 30 de março de 2021

Museus americanos guardam os restos mortais de milhares de negros !

Vários museus norte-americanos mantêm consigo os restos mortais de milhares de afro-americanos escravizados, muitos deles sem o consentimento das famílias.


Entre os restos mortais nas coleções do museu da Universidade de Harvard estão os de 15 pessoas que provavelmente eram escravos afro-americanos. No início deste ano, a universidade anunciou um novo comité que conduzirá uma investigação abrangente das coleções de Harvard, desenvolverá novas políticas e proporá formas de repatriar os restos mortais.

“Devemos começar a confrontar a realidade de um passado no qual a curiosidade académica e as oportunidades dominaram a humanidade”, escreveu o presidente da Universidade de Harvard, Lawrence S. Bacow.

Esta história desumanizante de recolher corpos afro-americanos como espécimes científicos não é um problema apenas em Harvard.

No ano passado, a Universidade da Pensilvânia anunciou que o seu museu de antropologia abordará o legado de 1.300 crânios humanos – incluindo os de 55 escravos de Cuba e dos Estados Unidos – na sua coleção, que historicamente foi usada para denegrir a inteligência e o carácter de negros e nativos americanos.

Outras instituições têm muito mais esqueletos negros nos seus armários. Segundo uma estimativa, o Smithsonian Institution, o Museu de História Natural de Cleveland e a Howard University mantêm os restos mortais de cerca de 2.000 afro-americanos entre eles.

O total aumenta quando se consideram museus com vestígios de outras populações da diáspora africana. Não se sabe quantos conjuntos de restos mortais estão nos depósitos de museus nos Estados Unidos e se foram ou não recolhidos com consentimento.

Investigadores e ativistas dos EUA estão agora a procurar reconhecer e corrigir a profunda história de violência contra corpos negros. Os museus e a sociedade estão finalmente a confrontar como é que os desejos da ciência às vezes eclipsam os direitos humanos.

Como é que os restos mortais de tantos negros foram parar nas coleções, e o que pode ser feito a respeito disso?

O abuso e a circulação de restos humanos afro-americanos para investigação datam de pelo menos 1763, com a dissecação de cadáveres de escravos para a primeira aula de anatomia nas colónias americanas.

A recolha sistemática de restos mortais de afro-americanos, bem como de pessoas de outras comunidades marginalizadas, começou com o trabalho de Samuel George Morton. Considerado o fundador da antropologia física americana, Morton profissionalizou a aquisição de restos mortais em nome da prática científica e da educação.

Morton ostentou a primeira coleção de restos mortais humanos, a certa altura considerada a maior do mundo. Ele usou-a para promover hierarquias racistas através de interpretações pseudocientíficas de medidas cranianas. A investigação resultou na sua magnum opus de 1839, “Crania Americana”, repleta de centenas de imagens desenhadas à mão de crânios e categorização racial com lógica defeituosa.

A sua coleção acabou por ir parar à Universidade da Pensilvânia. Só no ano passado é que a universidade anunciou oficialmente que a coleção tinha sido removida de uma vitrine de uma sala de arqueologia.

O impacto da coleção e da carreira de Morton ricocheteou por toda parte, estabelecendo as bases para práticas antiéticas baseadas no roubo, transporte e acumulação de restos mortais – especialmente daqueles mais marginalizados.

As instituições há muito abraçaram essas coleções principalmente para o trabalho pseudocientífico de justificar hierarquias raciais. Mas elas também aumentaram o seu prestígio pelo número de restos mortais nas suas coleções que poderiam ser usados para estudos, bem como para exposições que alimentaram a curiosidade mórbida do público.

Eventualmente, a maioria das instituições afastou-se destes objetivos originais, mas manteve os restos mortais para ensinar biologia esquelética e testar novos métodos científicos. A maioria das coleções de museus, no entanto, permanece sem uso, na crença de que pode ajudar a responder a perguntas em algum momento no futuro.

O Senado dos Estados Unidos aprovou a African American Burial Grounds Network Act em dezembro de 2020. Este projeto de lei estabeleceria uma rede voluntária para identificar e proteger cemitérios afro-americanos frequentemente em risco.

O programa seria administrado pelo Serviço Nacional de Parques e nada na legislação se aplicaria à propriedade privada sem o consentimento dos proprietários. Mais de 50 organizações nacionais, estaduais e locais proeminentes apoiam a aprovação da lei.

Mas mesmo essa legislação não inclui os restos mortais de negros nas coleções de museus. Tal adição estaria mais de acordo com a Native American Graves Protection and Repatriation Act, uma lei federal de 1990 que trata de restos mortais de índios americanos em todos os contextos – tanto no solo como em coleções.

Este trabalho é necessário porque muitos dos restos mortais dos negros, como os dos nativos americanos, foram levados sem o consentimento da família, usados de maneiras que infringiam as tradições espirituais e tratados com menos respeito do que a maioria dos outros na sociedade.

https://zap.aeiou.pt/museus-restos-mortais-negros-390497

 

Médicos franceses alertam para “medicina de catástrofe” e dizem que situação é pior do que nos ataques terroristas !

Enquanto Portugal avança no processo de desconfinamento, outros países europeus estão agora a sofrer um aumento de casos. Em França e na Alemanha, os médicos apelam a um regresso ao confinamento.


De acordo com o presidente da Associação de Medicina Intensiva e de Urgências da Alemanha (DIVI), Gernot Marx, a situação é crítica e as unidades de cuidados intensivos estão a chegar ao limite devido à pandemia.

“Estamos a correr de olhos abertos para a desgraça“, disse Marx, que pede um confinamento de duas a três semanas, em declarações à revista alemã Der Spiegel. O especialista realçou que o confinamento “salvaria muitas vidas e protegia muita gente da sequelas do coronavirus”.

Atualmente, há 1.644 camas livres nas unidades de cuidados intensivos alemãs. Desde março, o número de pacientes em cuidados intensivos aumentou de 2.727 para 3.448. A situação é considerada crítica a partir dos 5.000 doentes com covid-19 nas unidades de cuidados intensivos.

A Alemanha registou 17.176 novos casos e 90 mortos nas últimas 24 horas, um aumento de mais de 3.000 casos em relação ao domingo passado.

“Seremos obrigados a fazer a triagem dos doentes”

Num artigo de opinião no jornal francês  Journal du Dimanche, 41 médicos de Paris alertaram, este domingo, para a situação crítica dos cuidados de saúde e afirmaram que podem ter de chegar ao ponto de escolher que doentes tratar.

O artigo surge numa altura em que o presidente francês, Emmanuel Macron, tem rejeitado voltar a um confinamento geral e optado por restrições como o recolher obrigatório. Com o aumento do número de infeções e de camas ocupadas nos cuidados intensivos, os médicos apelam a Macron para que mude de estratégia.

“Nunca nos deparámos com uma situação como esta, nem mesmo durante os piores ataques [terroristas]”, como os de 2015, defendem.

Os médicos preveem que o aligeirar das restrições em vigor em março não vai controlar a pandemia. Segundo os especialistas, os recursos hospitalares não são suficientes para responder às necessidades, o que os levará a ter de praticar uma “medicina de catástrofe”.

“Já sabemos que a nossa capacidade de resposta está sobrecarregada. (…) Seremos obrigados a fazer a triagem dos doentes para salvar o maior número de vidas possível. Esta triagem vai abranger todos os pacientes, com e sem covid, em particular no acesso dos pacientes adultos aos cuidados intensivos”, consideram.

De acordo com os dados divulgados este domingo, França registou um aumento do número de doentes com covid-19 em camas de cuidados intensivos — de 4.766 para 4.872. Tendo em conta todos os internamentos, há mais 453 pessoas nas unidades de saúde, para um total de 27.712.

Numa entrevista ao mesmo jornal, Macron alertou para a possibilidade de serem aplicadas novas restrições caso a atual estratégia de confinamentos regionais não resulte. O presidente francês referiu que ainda “nada está decidido”, querendo ver se as restrições postas em prática nos últimos 10 dias foram suficientes para travar o aumento de contágios antes de aprovar um terceiro confinamento total.

Nos próximos dias vamos ver a eficácia das medidas e, se necessário, tomaremos as que façam falta”, afirmou.

Macron salientou também que o encerramento das escolas, que até agora tem sido encarado como último recurso, “não deve ser um tabu”.

Bélgica atinge o pico de incidência cumulativa da 3.ª vaga

A Bélgica atingiu uma incidência cumulativa a 14 dias de 505 casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, o maior número desde o início da terceira vaga da pandemia, noticia a EFE. Segundo a agência de notícias espanhola, houve uma média de 4.636 infeções por dia, entre 18 e 24 de março, o que representou um aumento de 27% em relação aos sete dias anteriores.

Esse aumento também se reflete no número de camas ocupadas nos cuidados intensivos, que contabiliza 701 – com 292 novos internamentos nas últimas 24 horas – embora nem todas as pessoas que se encontram nos cuidados intensivos tenham ingressado devido à covid-19.

As autoridades de saúde belgas consideram que o limite crítico das unidades de cuidados intensivos é de uma ocupação de mil camas.

Quanto aos óbitos, registaram-se 27 mortes por dia, o que representa um aumento de 12% em relação aos sete dias anteriores.

A variante britânica já é a dominante na Bélgica, representando 76% dos vírus em circulação, segundo explicou o porta-voz do instituto público de Sandiad (Siensano), Yves van Laethem.

Antes do início da terceira vaga, a Bélgica voltou a encerrar cabeleireiros e outros comércios e lojas de proximidade e passou a ser obrigatório marcar uma hora para entrar em lojas não prioritárias. Algumas restrições estarão em vigor até ao dia 25 de abril.

Além disso, as escolas não abrirão esta segunda-feira, fechando uma semana antes das férias da Páscoa, e a intenção é que as aulas presenciais não decorram antes do dia 19 de abril.

Essas restrições somam-se a outras, como a proibição de viagens não essenciais ao exterior, de recolher noturno obrigatório e o encerramento de bares, enquanto os restaurantes só podem entregar comida ao domicílio.

A campanha de vacinação continua e já permitiu imunizar com a primeira dose 1,2 milhões de adultos, numa população total de aproximadamente 11 milhões de pessoas.

https://zap.aeiou.pt/alemanha-com-cuidados-intensivos-no-limite-390900

 

Vírus terá passado de morcegos para humanos através de outro animal - Fuga de laboratório é “improvável”

Um estudo conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da China sobre as origens da covid-19 revela que a transmissão do vírus de morcegos para humanos através de outro animal é o cenário mais provável e que uma fuga do laboratório é “extremamente improvável”.


Esta conclusão é avançada pela The Associated Press, que teve acesso a uma cópia preliminar do estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e da China.

Apesar de, em grande parte, as descobertas serem conforme o esperado, o relatório forneceu detalhes sobre o raciocínio por trás das conclusões da equipa. Os investigadores propuseram estudos adicionais em todas as áreas, exceto a hipótese de fuga do laboratório.

Os cientistas listaram quatro cenários por ordem de probabilidade para o surgimento do vírus denominado SARS-CoV-2.

No topo da lista estava a transmissão através de um segundo animal, o que disseram ser provável. Os investigadores avaliaram a disseminação direta de morcegos para humanos como provável e disseram que a disseminação através de produtos alimentícios da “cadeia de frio” era possível, mas improvável.

O parente mais próximo do vírus que causa a covid-19 foi encontrado em morcegos, que são conhecidos por transportar coronavírus. No entanto, o relatório disse que “a distância evolutiva entre esses vírus de morcego e o SARS-CoV-2 é estimada em várias décadas, sugerindo um elo perdido”.

O relatório revela ainda que vírus muito semelhantes foram encontrados em pangolins, mas também observou que martas e gatos são suscetíveis ao vírus, o que sugere que podem ser portadores.

Peter Ben Embarek, o especialista da OMS que liderou a missão Wuhan, disse na sexta-feira passada que o relatório foi finalizado, verificado e traduzido. “Espero que nos próximos dias todo esse processo seja concluído e possamos divulgá-lo publicamente”, disse.

O relatório preliminar não é conclusivo sobre a possibilidade de o surto ter começado num mercado de frutos do mar de Wuhan, que teve um dos primeiros grupos de casos em dezembro de 2019.

A descoberta de outros casos antes da eclosão do mercado em Huanan sugere que pode ter começado noutro lugar. Contudo, o relatório observa que pode ter havido casos mais brandos que não foram detetados e que podem ser uma ligação entre o mercado e os casos anteriores.

A China encontrou amostras do vírus nas embalagens de alimentos congelados que chegavam ao país e, em alguns casos, rastreou surtos provocados por eles.

O relatório propõe que esta cadeia pode ser um fator de disseminação do vírus a longa distância, mas não terá desencadeado o surto. O relatório afirma ainda que o risco é menor do que na infecção respiratória de pessoa para pessoa.

A divulgação do relatório foi adiada várias vezes, levantando questões sobre se o lado chinês estava a tentar distorcer as conclusões para evitar que a culpa pela pandemia recaísse sobre o país asiático.

Um funcionário da OMS disse no final da semana passada que esperava que o estudo esteja pronto para ser lançado “nos próximos dias”. A AP recebeu uma versão quase final na segunda-feira de um diplomata de um país membro da OMS em Genebra.

Não é claro se o relatório ainda poderia ser alterado antes do seu lançamento oficial.

https://zap.aeiou.pt/virus-tera-passado-de-morcegos-para-hu-390867

 

segunda-feira, 29 de março de 2021

Montenegro foi uma história de sucesso na região dos Balcãs - Agora, a sua democracia pode estar em perigo !

Em 2006, Montenegro tornou-se independente e separou-se pacificamente da Sérvia. O país, com apenas 640 mil habitantes, é agora uma democracia estável e inclusiva – mas nem sempre foi assim.


Após uma década de sangrentas guerras civis, que incluíram limpeza étnica e atos de genocídio, a Jugoslávia na década de 1990 dividiu-se violentamente em seis diferentes repúblicas independentes. Montenegro permaneceu com a Sérvia, o seu vizinho dominante e aliado da Rússia, escapando do pior da guerra.

Depois de se ter tornado independente, em 2006, Montenegro abriu a porta a todos os tipos de pessoas: ortodoxos, muçulmanos, judeus, católicos e ateus, mas também bósnios, albaneses, croatas católicos romanos e sérvios.

O sistema político não favorecia nem as minorias, nem as maiorias e muitos refugiados das guerras dos Balcãs procuraram também segurança no pequeno país.

A história de sucesso de Montenegro – assim como a sua própria identidade nacional – está agora em perigo depois de uma coligação de direita alinhada com a Sérvia e com a Rússia ter assumido o poder em dezembro.

A questão linguística e uma história que se repete

Todas as ex-repúblicas jugoslavas partilham uma linguagem mutuamente inteligível. No entanto, desde a separação, cada nova nação dos Balcãs tem usado a língua para criar a sua própria identidade política e cultural, estabelecendo uma língua e padronizando o seu uso.

Num artigo assinado no The Conversation, Marc Greenberg, professor de Línguas e Literaturas Eslavas na Universidade do Kansas, explica que uns foram mais bem sucedidos do que outros. O montenegrino, por exemplo, continua a ser contestado.

Apesar de ser usado por cidadãos que defendem uma sociedade inclusiva e multiétnica, aqueles que veem Montenegro como uma extensão do estado sérvio consideram a língua um dialeto.

O novo governo de coligação parece estar do lado dos sérvios na questão linguística.

Em março, a nova ministra da Educação, Ciência, Cultura e Desporto, Vesna Bratić, ameaçou encerrar a Faculdade de Língua e Literatura Montenegrina e bloqueou o seu financiamento desde janeiro. O instituto tem liderado esforços para padronizar a língua e fomentar bolsas de estudo sobre literatura e cultura montenegrina.

Num país jovem que ainda está a moldar a sua identidade nacional, “apagar” a língua que uniu o povo é o mesmo que eliminar a identidade montenegrina. O professor defende que, hoje, a língua é um símbolo de luta política no país.

A nova liderança política de Montenegro está ideologicamente alinhada com a Sérvia e com a Rússia e a sua jovem democracia pode mesmo estar em perigo. Muitos montenegrinos receiam, inclusivamente, que a hegemonia cultural sérvia anule o progresso na construção da nação e afaste Montenegro dos valores europeus.

As guerras dos Balcãs são ainda uma memória recente para os cidadãos, que temem até o início de um conflito étnico.

https://zap.aeiou.pt/montenegro-democracia-pode-perigo-390452

 

Anna Ivanovna, a maquiavélica Imperatriz que mergulhou a Rússia na “era das trevas” !

Ficou conhecida como “Ivanna, a Terrível” pelos seus modos e atitudes grotescas. Enquanto Imperatriz, Anna Ivanovna torturou e prendeu todos aqueles que se opuseram às suas ordens ao longo dos 10 anos de poder absoluto.


Mesmo tendo nascido princesa, Anna Ivanovna não teve uma vida digna de um conto de fadas. O seu pai, o czar Ivan V, era emocionalmente ausente. Já a sua mãe era infeliz e severa e, como se não bastasse, Anna, era ridicularizada pela sua aparência, sendo muitas vezes chamada de “presunto de Vestefália”.

No entanto, em 1710, tudo levava a querer que a vida de Anna estava prestes a mudar para melhor. A jovem casou-se com o duque da Letónia, mas a felicidade durou pouco tempo, pois o seu marido morreu logo após o casamento, deixando-a sozinha.

No decorrer de vários acontecimentos improváveis, Anna Ivanovna acabou por se tornar Imperatriz da Rússia. Contudo, subiu ao trono amargurada, solitária e vingativa.

O seu reinado de 10 anos foi classificado como uma “era negra” na história da Rússia.

“Ivanna, a terrível”

Anna Ivanovna nasceu em 1693, filha de Ivan V, que, embora fosse um czar, não tinha nenhum poder efetivo.

Incapacitado e denominado de “Ivan, o Ignorante”, o czar só desempenhava funções cerimoniais pois o poder real estava nas mãos do seu meio-irmão mais novo, Pedro I, mais conhecido como Pedro, o Grande.

Contudo, Anna também tem poucas memórias do seu pai. O czar morreu quando esta tinha apenas três anos, o que consolidou o domínio de poder de Pedro I.

Segundo o Ati, este acontecimento também pode ter apurado a personalidade de Anna, já que enquanto crescia a jovem era considerada má, obstinada e sombria, o que lhe valeu o apelido de “Ivanna, a Terrível”.

Apesar da sua personalidade, o seu tio conseguiu arranjar casamento com Frederick William, o duque de Courland, onde atualmente se localiza a Letónia, em 1710. Anna ficou emocionada e feliz com o enlace. Os noivos tiveram direito a uma festa elaborada e luxuosa.

Contudo, ainda com 17 anos, Anna Ivanovna ficou viúva.

Após a morte repentina do seu marido, Anna Ivanovna, tornou-se governante da Letónia em 1711. Durante 20 anos, a Imperatriz governou o país estrangeiro com desânimo.

Infeliz, Anna escreveu mais de 300 cartas para a família, pedindo que lhe encontrassem um novo marido, mas os seus apelos não foram ouvidos. Embora nunca mais se casasse, acabou por se tornar Imperatriz da Rússia.

A sua ascensão ao trono surgiu através de uma questão de sucessão. O neto de Pedro, o Grande, Pedro II, morreu sem herdeiros, o que fez com que Anna Ivanovna se torna-se numa das candidatas ao trono.

Anna assumiu o poder em 1730, demitiu o conselho, e aqueles que se opuseram à sua liderança foram mortos ou exilados na Sibéria.

Assim, Anna Ivanovna tornou-se a única governante do Império Russo.

Um palácio de gelo para torturar um homem

Ivanna, a Terrível, tornou-se ainda mais amarga e vingativa com o passar dos anos. No poder, focou as suas atenções no príncipe Mikhail Alekseevich Golitsyn.

O nobre pertencia a uma das famílias que tinham influenciado o antigo Conselho Privado Supremo da Rússia – órgão que Anna Ivanovna tinha extinto. O facto do príncipe estar feliz e apaixonado pela sua nova esposa também estava a incomodar a Imperatriz.

Por isso, decidiu punir Golitsyn, mesmo depois da sua esposa morrer, fazendo com que este se tornasse bobo da corte imperial. Em 1739, Anna foi ainda mais longe, casando Golitsyn com uma mulher muito mais velha chamada Avdotya Ivanovna – a noiva foi descrita como tão feia que “até os sacerdotes tinham medo dela”.

Todavia, o passo seguinte veio garantir o legado de Anna Ivanovna como uma governante particularmente fria: a construção de um palácio de gelo.

O palácio, construído com blocos de gelo, tinha 24 metros de comprimento, 6 metros de largura e 9 metros de altura. Possuía uma escadaria elaborada, tinha um quarto com uma cama feita de gelo – incluindo almofadas de gelo – uma casa de banho de gelo e uma estátua esculpida de um elefante.

Anna ordenou que o novo casal desfilasse em frente ao palácio vestidos de palhaços dentro de uma gaiola amarrada às costas de um elefante. Em seguida, estes foram obrigados a passar a noite no quarto de gelo nus.

Anna Ivanovna assegurou-lhes que, desde que fizessem sexo a noite toda, poderiam ter a possibilidade de sobreviver. No entanto, estes acabaram por morrer.

Morte lenta e dolorosa

O reinado de Anna é, para muitos, sinónimo de uma “era das trevas” na história da Rússia. Para a ajudar nas suas práticas cruéis, a Imperatriz teve a ajuda de um amante igualmente maquiavélico e poderoso.

Ernst Johann von Biron era um duque da Letónia e tornou-se grande camareiro da Rússia quando Ivanna, a Terrível, assumiu o trono em 1730.

Até à morte da Imperatriz em 1740, momento em que foi destituído do poder e condenado à morte, Biron causou mais de 1.000 execuções.

Após a construção do palácio de gelo, Anna Ivanovna morreu. Durante o seu reinado, que Ivanna, a Terrível, foi acusada de humilhar pessoas com deficiência, lançar impostos paralisantes sobre a classe baixa e supervisionar uma guerra com a Turquia que fez milhares de mortos.

Ao que se sabe, a Imperatriz teve uma morte lenta e dolorosa devido a uma doença renal. Anna não deixou herdeiros e tentou, sem sucesso, colocar o seu sobrinho-neto, Ivan VII, no poder antes de morrer.

Mas foi Elizabeth Petrovna quem assumiu o seu lugar. Ao contrário de Anna, Elizabeth era popular e amada pelo povo.

https://zap.aeiou.pt/anna-ivanovna-imperatriz-russia-390164

 

A morte da “mulher mais tóxica” da História continua a ser um mistério !

A morte de Gloria Ramirez é um dos casos médicos mais misteriosos das últimas décadas. Em 1994, a paciente com cancro deu entrada no Riverside General Hospital, nos Estados Unidos, e deixou mais de 23 pessoas doentes.


Gloria Ramirez deu entrada no Riverside General Hospital na noite de 19 de fevereiro de 1994 e sofreu uma paragem cardíaca assim que chegou ao estabelecimento de saúde. A mulher tinha cancro do colo do útero.

Depois de uma enfermeira ter recolhido amostras de sangue da paciente, um forte cheiro a amoníaco começou a proliferar na sala e a amostra de sangue adquiriu uma aparência incomum, como se tivesse cristais brancos.

Segundo o IFL Science, vários profissionais de saúde começaram também a sentir-se nauseados e a apresentar alguns sintomas comuns, como desmaios, convulsões, dificuldade respiratória e vómitos.

O portal escreve que o número de pessoas afetadas por estes estranhos sintomas varia de relatório para relatório. Em 1995, no entanto, a revista Discover relatou que um total de 23 dos 37 membros da equipa de emergência tiveram, pelo menos, um sintoma.

Naquela noite, o hospital decidiu evacuar as emergências, atendendo os restantes pacientes no parque de estacionamento. Gloria Ramirez acabou por falecer de insuficiência renal causada pelo cancro do colo do útero.

A “mulher mais tóxica” da História

As primeiras notícias avançadas pela comunicação social davam conta de que os médicos e enfermeiros tinham sido envenenados por gases nocivos emitidos pelo corpo da paciente. A família de Gloria Ramirez defendia, no entanto, que aquela “história elaborada” servia apenas para encobrir eventuais falhas do hospital.

As autópsias do corpo de Ramirez e as investigações no hospital não esclareceram o fenómeno.

Mais tarde, em 1997, um grupo de cientistas voltou a analisar o misterioso caso e chegou a uma explicação improvável, mas possível.

No artigo científico publicado na revista Forensic Science International, os investigadores do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, conhecido pelo desenvolvimento de armas nucleares, detalham uma longa e complicada reação em cadeia que poderia explicar o surto naquela noite.

No fundo, a equipa suspeita de que Gloria Ramirez pode ter usado sulfóxido de dimetilo como um remédio caseiro para a dor. O tratamento pode ter reagido com o oxigénio administrado pelos médicos e formado a dimetil sulfona.

Este produto químico é conhecido por cristalizar à temperatura ambiente, o que poderia explicar os cristais observados na amostra de sangue.

Por sua vez, os choques elétricos da desfibrilação poderiam ter convertido a dimetil sulfona em sulfato de dimetilo, um gás altamente venenoso e corrosivo.

A explicação parece complexa, mas não é de todo impossível. Há, porém, uma forte probabilidade de o mistério permanecer sem solução.

https://zap.aeiou.pt/morte-mulher-toxica-historia-misterio-390112

 

Desflorestação e plantações de óleo de palma podem originar próxima pandemia !

Um novo estudo oferece um novo olhar sobre a forma como se podem desencadear pandemias. A desflorestação é umas das causas que revelou estar associada a surtos de doenças altamente contagiosas.


A desflorestação, a produção de plantações de óleo de palma e a conversão em novas florestas são atividades que estão associadas a surtos de doenças, devido ao facto de facilitarem a passagem de mosquitos e outros animais vetores.

De acordo com o estudo publicado na Frontiers in Veterinary Science a 24 de março, a expansão das plantações de óleo de palma correspondeu, particularmente, a aumentos significativos nas infeções transmitidas por vetores.

Durante a pesquisa, os investigadores analisaram diferentes fontes de dados, incluindo informações sobre o desenvolvimento de plantações e aumentos e diminuições de áreas florestais, sendo que encontraram relatos de surtos de doenças em todo o mundo entre 1990 e 2016.

Posteriormente, na mesma pesquisa, foi criado um modelo para determinar se esses eventos tiveram alguma influência uns aos outros, refere o Eurekalert.

Verificou-se que tanto a desflorestação, como a prática de conversão de terras em florestas, se correlacionaram fortemente com surtos de doenças, reafirmando o que já havia sido revelado em pesquisas anteriores.

Segundo o estudo, epidemias como a malária e a ébola em países tropicais como o Brasil, Peru, Mianmar, Indonésia e Malásia têm fortes associações à desflorestação. Esta atividade e as doenças transmitidas por vetores, como a doença de Lyme e o tifo do matagal, estão correlacionadas em países como os EUA, China e Europa.

A equipa encontrou ainda um aumento significativo nos surtos de doenças em países com plantações de óleo de palma em expansão. Esta situação foi especialmente notável nas regiões da China e da Tailândia.

“Ainda não sabemos os mecanismos ecológicos que estão em causa, mas colocamos a hipótese de que as plantações desenvolvem mudanças no uso da terra que são caracterizadas pela perda de biodiversidade e esses habitats favorecem reservatórios de animais e vetores de doenças”, explicou Serge Morandin, autor do estudo.

Os cientistas frisam que as descobertas sugerem que a manutenção florestal cuidadosa é especialmente crucial para prevenir futuras epidemias.

“Esperamos que os resultados ajudem os responsáveis por formular políticas a reconhecer que as florestas contribuem para um planeta e pessoas saudáveis ​​e que os órgãos governamentais precisam de evitar a desflorestação e a conversão agrícola das pastagens”, sublinha Morandin.

Por outro lado, o especialista refere que é importante “incentivar a pesquisa sobre como as florestas saudáveis ​​regulam as doenças”.

https://zap.aeiou.pt/desflorestacao-oleo-palma-pandemia-390144

 

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