Segundo os especialistas, esta situação ocorre porque os micróbios fazem com que os sedimentos que absorvem a luz do sol se acumulem nos fluxos de água derretida. Os cientistas afirmam que estas descobertas podem ser incorporadas a novos modelos climáticos, o que pode levar a previsões mais precisas sobre o derretimento.
“Esses lagos podem ser vistos em toda a Gronelândia e têm uma cor azul brilhante, o que leva a um derretimento ainda maior, pois absorvem mais luz do sol do que o gelo circundante”, explica Sasha Leidman, principal autora do estudo.
Leidman afirma que a situação piora “à medida que os sedimentos escuros se acumulam nesses locais, absorvendo ainda mais a luz solar, causando mais derretimento que pode, consequentemente, aumentar o nível do mar”.
Com as mudanças climáticas, o aumento do nível do mar e as tempestades ameaçam ilhas, países e cidades costeiras em todo o mundo, recorda o Futurity.
A maioria dos cientistas ignora os sedimentos em lagos glaciais que se formam no topo da camada de gelo da Gronelândia, mas, neste estudo, os investigadores tinham como objetivo descobrir por que razão esses sedimentos se acumularam.
Em 2017, os cientistas colocaram um drone num lago de aproximadamente 130 metros de profundidade no sudoeste da Gronelândia, onde fizeram medições e recolheram amostras de sedimentos.
A equipa descobriu que os sedimentos cobrem até um quarto do fundo do lago, muito mais do que os 1,2% estimados, que existiriam se a matéria orgânica e as bactérias não fizessem os com que os sedimentos se agruparem. Os investigadores perceberam também que os lagos têm mais sedimentos do que o previsto por modelos hidrológicos.
“Descobrimos que a única maneira de os sedimentos se acumularam nesses lagos era devido ao facto de haverem bactérias a crescer no sedimento”, disse Leidman.
A especialista revela que “se as bactérias não crescessem no sedimento, todo este seria limpo e esses fluxos iriam absorver menos luz solar. Este processo de agregação de sedimentos está a acontecer há mais tempo do que a história humana”.
O estudo indica que os fluxos de energia solar absorvidos provavelmente dependem da longevidade das bactérias, e o aquecimento na Gronelândia pode levar a maiores depósitos de sedimentos nos rios glaciares.
“A diminuição da cobertura de nuvens e o aumento da temperatura na Gronelândia podem estar a fazer com que essas bactérias cresçam mais intensivamente, causando mais derretimento por sedimentos”, alerta Leidman.
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