O mistério de um duplo assassinato na Suécia foi resolvido, no ano passado, com a ajuda de dados de sites de genealogia, um método usado pela primeira vez para identificar e capturar o “Golden State Killer”, em 2018.
No dia 19 de outubro de 2004, uma criança de 8 anos foi assassinada quando fazia o trajeto de sua casa até à escola, na cidade de Linköping, no sul da Suécia. Uma mulher, de 56 anos, testemunhou o crime e acabou por ser assassinada pelo mesmo agressor no mesmo dia.
Para trás, no local do crime, ficou o boné e a faca que o agressor usou para matar as vítimas. Apesar de terem sido encontrados alguns vestígios de ADN, os detetives não conseguiram resolver o caso, conta o IFL Science.
Em 2018, Joseph James DeAngelo, também conhecido como “Golden State Killer”, foi detido depois de a polícia ter usado informações genéticas do site de genealogia GEDmatch. Intrigada com esta história, a polícia sueca decidiu resolver os assassinatos de Linköping usando o mesmo método de genealogia.
Nas plataformas GEDmatch e FamilyTree, os investigadores encontraram vários parentes distantes com o ADN obtido na cena do crime. Uma investigação posterior usou essa pista para identificar dois principais suspeitos: dois irmãos, sendo que um deles, soube-se mais tarde, tinha uma correspondência direta com o ADN obtido pelas autoridades.
No ano passado, Daniel Nyqvist foi a julgamento e acabou por ser condenado.
Este método tem sido cada vez mais usado pelas autoridades, mas nunca foi formalmente descrito para referência futura. É essa a intenção de um grupo de investigadores, que publicou recentemente um artigo científico na Forensic Science International: Genetics.
“Queremos contar os problemas que enfrentamos ao trabalhar neste caso piloto. Podemos evitar que outros reinventem a roda e garantir que o conhecimento disponível é ampliado e aprimorado”, disse Andreas Tillmar, autor principal do estudo e professor de genética forense no Departamento de Ciências Biomédicas e Clínicas da Universidade de Linköping.
Apesar de garantirem que o método é extremamente útil, os investigadores dizem que está repleto de dilemas legais e éticos.
Muitas pessoas que usam plataformas genealógicas comerciais não sabem que os seus dados genéticos e relações de parentesco estão disponíveis às autoridades. “Existe o risco de conflito entre esses dois princípios importantes: o direito do indivíduo à privacidade contra a aspiração da sociedade em resolver crimes graves”, afirmou Tillmar.
“É uma área cinzenta. A tecnologia está, normalmente, um passo à frente da lei”, concluiu.
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