A política agressiva dos EUA no Mar Negro continua. A presença de contratorpedeiros das Forças Armadas americanas na costa russa é notória e causa desconforto entre os russos devido à proximidade da região com seu território nacional. Num contexto de forte presença estrangeira, qualquer exercício militar ou teste de armas que as Forças Armadas russas realizem na região - o que seria absolutamente normal, considerando que se trata da fronteira russa - torna-se imediatamente um foco de tensões e ameaças internacionais. No entanto, Moscou não desistirá de suas estratégias de simplesmente aceitar a presença americana.
A frota russa conduziu
recentemente um combate naval simulado no Mar Negro, onde dois
destróieres americanos permanecem. Apesar de ser um exercício comum e
rotineiro das forças navais de qualquer país, a situação gerou grande
preocupação na sociedade internacional devido à proximidade entre navios
russos e destróieres americanos. É claro que, neste caso, a Rússia está
apenas realizando manobras comuns em sua área de influência e o fator
“atípico” seria a presença americana.
O exercício russo foi uma
simulação de uma situação de combate naval, com foco na detecção de
inimigos e neutralização por meio de guerra eletrônica. A primeira fase
de operações já foi concluída, mas posteriormente, novos testes com o
mesmo objetivo serão realizados. Uma das razões pelas quais as tensões
aumentaram na região foi também o fato de os exercícios russos serem
realizados em um período quase simultâneo aos exercícios americanos. No
final de janeiro, foi realizada uma grande operação ar-naval da OTAN no
Mar Negro, com a participação dos contratorpedeiros americanos
atualmente alocados na região (USS Porter e USS Donald Cook).
Há
muito tempo está claro que Washington pretende cercar a Rússia pelos
mares. A presença de navios americanos ao longo da costa russa é uma
prova clara de que existe um projeto para monitorar e patrulhar as
atividades russas em sua própria zona de influência. A presença
americana é particularmente forte no norte e sudeste da costa e
significa uma clara tentativa de Washington de demonstrar força,
tentando atestar sua capacidade de monitorar as atividades navais
russas.
Além do fato de Washington manter navios de combate em uma
região sob a influência de uma potência inimiga potencial, um fator de
grande preocupação é a capacidade de guerra desses navios americanos. Os
contratorpedeiros americanos atualmente alocados na costa russa se
destacam por serem equipados com cerca de 90 mísseis de cruzeiro com
alcance de cerca de 3.000 quilômetros. Juntos, a capacidade desses
navios pode cobrir quase todo o território russo, incluindo Moscou. Em
outras palavras, a presença americana na costa russa atingiu níveis
intoleráveis de provocação e afronta à soberania nacional.
Em
resposta, a estratégia de Moscou é simplesmente manter sua rotina comum
de testes e exercícios - o que é suficiente para Washington elevar ainda
mais a tese de uma "ameaça russa".
Essa política não é por acaso.
Washington teme o processo avançado de declínio de sua hegemonia naval,
por isso passa a se concentrar em pontos estratégicos com táticas
específicas, que buscam inibir seus inimigos - e não enfrentá-los
diretamente. Sob o discurso da “ameaça russa”, os EUA e a OTAN colocam
navios e realizam testes de guerra na costa russa porque sabem que, na
verdade, não há ameaça russa ou plano de guerra por parte de Moscou, o
que significa que os russos evitará, tanto quanto possível, responder às
provocações com força equivalente. Trata-se de uma tentativa de conter
as atividades militares para que a zona costeira russa permaneça
vulnerável à presença da OTAN.
O cenário não tende a melhorar no
futuro próximo. Com Biden, a política externa americana ficará ainda
mais agressiva e o novo presidente deverá investir pesado na recuperação
do domínio naval americano - o que é um passo importante para recuperar
o status hegemônico global. Provavelmente teremos um futuro de muitos
conflitos na região costeira russa - talvez não confrontos diretos, mas
testes cada vez mais fortes e frequentes, gerando constantes tensões e
preocupações.
http://infobrics.org/post/32708/
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