Depois
de ter acusado o antigo vice-presidente chinês Zhang Gaoli de abuso
sexual, a tenista Peng Shuai está desaparecida e replicam-se os pedidos
de investigação ao caso.
#WhereIsPengShuai
[Onde está Peng Shuai?] é uma hashtag que se tem replicado pelo
Twitter. A pergunta transpõe-se do mundo virtual para o mundo real, onde
a tenista está desaparecida há dez dias. A chinesa, que chegou a ser a
número um mundial na categoria de pares, denunciou abusos sexuais por
parte de Zhang Gaoli, antigo vice-primeiro-ministro da China.
As
acusações foram feitas dia 2 de novembro, através da popular rede
social chinesa Weibo. A tenista de 35 anos disse que conheceu Zhang no
início da sua carreira e teve um relacionamento consensual com ele. No
entanto, alega que Zhang a agrediu sexualmente logo depois de ter
deixado a política em 2017.
Tudo terá acontecido quando Zhang convidou Peng Shuai para jogar ténis com ele e a esposa, abusando depois sexualmente dela.
Peng
escreveu ainda que não tinha provas para sustentar as suas acusações e
sugeriu que Zhang tinha a intenção de manter o relacionamento deles em
segredo, escreve o
The New York Times. O Partido Comunista Chinês proíbe os seus membros de ter relacionamentos extraconjugais.
“Nunca
consenti nada naquela tarde. Chorei o tempo todo”, escreveu a chinesa. A
publicação na rede social foi removida em apenas 30 minutos, e as
pesquisas pelo seu nome foram bloqueadas. Desde que a publicação foi
apagada, a tenista ainda não se manifestou publicamente.
Peng
Shuai está desaparecida desde então. No entanto, as autoridades chinesas
ainda não deram sinais de estar a investigar as acusações de abusos
sexuais ou o próprio desaparecimento da tenista.
Este domingo, o
diretor-executivo do circuito mundial feminino de ténis (WTA), Steve
Simon, pediu que as autoridades chinesas investiguem as alegações de
abuso sexual.
“Obviamente, ela demonstrou uma coragem tremenda
ao vir a público”, disse Simon sobre Peng, citado pelo NY Times. “Agora,
queremos ter a certeza de que estamos a avançar para um lugar onde uma
investigação completa e transparente seja conduzida. Qualquer outra
coisa, acho, é uma afronta não apenas para as nossas jogadoras, mas para
todas as mulheres”.
“Se, no final do dia, não virmos os
resultados adequados, estaremos preparados para dar esse passo e não
operar os nossos negócios na China, se for esse o caso”, acrescentou.
“Acho que certamente estamos, das jogadoras à diretoria e ao conselho,
totalmente unidos de que a única abordagem aceitável é fazer o que é
certo”.
Simon disse ainda que receberam confirmação de várias
fontes — incluindo a Associação Chinesa de Ténis — de que Peng “está
segura e não está sob qualquer ameaça física”. Ainda assim, ainda
ninguém parece ter sido capaz de a contactar diretamente para confirmar.
Também Chris Evert, campeã do Grand Slam por 18 vezes, publicou
no Twitter, classificando as alegações de Peng de “muito
perturbadoras”.
“Eu conheço a Peng
desde que ela tinha 14 anos; todos devemos estar preocupados; isto é
sério; onde é que ela está? Está segura?”, lê-se na publicação.
O
presidente da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), Andrea
Gaudenzi, manifestou-se “preocupado com a incerteza em torno da
segurança e paradeiro” da tenista.
“Não há nada mais importante
para nós do que a segurança da nossa comunidade do ténis. Estamos
profundamente preocupados com a incerteza em torno da segurança imediata
e do paradeiro da jogadora da WTA Peng Shuai”, referiu, em comunicado,
Andrea Gaudenzi.
“Estamos animados com as recentes garantias
recebidas pela WTA de que ela está segura. Separadamente, apoiamos
totalmente o apelo da WTA por uma investigação completa, justa e
transparente das alegações de agressão sexual contra Peng Shuai”,
acrescentou.
Por sua vez, a francesa Alizé Cornet pediu que não
fiquem em silêncio, enquanto o britânico Liam Broady questionou como é
que isto ainda pode acontecer em pleno século XXI.
“Não tenho
muita informação sobre o assunto, ouvi falar disso há uma semana e
honestamente é chocante que Peng Shuai tenha desaparecido”, disse também
o sérvio Novak Djokovic.
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