A gigante farmacêutica Johnson & Johnson continuou a
comercializar pó de talco para mulheres negras, apesar de existirem
provas de que esses produtos causam cancro.
A queixa
contra a Johnson & Johnson, apresentada pelo Conselho Nacional das
Mulheres Negras, afirma que a empresa farmacêutica fez das mulheres
negras uma “parte central” da sua estratégia comercial, mas não as
avisou dos potenciais perigos dos produtos de pó de talco que vendia.
“Esta empresa, através das suas palavras e imagens, disse às mulheres
negras que (…) precisavam de utilizar os seus produtos para se manter
frescas”, disse Janice Mathis, diretora executiva do Conselho Nacional
das Mulheres Negras, num comunicado.
“Gerações de mulheres negras acreditaram [na Johnson
& Johnson] e tornámos prática diária utilizar os seus produtos de
formas que nos colocavam em risco de cancro — e ensinámos as nossas
filhas a fazer o mesmo. Que vergonha para a Johnson & Johnson“, continuou.
O processo judicial é o mais recente de uma onda de litígios contra a
Johnson & Johnson por alegações de que os seus produtos de talco,
tais como pó de bebé, têm causado aos utilizadores o desenvolvimento de doenças, incluindo cancro nos ovários e mesotelioma.
A empresa enfrenta mais de 25 mil ações judiciais relacionadas com os
produtos e reservou quase quatro mil milhões de dólares (cerca de 3.400
mil milhões de euros) para combater as batalhas legais, avança o The New York Times.
A farmacêutica defende que os seus produtos à base de talco são
seguros e não causam cancro. Mas, no ano passado, após uma série de
acordos legais dispendiosos, deixou de vender produtos à base de talco
nos Estados Unidos e no Canadá.
Em declarações à NPR, a empresa negou a alegação de que tinha usado as mulheres negras como parte central de uma campanha de marketing com “más intenções”.
“As acusações feitas contra a nossa empresa são falsas e a ideia de
que a nossa empresa iria propositada e sistematicamente visar uma
comunidade com más intenções é insensata e absurda”, lê-se na
declaração.
“A Johnson’s Baby Powder é segura e as nossas campanhas são multiculturais e inclusivas”, defendem.
De acordo com a queixa, a Johnson & Johnson terá comercializado
os seus produtos em pó — que estariam com atraso nas vendas — para
“consumidores de alta propensão”, como as mulheres negras.
Os dados mostram que 60% das mulheres negras utilizavam, nessa
altura, o pó de talco de bebé, em comparação com apenas 30% da população
total.
A Johnson & Johnson terá contratado uma empresa que entregou 100
mil sacos de oferta com pó de talco em igrejas e outros locais em
Chicago e uma “grande proporção” dos seus membros “desenvolveram cancro
nos ovários como resultado”.
Os devastadores incêndios que se estão a fazer sentir na zona sul da costa da Turquia já fizeram pelo menos quatro mortes.
Depois das ondas de calor mortais nas Américas, inundações na Europa e China e incêndios na Sibéria, as imagens de destruição na Turquia aumentam as preocupações sobre a crescente ferocidade das condições meteorológicas extremas.
Os bombeiros estão no quarto dia de combate às chamas, que obrigaram à
evacuação de dezenas de localidades e até de alguns hotéis de luxo,
numa zona muito turística.
São mais de 70 fogos florestais que deflagraram esta
semana, e que estão a afetar as zonas costeiras nos mares Egeu e
Mediterrâneo. Desses, pelo menos 14 ainda continuam ativos, segundo o
presidente do país.
Para ajudar no combate aos incêndios, a Rússia, Ucrânia e Azerbaijão
enviaram já vários meios aéreos, que acabaram por ajudar os operacionais
a virar o rumo da situação.
Do país chegam imagens aterradoras, de zonas paradisíacas e tradicionalmente turísticas a serem completamente dizimadas.
Segundo o The Guardian,
em Bodrum, na província de Muğla, 80 hectares ficaram totalmente
queimados, apesar dos esforços de combate a incêndios terrestres e
aéreos. As chamas acabaram por cortar o acesso a dois hotéis, forçando a
evacuação de mais de 4.000 turistas e funcionários.
Os incêndios florestais durante o verão são comuns na Turquia, mas os
incêndios nos últimos dois dias foram excecionais. O jornal britânico
frisa que vários moradores das cidades afetadas disseram aos repórteres
locais que nunca tinham visto nada assim antes.
“Tudo o que eu tinha ficou queimado. Perdi cordeiros e outros animais ”, disse um dos habitantes ao jornal Daily Sabah, acrescentando que o cenário “foi um inferno”.
Em Manavgat, a leste da estância balnear de Antalya, um total de 27
bairros e um hospital também foram evacuados. Na área rural junto a
Manavgat, mais de 40 ovelhas e cabras morreram calcinadas.
Apesar de muitos dos incêndios já estarem controlados, a Organização Meteorológica Mundial partilhou avisou no Twitter que o calor extremo está a atingir toda a região do Mediterrâneo, com previsão de temperaturas acima dos 40°C nas áreas do interior da Itália, Grécia, Tunísia e Turquia.
Desta forma, é aconselhado à população que se previna com o abastecimento de água.
Ainda assim, e apesar das acusas naturais estarem a dificultar o combate aos fogos, há indícios de que a situação possa ter sido impulsionada por mão criminosa.
De acordo com o Correio da Manhã, a origem dos fogos está a ser investigada, havendo suspeitas de que pelo menos alguns deles tenham origem criminosa.
“Os responsáveis prestarão contas por ataques contra a natureza e as florestas”, afirmou Fahrettin Altun, conselheiro do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Os focos de incêndio chegaram a superar 1114 frentes. Na sexta-feira,
segundo dados oficiais, dezenas de fogos tinham sido extintos, mas
havia muitos ainda ativos e fora de controlo em seis províncias.
No início do verão, o líder norte-coreano Kim Jong Un
descreveu a situação alimentar do país como “tensa”, após o encerramento
da fronteira causado pela pandemia e cheias devastadoras. No meio da
estação, um ciclo de calor opressor e as chuvas podem aumentar a crise.
As temperaturas no país têm estado tão altas que a media estatal tem
alertado os residentes sobre os perigos da desidratação e dos baixos
níveis de sódio, especialmente os idosos. Pedem ainda que se protejam do
sol, comam mais frutas e vegetais e bebam mais de dois litros de água
por dia, de acordo com a NK News, citada pelo Washington Post.
As condições extremas podem ter efeitos de longo alcance no país, que
conta com sistemas de irrigação deficientes e uma crise alimentar em
curso, ao mesmo tempo que o governo sofre uma forte pressão económica
causada pelas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) devido ao programa nuclear de Pyongyang.
O calor na Coreia do Norte está associado a uma zona de alta pressão
no oeste do Pacífico, que se estende pelo nordeste da China, Península
Coreana e norte do Japão. Este é um dos três verões mais quentes já
registados no país, com uma alta taxa de humidade.
Em 2020, a Coreia do Norte enfrentou a pior recessão económica em
mais de duas décadas devido ao encerramento da fronteira com a China, às
cheias e aos tufões. O governo sul-coreano disse esta semana que está a
monitorizar a situação alimentar naquele país.
De acordo com os especialistas, a falta de abastecimento de água e de
acesso a produtos como fertilizantes, combustível e equipamentos está
afetar os agricultores norte-coreanos. O país encerrou grande parte da
atividade comercial durante a pandemia e as sanções internacionais
limitaram as opções de importação para a agricultura.
Embora a atual escassez de alimentos não seja tão grave como a vivida
na década de 1990, os especialistas apontam para até 3 milhões de
mortos.
As autoridades norte-coreanas começaram uma iniciativa para salvar as
plantações da onda de calor, mobilizando trabalhadores para regar os
campos, com as autoridades a melhorar a gestão das fontes de água e a recuperar as instalações subterrâneas, informou um relatório da Agência Central de Notícias da Coreia.
Um relatório interno dos Centros de Controlo e Prevenção de
Doenças (CDC) dos Estados Unidos indica que a variante Delta é tão
contagiosa como a varicela.
O jornal Washington Post teve acesso a este relatório interno do CDC, que indica que a variante Delta parece causar doença mais grave do que as outras variantes que já foram identificadas e que se propaga tão facilmente como a varicela.
O documento, que dá a entender às autoridades que têm de começar a
“reconhecer que a guerra mudou”, avança ainda com uma nota urgente, que
mostra que a comunicação deve ser reformulada para enfatizar a vacinação como a melhor defesa
contra uma variante tão contagiosa e que atua quase como um vírus
diferente, sofrendo mutações mais rapidamente do que o Ébola ou uma
gripe comum.
Segundo o mesmo jornal norte-americano, o relatório cita também uma
combinação de dados obtidos recentemente, que ainda não foram
publicados, que mostram que pessoas vacinadas que foram infetadas com a
variante Delta podem ser capazes de transmitir o vírus tão facilmente como aqueles que não estão vacinados.
As pessoas vacinadas que ficaram infetadas com a Delta, inicialmente
detetada na Índia, têm cargas virais semelhantes àquelas que não estão
vacinadas e estão infetadas com esta variante, pode ler-se ainda.
Os cientistas destes Centros de Controlo e Prevenção de Doenças
ficaram tão alarmados com a nova investigação que a agência, no início
da semana, mudou significativamente as orientações para os vacinados.
Agora, as recomendações voltam a apelar para que todos – quer estejam vacinados ou não – usem máscaras em locais públicos fechados em determinadas circunstâncias.
Uma parte desta apresentação declara que existe um risco maior de
hospitalização e morte entre os grupos etários mais velhos em comparação
com pessoas mais jovens, independentemente do seu estado de vacinação. E
que há 35 mil infeções sintomáticas por semana entre 162 milhões de
norte-americanos vacinados.
Segundo o Washington Post, o relatório inclui dados de estudos que mostram que as vacinas não são tão eficazes em doentes imunodeprimidos e residentes em lares, admitindo a possibilidade de ser necessária uma terceira dose em alguns casos.
O documento clarifica que a vacinação dá uma proteção substancial
contra o coronavírus, mas também mostra que os CDC devem “melhorar as
comunicações em torno do risco individual entre os vacinados”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, se
reuniu na quarta-feira com líderes dos Talibãs na cidade de Tianjin, no
norte da China, um sinal do estreitamento dos laços entre Pequim e o
grupo islâmico.
Durante uma reunião com o cofundador dos Talibãs, Mullah Abdul Ghani
Baradar, que lidera o comité político, Wang Yi descreveu o grupo como
uma importante força militar e política no Afeganistão e disse esperar
que este desempenhe um papel importante no “processo de paz, reconciliação e reconstrução” do país, noticiou a CNN.
Após a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, os
Talibãs expandiram rapidamente a sua presença no território, controlando
agora grandes áreas. Todas as forças estrangeiras devem deixar o país
até 31 de agosto.
A reunião de quarta-feira, que contou com a presença dos chefes dos
comités religioso e publicitário dos Talibãs, é o último passo do
governo chinês para fortalecer o seu relacionamento com o grupo
islâmico.
Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente na Ásia Central e o
Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês já havia discutido a
possibilidade de estender o Corredor Económico China-Paquistão para o Afeganistão. No encontro, Wang enfatizou que o destino daquele país deveria estar “nas mãos do povo afegão”.
Wang disse que a retirada das tropas norte-americanas e da NATO
marcou o “fracasso da política dos Estados Unidos no Afeganistão”, sendo
uma oportunidade para o país estabilizar e desenvolver. A China
“respeita a independência” e “a integridade territorial do Afeganistão e
insiste na não interferência nos assuntos internos” do país, frisou.
Por sua vez, os Talibãs disseram ao South China Morning Post, no início de julho, que consideravam a China um “amigo bem-vindo”.
Wang mencionou ainda o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM), que classificou como uma “organização terrorista internacional”,
sublinhando que os Talibãs deveriam “cortar completamente todos os
laços” com o grupo, de forma a promover a estabilidade regional.
O governo chinês tem acusado regularmente o ETIM de realizar ataques
terroristas em Xinjiang, acusações que tem usado para justificar a
repressão na região ocidental.
O vídeo foi gravado por um grupo de conservação ambiental
depois de uma onda de calor no Noroeste Pacífico que fez as temperaturas
da água atingirem os 21 graus Celsius.
De acordo com o jornal The Guardian, os salmões do rio Columbia,
na América do Norte, foram recentemente expostos a temperaturas
insuportáveis, o que lhes provocou feridas e infeções fúngicas.
No vídeo, divulgado esta terça-feira pela organização sem fins
lucrativos Columbia Riverkeeper, pode ver-se um grupo de salmões
vermelhos a nadar com ferimentos no corpo, que a associação diz serem
resultado do stress e do sobreaquecimento.
Os salmões estavam a nadar rio acima, vindos do oceano, para
regressar às suas áreas de desova, quando inesperadamente mudaram a sua
rota, explicou Brett VandenHeuvel, diretor executivo da Columbia
Riverkeeper. Segundo este responsável, foi a forma encontrada para “escapar de um prédio em chamas”.
A organização gravou o vídeo depois de uma onda de calor no Noroeste
Pacífico, num dia em que as temperaturas da água atingiram os 21 graus
Celsius, uma temperatura que pode ser letal para estes peixes se forem
expostos a ela durante longos períodos.
VandenHeuvel comparou a situação a alguém a tentar correr uma
maratona com temperaturas acima dos 38 graus. “A diferença é que isto
não é um passatempo para os salmões. Eles não têm escolha. Ou conseguem
sobreviver ou morrem”, declarou.
Segundo o jornal britânico, os salmões que aparecem no vídeo não
serão capazes de se reproduzir no afluente e morrerão, provavelmente, de
doença e stress provocados pelo calor.
“É desolador ver animais a morrer de forma tão pouco natural. E pior, pensar na causa dessa morte. Este é um problema causado pelo ser humano e faz-me realmente pensar no futuro”, lamentou VandenHeuvel.
“Vejo isto como uma visão profundamente triste do nosso futuro. Mas
também o vejo como um apelo para agir. Há medidas que podemos tomar para
salvar o salmão, para arrefecer os nossos rios. Se este vídeo não
inspira uma reflexão séria, não sei o que o fará.”
Este é mais um exemplo da tragédia causada pela recente onda de calor
na América do Norte, que matou centenas de pessoas nos Estados Unidos e
no Canadá e terá causado também a morte de mais de mil milhões de animais marinhos.
Os quatro polícias norte-americanos que testemunharam na
principal comissão de inquérito do Congresso dos EUA sobre a invasão do
Capitólio, foram ridicularizados nos canais de televisão ligados à
direita radical e dizem que receberam ameaças de apoiantes de Donald
Trump.
Numa entrevista ao CNN, o agente Michael Fanone,
da polícia de Washington D.C., divulgou uma mensagem de áudio que diz
ter recebido no seu telemóvel na terça-feira, no momento em que
respondia às perguntas da comissão especial da Câmara dos Representantes
dos EUA.
Na gravação ouvem-se várias ofensas ao polícia, e o autor pergunta a Michael Fanone se está a tentar vencer um Emmy ou um Óscar, sugerindo que os testemunhos dos agentes não foram verdadeiros.
“És um mentiroso de m… Então e a escumalha dos
pretos que andaram a destruir, a queimar e a roubar as nossas cidades e a
agredir polícias e a matar civis? Não dizes nada sobre isso, c…?”,
ouve-se na gravação.
“Quem me dera que vos tivessem matado a todos no Capitólio, porque
vocês são todos uma escumalha. Eles roubaram a eleição ao Trump e vocês
sabem isso. É pena que não te tenham espancado ainda mais. És um maricas
de m…”
Michael Fanone, de 40 anos, entrou para a polícia na
sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e passou
grande parte da carreira a investigar o tráfico de droga e a
criminalidade violenta em Washington D.C.
Na terça-feira, na comissão de inquérito, contou que foi espancado e submetido a vários choques com uma arma durante a invasão do Capitólio.
Fanone contou ainda que ouviu os atacantes a dizerem que o iam matar
com a sua própria arma. As agressões puseram-no inconsciente e, já no
hospital, os médicos disseram-lhe que tinha sofrido um ataque cardíaco.
Embora sejam muitos os relatos de agressões violentas, os canais que
sempre apoiaram o ex-Presidente dos EUA desvalorizaram as acusações dos
agentes e retrataram-nos perante milhões de telespectadores como atores pagos para prejudicarem Donald Trump e o Partido Republicano, escreve o Público.
Para além de Michael Fanone, a comissão de inquérito ouviu também os
agentes Daniel Hodges. Aquilino Gonell e Harry Dunn, um afro-americano
que integra a polícia do Capitólio e que diz ter sido alvo de agressões e
insultos racistas.
A comissão de inquérito que está a investigar a invasão do Capitólio
foi criada por iniciativa da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
No dia 6 de Janeiro, milhares de apoiantes de Donald Trump marcharam
até ao Capitólio depois de terem assistido a um discurso do então
Presidente dos EUA junto à Casa Branca, onde lhes foi pedido que
impedissem “o roubo” e que não desistissem de “lutar” contra a
certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.
Um médico sírio foi acusado na Alemanha de crimes contra a
humanidade por supostamente torturar e matar pessoas em hospitais
militares no seu país de origem, informaram os promotores na
quarta-feira.
O Ministério Público Federal de Karlsruhe disse em comunicado que
Alla Mousa, na Alemanha desde 2015 e detido no ano passado, foi acusado
de 18 crimes de tortura em hospitais militares nas cidades sírias de
Homs e Damasco, noticiou o Guardian. As acusações incluem homicídio e lesão corporal grave.
De acordo com promotores, após o início da oposição contra o
Presidente sírio Bashar al-Assad, em 2011, os manifestantes eram
frequentemente detidos e torturados. Civis feridos, considerados membros
da oposição, eram levados para hospitais militares, onde eram
torturados.
Em fevereiro, um tribunal alemão condenou um ex-membro da polícia
secreta de Assad por facilitar a tortura de prisioneiros. Eyad Al-Gharib
foi condenado a quatro anos e meio de prisão por cumplicidade em crimes
contra a humanidade.
O médico sírio é acusado de verter álcool sobre os órgãos genitais de
dois homens, ateando fogo de seguida. É ainda acusado de torturar
outras nove pessoas, em 2011, e de ter espancado um recluso que estava
ter um ataque epiléptico. Poucos dias depois, administrou-lhe-lhe um fármaco, tendo este morrido sem ser determinada a causa exata.
A acusação lista outros casos de tortura. Mousa também é acusado de
abusar de internos no hospital militar de Mezzeh, em Damasco, entre o
final de 2011 e março de 2012.
“Crimes graves contra a sociedade civil da Síria não acontecem apenas
nos centros de detenção dos serviços de inteligência. O sistema de
tortura e extermínio (…) é complexo e só existe graças ao apoio de uma
ampla variedade de atores”, disse o secretário-geral do Centro Europeu
para os Direitos Constitucionais e Humanos, Wolfgang Kaleck.
“Com o julgamento [de Mousa], o papel dos hospitais militares e das
equipas médicas neste sistema pode ser abordado pela primeira vez”,
disse, acrescentando: “A violência sexual está a ser usada como arma
contra a oposição na Síria”.
A recente onda de calor na América do Norte é mais um exemplo
de que apesar de ser um problema global, as alterações climáticas não
vão afectar todos igualmente e podem exacerbar injustiças sociais e
económicas já existentes.
As alterações climáticas já estão a fazer estragos um pouco por todo o
mundo, entre as recentes cheias no norte da Europa e na China ou a onda
de calor e os incêndios na América do Norte. Já dizia George Orwell que
se todos os animais são iguais, há alguns mais iguais que outros, e
esse parece ser o caso quando o assunto é quem vai sofrer mais com as
alterações climáticas.
No mundo inteiro, mais de 166 mil pessoas morreram
em ondas de calor entre 1998 e 2017, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde. Isto torna o calor uma das maiores causas de morte dentro dos
desastres relacionados com o tempo. No entanto, o seu impacto continua a
ser muitas vezes subestimado, já que as certidões de óbito geralmente
registam a causa de morte sem referir a associação ao calor extremo.
As ondas de calor mais fatais costumam ocorrer em cidades com um
clima temperado que são inesperadamente expostas a temperaturas
extremas, como aconteceu em Paris em 2003, quando morreram 14 mil
pessoas. A recente onda de calor na costa oeste dos EUA casou também 116 mortes só no estado do Oregon.
Para ajudar a reduzir o risco de insolação, os planeadores urbanos,
climatólogos e meteorologistas estão a trabalhar para identificar as
zonas mais vulneráveis. As pesquisas mostram que as minorias étnicas e comunidades pobres vão ser desproporcionalmente afectadas por ondas de calor, especialmente nos Estados Unidos.
Esta diferença explica-se pelo redlining,
uma práctica histórica nos EUA e no Canadá que barrava a compra a negros
em comunidades mais desenvolvidas e que segregou as minorias a zonas
urbanas mais pobres. O termo foi criado pelo sociólogo John McKnight
nos anos 60 visto que o governo desenhava uma linha vermelha no mapa à
volta dos bairros onde não iam investir devido aos dados demográficos.
Mas o legado do redlining vai para além da discriminação no
acesso à habitação. Os efeitos desta política no crime já eram
conhecidos, devido à concentração de comunidades negras em zonas mais
pobres e também com a maior probabilidade de envenenamento por chumbo,
que está associado a atrasos cognitivos e delinquência.
O jovem Freddie Gray, cuja morte às mãos da polícia em 2015 motivou
protestos e motins em Baltimore, é um exemplo mediático de intoxicação
por chumbo associada ao redlining. Os efeitos destas políticas racistas ainda se sentem hoje em dia, visto que muitas das grandes cidades norte-americanas continuam extremamente segregadas, e notam-se correlações entre as comunidades mais pobres e com menores esperanças de vida e as zonas onde vivem mais negros.
Apesar das ondas de calor também afectarem as zonas rurais, as
cidades geralmente sofrem mais. Isto acontece por causa do efeito de ilha de calor urbano,
visto que os materiais de que são feitas as ruas e os edifícios causam
um aumento de temperatura maior do que áreas mais frondosas.
Muitas das comunidades onde vivem minorias aquecem mais por estarem
em zonas com muito asfalto, enquanto a população branca geralmente
beneficia da proximidade de zonas verdes e parques. “É muito chocante.
Temos de nos perguntar porque é que estes padrões são tão consistentes e universais“, revela a cientista Angel Hsu, da Universidade da Carolina do Norte, à Nature.
A cientista do clima gere um grupo que analisa dados para soluções
climáticas e o racismo que determina quem sofre mais com o calor ficou
claro. Num dos maiores estudos
até agora que avaliou as diferenças na exposição ao calor nos EUA, a
equipa de Angel Hsu combinou as medidas de satélites sobre as
temperaturas urbanas com os dados demográficos dos Censos em 175 cidades
americanas.
Já se esperavam grandes diferenças, mas Hsu ficou chocada. Em 97% das cidades, as minorias foram expostas a temperaturas um grau mais altas,
em média, do que as comunidades brancas. “Temos provas sistémicas e
difundidas do racismo ambiental relativo à exposição ao calor urbano.
Não achava que fosse basicamente universal”, afirma.
Um outro estudo
de 2018 mostrou que as temperaturas nas áreas separadas nos mapas do
redlining são em média 2.6 graus mais altas em 108 áreas urbanas nos
Estados Unidos, como resultado de decisões como construir auto-estradas e
zonas industriais nas comunidades de minorias étnicas.
As comunidades hispânicas nos EUA estão também expostas a mais poluição aérea
do que aquela que produzem, ao contrário da população branca, que
respira ar de melhor qualidade apesar de ser mais poluidora, de acordo
com um estudo de 2019.
Uma investigação
de 2017 concluiu também que as comunidades negras que vivem nas zonas
na costa do sul dos EUA estão sob um risco desproporcional de sofrer com
o aumento do nível das águas do mar.
As desigualdades raciais também se traduzem em menos recursos para
lidar com as alterações climáticas. Mais de 30% dos negros de Nova
Orleães não tinha carro para poder evacuar quando o Furacão Katrina
atingiu a cidade em 2005, de acordo com um estudo
de 2008. A população negra da cidade caiu depois do Katrina, pois
muitos residentes não tinham condições económicas para regressar à
cidade.
De acordo com a socióloga ambiental Dorceta Taylor, o mundo do activismo climático tem sido dominado historicamente por homens brancos, citada pelo Washington Post. Um estudo
de 2014 da Iniciativa pela Diversidade Verde mostrou que só 12% dos
membros das fundações e organizações não-governamentais ambientais
pertenciam a minorias.
Um problema global
Mas dada a escala planetária das alterações climáticas, este não é só
um problema nos Estados Unidos. No Qatar, muitos imigrantes que
trabalham na indústria da construção morreram por falhas cardiovasculares causadas por golpes de calor. Cerca de 6500 imigrantes que trabalham na preparação do Mundial de 2022 no país já morreram.
Já em Banguecoque, capital da Tailândia, um inquérito
a 505 residentes realizado durante a estação quente em 2016 concluiu
que as pessoas com rendimentos mais baixos tinham uma maior
probabilidade de sofrer stress térmico do que quem vive com rendimentos mais altos.
Em Madagáscar, mais de um milhão de pessoas estão a sofrer com aquela
que está a ser considerada a primeira escassez de alimentos na história
moderna causada pelas alterações climáticas. Em resposta à fome, um executivo das Nações Unidas afirmou que uma “área do mundo que em nada contribuiu para as alterações climáticas” está agora a “pagar um preço alto”.
Muitos países em desenvolvimento estão a sofrer bastante com as
consequências das mudanças no clima, apesar de não serem os principais
poluidores. Uma estudo
deste ano concluiu que os dez países que mais devem sofrer os impactos
são: Singapura, Ruanda, China, Índia, Ilhas Salomão, Butão, Bostwana,
Geórgia, Coreia do Sul e Tailândia.
A crise climática também está a exacerbar a desigualdade entre homens e mulheres. De acordo com dados das Nações Unidas citados pela BBC, 80% das pessoas que tiveram de se deslocar devido ao clima eram mulheres.
Há já algumas estratégias de combate às desigualdades sociais que a
crise climática está a expor. Muitas cidades nos EUA estão agora a ter
em conta a igualdade térmica no planeamento urbano ao
pintar os telhados de branco ou plantar mais árvores em zonas que tinham
sido historicamente discriminadas. Há também metrópoles a dar apoios
financeiros a residentes para ajudar a pagar as contas energéticas no
Verão.
Uma abordagem é manter parques abertos mais horas durante ondas de
calor, para que as pessoas que vivem em casas mais quentes possam ir a
um lugar mais fresco. Na Índia, em Ahmedabad, começaram a enviar alertas públicos quando as previsões da temperatura ultrapassassem os 41 graus depois de uma onda de calor em 2010. Um estudo concluiu que a estratégia salvou em média 1190 vidas por ano.
Já em Paris, há um programa para tornar os recreios das escolas
públicas em lugares de refresco, em especial nos subúrbios, onde vivem
mais minorias raciais.
Os recentes fenómenos extremos, como as cheias na China e no Norte da
Europa e os incêndios em Itália ou nos Estados Unidos, têm posto a nu as desigualdades
sociais e económicas das vítimas das alterações climáticas a uma escala
global. Resta saber se os líderes mundiais vão conseguir unir-se para
reverter esta tendência.
O estilo de vida de três norte-americanos leva a uma emissão
de carbono suficiente para matar uma pessoa, revelou um novo artigo,
concluindo ainda que as emissões de uma única usina a carvão podem
causar mais de 900 mortes.
A análise, publicada na Nature Communications e citada esta quinta-feira pelo Guardian, baseou-se no “custo social do carbono”,
um valor monetário atribuído aos danos causados por cada tonelada de
dióxido de carbono, estabelecendo um número estimado de mortes derivadas
dessas emissões.
O relatório inclui dados de vários estudos de saúde pública,
constatando que, para cada 4.434 toneladas métricas de CO2 projetadas
para a atmosfera para além da taxa de emissões de 2020, uma pessoa no
mundo morrerá prematuramente devido ao aumento da temperatura. Este CO2
adicional é equivalente às emissões de 3,5 norte-americanos.
A adição de mais 4 milhões de toneladas métricas acima do nível de
2020, produzida em média pelas usinas a carvão média dos Estados Unidos
(EUA), custará 904 vidas até o final do século. Numa maior escala, a
eliminação das emissões – que causam o aquecimento do planeta – até 2050
salvaria cerca de 74 milhões de vidas em todo o mundo neste século.
O número estimado de mortes devido às emissões não são definitivos,
visto que representa apenas mortalidade associada ao calor, deixando de
fora as cheias, os ciclones e outros impactos da crise climática, referiu Daniel Bressler, do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos EUA, autor do artigo.
Esta pesquisa ilustra as disparidades nas emissões geradas pelo
consumo em diferentes países. Embora sejam necessários 3,5
norte-americanos para criar emissões suficientes para matar uma pessoa,
seriam necessários 25 brasileiros ou 146 nigerianos para fazer o mesmo,
concluiu o estudo.
Gernot Wagner, economista do clima da Universidade de Nova Iorque,
não envolvido na pesquisa, disse que o custo social do carbono é uma
“ferramenta política crucial”, mas é também “muito abstrato”.
Para Bressler, embora o seu artigo analise as emissões causadas por
atividades individuais, o foco deveriam ser as políticas que impactam as
empresas e os governos, que influenciam a poluição de carbono numa
escala social.
“Na minha opinião as pessoas não deveriam levar as suas emissões por
pessoa para o lado pessoal. As nossas emissões [derivam] em grande parte
da tecnologia e da cultura dos locais onde vivemos”, acrescentou.
Na segunda-feira, a Federação de Cientistas Americanos (FAS)
publicou um relatório no qual denuncia a existência de um campo de
instalações nucleares perto da cidade de Hami, na província chinesa de
Xinjiang. Estarão a ser construídos 110 novos silos para mísseis
balísticos no local.
Os Estados Unidos estão preocupados com os riscos da expansão nuclear
da China e insistem que esta se deve manter comprometida com a
estratégia de “dissuasão mínima”, após a divulgação de um relatório que denuncia a existência de um campo de instalações nucleares perto a cidade de Hami.
“Apesar do secretismo da República Popular da China, esta construção acelerada [de silos] torna-se cada vez mais difícil de esconder
e demonstra como o país está a desviar-se de décadas de uma estratégia
nuclear baseada na dissuasão mínima”, acusou o Departamento de Estado
norte-americano, em comunicado enviado à CNN.
O Público destaca que a FAS considera que a capacidade nuclear combinada das instalações de Hami e de Gansu corresponde “à expansão mais significativa de sempre do nuclear arsenal chinês”. As instalações de Gansu tem outros supostos 119 silos e foram reveladas em junho pelo think tankJames Martin Center for Nonproliferation Studies.
“O programa chinês de silos para mísseis constitui a maior produção de silos desde a produção dos EUA e da União Soviética durante a Guerra Fria”, lê-se no documento.
“O número de novos silos chineses excede o número de ICMB [mísseis
balísticos intercontinentais] em silos operados pela Rússia e constitui
mais de metade da capacidade total de ICBM dos EUA”, acrescenta ainda.
O Comando Estratégico dos Estados Unidos reagiu às novas revelações e lembrou que “é a segunda vez em dois meses
que o público descobre o que temos vindo a dizer há muito tempo sobre a
crescente ameaça que o mundo enfrenta e o véu de sigilo que a rodeia”.
O campo de silos de Hami tem cerca de 800 quilómetros quadrados e o
campo de Gansu terá aproximadamente 380 quilómetros quadrados.
O facto de os silos estarem colocados em Xinjiang, longe da costa,
garante que não podem ser atingidos pelos mísseis de cruzeiro
disparados pelos navios de guerra norte-americanos estacionados no
Oceano Pacífico.
“[O relatório] tem provas bastante convincentes das intenções da China para expandir significativamente o seu arsenal nuclear, de uma maneira mais rápida do que aquela que muitos analistas previam”, reagiu Adam Ni, diretor do China Policy Center, em Canberra, Austrália.
Um caso de homicídio ocorrido há 32 anos, que muitos
consideraram impossível de ser resolvido, foi finalmente desvendado (e
tudo graças à amostra de ADN mais pequena de sempre usada para decifrar
um caso).
De acordo com o site IFLScience,
embora as técnicas que tornaram este desfecho possível não sejam novas,
o que tornou o caso realmente extraordinário foi a quantidade de ADN
usada para descobrir o culpado: apenas 0,12 nanogramas. (o equivalente a 15 células humanas).
Em 1989, Stephanie Isaacson, de 14 anos, foi violada, espancada e
estrangulada até à morte quando ia a caminho da sua escola em Las Vegas,
nos Estados Unidos. O ADN do assassino foi encontrado na camisola da
jovem, mas todas as tentativas feitas ao longo dos anos para encontrar
uma correspondência foram infrutíferas.
Porém, há cerca de nove meses, uma empresa de sequenciamento de genoma sediada no Texas, chamada Othram, abordou o Departamento da Polícia Metropolitana de Las Vegas (LVMPD) com uma oferta.
A empresa explicou que recentemente tinha recebido uma doação anónima
que teria de ser usada para financiar a investigação de um caso
arquivado. Não importava qual seria, desde que viesse do LVMPD.
“O caso da Stephanie foi escolhido especificamente devido à quantidade mínima de evidências de ADN disponíveis”, explicou, numa conferência de imprensa, o tenente Ray Spencer.
“Como resultado, identificámos Darren Roy Marchand, que foi
positivamente identificado como a pessoa que violou e assassinou a
Stephanie”, acrescentou.
Ao longo de sete meses, a Othram construiu um perfil genético a
partir dos restos de ADN, que comparou com bancos de dados de
ancestralidade. Foi assim que os investigadores conseguiram corresponder
o ADN com o de um primo do alegado assassino.
A partir daí, identificaram o autor do crime, um homem que também já
tinha sido acusado, em 1986, de estrangular até à morte Nanette
Vanderberg, na época com 24 anos (o caso foi arquivado por falta de
provas e o suspeito suicidou-se nove anos depois).
“Quando conseguimos aceder a este tipo de informação a partir de uma
quantidade tão pequena de ADN, só mostra que isto realmente abre uma
oportunidade para muitos outros casos que foram arquivados e
considerados impossíveis de resolver”, disse o presidente-executivo da
Othram, David Mittelman, à cadeia britânica BBC.
Só na semana passada registaram-se cerca de 430 mortos e mais
de 1000 feridos associados a tiroteios, num ano que está a ser marcado
pelo aumento da violência armada nos Estados Unidos.
O ano passado foi o que teve mais mortes causadas por tiroteios nos
Estados Unidos nos últimos 20 anos, cerca de 43 mil. Mas 2021 pode
superar os dados de 2020, visto já terem havido cerca de 24 mi vítimas,
de acordo com a Gun Violence Archive (GVA).
Entre 17 e 23 de Julho, registaram-se 915 tiroteios nos EUA, que resultaram em pelo menos 430 mortos e mais de 1000 feridos.
O pior dia foi o Domingo, dia 18, com quase um em cada cinco incidentes
registados nesse dia, e cerca de 22.6% dos tiroteios aconteceram entre a
meia-noite e as três da manhã. Estes números traduzem-se numa média de
uma pessoa a levar um tiro a cada dez minutos, de acordo com a ABC.
Alguns dos incidentes que se tornaram violentos na semana passada
foram uma celebração da vitória da MBA dos Milwaukee Bucks, uma vítima
de violência doméstica a tentar fugir com uma criança, um grupo de
adolescentes num parque de estacionamento de uma igreja ou o acidente
que levou a que um jovem de 15 anos matasse um amigo de 13 enquanto os
dois jogavam videojogos.
“Esta semana é indicativa de um problema maior a longo-prazo que leva
a que as pessoas comecem a ter medo de ir a parques e centros
comerciais porque sabem que quando vão a um jogo de baseball, vai haver
um tiroteio de alguém que passe num carro. Tem sido uma semana dentro da
média e devíamos estar horrorizados“, conta Mark Bryant, director executivo da GVA, à ABC.
Mais de dois terços dos tiroteios aconteceram em locais onde mais de metade dos residentes pertence a uma minoria e 58.5% foram nas zonas mais pobres do país, onde o rendimento médio anual é menor do que 40 mil dólares. Cerca de 40% dos incidentes aconteceram no sul do país.
“A violência armada está altamente concentrada em bairros com níveis
altos de privação económica, trauma devido a violência passada e agora
com a covid, e com poucos acessos a recursos”, afirmou o especialista Jonathan Jay, da Universidade de Boston, citado pelo The Independent.
Este ano tem sido especialmente violento nos EUA, tanto que em Julho, Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, declarou um estado de emergência inédito
devido à violência armada. O Comissário da polícia nova-iorquina,
Dermot Shea, revela à ABC que a cidade sofreu um aumento de 73% nos
tiroteios em Maio em comparação com 2020 e que 97% das vítimas pertencem
a minorias étnicas.
“Os dados aqui em Nova Iorque mostram que há mais armas nos locais
dos tiroteios do que balas a ser disparadas. Tirar as armas é bom, mas
aquilo de que realmente precisamos é de tirar da rua o indivíduo que
possui a arma”, afirma, e reforça que as pessoas são mais corajosas e
insolentes quando estão armadas.
Apesar dos americanos terem comprado mais armas durante a pandemia, o criminologista Richard Rosenfeld revelou à CNN outras causas para o aumento da violência, como a ansiedade causada pela pandemia, a crise económica, e maior tensão entre as comunidades e a polícia desde os protestos em massa de 2020.
De acordo com uma sondagem
do Morning Consult-Politico, publicada em Abril, 64% dos inquiridos
apoia leis de armas mais restritas. No entanto, os Estados Unidos
continuam a ser de longe o país mais armado do mundo, com 121 armas em circulação por cada 100 residentes, de acordo com o Small Arms Survey.
Embora as sondagens mostrem que o aumento das restrições é popular,
muitos legisladores a nível estadual ou federal têm ignorado a vontade
popular. O lobby da Associação Nacional de Armas no Congresso através
das doações para as campanhas dos políticos é também bastante forte.
Durante a campanha no ano passado, Joe Biden mostrou ter uma agenda ambiciosa para combater a violência armada, que incluia banir as armas de assalto, comprar armas de volta e acabar com as protecções legais dos produtores de armamento.
No entanto, até agora pouco tem sido feito e as leis
que obrigariam à verificação dos antecedentes dos compradores de armas
não passaram além da Câmara dos Representantes.
O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, acusou na
terça-feira o seu homólogo russo, Vladimir Putin, de tentar interferir
nas eleições para o Congresso de 2022, espalhando “desinformação”.
“Veja o que a Rússia já está a fazer relativamente às eleições de
2022 e à desinformação”, disse Biden durante uma visita ao escritório do
diretor de inteligência nacional perto de Washington, referindo-se às
informações recebeu durante seu o ‘briefing’ diário. “É uma violação pura da nossa soberania”, referiu, citado pela agência Associated Press.
Putin tem “um problema, ele está sentado no topo de uma economia que
tem armas nucleares e nada mais”, disse Biden, acrescentando: “Ele sabe
que está realmente com problemas, o que o torna ainda mais perigoso, na
minha opinião.”
Biden expressou ainda preocupação com o recente aumento de ciberataques,
incluindo via ransomware, através dos quais ‘hackers’ obtêm dados
pessoais das vítimas e, em seguida, exigem dinheiro para que estas
tenham o acesso restaurado.
“Se terminarmos numa guerra (…) será consequência de uma violação cibernética”, afirmou igualmente.
Os EUA realizarão eleições no outono de 2022, nas quais todos os
assentos na Câmara dos Representantes e um terço dos assentos no Senado
estarão em votação.
A península do Alasca, a oeste dos Estados Unidos, foi
atingida por um sismo de magnitude 8.2 na noite de quarta-feira (7h15 de
quinta-feira em Lisboa) e já foi lançado um alerta de tsunami na
região.
De acordo com a Reuteurs,
um sismo de magnitude 8.2, com profundidade de 35 quilómetros, foi
sentido na Península do Alasca, seguido de um alerta de tsunami.
Até ao momento, não foram registados casos de destruição de edifícios nem perdas de vida, dizem as autoridades locais.
Enquanto o Centro Nacional de Alertas de Tsunami (NTWC, na sigla em inglês), no Alasca, lançou o alerta de tsunami na zona sul da península e na costa do oceano Pacífico, o Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico (PTWS,
na sigla em inglês) também o fez para o estado norte-americano do
Havai. Caso se tenha formado um tsunami, as primeiras ondas poderão
chegar ao Havai às 00h53 (11h53 de Lisboa), escreve o Observador.
“Com base nos dados disponíveis, pode ter-se gerado um tsunami
potencialmente destrutivo para as áreas costeiras, mesmo longe do
epicentro”, avisa o PTWS, numa nota dirigida ao estado norte-americano
do Havai.
O sismo ocorreu a cerca de 800 quilómetros de Anchorage, a maior cidade do Alasca, e foi seguido por sete réplicas
— duas acima da magnitude de 6.0 —, segundo o instituto de investigação
geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
(h) USGS
Em 27 de março de 1964, um sismo de
magnitude 9,2 abalou a região de Anchorage. Prolongou-se por vários
minutos e desencadeou uma onda destruidora ao longo de toda a costa
ocidental norte-americana, causando mais de 250 vítimas.
Só em 2021, aquela região registou mais de 25 mil sismos.
Dezenas de personalidades e organizações da sociedade civil
portuguesa subscreveram um abaixo-assinado de solidariedade
internacional para com o Brasil, no qual apelidam o Presidente, Jair
Bolsonaro, de “genocida” após mais de 550.000 mortes devido à covid-19.
“Nós, abaixo-assinados, manifestamos a nossa solidariedade ao povo brasileiro e extrema preocupação com o projeto de destruição nacional
realizado pelo Governo de Jair Bolsonaro”, referem os signatários, que
acrescentam que a gestão da pandemia de covid-19, responsável por
550.502 mortes no Brasil, é “a face mais visível de um trágico
empreendimento”, noticiou a agência Lusa.
Os abaixo-assinados registam que a administração de Bolsonaro
realizou “a destruição de ecossistemas e a venda de património nacional,
o desejo de aniquilação de culturas e povos originários, ataques aos
direitos humanos, às populações indígenas e quilombolas, a
criminalização de ativistas e de movimentos sociais, além da perseguição
aos grupos mais oprimidos, como as mulheres e a população LGBTQI+”.
Os signatários criticaram também a postura adotada por Bolsonaro,
“que desde o início da pandemia (…) demonstrou o desprezo do Presidente e
seus apoiantes para com a gravidade da situação”.
Entre as atitudes criticadas, estão discursos de minimização dos efeitos do vírus, o incitamento a ajuntamentos,
o desprezo pelo uso de máscaras de proteção facial, a promoção de
“remédios ineficazes” e a “recusa sistemática para a compra de vacinas”.
“É evidente o projeto genocida do Governo Bolsonaro, presente não só
em suas declarações, mas também na adoção de medidas que facilitaram a
propagação do vírus, em completa desconsideração para com a vida de
milhares de brasileiros e brasileiras”, atiraram os signatários, entre
os quais figuram associações de defesa dos direitos humanos, associações
culturais ou políticas portuguesas e brasileiras.
No texto, proposto pela rede “#PortugalDenunciaBolsonaroGenocida”,
composto pela Casa do Brasil de Lisboa, Coletiva Maria Felipa, Coletivo
Alvorada Aveiro, Coletivo Andorinha, Solidariedade Brasileira e Vozes no
Mundo, os autores reforçam que “os números são alarmantes” e mostram-se
preocupados com a insegurança alimentar no país.
“A fome avança e a insegurança alimentar já atinge mais da metade dos
lares brasileiros. Os fracassos na condução da política económica são
uma evidência com aumento do custo de vida e desemprego. As pessoas
pobres e negras são as mais atingidas”, referiram.
Nesse sentido, os signatários alinharam-se com os protestos
realizados em todo o Brasil e pedem também “apoio internacional pelo fim
do genocídio e ecocídio em curso no Brasil”.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 550.502 vítimas mortais e mais de 19,7 milhões de casos confirmados.
A pandemia provocou pelo menos 4.169.966 mortos em todo o mundo,
entre mais de 194,6 milhões de casos de infeção, segundo a agência France-Presse.
A doença foi detetada no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da
China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino
Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
Um novo estudo sobre os sinais vitais do planeta revelou que
muitos dos principais indicadores da crise climática estão a piorar e a
aproximar-se ou ultrapassar os pontos de inflexão, à medida que as
temperaturas aumentam.
No geral, o estudo descobriu que 16 dos 31 sinais vitais planetários
estudados, incluindo concentrações de gases de efeito estufa, quantidade
de calor do oceano e massa de gelo, atingiram novos recordes preocupantes, noticiou esta quarta-feira o Guardian.
“Há evidências crescentes de que nos estamos a aproximar ou já
ultrapassamos os pontos de inflexão associados a partes importantes do
sistema terrestre”, disse em comunicado William Ripple, ecologista da
Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos (EUA), coautor da
nova pesquisa.
De acordo com Ripple, “uma grande lição da covid-19 é que mesmo uma
redução colossal nos transporte e no consumo não é suficiente e que, em
vez disso, são necessárias mudanças no sistema”.
Embora a pandemia tenha paralisado as economias, o uso de combustível
fóssil diminuiu apenas ligeiramente em 2020. Contudo, a emissão de
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso estabeleceu novos recordes,
tanto nesse ano como em 2021, segundo um relatório publicado na BioScience.
Este novo estudo constatou que os animais ruminantes,
uma fonte significativa de gases que aquecem o planeta, são agora mais
de 4 mil milhões, sendo a sua massa total maior do que a de todos os
humanos e animais selvagens juntos. A taxa de perda da Amazónia aumentou
em 2019 e 2020, atingindo 1,11 milhões de hectares desmatados em 2020.
A acidificação dos oceanos, combinada com as temperaturas mais altas,
ameaça os recifes de coral dos quais mais de milhões de pessoas
dependem.
Para mudar o curso da emergência climática, os autores indicaram que
são precisas mudanças profundas, sendo necessário estabelecer um preço
global para o carbono, que esteja vinculado a um fundo que financie
políticas de mitigação e de adaptação ao clima.
Os autores destacaram ainda necessidade de eliminar os combustíveis
fósseis e desenvolver de reservas globais para proteger e restaurar
sumidouros naturais de carbono e a biodiversidade. A educação climática também deve fazer parte dos currículos escolares em todo o mundo, frisaram.
Conforme
dados do relatório da Agência Espacial Europeia (ESA) os cientistas
afirmaram que o campo magnético da Terra está passando por uma série de
anomalias que podem antecipar uma reversão do polo magnético. Tudo isso
poderia ser causado por um fenômeno magnético ainda não identificado que
levaria a eventos catastróficos.
O
'escudo' que nos protege dos raios solares está se enfraquecendo
principalmente na América do Sul e na África do Sul. É o que os
cientistas chamam de anomalia do Atlântico Sul. Dados da ESA revelam que
as correntes de ferro líquido abaixo da superfície da Terra estão se
movendo muito ativamente o que também pode indicar que os polos estão
passando por uma reversão.
Paralisia da infraestrutura tecnológica atual
As
consequências desse fenômeno, ocorrido há 780 mil anos é que a Terra
pode sofrer mudanças climáticas e falhas "devastadoras" em seu sistema
elétrico explica a cientista canadense Alana Mitchell. Grandes áreas do
nosso planeta podem ficar inabitáveis.
Além
disso o campo eletromagnético pode ser ainda mais enfraquecido por essa
inversão de polo o que levaria a ventos solares e aumento dos níveis de
radiação resultando na eliminação de redes elétricas em todo o mundo e
danos irreparáveis. em satélites de comunicação.
Se
isso acontecer, as tempestades causadas por esses ventos solares "podem
paralisar a infraestrutura tecnológica moderna e colocar em risco a
vida dos astronautas no espaço", alertam os cientistas na Physical
Review Letters. Para se ter uma ideia do que pode acontecer é útil
relembrar um fenômeno ocorrido há três anos quando ocorreram anomalias
na magnetosfera região do campo magnético terrestre que absorve a maior
parte do vento solar.
Esse
fenômeno nunca aconteceu. No entanto deve-se ter em mente que nenhum
dos sistemas que garantem os recursos hídricos e energéticos foi
construído para suportar os impactos dos raios cósmicos. Historicamente
os polos magnéticos norte e sul sofrem sua inversão a cada 200.000 ou
300.000 anos e então retornam gradualmente à sua posição normal. No
entanto considerando que nossas vidas atualmente giram em torno de
telefones, computadores, aquecimento e uma indústria baseada na
eletricidade as consequências para a civilização podem ser
catastróficas.