A nova variante do SARS-CoV-2 já chegou a vários países em
todo o mundo e está a fazer com que alguns recuem no alívio de
restrições. Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico, não põe de
lado a possibilidade de voltar a confinar, a Noruega vai impor novas
restrições para prevenir uma nova vaga e o Governo japonês prevê a
imposição do estado de emergência em Tóquio.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, avisou que poderão ser decretadas restrições mais rigorosas em Inglaterra para combater a rápida propagação do coronavírus, atribuída a uma nova variante.
Nas últimas 24 horas, mais de 55 mil pessoas testaram positivo para o vírus, ultrapassando a barreira das 50 mil pelo sexto dia consecutivo, de acordo com os dados oficiais divulgados este domingo.
“Podemos ter de fazer nas próximas semanas coisas que serão mais difíceis
em muitas partes do país”, disse Boris Johnson à BBC, acrescentandoque o
encerramento das escolas, uma medida tomada no final de março durante a
primeira vaga da pandemia, “é uma dessas coisas”.
Embora o líder conservador tenha dito que a educação das crianças é uma “prioridade”, salientou a necessidade de reconhecer “o impacto da nova variante do vírus“.
Cada uma das quatro nações – Inglaterra,
Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales – que integram o Reino Unido
decide a sua própria estratégia de luta contra o vírus.
No Reino Unido, três quartos da população
regressaram ao confinamento e o início do ano escolar foi adiado para
alguns alunos, especialmente em Londres e no sudeste de Inglaterra, que
são particularmente afetados pelo aumento dos casos.
Em áreas onde as escolas estão abertas, Johnson encorajou os pais a enviarem os filhos à escola, sublinhando que é “seguro”.
“O risco para as crianças e os jovens é muito, muito baixo”, disse.
O Sindicato Nacional da Educação, um agrupamento de professores, disse que as escolas deveriam permanecer fechadas por razões de segurança.
“As escolas desempenham um papel importante na
propagação da infeção”, disse Jerry Glazier, membro do comité executivo
nacional da NEU, citado pela agência francesa AFP.
“Por isso, pensamos que as escolas são perigosas,
tanto para as crianças como para o pessoal”, disse, acrescentando que
“muitos professores estavam muito ansiosos por regressar ao trabalho”.
No jornal Sunday Mirror, o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, criticou a ação do governo: “Há confusão entre pais, professores e alunos sobre quem voltará à escola e quem não voltará.”
A partir de segunda-feira, a vacina
desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo grupo AstraZeneca será
administrada no Reino Unido.
Um total de 530 mil doses estará disponível a partir desta segunda-feira,
e espera-se que dezenas de milhões de doses estejam disponíveis até ao
final de março, tendo o Reino Unido encomendado um total de 100 milhões
de doses.
Mais de um milhão de pessoas no Reino Unido já
receberam uma dose da vacina da aliança Pfizer/BioNtech, que tem vindo a
ser administrada desde 8 de dezembro. Para ambas as vacinas, é
necessária a toma de duas doses.
O governo decidiu alargar a administração da
segunda dose de 3 para 12 semanas para assegurar que o maior número
possível de pessoas receba a primeira dose, uma decisão que levantou
dúvidas da comunidade científica e da Pfizer/BioNtech.
“Cada vez que vacinamos alguém uma segunda
vez, não vacinamos outra pessoa pela primeira vez. Isto significa que
estamos a perder a oportunidade de reduzir significativamente o risco de
as pessoas mais vulneráveis ficarem gravemente doentes de covid-19”,
justificou Jonathan Van-Tam, vice-chefe médico de Inglaterra em
declarações a imprensa.
O Reino Unido é um dos países europeus mais atingidos pela covid-19, com 75.024 mortes.
Noruega com novas restrições
A Noruega vai impor novas restrições para prevenir uma nova vaga
da epidemia de covid-19, disse a primeira-ministra, Erna Solberg, este
domingo. Entre as medidas estão a proibição em todo o país de servir
álcool em restaurantes e o desincentivo a ter visitantes em casa nas
próximas duas semanas.
De acordo com o jornal Público,
o país do Norte da Europa viu os casos aumentarem no ultimo mês. O
indicador do número de pessoas que, em média, um infetado contagia, Rt, é
agora de 1,3.
“Estamos a ver sinais de uma nova onda de infeções”,
afirmou Solberg em conferência de imprensa, citando como razões o Natal
e as celebrações de Ano Novo, bem como o aparecimento da nova variante
mais contagiosa do vírus.
Durante as próximas duas semanas, pediu Solberg, os noruegueses devem pôr as suas vidas sociais em suspenso
para controlar o vírus. “Peço-vos que não recebam quaisquer visitas em
casa. Esperem duas semanas antes de convidar alguém para casa ou de
visitar alguém”, disse.
No sábado, o Governo norueguês anunciou que as aulas presenciais nas
universidades estavam suspensas e pediu aos alunos que ficassem em casa.
Lojas, jardins-de-infância e escolas primárias vão permanecer
abertos. O ensino básico e secundário vai continuar a funcionar, mas com
uma maior aposta nas aulas à distância.
Todas as viagens por motivos pessoais, para o
estrangeiro ou no país, são desaconselhadas. A Noruega já tinha algumas
das medidas mais duras da Europa para viajantes. Na quinta-feira, Oslo
impôs testes negativos à covid-19 para todos os estrangeiros, à chegada
ou no período de 24 horas, para impedir que a nova variante se espalhe.
Na semana de 21 a 27 de Dezembro, a Noruega tinha a quarta taxa de
incidência a 14 dias mais baixa da Europa, só atrás da Islândia, Grécia e
Finlândia: 113,6 infetados por 100 mil habitantes, segundo o Centro
Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.
Governo japonês prevê estado de emergência em Tóquio
O primeiro-ministro japonês anunciou esta segunda-feira que o Governo estava a planear um novo estado de emergência na região metropolitana de Tóquio devido ao aumento dos casos de covid-19, considerando a situação do país “muito grave”.
Yoshihide Suga disse também esperar que a campanha
de vacinação comece a partir do fim de fevereiro. Em conferência de
imprensa, o responsável acrescentou que será dos primeiros a receber a
vacina.
Suga pediu à população para evitar saídas dispensáveis
e declarou que o Governo japonês estava a preparar alterações à lei
para poder sancionar estabelecimentos que não reduzam horários ou
encerramento temporário, prometendo, ao mesmo tempo, incentivos.
Mais uma vez, o primeiro-ministro japonês reafirmou o compromisso de
organizar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, adiados para o verão deste
ano devido à pandemia, repetindo que a organização do evento será “uma prova de que a humanidade venceu o vírus”.
Após suceder em setembro a Shinzo Abe, que se demitiu por razões de
saúde, Yoshihide Suga tem sido alvo de fortes críticas relativas à
gestão da crise sanitária pelo Governo.
Com cerca de 240 mil infetados e menos de 3.600 mortos, de acordo com
os dados oficiais, o Japão tem sido relativamente poupado pela pandemia
quando comparado com vários países. Desde novembro, as autoridades
sanitárias nipónicas estão a registar um forte aumento dos contágios,
que ultrapassaram, na quinta-feira e pela primeira vez, a barreira dos
quatro mil novos casos em 24 horas.
No sábado, os governadores de Tóquio e de três regiões vizinhas pediram ao Governo para declarar um novo estado de emergência, tal como em abril e maio passados, progressivamente alargado a todo o país.
Até aqui, o Governo de Suga mostrou-se hesitante em decretar um novo
estado de emergência, depois de três trimestres de recessão económica.
No entanto, o primeiro-ministro nipónico admitiu agora que “uma mensagem
mais forte era necessária”.
“O Governo planeia decretar o estado de emergência” com medidas que permitam, nomeadamente, reduzir as infeções em bares e restaurantes”, declarou.
O estado de emergência permite aos governadores locais pedir às
empresas que fechem e aos habitantes que fiquem em casa, sem impor
medidas ou qualquer sanção em caso de incumprimento.
Sobre as vacinas, Suga declarou que o Governo esperava dados precisos
das empresas farmacêuticas norte-americanas até final do mês, e a
campanha poderia começar a partir do final de fevereiro.
As vacinas serão prioritárias para “o pessoal de
saúde, idosos e funcionários de lares”, indicou o primeiro-ministro,
acrescentando que será um dos primeiros a ser vacinado.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.835.824 mortos
resultantes de mais de 84,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo,
segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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