O Oceano Pacífico é o maior e mais profundo da Terra,
cobrindo um terço do planeta. Um oceano tão vasto pode parecer
invencível, mas apesar do seu tamanho, o seu delicado equilíbrio
ecológico está em perigo.
À medida que expelimos dióxido de carbono na atmosfera, o Pacífico, tal como o resto dos oceanos, está a aumentar os seus níveis de acidez, e isso pode ser muito prejudicial tanto para os ecossistemas que nele habitam como para os seres humanos.
Os oceanos produzem a maior parte do oxigénio que respiramos, pois
regulam o clima, fornecem-nos alimentos, são locais de diversão e
recreação, mas também de bem-estar. Contudo, se não cuidarmos dele o
resultado pode ser catastrófico, e o Pacífico já está a dar sinais.
O problema do plástico do oceano
Há evidências científicas do problema da presença do plástico no Oceano Pacífico
desde a década de 1960. Apenas 20 rios são responsáveis pelo
transporte de dois terços do plástico dos oceanos do mundo e, desses 20,
10 desaguam no Pacífico Norte.
Os resíduos de plástico dos oceanos representam um perigo para a vida marinha, pois os animais podem ficar presos em detritos, como redes de pesca descartadas, causando ferimentos ou até mesmo afogamento.
Estes plásticos podem entupir a boca dos animais ou acumular-se nos seus estômagos. Quando isso acontece, os animais normalmente morrem de forma lenta e dolorosa.
Ainda assim, e em outros casos, o lixo de plástico pode acabar em
diferentes locais do oceano. Uma parte afunda, outra acaba nas praias, e
uma outra flutua na superfície carregada por correntes, ventos e ondas.
Cerca de 1% do lixo plástico acumula-se em cinco “ilhas de lixo” localizadas em mar aberto nas regiões subtropicais. Estes locais foram formados como consequência da circulação oceânica.
Existem duas ilhas de lixo subtropicais no Pacífico:
uma no hemisfério norte e outra no hemisfério sul. O acúmulo de lixo no
Pacífico Norte é dividido numa grande ilha oriental localizada entre a
Califórnia e o Havaí, e uma ilha ocidental localizada a leste do Japão.
A ilha oriental foi descoberta no início do ano 2000 e é conhecida
como A Grande Ilha do Lixo do Pacífico por representar a maior
concentração de plásticos ambos por extensão (cerca de 1,6 milhão de
quilómetros quadrados) conforme a quantidade de resíduos. A ilha de lixo
do Pacífico Sul está localizada na costa de Valparaíso (Chile) e
estende-se a oeste.
Com o tempo, os plásticos maiores tornam-se em microplásticos. Em
altas concentrações, estes plásticos fazem com que a água adquira uma
cor “turva”.
Parar melhorar esta situação, implicaria desenvolver planos de
recolha e reciclagem de plásticos, ou até mesmo ceder a uma interrupção
da produção.
Atividade piscatória à beira do colapso
Por ser o maior e mais profundo oceano do planeta, o Pacífico possui uma das maiores atividades piscatórias do mundo.
Durante milhares de anos, a população usou esta região como zona de
pesca para satisfazer as suas necessidades de alimentação e sustento.
Contudo, em todo o mundo, e não apenas no Pacífico, a pesca está a
reduzir as populações de peixes a um ritmo mais acelerado do que demoram
para se recuperar. Esta sobre exploração da pesca é considerada uma das
maiores ameaças que os oceanos do mundo enfrentam.
Os humanos extraem cerca de 80 milhões de toneladas de vida selvagem dos oceanos a cada ano. Mas a redução das populações de peixes
não é um problema apenas para os humanos, uma vez que os peixes
desempenham um papel central nos ecossistemas marinhos e são um elo
fundamental nas cadeias alimentares dos oceanos.
A sobre exploração da pesca ocorre quando os humanos extraem recursos
acima do nível máximo, conhecido como “rendimento máximo sustentável”. A
pesca acima desse nível causa o declínio afeta as cadeias alimentares,
degrada os habitats e leva à escassez de alimentos para os humanos.
Existem muitas razões pelas quais ocorre a sobre exploração e pela
qual esta permanece descontrolada. Os dados objetivos apontam que
a pobreza dos pescadores nos países em desenvolvimento, a má gestão da pesca e comunidades piscatórias, a baixa conformidade com as restrições de pesca devido a autoridades locais fracas, são algumas das grandes razões.
Para evitar a sobre exploração, os governos devem combater o problema
da pobreza e o acesso à educação nas comunidades piscatórias pobres,
diz o The Conversation.
A luta contra a sobre exploração no Pacífico também
deverá exigir a cooperação entre os países para controlar a atividade
piscatória e garantir o cumprimento das restrições.
O colapso de áreas de pesca em todo o mundo apenas demonstra até que
ponto a vida marinha é vulnerável. Milhões de pessoas dependem da
produção de peixes para obter o seu sustento, mas se as coisas
continuarem assim, não haverão apenas danos apenas nos aos oceanos, mas
também a nós próprios.
Uma reação química
O aumento da acidez do oceano significa um diminuição do pH da água do mar e isto é causado pela absorção de dióxido de carbono da atmosfera. Este é mais um problema para os oceanos.
Os oceanos absorvem até 30% do CO₂ da atmosfera, o que desencadeia uma reação química que faz com que as concentrações de iões de carbono caiam e os iões de hidrogénio aumentem. Essa mudança faz com que a acidez das águas do oceano aumente.
Os iões de carbono são os blocos de construção das estruturas dos
corais e dos organismos criadores de conchas. Perante esta situação,
moluscos demonstraram ter mais dificuldades em criar e restaurar as suas
conchas.
O aumento da acidez do oceano também é um problema para os peixes,
uma vez que são muitos os estudos que indica que níveis elevados de
dióxido de carbono podem alterar o seu olfato, visão e audição.
Dos sete oceanos do mundo, os oceanos Pacífico e Índico apresentam o
maior aumento nos níveis de acidez desde 1991, o que significa a sua
vida marinha é provavelmente também a mais vulnerável.
No entanto, o aumento da acidez dos oceanos não afeta todas as
espécies marinhas de igual forma. Além disso, esses efeitos não são os
mesmos ao longo da vida de cada organismo.
Ainda não é tão tarde
O aumento da acidez dos oceanos não é apenas uma ameaça para os
corais. Devido às mudanças climáticas, a taxa de aquecimento dos oceanos
duplicou desde a década de 1990. A Grande Barreira de Corais, por
exemplo, viu um aumento de temperatura de 0,8 graus desde a Revolução
Industrial.
Neste sentido, a redução das emissões de gases de efeito estufa deve tornar-se numa preocupação global. Se o mundo atingir as metas do Acordo de Paris
e impedir que as temperaturas globais aumentem acima de um grau e meio,
o Pacífico pode conseguir sofrer quedas menos drásticas no pH oceânico.
No entanto, é necessário reduzir as emissões para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus.
As decisões que tomamos hoje irão afetar a vida dos oceanos amanhã.
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