O
porta-voz do Pentágono, equivalente ao Ministério da Defesa nos países
europeus, acusou esta sexta-feira o Presidente da Rússia de “depravação”
e “brutalidade” pela maneira como as tropas russas estão a comportar-se
na Ucrânia.
Questionado durante uma conferência de imprensa
sobre o comportamento do líder russo, John Kirby afirmou que “é difícil
olhar para algumas das imagens e imaginar um líder sério a fazer isso”,
referindo-se às atrocidades de que as tropas russas têm sido acusadas de
cometer na invasão à Ucrânia.
“É difícil olhar para o que ele
está a fazer, para o que as suas tropas estão a fazer, e pensar que
qualquer indivíduo ético, moral, pode justificar isso; é difícil olhar
para as imagens… e imaginar que qualquer líder pensante, sério, maturo,
faria isso”, acrescentou o porta-voz do Pentágono.
Kirby teve de
interromper a frase para segurar as lágrimas. “Não posso falar sobre o
seu estado psicológico, mas penso que todos percebemos a sua
depravação“.
Kirby chamou “lixo” aos argumentos “bizarros” do
líder do Kremlin, segundo os quais a guerra está a ser travada para
proteger a minoria russa na Ucrânia do nazismo ucraniano.
O
porta-voz do Kremlin argumentou que é “difícil conciliar essa retórica
com o que ele está a fazer na Ucrânia a pessoas inocentes alvejadas na
nuca, com as mãos atadas atrás das costas, a mulheres, mulheres grávidas
mortas, hospitais bombardeados”.
“É simplesmente inconcebível”,
concluiu Kirby, que se tornou uma das principais figuras do Governo dos
EUA desde que a invasão começou, e que faz parte de uma lista de
personalidades dos EUA sancionadas por Moscovo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, pediu à NATO e aos Estados Unidos que parem de entregar armas à Ucrânia, se “estiverem realmente interessados em resolver a crise ucraniana”.
Numa entrevista publicada hoje pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, Lavrov lembrou que “um fluxo contínuo de armas de todos os tipos tem entrado na Ucrânia através da Polónia e de outros países da NATO”.
“Se os Estados Unidos e a NATO estiverem realmente interessados em resolver a crise ucraniana, então, acima de tudo, devem acordar e parar de entregar armas e munições ao regime de Kiev”, acrescentou o chefe da diplomacia russa.
Na terça-feira, líderes militares de cerca de 40 países reuniram-se em Ramstein, na Alemanha, tendo decidido passar a encontrar-se mensalmente para discutir o fortalecimento das capacidades militares da Ucrânia contra a Rússia.
Na entrevista à Xinhua, Lavrov assegurou que “a invasão que começou em 24 de fevereiro está a seguir de acordo com o planeado”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov
“Todos os objetivos da operação militar especial serão alcançados, apesar da obstrução dos nossos adversários”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reconheceu, na noite de sexta-feira, que a situação na região nordeste do país, onde as forças russas concentram a sua ofensiva, é “difícil”. “Mas os nossos militares estão a obter sucessos táticos”, acrescentou.
O Ministério da Defesa ucraniano deu como exemplo Rouska Lozova, uma localidade situada a norte de Kharkiv, que as forças russas estavam a usar para atacar a segunda maior cidade da Ucrânia.
Rouska Lozova foi recuperada pelos ucranianos após intensos combates e mais de 600 moradores foram retirados, avançou o ministério.
A 22 de abril, a União Europeia e os Estados Unidos manifestaram “preocupação com a repetida manipulação de informação por parte da China, inclusive através da difusão da desinformação de Moscovo”, sobre a guerra na Ucrânia.
Pequim tem-se recusado a condenar a invasão da Ucrânia e defende a sua amizade com Moscovo.
https://zap.aeiou.pt/depravacao-brutalidade-e-estado-psicologico-de-putin-476314
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