Um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais
denunciou que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos em todo o
mundo terão sido espiados graças a um software desenvolvido pela empresa
israelita NSO Group.
A empresa, fundada em 2011 a norte de Telavive, comercializa o spyware Pegasus, que, inserido num smartphone, permite aceder a mensagens, fotografias, contactos e até ouvir as chamadas do proprietário.
A NSO tem sido regularmente acusada de vender a regimes autoritários, mas sempre defendeu que o spyware comercializado só era utilizado para obter informações sobre redes criminosas ou terroristas.
A investigação publicada por um consórcio de 17 órgãos de comunicação
internacionais, este domingo, nos quais se incluem o jornal francês Le Monde, o britânico The Guardian e o norte-americano Washington Post, baseia-se numa lista obtida pelas organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que incluem 50 mil números de telefone selecionados pelos clientes da NSO, desde 2016, para potencial vigilância.
A lista inclui os números de telefone de pelo menos 180 jornalistas,
600 políticos, 85 ativistas de direitos humanos e 65 líderes
empresariais, de acordo com a análise realizada pelo consórcio, que
localizou muitos em Marrocos, Arábia Saudita e México.
O documento inclui também o número do jornalista mexicano Cecilio Pineda Birto, morto a tiro algumas semanas depois de o seu nome ter surgido na lista.
Correspondentes estrangeiros de vários órgãos de comunicação social, incluindo o Wall Street Journal, CNN, France 24, Mediapart, El Pais e a agência France-Presse, também fazem parte desta lista.
Outros nomes no documento, que inclui um chefe de Estado e dois
chefes de Governo europeus, deverão ser divulgados nos próximos dias.
Os jornalistas associados à investigação, batizada “Projeto Pegasus”,
encontraram-se com algumas das pessoas na lista e tiveram acesso a 67
telefones, que foram submetidos a um exame técnico num laboratório da
Amnistia Internacional.
A ONG confirmou a infeção ou tentativa de infeção pelo spyware do grupo NSO em 37 dispositivos, incluindo 10 na Índia, de acordo com o relatório publicado este domingo.
Dois dos telefones pertenciam a mulheres próximas do saudita Jamal Khashoggi,
jornalista assassinado em 2018 no consulado do seu país, em Istambul,
na Turquia, por agentes da Arábia Saudita, segundo o consórcio.
No caso dos restantes 30 aparelhos analisados, os resultados foram
inconclusivos, em alguns casos porque os alvos mudaram de telefone.
“Há uma forte correlação temporal entre quando os números apareceram na lista e quando foram colocados sob vigilância”, escreveu o Washington Post.
As revelações vêm juntar-se a um estudo divulgado, em dezembro de
2020, pelo Citizen Lab, um centro de pesquisa especializado em questões
de ataques informáticos da Universidade de Toronto, no Canadá, que
confirmou a presença do software Pegasus nos telefones de dezenas de
empregados do canal Al-Jazeera, no Qatar.
A WhatsApp também reconheceu, em 2019, que alguns dos seus utilizadores na Índia tinham sido espiados pelo software.
O grupo NSO negou “fortemente” as acusações feitas
na investigação, acusando-a de estar “cheia de falsas suposições e
teorias não substanciadas”, escreveu a empresa no seu portal.
Em declarações ao jornal Público, um porta-voz da empresa israelita também negou estas acusações e informou que está a considerar uma ação judicial por difamação.
A NSO não é a única empresa israelita suspeita de fornecer spyware a Governos estrangeiros acusados de violar os direitos humanos, com o aval do Ministério da Defesa de Israel.
O software “DevilsTongue”, da Saito Tech Ltd, mais conhecido como
Candiru, foi utilizado contra cerca de 100 políticos, dissidentes,
jornalistas e ativistas, denunciaram na quinta-feira peritos da
Microsoft e do Citizen Lab.
Empresas israelitas como a NICE Systems e a Verint forneceram
tecnologia à polícia secreta no Uzbequistão e no Cazaquistão, bem como
às forças de segurança na Colômbia, acusou a ONG Privacy International,
em 2016.
Um homem de 45 anos apelidado de “Estripador de Hollywood”
foi condenado à morte na sexta-feira pelos assassinatos de duas mulheres
no início dos anos 2000.
Esfaqueadas várias vezes, as vítimas sofreram mutilações no peito e uma delas foi encontrada quase decapitada.
Michael Gargiulo, conhecido como “Estripador de
Hollywood”, vai, contudo, escapar do corredor da morte por enquanto, já
que a Califórnia estabeleceu uma moratória às execuções em 2019. Nenhum
detido foi executado naquele estado desde 2006.
O ator Ashton Kutcher conhecia a primeira vítima, a
estudante de design de moda Ashley Ellerin, de 22 anos, com quem tinha
marcado um encontro na noite da sua morte, no final de 2001.
Kutcher disse ao tribunal que estava atrasado para o encontro e
ninguém lhe abriu a porta. Depois olhou pela janela e viu o que julgou
ser vinho tinto derramado no chão e deixou o local, pensando que a jovem
tinha ido embora sem o esperar. Ellerin foi depois encontrada morta em
casa, tendo sofrido 47 facadas.
A segunda vítima, Maria Bruno, de 32 anos, vizinha de Gargiulo, foi esfaqueada 17 vezes durante o sono em dezembro de 2005.
O promotor Dan Akemon garantiu que Gargiulo atacou
mulheres que moravam perto dele e esperou pacientemente o momento para
atacar. Foram “assassinatos cuidadosamente planeados”, afirmou.
Diante do tribunal, Gargiulo declarou-se novamente inocente na
sexta-feira. O homem foi preso em 2008 em Santa Monica, perto de Los
Angeles, após se cortar acidentalmente durante o ataque a uma terceira
vítima, que sobreviveu.
Gargiulo também está a ser julgado em Illinois pelo assassinato de uma mulher em 1993.
Com acesso a um smartphone usado por três homens britânicos,
que se associaram ao Estado Islâmico (EI), e foram para a guerra na
Síria, um jornalista da BBC investigou as razões que os levaram a
ingressar por este caminho.
Estima-se que 900 pessoas já deixaram o Reino Unido para aderir à organização extremista ou a outros grupos semelhantes.
O grupo que se auto-denomina Estado Islâmico foi responsável por
cerca de 14 mil mortes. Até hoje, muitos britânicos que foram lutar pelo
EI permanecem desaparecidos.
No rescaldo da guerra na Síria, onde o grupo tem forte atuação, um sírio que trabalhou para o jornal britânico Sunday Times conseguiu um disco rígido que continha arquivos de um smartphone.
As fotos, vídeos e capturas de ecrã retratam a vida de homens
britânicos que deixaram as suas casas e cruzaram continentes para
combater ao lado dos insurgentes.
Um desses casos é o de Choukri Ellekhlifi. O jovem
cresceu em Londres e esteve envolvido em crimes violentos antes de
ingressar no EI. Aos 22 anos, a sua vida acabou na Síria.
Um vídeo ao qual o jornalista da BBC teve acesso mostra Choukri no
norte da Síria: um jovem cheio de exuberância, que se diverte dar uma
cambalhota na piscina.
O registo podia representar um momento das férias de qualquer jovem
pelo mundo fora, mas, neste caso, Choukri fazia algo de muito diferente:
posava com uma arma.
Mais tarde, Choukri foi filmado a fazer uma paródia de comentários
sobre a natureza no estilo do naturalista britânico David Attenborough
(famoso por emprestar a voz a programas sobre história natural).
Em outra situação, mostra o jovem a participar num treino com armas.
Segundo a BBC, os vídeos online do EI costumavam ser semelhantes a filmes. Fazem até referência à cultura popular, incluindo a videojogos violentos que são famosos, de acordo com o acadêmico Javier Lesaca, que estudou mais de 1,5 mil vídeos de propaganda do grupo.
Mas esse conteúdo oferece uma visão diferente da vida no chamado califado.
Por sua vez, também Mehdi Hassan, outro jovem britânico, aparece em vídeos do Estado Islâmico.
Ao contrário de Choukri, este jovem não estava envolvido em crimes antes de entrar para o EI.
Mehdi trocou a sua vida em Portsmouth, no sul da Inglaterra, por uma
morte prematura na Síria. A sua mãe explicou que Mehdi fazia parte de
uma “família trabalhadora e de classe média” e disse que o viu mudar
repentinamente no ano em que recebeu os resultados das provas do Ensino
Médio.
Mehdi havia estudado numa escola particular católica e tirado boas
notas, mas queria ser o melhor da turma. Segundo a sua mãe, foi no ano
em que o jovem estudou mais para aperfeiçoar as suas notas, que a sua visão do mundo mudou.
A mudança de perspetiva está documentada nas redes sociais de Mehdi.
No início, o seu perfil online não chamava a atenção, porém, ao longo de
poucas semanas começou a partilhar mais sobre as aulas do Alcorão (livro sagrado do Islamismo) e sobre a sua visão da política internacional.
Poucos meses depois, Mehdi foi capturado por câmaras de segurança no aeroporto a caminho da Síria.
A partir daí, continuou a partilhas imagens e vídeos nas redes
sociais, conduzindo sessões de perguntas e respostas para todos os
interessados em seguir o seu caminho. O recrutado se tornou, então,
recrutador.
Nafees Hamid, um neurocientista que estudou os
cérebros de extremistas violentos, acredita que ter crenças desafiadas
por colegas é a chave para a desradicalização.
Ao longo do tempo em que esteve na Síria, Mehdi manteve o contacto
com familiares e amigos em Portsmouth. No entanto, o jovem britânico
nunca voltou para casa. Morreu na Síria, perto da fronteira com a
Turquia, sendo que a sua localização final sugere que poderia estar a
preparar-se para deixar o EI para trás.
Acredita-se que todos os homens que aparecem nos vídeos já estão mortos. Muitos outros continuam desaparecidos.
Um novo estudo, desenvolvido por uma diretora da empresa de
contabilidade KPMG sobre um modelo criado em 1972 por investigadores do
MIT, revela que a previsão de então sobre o colapso da sociedade no
século 21 mantém-se atual.
O modelo, denominado World3, foi criado a partir de dados empíricos e publicado no livro ‘Limits to Growth’, revelou a Vice. O modelo visava responder à pergunta sobre o que aconteceria se a humanidade continuasse em busca do crescimento económico, sem se importar com o custo social e ambiental.
Na altura, os investigadores concluíram que, sem mudanças drásticas, a sociedade industrial estava a caminhar para o colapso.
“Dada a perspetiva desagradável de colapso, estava curiosa para ver
quais cenários estavam mais alinhados com os dados empíricos atuais”,
disse Gaya Herrington, diretora de Consultoria, Auditoria Interna e
Risco da KPMG, que escreveu o novo artigo.
“O livro que apresentava esse modelo mundial foi um ‘best-seller’ nos
anos 70 e teríamos agora várias décadas de dados empíricos para fazer
uma comparação significativa. Mas, para minha surpresa, não consegui
encontrar tentativas recentes nesse sentido. Então decidi fazer isso
sozinha”, contou.
Este novo estudo, publicado no Yale Journal of Industrial Ecology, concluiu que o modelo de 1972 está alinhado com os dados recentes.
Sem mudanças, a civilização global está a caminhar para um declínio
económico na próxima década, o que pode levar ao colapso da sociedade
por volta de 2040.
Gaya Herrington analisou dados relativos à população, taxas de
fertilidade e de mortalidade, produção industrial, produção de
alimentos, serviços, recursos não renováveis, poluição persistente,
bem-estar humano e pegada ecológica.
“Buscar um crescimento [económico] contínuo não é possível. Mesmo
quando combinado com desenvolvimento e adoção de tecnologia sem
precedentes, negócios” como os atuais “levariam inevitavelmente a
declínios no capital industrial, na produção agrícola e nos níveis de
bem-estar neste século”, explicou a autora.
Contudo, embora a janela para efetuar as alterações necessárias para evitar o pior cenário seja pequena, “uma mudança deliberada de trajetória provocada pela sociedade, voltada para outro objetivo que não o crescimento, ainda é possível”, apontou o artigo.
O estudo de Gaya Herrington não é conduzido pela KPMG, embora a
empresa o tenha publicado na sua página oficial. A diretora realizou a
pesquisa como parte da sua tese de mestrado na Universidade de Harvard.
Os números relativos a 2020 mostram um decréscimo de vacinas
administradas sobretudo no Sudoeste Asiático e no Mediterrâneo Oriental.
Para a Organização Mundial de Saúde, a atual crise sanitária está a
expor crianças a “doenças terríveis” que podem ser facilmente
prevenidas, tais como o sarampo, a poliomielite ou a meningite.
Caso ainda existissem dúvidas de que a pandemia da covid-19 atingiu com especial força os países mais desfavorecidos, agravando, assim, as desigualdades
existentes, a Organização Mundial de Saúde e a UNICEF acabam de as
dissipar com um novo relatório relativo à vacinação infantil em 2020.
Segundo o documento, no ano em que a pandemia transformou o mundo como o conhecíamos, cerca de 23 milhões de crianças ficaram por vacinar. Trata-se de um aumento de 3,7 milhões face ao ano de 2019 e a maior quebra nos programas de vacinação mundiais desde 1970.
Os dois organismos estimam que das 23 milhões de crianças, 17 milhões viram-se impedidas de tomar qualquer vacina
durante 2020. Face ao ano anterior, mais de 3,5 milhões de crianças
falharam a primeira dose da vacina tripa que protege contra a difteria, o
tétano e a tosse convulsa (DTP-1), enquanto mais três milhões falharam a
primeira dose da vacina contra o sarampo.
De acordo com o relatório, as crianças mais atingidas vivem em zonas de conflito, em zonas periféricas com poucos serviços essenciais, ou em habitações informais ou bairros de lata.
O flagelo tem maiores dimensões na região do Sudoeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental.
Em termos de países, a índia, o Paquistão e a Indonésia destacam-se
pela negativa, já que são as nações onde mais aumentou o número de
crianças que ainda não recebeu a primeira dose da vacina DTP-1. O
situação é especialmente grave na índia, onde esse número mais do que
duplicou, passando para mais de três milhões de crianças em 2020.
No continente africano, Moçambique é quem mais
que sobressai, já que em 2020 cerca de 186 mil crianças não foram
vacinadas com a primeira dose da DTP-1 – em 2019 foram 97 mil. Um lugar
abaixo na tabela (em quinto da classificação mundial) está Angola que
passou de 399 mil crianças sem vacinação contra a DTP-1 em 2019 para 482
em 2020.
Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, “numa altura em que os países reclamam vacinas contra acovid-19, temos recuado noutras imunizações,
deixado as crianças expostas ao risco de doenças terríveis mas que
podem ser prevenidas, como o sarampo, a poliomielite ou a meningite.”
“Os surtos de doenças múltiplas podem ser catastróficos
para as comunidades e sistemas de saúde que já lutam contra a covid-19,
tornando mais urgente que nunca investir na vacinação infantil e
assegurar que todas as crianças sejam alcançadas”, disse, citado pelo Público.
Num balanço provisório, é já possível afirmar que os países de rendimento médio vivem atualmente com uma tendência de crescimento
no que respeita a crianças não imunizadas. A índia, por exemplo,
debate-se com uma queda de 91% para 85% no que concerne à cobertura da
vacina contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa.
No continente americano, a cobertura também
decresceu de 91% para 82% - com números de 2016, apesar da principal
justificação para os números, neste contexto geográfico, ser a desinformação, a instabilidade politica e as insuficiências da financiamento, avançam a Organização Mundial de Saúde e a UNICEF.
Os conflitos causados pelo acesso à água existem um pouco por
todo o planeta e, com as alterações climáticas, a tendência vai
crescer.
É um recursos naturais mais importantes e alimenta a vida na Terra e,
devido às alterações climáticas, cada vez mais raro. Há muito que água é
um dos motivos para guerras e essa tendência parece ter tudo para
crescer, já que, de acordo com previsões da Organização das Nações
Unidas, 5 mil milhões de pessoas podem sofrer com a escassez de água em 2050, escreve o The Guardian.
A dependência do rio Nilo em África
Já se muito se falou da importância do rio Nilo para a civilização
egípcia, não só pela escassez de água na região, mas também pela terra
fértil que cresce nas margens do rio. A verdade é que essa dependência do rio continua até aos dias de hoje e pode dar origem a um conflito com consequências globais.
A Iniciativa da Bacia do Nilo nasceu em 1999 precisamente para incentivar a cooperação
entre dez países que são banhados pelo rio, sendo estes o Egipto, o
Sudão, a Etiópia, o Quénia, o Uganda, o Burundi, a Tanzânia, o Ruanda e a
República Democrática do Congo e também a Eritreia, que tem o estatuto
de país observador.
Apesar de inicialmente ter tido sucessos no incentivo à gestão colectiva do Nilo, desde 2007 que os interesses divergentes entre os países que ficam a jusante, como o Egipto e o Sudão, e a montante do rio, como é o caso da Etiópia.
Já há anos que a Etiópia tinha a intenção de construir uma enorme barragem
no Nilo Azul, um dos maiores afluentes do Nilo. Conhecida como Grande
Barragem do Renascimento Etíope, começou a ser construída em 2011 e tem
uma capacidade superior a 74 mil milhões de metros cúbicos. A barragem tem um custo estimado de mais de 3.8 mil milhões de euros e é a maior obra de sempre do país.
O impacto económico da barragem não pode ser subestimado, visto que cerca de dois terços da população etíope não tem electricidade, problema que a barragem ajudaria a resolver. A obra também daria a oportunidade ao país de exportar energia.
Mas este impulso positivo para a economia etíope seria uma catástrofe
para o Egipto. Visto que o Nilo é o único grande rio que corre de Sul
para Norte, o Egipto é bastante afectado por qualquer interrupção no
curso de água, assim como o Sudão, que fica localizado entre o Egipto e a
Etiópia. 85% da água do rio Nilo passa pelas terras no norte da Etiópia, onde a barragem está a ser construída.
O Egipto depende do Nilo para 90% da sua água. Dois acordos assinados
em 1929 e em 1959 deram ao Egipto e ao Sudão o controlo de
practicamente toda a água do rio e o poder de veto sobre obras de países
a montante do rio que afectassem o curso de água. Os outros países não
foram tidos em conta nestes dois acordos ainda da era colonial, por isso
a Etiópia entendeu não ter de os seguir e iniciou a construção sem consultar o Egipto.
De acordo com as previsões da Aljazeera,
se a Etiópia concordar em encher totalmente a barragem ao longo dos
próximos 10 anos, isso destruiria 18% dos terrenos para agricultura no
Egipto. Caso a barragem fique com a capacidade máxima ao fim de cinco
anos, metade dos terrenos agrícolas egípcios seriam destruídos.
A instabilidade política no
Egipto durante a Primavera Árabe acabou por adiar o conflito, já que o
país tinha outros problemas internos mais urgentes. Mas a questão voltou
a ser discutida depois da Etiópia ter revelado querer encher a barragem
nos próximos seis anos.
“Temos um plano para começar a encher na próxima estação chuvosa, e começaremos a gerar electricidade com duas turbinas em Dezembro de 2020″, afirmou Seleshi Bekele, Ministro da Água etíope, em Setembro do ano passado.
As conversações entre os três países ao longo de quatro anos não têm sido produtivas
e os Estados Unidos estão agora a tentar mediar o conflito. A Etiópia
revelou que os egípcios propuseram ligar a nova barragem à já existente
barragem de Aswan, no Egipto.
Mas Seleshi Bekele acusou o Egipto de não estar a negociar em boa fé e revelou à BBC que ligar as duas barragens será “difícil”. “Tinham recuado um pouco nesse assunto, mas hoje trouxeram a ideia de volta até certo ponto”, disse.
Com o aumento das tensões entre os dois países, será possível um conflito armado no futuro? A resposta é sim. Em 2013, gravações secretas a políticos egípcios revelaram as intenções de sabotar ou bombardear a barragem, pode ler-se no LA Times,
e o actual presidente, Abdel Fattah Al-Sisi, disse que vai fazer de
tudo para proteger os direitos do país sobre as águas do Nilo.
Em Outubro do ano passado, o
primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, respondeu que “nenhuma força”
vai impedir o país de construir a barragem. O envolvimento dos EUA na
mediação é também um sinal de que a tensão está aumentar.
Uma potencial guerra
poderia trazer efeitos devastadores na região, dada a dependência do rio
Nilo, e também a nível internacional, visto que ambos os países são
aliados dos Estados Unidos. Um conflito armado poderia também impactar
toda a economia global ao “ameaçar a rota comercial vital do canal do Suez ao longo do corno de África”, escreve o Washington Institute.
Um problema global
Mas o problema no Nilo está longe de ser o único. Em Junho, nos EUA,
surgiram conflitos depois das autoridades federais cortarem o
fornecimento de água do rio Klamath a agricultores, devido à morte em massa de salmões causada pela seca, lê-se na Bloomberg.
Outros grupos interessados que precisam do Klamath, como tribos
indígenas, gestores de serviços públicos no sul do Oregon e no norte da
Califórnia, campos de golfe, barragens, etc, estão também a reclamar
direitos ao rio. Esta disputa é um sinal dos conflitos que se avizinham
na costa Oeste americana.
A Índia e o Paquistão vivem também uma situação tensa. Depois de um
ataque paquistanês devido à disputa sobre o território da Caxemira em
2019, a Índia retaliou ao ameaçar desviar as correntes dos rios Indo, Chenab e Jhelum.
Este possível desvio seria uma violação de um tratado de 1960,
mediado pelo Banco Mundial, que dividiu os recursos hídricos pelos dois
países, ficando o Paquistão com o controlo maioritário de três rios
ocidentais, enquanto que a Índia gere três rios de leste. Os indianos
pretendiam cortar o fornecimento dá água que não usavam, cerca de 7%,
que corre livremente para o Paquistão.
“Quando entramos no tratado com o Paquistão, decidimos que a harmonia e a fraternidade prevaleceriam. Se o Paquistão matar o nosso povo
e promover o terrorismo, então como é que a harmonia será mantida?”,
perguntou Nitin Gadkari, Ministro de Recursos Hídricos da Índia numa
entrevista em 2019.
O então Ministro dos Recursos Hídricos paquistanês respondeu que rasgar o acordo poderia levar ao início de uma guerra.
“Está na hora de perceberem as consequências de uma guerra. O exército
do Paquistão não é uma força fictícia, é ousado, corajoso e bem
treinado, e é capaz de destruir as gerações do Modi,
mas nós não queremos isso, por isso aprendam que o vosso belicismo não
vos trará nenhum bem, querida Índia”, respondeu Vawda no Twitter.
A falta de água potável no subcontinente indiano pode mesmo ser a primeira causa de uma guerra nuclear na Terra. De acordo com um estudo da Universidade das Nações Unidas, “a bacia fluvial do Indo é uma bomba-relógio“.
Parte do problema é político, devido às dificuldades que a região já
tem com o abastecimento de água, e qualquer disrupção vai afectar a
população e criar instabilidade interna. A outra grande causa é já
global, as alterações climáticas. O estudo concluiu que os rios no sul da Ásia vão ser mais afectados pela mudança do clima e a escassez de água vai ser ainda mais agravada.
De acordo com o jornal indiano Mint, a Índia está mesmo a planear reter as águas em excesso
que correm para o Paquistão. Esta decisão surge quando a Índia está a
tentar desviar as águas do Ujh, um dos principais afluentes do Ravi que
corre pelo Paquistão.
“Temos potencial de explorar os rios que correm do nosso território e
que vão para o Paquistão, mesmo com o Tratado do Indo. Primeiro, temos o
direito de parar a água precisa para regar 100 mil hectares de
território. Estamos à procura de potencial, exercê-lo e planeá-lo”,
afirmou Gajendra Singh Shekhamat, Ministro do Jal Shakti, um ministério
nascido em 2019 com a fusão dos antigos ministérios dos Recuros Hídricos
e da Água Potável e Saneamento.
Shekhamat reforça que as águas do Ravi, Beas e Sutlej são indianas.
“A água destes três rios e dos seus afluentes é nossa por direito. Se
nós construirmos projectos de rega nessas águas e usar-mos o seu
potencial, o Paquistão não pode reclamar, o que eles tentam fazer, mas isso é ilegal”, remata.
A região de Caxemira é reivindicada tanto pela Índia como pelo
Paquistão desde o fim da colonização britânica, em 1947. Um possível
conflito nuclear entre os dois países teria consequências catastróficas
para todo o planeta. De acordo com um estudo de 2016 citado pelo Hindustan Times, 21 milhões de pessoas morreriam numa semana e metade da camada do ozono na Terra seria destruída.
As alterações climáticas prometem tornar a água um recurso ainda mais
valioso e escasso, o que vai desafiar ainda maior aos governos a
aprender a gerir a sua distribuição de forma diplomática para se
evitarem conflitos com consequências globais.
As chuvas intensas registadas nas últimas horas em vários
países da Europa ocidental e central provocaram cheias e a subida dos
caudais de rios, relataram hoje as agências internacionais, indicando
ainda que um homem está desaparecido na Alemanha.
A agência noticiosa alemã DPA relatou que, na noite de terça-feira
para quarta-feira, um homem desapareceu quando tentava proteger a sua
propriedade em Joehstadt, no estado alemão da Saxónia, da subida repentina das águas e que terá sido arrastado por uma forte corrente.
Os bombeiros locais retomaram hoje de manhã os trabalhos de busca.
Ainda em território alemão, no condado de Hof, perto da fronteira oriental com a República Checa, foi emitido um alerta de desastre devido à forte precipitação, que provocou a queda de árvores e deixou várias zonas sem eletricidade.
O serviço meteorológico alemão (DWD) informou que nesta região choveu
80 litros por metro quadrado durante um período de 12 horas.
Em Hagen, no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, os
bombeiros tiveram de resgatar vários automobilistas, cujos veículos
ficaram presos numa passagem subterrânea inundada.
Os “vizinhos” Países Baixos e Bélgica também foram atingidos por condições meteorológicas adversas e por inundações, segundo a agência Associated Press (AP).
Por exemplo, as autoridades da província holandesa de Limburg (sul)
estão a alertar para a subida dos caudais de vários riachos e para a
possível formação de uma forte corrente de água, pedindo à população
local para se afastar destas áreas.
Os proprietários de embarcações foram aconselhados a evitar o rio
Maas (que passa pelos territórios holandês e belga), devido às fortes
correntes e aos detritos que estão a ser arrastados pelas águas.
Também na Suíça, a subida do nível das águas do lago
dos Quatro Cantões, também conhecido como lago Lucerna, obrigou as
autoridades helvéticas a acionarem o nível mais alto do aviso de
inundações.
As fortes chuvas que têm sido registadas no país também colaram o
lago de Bienna, também na zona centro da Suíça, no limite da sua
capacidade, depois do caudal ter aumentado 60 centímetros na noite
passada, situação que levou à proibição, como medida preventiva, de
qualquer atividade de navegação.
Alguns rios no norte da Suíça também transbordaram devido à intensa precipitação, de acordo com a agência espanhola EFE.
As chuvas torrenciais obrigaram ainda ao corte de um
trecho da estrada localizada nas margens do lago Léman, o maior da
Suíça e que banha cidades como Genebra ou Lausanne.
Até ao momento, não existem relatos de vítimas no país na sequência das cheias.
Em diferentes áreas do país foram emitidos avisos de alerta, com os
cidadãos a serem aconselhados a limitarem as deslocações e a evitarem
zonas próximas de lagos e rios.
A subida do nível do mar no Bangladesh está a ter
repercussões dramáticas na vida de muitas mulheres que têm como única
opção a prostituição.
De acordo com a Sky News,
a emergência climática no país está a ter graves consequências
sócio-económicas e as mulheres são a classe mais afetada. O jornal
britânico indica que muitas se vêm obrigadas a prostituir-se num bordel
na costa sudoeste conhecido como Banishanta.
Entre muitos casos, o diário britânico destaca a situação de Pervin:
uma jovem que começou a trabalhar no bordel, depois de a sua família ter ficado com a casa destruída em consequência da subida do mar, erosão e sucessivos ciclones.
Com apenas 15 anos, e ao perceber que a família precisava de ajuda
monetária, Pervin decidiu pôr mãos à obra e ir trabalhar. Foi contactada
por uma mulher que lhe prometeu emprego numa fábrica de têxteis, mas
acabou por ir parar ao bordel onde agora presta serviços sexuais a troco de dinheiro.
Em declarações à Sky News diz que se deixou enganar pela ingenuidade: “Não sabia o que fazer. Ela abandonou-me”, contou.
Banishanta é um dos bordéis mais antigos de Bangladesh,
atraindo clientes do porto próximo de Mongla. Mesmo sendo legal no país,
o trabalho sexual é extremamente estigmatizado na cultura tradicional e
as mulheres que o praticam são descriminadas.
Pervin é apenas um dos muitos casos – estima-se que sejam cerca de
100 mulheres – a passar por esta situação. As histórias, geralmente, têm
como ponto de partida a vulnerabilidade provocada pelas mudanças climáticas.
Normalmente, as mulheres que vão parar ao bordel acabam por ser vendidas
e ficam prisioneiras. Há ainda mulheres mais velhas que vivem há anos
no local e não têm para onde ir, acabando por se sujeitar a todo o tipo
de tratamentos indignos.
A pequena faixa de terra onde Banishanta foi construído também está a
desaparecer, por isso, o aumento do nível do mar está a destruir as
margens do bordel, sendo que quando as casas são inundadas, as mulheres
que lá trabalham são forçadas a gastar o dinheiro que ganham na
manutenção do local.
A onda de calor no Canadá atingiu milhões de pessoas, mas a
situação, que causou incêndios e problemas no abastecimento de energia,
não afetou apenas os humanos. Estima-se que mais de mil milhões de
animais marinhos tenham sucumbido às altas temperaturas.
Chris Harley, biólogo da Universidade da Columbia
Britânica, acredita que as temperaturas extremas que se sentiram na
semana passada no Canadá, podem ter resultado na morte de mais de mil
milhões de criaturas marinhas, como mexilhões, estrelas do mar e
percebes, no Mar Salish, na costa sudoeste do país. O efeito devastador
deverá afetar também qualidade da água na região.
O país registou temperaturas que chegaram aos 49,6 graus,
sendo que durante a onda de calor, Harley e a sua equipa usaram câmaras
de infravermelhos para detetar as temperaturas nos habitats costeiros.
Durante a pesquisa, os investigadores encontraram inúmeros mexilhões a
apodrecer nas suas próprias cascas. “Dava para sentir o cheiro mesmo
antes de chegar perto”, referiu citado pelo The Guardian.
“A praia não costuma estalar quando se anda sobre ela. Mas havia
tantas conchas de mexilhões vazias por toda a parte que não se podia
evitar pisar animais mortos“, descreveu ainda.
Os mexilhões toleram temperaturas de até 30 graus, e os percebes são
mais resistentes, suportando até 40 graus. No entanto, o termómetro
esteve muito perto de chegar aos 50 graus durante algumas horas de
vários, o que levou a que vários elementos destas espécies acabassem por
colapsar.
A morte destes animais também irá a qualidade da água na região, já que, por exemplo, os mexilhões têm a função de filtrar a água do mar.
Tendo em conta a quantidade de animais mortos encontrados numa área
pequena, Harley calculou que mais de mil milhões de criaturas marinhas
possam ter morrido com a onda de calor.
Uma belga de 90 anos morreu depois de adoecer com covid-19. A
idosa estava infetada com a variante Alpha (do Reino Unido) e a
variante Beta (da África do Sul).
Investigadores belgas relataram, este domingo, o caso inédito de uma
nonagenária que morreu em março com covid-19, após ter sido infetada
simultaneamente por duas variantes diferentes, a Alpha (britânica) e a Beta (sul-africana), um fenómeno que, alertam, está “subestimado”.
“Este é um dos primeiros casos documentados de
coinfecção com duas variantes preocupantes do SARS-CoV-2″, disse a
autora do estudo, a bióloga molecular Anne Vankeerberghen, citada num
comunicado do Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças
Infecciosas (ECCMID).
No Brasil, dois casos de pessoas infetadas por duas variantes
diferentes foram relatados em janeiro num estudo, mas esse “ainda não
foi publicado em revista científica”, explicou o ECCMID.
A 3 de
março de 2021, a mulher de 90 anos, sem antecedentes médicos em
particular e não vacinada, foi internada num hospital na cidade belga de
Aalst após várias quedas, de acordo com este estudo de caso,
apresentado no congresso e revisto por pares no comité de seleção.
A idosa, que testou positivo para covid-19 ao chegar, apresentava
inicialmente “um bom nível de saturação de oxigénio e nenhum sinal de
dificuldade respiratória”, segundo o ECCMID.
No entanto, “rapidamente desenvolveu sintomas respiratórios agravados e morreu cinco dias depois”, afirma a nota.
Segundo a bióloga do hospital OLV em Aalst, “é difícil dizer se a coinfecção por duas variantes desempenhou um papel na rápida deterioração da condição do paciente”.
Em extensos testes e mediante sequenciamento, o hospital descobriu que a idosa tinha sido infetada com duas variantes do vírus
que causa a covid-19: uma originária do Reino Unido, chamada Alpha, e a
outra inicialmente detetada na África do Sul, chamada Beta.
“As duas variantes estavam a circular na Bélgica na época (março de
2021), então é provável que a mulher tenha sido coinfectada por duas
pessoas diferentes. Infelizmente não sabemos como ela foi contaminada”,
acrescentou Vankeerberghen.
Até o momento, “não há nenhum outro caso publicado”
de coinfecção com duas variantes, apontou a investigadora, que considera
“crucial” continuar o sequenciamento e o estudo de um fenómeno
“provavelmente subestimado”.
Em 1959, no Hospital Estatal Ypsilanti no Michigan, EUA,
viviam três homens que acreditavam ser a figura bíblica de Jesus Cristo.
Todos tinham sido diagnosticados com esquizofrenia e fizeram parte de
uma experiência eticamente duvidosa.
O psicólogo Milton Rokeach estava convencido de que poderia pôr fim às ilusões dos três homens juntando-os no mesmo espaço durante várias sessões.
A primeira reunião foi – como seria de esperar – um pouco tensa. Como
estavam inabalavelmente convencidos de quem eram, tornaram-se hostis quando foram confrontados com alguém que reclamava a sua própria identidade.
Ainda assim, segundo o IFL Science,
Clyde, Joseph e Leon compareceram a todas as sessões, apesar de não
terem surtido qualquer efeito: em vez de questionarem a sua própria
crença de que eram Jesus, incorporaram os outros dois pacientes nas suas
crenças ilusórias.
Clyde, por
exemplo, acreditava que os outros dois não estavam vivos. “As máquina
estão a falar. Retira-lhes as máquinas e eles não falam. Não se pode
matar os que têm máquinas dentro deles”, dizia.
Joseph argumentava que os seus “colegas” eram “pacientes num hospital psiquiátrico e o facto de serem pacientes prova que são loucos“. Leon, por sua vez, acreditava que os outros dois eram deuses menores, ou reencarnações do capitão Davy Jones e do rei Mathius.
A experiência durou dois anos e, com o tempo, o psicólogo usou técnicas diferentes, muitas vezes antiéticas.
O portal escreve que chegaram a contratar uma atraente assistente de
investigação numa tentativa de conseguir que Leon se apaixonasse por
ela, usando-a para pôr fim à sua crença.
À medida que o tempo foi passando, a relativa simpatia que os homens
demonstraram ter uns pelos outros desmoronou-se, desencadeado lutas físicas e verbais.
A experiência não foi, de todo, um sucesso. No final, Rokeach escreveu um relatório no qual apresenta um olhar fascinante sobre crença e identidade, mas também admite a natureza pouco ética do seu trabalho e a manipulação dos seus pacientes.
“Eu não tinha o direito, mesmo em nome da Ciência, de fazer de Deus e interferir 24 horas por dia na vida quotidiana” dos três homens, escreveu.
“Eu não consegui curar os três Cristos dos seus delírios, mas eles conseguiram curar a minha ilusão, semelhante à de Deus, de que poderia mudar as suas crenças organizando e reorganizando omnipotente e omniscientemente a sua vida quotidiana.”
A comissão criada para investigar a denúncia de exploração
sexual numa cadeia feminina em Maputo concluiu que houve abuso sexual de
reclusas por guardas prisionais e “pessoas externas”, mas os casos
ocorreram no interior do estabelecimento penitenciário.
No relatório final, apresentado hoje em conferência de imprensa em
Maputo, a comissão esclarece que não encontrou evidências sobre a
alegada rede de exploração sexual denunciada pela organização
não-governamental Centro de Integridade Pública (CIP), em que guardas
prisionais forçam mulheres reclusas a sair da cadeia para se prostituírem,
mas encontrou elementos da existência de casos de funcionários
prisionais que se aproveitam da condição vulnerável das reclusas,
abusadas sexualmente.
“No cômputo geral, os eventos [constatados pelos psicólogos] são
caracterizados e classificados em forma de abuso sexual no sistema
penitenciário. O abuso sexual na prisão aconteceu de várias formas”,
declarou Elisa Samuel, relatora da comissão, na leitura das conclusões do trabalho.
De acordo com o relatório, o abuso sexual na cadeia foi praticado por guardas penitenciários e por “pessoas externas“, que entravam na prisão em festas promovidas ao fim de semana ou feriados, com complacência de altos funcionários da prisão.
“Em outros casos, os agentes exigiram
sexo em troca de comida, drogas ou promessas de tratamento
privilegiado”, acrescentou a relatora da comissão.
Refere-se ainda que as reclusas denunciaram vários casos em que foram obrigadas a fazer abortos
após relações com guardas prisionais, algumas das quais descritas pela
comissão como “aparentemente consensuais”, embora baseadas em ameaças.
“A maioria das reclusas engravidou mais de uma vez
e foi forçada a fazer aborto, recorrendo aos serviços das enfermeiras
afetas ao estabelecimento penitenciário”, relata o documento, que sugere
um instrumento jurídico específico para penalizar guardas que se
envolvam com reclusas.
A comissão sugere ainda uma reflexão
sobre a condição das mulheres reclusas em Moçambique, alertando para a
possibilidade de existirem casos similares em outros estabelecimentos
penitenciários.
“Os resultados desta investigação podem não captar a dimensão do
problema, impondo-se a necessidade de se continuar a investigar”, frisou
Elisa Samuel, considerando que a denúncia do Centro de Integridade
Pública tem “lacunas e insuficiências”, mas é importante porque levanta o debate sobre a situação das mulheres reclusas no país.
O relatório da denúncia da alegada rede para a exploração sexual
produzido pelo CIP indicava que as mulheres eram obrigadas a sair da
cadeia para se prostituírem, num “negócio lucrativo” e em que as
reclusas eram tratadas “como uma mercadoria com um preço”, só ao alcance
de pessoas com algumas posses em Maputo.
“Pombinhas”, “coelhinhas” são alguns dos termos usados pelos guardas prisionais para se referirem às mulheres durante a negociação com os clientes.
O método passa por acertar o dia, o local do encontro e o preço – os guardas podem receber cerca de 40 a 400 euros por cada reclusa entregue, acrescentou o documento da ONG.
Para a realização do trabalho, a comissão de inquérito realizou 53
entrevistas com reclusas, reuniu-se com os denunciantes, o CIP, e
membros da direção suspensa.
O Estabelecimento Penitenciário Especial para Mulheres de Maputo
alberga um total de 96 reclusas, distribuídas por oito celas, com
capacidade para 20 pessoas cada.
O caso levantou a indignação de vários setores da sociedade
moçambicana, tendo sido submetida à Procuradoria-Geral da República uma
queixa crime contra a direção do estabelecimento penitenciário por 17
organizações de defesa dos direitos das mulheres.
Foi numa visita à Europa, para assinalar o 100.º aniversário
do fim da I Guerra Mundial, que Donald Trump disse a John Kelly: “Na
verdade, Hitler fez muitas coisas boas”.
Quando ainda estava no cargo de Presidente dos Estados Unidos, e
durante uma viagem à Europa para assinalar o 100.º aniversário do fim da
I Guerra Mundial, em 2018, Donald Trump terá defendido
a recuperação económica na Alemanha Nazi nos anos 30 e chocou o seu
chefe de gabinete, John Kelly, com as suas afirmações.
As revelações surgem em Frankly, We Did Win This Election, um livro escrito por Michael Bender, jornalista do The Wall Street Journal.
O The Guardian, que já recebeu uma cópia adiantada da obra, revela que Trump terá dito ao seu chefe de gabinete que, “na verdade, Hitler fez muitas coisas boas“. A frase deixou Kelly “chocado”, como o próprio admite no livro.
Segundo o diário britânico, o chefe de gabinete da Casa Branca tentou
explicar ao governante quais países estavam de que lado no conflito e
“tentou ligar a I Guerra Mundial à II e todas atrocidades de Hitler”.
Donald Trump também foi entrevistado para este livro e nega ter dito
tal coisa sobre o ditador que governou a Alemanha entre 1933 e 1945 sob a
ideologia nazi.
No entanto, são várias as testemunhas anónimas que contradizem o
ex-Presidente norte-americano, que, além de ter proferido esta frase, a
defendeu com a recuperação económica na Alemanha nazi nos anos 30, mesmo depois de John Kelly “dizer ao Presidente que estava errado”.
“Kelly reagiu e defendeu que os alemães teriam ficado melhor pobres
do que sujeitos ao genocídio nazi”, sublinhando que, mesmo que haja um
fundo de verdade quanto à esfera económica, “não se pode dizer nada que apoie Adolf Hitler“.
Kelly saiu da Casa Branca em 2019 e, desde aí, tornou-se um crítico
acérrimo do ex-Presidente. O antigo chefe de gabinete disse a amigos que
Donald Trump foi “a pessoa com mais falhas” que já conheceu, entre elas
a “chocante falta de respeito pela História“, mais concretamente as experiências de “qualquer raça, religião ou crença”.
Ao longo dos anos, Trump fez alguns comentários positivos sobre grupos de extrema-direita e de supremacia branca.
Em 2017, um supremacista branco avançou com um carro sobre uma
multidão em protesto em Charlottesville, no estado da Virgínia,
vitimando mortalmente uma pessoa e ferindo outras 19.
Na altura, Trump atribuiu culpas iguais aos
manifestantes de esquerda e de extrema-esquerda e aos apoiantes da
extrema-direita que estiveram no local. “Acho que há culpa dos dois
lados”, disse, depois de considerar haver “pessoas boas de ambas as
partes”.
No ano passado, num debate no âmbito das eleições presidenciais,
Donald Trump recusou-se a condenar explicitamente milícias armadas de
extrema-direita, proferindo antes “Proud Boys, afastem-se e aguardem”.
Fenómeno surge em contra-ciclo, já que os mais recentes
números divulgados revelam uma melhoria robusta da economia
norte-americana. Investigações desenvolvidas no passado, no âmbito da
psicologia organizacional, ajudam a compreender e a justificar a
tendência.
Os números de desemprego nos Estados Unidos da América bateram
recordes no início da pandemia, com a evolução do indicador a servir
como barómetro para avaliar uma possível recuperação. Semanalmente, os
relatórios com dados relativos aos pedidos de subsídio de desemprego são
aguardados com muita expectativa tanto pelos organismos oficiais como pelos analistas.
Entre Fevereiro e Abril de 2020 — período marcado pela anúncio da
Organização da Mundial de Saúde de que a propagação da Covid-19 já se
enquadrava no quadro de uma pandemia —, o número de desempregados passou
de 5.717.000 para 23.109.000.
Em Junho de 2021, a taxa de desemprego situava-se nos 5.9% —
correspondente a 9,3 milhões de pessoas, menos 850 mil do que no mês
anterior —, muito abaixo dos 14.8% registados em Abril de 2020 — num claro sinal de melhora.
Numa resposta ao relatório do último mês, Joe Biden
foi rápido a apontar “as mudanças no poder dinâmico do mercado”. “A
força da nossa economia está a ajudar-nos a inverter o guião. Em vez de
os trabalhadores estarem a competir entre si por postos de trabalho que
são escassos, os empregadores estão a competir uns com os outros para
para atrair funcionários”, disse, citado pelo The Guardian.
No entanto, uma nova tendência laboral — um tanto imprevisível — começa a verificar-se no contexto americano: os pedidos de demissão.
De facto, durante o mês de Abril, quando os números de pedidos para
subsídios de desemprego desceram para as marcas mais baixas desde o
início da pandemia, no início de 2020, quatro milhões de trabalhadores escolheram deixar os seus empregos, um fenómeno que não acontecia, nesta escala, desde 2000, como aponta a BBC.
Como tal, a pergunta impõe-se: por que motivo estão os norte-americanos a pedir a demissão em números tão elevados?
As respostas, apontam os especialistas, estão diretamente relacionados com a pandemia. Anthony Klotz, investigador especialista em psicologia organizacional, estudou uma fenómeno semelhante há alguns anos, batizando-o de “A Grande Demissão”
— um “realinhamento no mercado de trabalho em que um número
considerável de pessoas, por diversos motivos, escolhem despedir-se”.
Apesar de os motivos variarem de indivíduo para indivíduo, Klotz,
investigador na Escola de Negócios Mays, da Universidade do Texas
A&M, aponta quatro explicações para a vaga de demissões estar a
acontecer agora, num momento em os Estados Unidos da América se preparam
para entrar no pós pandemia.
Esgotamento e epifanias
A primeira justificação são os trabalhadores que já tinham intenções de se demitir antes da pandemia, mas que, por uma questão de segurança, optaram por permanecer no seu emprego até agora.
“Entre 2015 e 2019, o número de demissões nos Estados Unidos cresceu
de forma consistente, mas o número caiu muito em 2020, o que faz sentido
dada a incerteza da pandemia. As pessoas optaram por se manter no emprego, mesmo que quisessem deixá-lo”, explicou Klotz.
De acordo com os analistas, estima-se que o ano de 2020 tenha registado, nos EUA, menos seis milhões de demissões do que esperado.
Agora, com a melhoria da situação pandémica — com especial destaque
para o processo de vacinação —, um cenário laboral mais favorável parece
surgir para aqueles desejosos de uma mudança.
Paralelamente, o “esgotamento do trabalho” também
pode ser um fator na equação. “Sabemos por diversas pesquisas que,
quando as pessoas se sentem esgotadas no trabalho, é mais provável que
saiam”, resumiu o investigador.
“Vimos inúmeras histórias de trabalhadores essenciais, mas também de
muitas pessoas que trabalharam de casa e tentaram equilibrar o tempo da
família e do trabalho, que experimentaram altos níveis de esgotamento durante a pandemia.
Atualmente, há mais trabalhadores ‘esgotados’ do que o normal.”
Segundo Klotz, a única solução para este problema seria “um bom período
de descanso” — algo que nem sempre é possível, mas que abre a porta à
demissão.
Os momentos de revelação ou epifania também são
consideradas por Anthony Klotz como uma justificação para o fenómeno.
Estes episódios acontecem quando uma pessoa, ainda que feliz com a sua
função, passa por uma situação que a faz querer demitir-se, algo como
uma promoção recusada ou um aumento salarial negado.
“Com a pandemia, sofremos um impacto que nos fez reavaliar as nossas vidas.
Algumas pessoas perceberam que querem passar mais tempo com a família,
outras sentem que agora o trabalho não é tão importante como pensavam,
enquanto que outras querem, por exemplo, lançar um negócio próprio”,
avança o especialista em psicologia organizacional.
Klotz resume a situação da seguinte forma: “Muitas pessoas estão a considerar fazer mudanças nas suas vidas e isso implica uma mudança na carreira”.
Ampliação do teletrabalho
A quarta explicação sugerida prende-se com a adaptação (e preferência) dos trabalhadores ao modelo de teletrabalho.
No entanto, perante as perspetivas de controlo da pandemia e retoma das
atividades, muitas empresas anseiam pelo regresso dos trabalhadores aos
seus escritórios.
Estas visões contrárias têm levado muitos profissionais a abandonar
os postos de trabalho em busca de uma oportunidade profissional que se
enquadre nas suas preferências.
“Como seres humanos, temos a necessidade fundamental de desfrutar de
autonomia. Quando se trabalha à distância, consegue-se estruturar o dia à
maneira de cada um e há muita mais flexibilidade do que no escritório”,
refere Klotz.
“Por isso, muitas pessoas não querem perder essa liberdade.
Existem pessoas que se estão a demitir para procurar empregos que
funcionem só com trabalho remoto ou em modalidade híbrida”, conclui.
De acordo com um estudo internacional encomendado pela Microsoft,
70% dos funcionários querem que as suas empresas mantenham a opção, de
forma flexível, de trabalho remoto, enquanto 45% dos trabalhadores em
teletrabalho pretendem mudar de local de residência, já que não precisam de se deslocar para o trabalho.
Simultaneamente, as empresas também parecem cada vez mais dispostas a
conceder essas possibilidades aos trabalhadores. Segundo dados
fornecidos pelo LinkedIn à BBC, anúncios na plataforma com referência a teletrabalho aumentaram cinco vezes
entre Maio de 2020 e 2021, com o setor dos media e da comunicação a
liderar a oferta (27%), seguido pela indústria de software e tecnologia
de informação (22%).
Novas oportunidades (com salários mais elevados)
Finalmente, há uma última justificação para a vaga de pedidos de demissão que decorre atualmente nos EUA. Trata-se da valorização dos trabalhadores, consequência da pandemia.
De facto, uma parte considerável das demissões ocorreram nos setores
da hotelaria e da restauração, o que levou os empregadores, durante o
processo de reabertura da economia, a ter que oferecer incentivos, como salários mais elevados, para preencher os lugares deixados vagos.
“Há muita rotatividade em cargos de baixa remuneração, nos quais as
pessoas não têm perspetivas de progressão na carreira. Se um
profissional encontra um emprego com um salário mais alto, mudar não vai trazer qualquer custo”, explicou a economista Julia Pollak ao The New York Times.
Anthony Klotz, por sua vez, destaca o desempenho positivo da economia como fator de empoderamento dos trabalhadores. “Há muitas oportunidades de trabalho disponíveis atualmente. Portanto, se forem trabalhadores isso é bom porque dá opções”, refletiu.
Associado a um clima mais ameno, o Canadá está a suportar uma
intensa onda de calor, exacerbada pelos incêndios florestais, cujas
nuvens de fumo causaram mais de 710.000 relâmpagos numa única noite.
As temperaturas recordes atingiram o noroeste do Pacífico e, com o
aumento dos incêndios florestais, 90% da vila de Lytton, na Colúmbia
Britânica, ficou queimada após registar a temperatura mais alta de todos
os tempos do Canadá, 49.6 graus Celsius.
As nuvens causadas pelos incêndios, conhecidas como ‘cumulonimbus
flammagenitus’, formam-se sobre uma fonte de calor e lançam uma intensa
chuva de relâmpagos, alimentando ainda mais as chamas, como explica um artigo do Interesting Engineering.
Na quarta-feira, o meteorologista Chris Vagasky escreveu no Twitter
que a Rede de Deteção de Relâmpagos da América do Norte detetou 710.117
relâmpagos na Colúmbia Britânica e no noroeste de Alberta, entre a tarde
de 30 de junho e o início de 01 de julho.
A onda de calor deste ano foi definida como “histórica, perigosa,
prolongada e sem precedentes”, pelo Serviço Meteorológico Nacional. A 29
de junho, o país registou um novo recorde de temperatura, 49,6 graus
Celsius. Mais de 130 pessoas morreram, a maioria delas idosa ou com problemas de saúde.
O incêndio que em Lytton vitimou duas pessoas. Desde 04 de junho, os
bombeiros enfrentam mais de 180 incêndios florestais na Colúmbia
Britânica, com 70% destes causados por relâmpagos, de acordo com o British Columbia Wildfire Service.
A Lapónia, conhecida como a terra do Pai Natal, atingiu a sua
temperatura mais alta dos últimos 100 anos, com os termómetros a
baterem os 33,6 graus Celsius.
Se imaginarmos a aldeia do Pai Natal, pensamos num pequeno vilarejo pintado de branco pela neve intensa. A Lapónia,
no extremo norte da Finlândia, é conhecida como a terra do Pai Natal e,
de facto, tem invernos frios com temperaturas negativas. Mas agora,
registou a sua temperatura mais alta dos últimos 100 anos.
No domingo, atingiu 33,6 graus Celsius. Esta é a
temperatura mais alta registada na Lapónia, que fica dentro do Círculo
Polar Ártico, desde 1914, quando atingiu 34,7 graus Celsius, escreve a VICE.
Os países nórdicos estão a atravessar uma onda de calor intensa,
com novos recordes estabelecidos na Noruega e na Suécia. Os cientistas
dizem que os eventos climáticos extremos estão a aumentar em número e
intensidade devido ao aquecimento global.
A onda de calor que dura há uma semana no Canadá provocou a morte a cerca de 500 pessoas e está na origem de dezenas de incêndios florestais e inundações no oeste do país.
“[Isto vai piorar], a menos que tomemos medidas urgentes
para cumprir a meta de 1,5 °C delineada no Acordo de Paris para evitar
os piores cenários climáticos”, disse Juha Aromaa, vice-diretora do
programa do Greenpeace Nordic na Finlândia. “Devemos acabar com o nosso
uso de combustíveis fósseis agora para interromper o aquecimento global
que alimenta os incêndios florestais”.
“As alterações climáticas impulsionadas por combustíveis fósseis
estão a contribuir para um aumento na frequência e intensidade das ondas
de calor, bem como a impulsionar as condições para incêndios florestais
maiores e de crescimento mais rápido”, disse Aromaa. “Devíamos estar preocupados”.
O incêndio que deflagrou no Golfo do México, na superfície das águas do Atlântico, foi descrito como um “olho de fogo”.
A
estatal Petróleos Mexicanos (PEMEX) disse, esta segunda-feira, que a
fuga de gás e o incêndio numa instalação no Golfo do México, na
sexta-feira, foram causados por relâmpagos.
“De
acordo com os boletins meteorológicos, no dia 2 de julho houve uma
trovoada com fortes chuvas na área das plataformas do ativo Ku, o que
levou a uma avaria no funcionamento do equipamento de turbocompressão a
gás, bombeamento pneumático necessário para a produção dos poços”, disse
a companhia petrolífera em comunicado.
Também
foi detetada uma fuga num gasoduto de bombeamento que alimenta os poços
da plataforma. Depois o gás subiu à superfície e, devido a descargas
elétricas e chuvas fortes o fogo deflagrou.
Por
outro lado, salientaram que não houve derramamento de petróleo e que
“ações imediatas para controlar o incêndio que ocorreu à superfície do
mar, evitaram danos ambientais“.
A
Pemex informou que iniciou o programa final de reparação da linha de
bombagem pneumática afetada e que estão a ser realizadas análises para
identificar a causa da fuga de gás no gasoduto.
O
incidente gerou críticas sobre a gestão da companhia petrolífera
estatal e realçou os riscos da política energética do Governo mexicano.
Há anos que a Pemex atravessa uma crise de produção e dívida, que
ascende a 96.000 milhões de euros.
Esta
segunda-feira, na sua conferência diária, o Presidente mexicano, Andrés
Manuel Lopez Obrador, relatou que a Petróleos Mexicanos e o Ministério
do Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat) estão a trabalhar em conjunto
para abordar as consequências da fuga.
“Felizmente
não houve perda de vidas humanas, foi controlada relativamente
depressa, em poucas horas. A investigação já começou e também tanto a
Pemex como o Ministério do Ambiente começaram a fazer uma análise dos
danos que foram causados e, claro, vamos reparar todos os danos”, disse o
Presidente.
Além
disso, indicou que se tratou de um acidente alegadamente relacionado
com tempestades e descargas elétricas, tal como confirmado pela Pemex.
De qualquer forma, disse, a Procuradoria-Geral da República (FGR) está a
investigar os acontecimentos de sexta-feira.
O
Ministério da Defesa britânico está a investir 3,5 milhões de libras
(cerca de 4 milhões de euros) para desenvolver novos sistemas que
permitirão aos mísseis em circulação comunicarem entre si.
O
novo programa CSTWD (Strike Weapons Technology Demonstrator), do
Ministério da Defesa do Reino Unido, irá permitir aos mísseis Spear 3 de
próxima geração comunicar entre si.
De acordo com o New Atlas,
as tecnologias atuais permitem aos mísseis recolher dados, avaliar
situações e alterar as suas rotas para atingir os objetivos, uma
evolução em relação aos equipamentos criados na década de 1960, que
permitiam apenas que os pilotos os direcionassem para os alvos.
Embora
a tecnologia existente permita a comunicação entre os mísseis e o quem
os controla, não possibilita que o mesmo aconteça entre os dispositivos.
Para
ultrapassar essa lacuna, o Reino Unido está a apostar no
desenvolvimento de hardware e software que tornará os mísseis mais
cooperativos entre si. O projeto, com dois anos, foi lançado em abril de
2021 e a nova tecnologia poderá ser integrada numa rede mais
inteligente de mísseis, a finalizar em cinco anos.
“Os
mísseis atuais podem comunicar com a plataforma de lançamento, mas não
entre si”, explicou “Charlie”, um cientista não identificado do Defence
Science and Technology Laboratory (Dstl ) do Reino Unido.
“O
objetivo deste programa é investigar como a intercomunicação entre
mísseis e o comportamento cooperativo destas armas pode ser conseguido
do ponto de vista tecnológico, para resolver os desafios militares que o
Reino Unido enfrenta”, acrescentou o cientista.
Crianças estão a usar as propriedades
químicas dos refrigerantes para falsificar testes à covid-19. A acidez
dos sumos afeta a eficácia dos testes, causando um resultado positivo — o
que dá direito a faltar às aulas.
As
crianças vão sempre encontrar formas astutas de faltar à escola, e o
último truque é falsificar um teste positivo à covid-19 usando
refrigerantes.
Então,
como é que sumos de frutas, refrigerantes e crianças desonestas estão a
enganar os testes? E há forma de diferenciar um resultado positivo
falso de um verdadeiro? Mark Lorch, professor de Química na Universidade
de Hull, procurou a resposta, e revelou as suas conclusões no The Conversation.
Primeiro,
o investigador abriu garrafas de coca-cola e sumo de laranja e colocou
algumas gotas diretamente nos Lateral Flow Tests (LFT), testes rápido de
antigénio. Alguns minutos depois, duas linhas apareceram em cada teste,
supostamente indicando a presença do vírus que causa a covid-19.
Como
é que os refrigerantes fazem isto? Uma possibilidade é que as bebidas
contenham algo que os anticorpos reconheçam e se liguem, assim como
fazem com o vírus. Mas isso é bastante improvável
O
motivo pelo qual os anticorpos são usados em testes como estes é que
eles são extremamente exigentes quanto aos compostos a que se ligam.
Os
anticorpos são proteínas, que são compostas de blocos de construção de
aminoácidos, ligados entre si para formar longas cadeias lineares. Essas
cadeias dobram-se em estruturas muito específicas. Mesmo uma pequena
mudança nas cadeias pode ter um impacto dramático no funcionamento de
uma proteína.
Tendo isto em conta, não é normal que os anticorpos que reajam aos ingredientes de um refrigerante.
Uma
explicação muito mais provável é que algo nas bebidas esteja a afetar o
funcionamento dos anticorpos. Uma variedade de fluidos, de sumo de
fruta a coca-cola, tem sido usada para enganar os testes, mas todos têm
uma coisa em comum — são altamente ácidos.
O
ácido cítrico no sumo de laranja, o ácido fosfórico na coca-cola e o
ácido málico no sumo de maçã dão a essas bebidas um pH entre 2,5 e 4.
Essas são condições bastante adversas para os anticorpos, que evoluíram
para atuar amplamente na corrente sanguínea, com o seu pH quase neutro
de cerca de 7,4.
Manter
um pH ideal para os anticorpos é a chave para o funcionamento correto
do teste, e esse é o trabalho da solução tampão líquida com a qual se
mistura a amostra fornecida com o teste. Se misturarmos cola com a
solução, os LFTs comportam-se exatamente como se esperaria: negativo
para covid-19.
Mas,
sem a solução tampão, os anticorpos no teste são totalmente expostos ao
pH ácido das bebidas — e isso tem um efeito dramático na sua estrutura e
função, alterando o resultado do teste para positivo.
Crianças
a fingir sintomas para fugir às aulas? Isso é tão ano passado. Este
ano, o que está a dar é falsificar mesmo os testes de diagnóstico.
A onda de calor que dura há uma semana
no Canadá provocou a morte a cerca de 500 pessoas e está na origem de
dezenas de incêndios florestais e inundações no oeste do país.
Esta situação levou já os especialistas a alertarem para o perigo das alterações climáticas.
Lisa
Lapointe, diretora forense da província de Colúmbia Britânica, a região
mais atingida por esta cúpula de calor, que começou a afetar a costa do
Pacífico a 25 de junho, afirmou sexta-feira à noite que o número de
mortes registado na última semana se eleva a 719.
Lapointe
salientou que este é um valor três vezes superior ao normal, pelo que
quase 500 mortes são consequência direta da onda de calor que fez os
termómetros dispararem para temperaturas de 49,69 graus celsius.
“Estamos
a divulgar esta informação porque é provável que as condições
climáticas extremas que a Colúmbia Britânica experimentou na semana
passada tenham sido um fator significativo que contribuiu para o aumento
no número de mortes”, disse Lapointe em comunicado.
Esta
especialista admite que este número é tendencialmente crescente e será
atualizado nos próximos dias, uma vez que muitas das pessoas que
faleceram são idosos, que vivem sozinhos e em casas sem ar condicionado,
que não se encontram preparadas para as elevadas temperaturas.
Segundo
dados divulgados hoje pelo Serviço de Incêndios Florestais da Colúmbia
Britânica, na última semana ocorreram 245 incêndios e 176 ainda estão
ativos, dos quais 76 começaram nos últimos dois dias.
Quase
70% dos incêndios foram causados por relâmpagos que encontraram
condições de seca perfeitas para iniciar incêndios florestais. Em 15
horas, entre quarta e quinta-feira, 113.000 relâmpagos foram registados
na Colúmbia Britânica.
“Temos
provas de que o aquecimento global é real. Infelizmente, já o vivemos,
não é o futuro. Está aqui. Por isso espero que as pessoas se preparem,
pois é provável que o vejamos com mais frequência”, explicou Natalie
Hasell, meteorologista do Ministério do Ambiente e Alterações Climáticas
do Canadá, em declarações à estação de televisão local CTV.
Além de Marine Le Pen, Matteo Salvini, Viktor Orbán, Jaroslaw
Kaczynski, Santiago Abascal, e Georgia Meloni estão entre os
signatários da declaração.
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e 15 aliados europeus, incluindo o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán,
divulgaram esta sexta-feira uma “declaração conjunta” apresentada como
“a primeira pedra” de uma aliança no Parlamento Europeu para “reformar a
Europa”.
“Numa altura em que os globalistas e os europeístas, dos quais [o
Presidente] Emmanuel Macron é o principal representante em França,
lançam a Conferência sobre o Futuro da Europa, que visa aumentar o poder
das instâncias europeias, o acordo de hoje é a primeira pedra para a
constituição de uma grande aliança no Parlamento Europeu”, escrevem os signatários na sua declaração, divulgada pelo partido Aliança Nacional, de Le Pen.
Entre eles, figuram, além de Marine Le Pen, o líder da Liga italiana,
Matteo Salvini, o primeiro-ministro e dirigente do Fidesz húngaro,
Viktor Orbán, o líder do partido polaco Direito e Justiça, Jaroslaw
Kaczynski, o líder do espanhol Vox, Santiago Abascal, e a líder do
Fratelli d’Italia (neofascista), Georgia Meloni.
Estes partidos não fazem parte dos mesmos grupos no
Parlamento Europeu: A Aliança Nacional e a Liga pertencem ao grupo
parlamentar Identidade e Democracia (ID), ao passo que Direito e
Justiça, Vox e Fratelli d’Italia estão no grupo dos Conservadores e
Reformistas (CRE) e o Fidesz, que se divorciou em março do grupo do
Partido Popular Europeu (PPE), procurava novos parceiros.
Numa declaração à parte, integrada por um link na declaração
conjunta, Marine Le Pen, cujo partido realiza o seu congresso nos
próximos sábado e domingo, precisa que o documento é a “base de um
trabalho cultural e político comum, respeitando o papel dos grupos
políticos atuais”.
Le Pen enfatiza a necessidade de “uma reforma profunda” da União Europeia (UE), temendo a “criação de um super-Estado europeu”.
A UE “não para de prosseguir na via federalista que a
afasta inexoravelmente povos que são a parte vital da nossa
civilização”, escrevem na declaração conjunta os 16 signatários.
“Munidos desta constatação, os partidos patriotas mais influentes do
continente compreenderam a importância de unir forças para terem mais
peso nos debates e reformar a União Europeia”, acrescentam, afirmando
quererem traçar “os contornos de uma ação conjunta”.
Notícias sobre desastres naturais
todos os dias. Desastre em 30 de junho. Notícias ao vivo sobre o mau
tempo e as mudanças climáticas. A dor da Terra limpará o planeta da
humanidade. No mundo em um dia sobre a natureza severa. As catástrofes
estão aqui e agora.
O
aquecimento global não está longe. Feito na china! Uma tempestade
incrível destruiu a cidade de Jinan, Shandong. O clima convectivo forte
apareceu em Dezhou, Liaocheng, Jinan, Tai'an e Zibo. Fortes trovões e
relâmpagos, ventos fortes locais acima do grau 11 e granizo do grau 9 ao
10. Afetada pelo vórtice frio, ainda haverá forte clima convectivo em
Shandong nos próximos três dias. Shandong experimentou uma variedade de
condições climáticas convectivas severas sob a influência do redemoinho
frio esta tarde. Entre eles, um vento forte com velocidade de 39,9 m / s
originou-se em Zhangqiu, Jinan, que equivale ao nível 13, quebrando o
recorde histórico local. para velocidade máxima do vento (registro
original 30,1 m / s). Afetada pelo vórtice frio, ainda haverá forte
clima convectivo em Shandong nos próximos três dias.
Recomenda-se fazer um bom trabalho na prevenção de vendavais, raios, granizo e chuvas intensas de curto prazo.