David
Bennet, a primeira pessoa a receber um transplante de um coração de
porco, morreu na terça-feira, dois meses depois da cirurgia inédita,
anunciou hoje o hospital de Maryland, onde o homem tinha sido operado.
O
homem de 57 anos, morreu no Centro Médico da Universidade de Maryland,
mas os médicos não revelaram a causa, afirmando apenas que a sua
condição médica começou a deteriorar-se há vários dias.
O
transplante aconteceu no início do ano, em 10 de janeiro, numa tentativa
derradeira para salvar a vida de David Bennett e, na altura, a equipa
médica responsável disse que o sucesso da cirurgia provava que um
coração de um animal geneticamente modificado pode funcionar no corpo
humano, sem rejeição imediata.
O filho de David Bennet elogiou a
última tentativa do hospital, afirmando que a família espera que possa
ajudar esforços futuros para responder à escassez de órgãos.
“Estamos
gratos por todos os momentos inovadoras, todos os sonhos loucos, todas
as noites não dormidas que este esforço histórico implicou”, sublinhou
David Bennett Jr. num comunicado da Universidade citado pela agência
norte-americana Associated Press, acrescentando que espera que “esta
história possa ser o começo da esperança e não o fim”.
Esta cirurgia foi revolucionária, já que as
tentativas anteriores de se fazer um transplante com um órgão animal
rapidamente falhavam, com os pacientes a rejeitar o órgão transplantado.
No caso de David Bennet, os cientistas usaram um coração que tinha sido editado geneticamente para que os genes de porco fossem retirados, evitando assim a rejeição imediata e aumentando a probabilidade do corpo aceitar o novo órgão.
Tudo estava a funcionar bem e o hospital estava a emitir atualizações
periódicas sobre a recuperação do paciente. Mesmo com a morte de
Bennet, a cirurgia foi um grande avanço na Medicina e
deu aos clínicos uma nova esperança sobre o uso de órgãos de origem
animal nos transplantes para humanos, especialmente devido à enorme
escassez de órgãos que limita a esperança de vida destes pacientes.
O
Reino Unido diz que a Rússia confirma estar a usar armas termobáricas
na Ucrânia. Este tipo de armamento usa o oxigénio para expandir o efeito
da explosão.
As armas termobáricas foram usada pela primeira vez pelos Estados Unidos na guerra do Vietname, e um especialista ouvido pela TSF não tem dúvidas de que está a ser utilizada contra civis na Ucrânia.
A Rússia tem sido acusada, desde o início da invasão da Ucrânia, de
usar bombas termobáricas, o que pode configurar um crime de guerra.
De
acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, Moscovo confirma o
uso deste tipo de armamento no conflito. A convenção de Genebra proíbe a
utilização contra civis das bombas de vácuo, o outro nome pelo qual é conhecida a arma termobárica.
O historiador da Academia Militar, António José Telo, explica que tipo de armamento está em causa.
“As
armas termobáricas explodem na atmosfera, um pouco acima do solo,
espalham um aerossol que se vai expandindo rapidamente na atmosfera, a
partir de um momento em que encontra de oxigénio, até que atinja um
ponto de expansão máxima. Nessa altura, explodem. A explosão é de
grandes dimensões, tem efeitos incendiários e tem uma imensa onda de
choque”, explica.
José Telo revela que as armas termobáricas
foram utilizadas pela primeira vez pelos Estados Unidos da América na
guerra do Vietname, mas não tinha civis como alvo.
O uso deste
tipo de armamento contra civis é proibido pela generalidade dos acordos
internacionais. O historiador não tem dúvidas de que estão a ser
utilizadas na invasão da Rússia à Ucrânia.
“Claramente estão a
ser utilizadas na Ucrânia em zonas de população. Posso dizer claramente
porque vi uma reportagem em que aparecia um cidadão ucraniano a filmar
na janela da sua casa, de noite e muito ao longe — qualquer coisa a 10
km de distância — viam-se explosões normais”, relata.
“E, de
repente, estas explosões convencionais ficam completamente transformadas
em anãs por uma gigantesca explosão. Pelo cogumelo que se forma, pela
gigante explosão e pela cor que tem, nota-se claramente que é uma arma
termobárica“, esclarece o historiador. Rússia pode “usar armas químicas”
A
Casa Branca diz que as denúncias “risíveis” e “falsas” do Kremlin sobre
o apoio norte-americano a um programa de armas biológicas na Ucrânia
pretendem “montar o palco” para as tropas russas recorrerem a esse tipo
de armamento. “É um padrão evidente”, acusa Washington, segundo o Público.
O
Governo dos Estados Unidos admitiu a possibilidade de o Exército russo
vir a usar armamento químico na guerra com a Ucrânia e acusou o Kremlin
de estar a “montar o palco” para esse cenário, recorrendo àquilo a que
os norte-americanos descrevem como “propaganda russa clássica“, que já
se viu na guerra na Síria.
Em causa está a narrativa promovida
nos últimos dias por Moscovo – e apoiada, segundo a Casa Branca, por
Pequim – de que os EUA teriam apoiado e financiado laboratórios
ucranianos dedicados ao desenvolvimento de armas biológicas.
A
Casa Branca afirmou que, para além de pretenderem “tentar justificar um
ataque premeditado, não provocado e injustificável à Ucrânia”,
correspondem a um “padrão evidente” das autoridades russas para
recorrerem, elas próprias, a armas químicas.
“Agora que a Rússia
fez estas denúncias falsas – e que, aparentemente, a China apoia esta
propaganda – temos de estar atentos à possível utilização de armas
químicas e biológicas pela Rússia, na Ucrânia, ou à criação de uma falsa
operação clandestina para as usar”, alertou Jen Psaki, assessora de
imprensa da Casa Branca, numa série de mensagens publicadas no Twitter,
na quarta-feira à noite.
“É o tipo de operação de desinformação
dos russos que temos vindo a assistir, repetidamente, ao longo dos anos,
na Ucrânia e noutros países, mas que tem sido desmascarada”, acusou.
Antes,
Maria Zakharova, porta-voz do Kremlin, tinha revelado que a Federação
Russa tem na sua posse “documentos” que confirmam que o Ministério da
Saúde da Ucrânia mandou destruir amostras de antraz, de cólera, de peste
e de outros agentes patogénicos antes do início da “operação militar
especial” da Rússia no país.
Segundo Moscovo, os documentos, não
divulgados, foram apreendidos durante a invasão, e mostram uma
“tentativa de emergência de apagar provas de programas militares
biológicos” financiados pelos EUA.
O Ministério da Defesa russo
deu ainda conta de uma operação de “provocação”, recorrendo a armas
químicas, que está a ser preparada por “nacionalistas ucranianos”, na
cidade de Kharkiv.
Citado pela Reuters, um representante do
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, “negou firmemente todas as
acusações” russas.
“É a Rússia que tem um histórico, antigo e
bem documento, de utilização de armas químicas, incluindo tentativas de
assassínio e envenenamento dos inimigos políticos de [Vladimir] Putin,
como Alexei Navalny”, denunciou Jen Psaki.
“É a Rússia que
continua a apoiar o regime de Assad, na Síria, que usou repetidamente
armas químicas. É a Rússia que mantém, há muito tempo, um programa de
armas biológicas, em violação do direito internacional“, insistiu a
porta-voz de Joe Biden.
“Essa desinformação russa é um absurdo
total e não é a primeira vez que a Rússia inventa tais falsas alegações
contra outro país. Além disso, essas alegações foram desmascaradas de
forma conclusiva e repetida ao longo de muitos anos”, indicou o
porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, em
comunicado, segundo o Jornal de Notícias.
Em
causa está a tentativa da Rússia de justificar as “suas próprias ações
horríveis na Ucrânia” através da invenção de falsos pretextos, segundo
Price.
“Os EUA não possuem ou operam nenhum laboratório químico
ou biológico na Ucrânia, estão em total conformidade com suas obrigações
sob a Convenção de Armas Químicas e a Convenção de Armas Biológicas, e
não desenvolvem ou possuem tais armas em nenhum lugar. (…) A Rússia tem
um histórico de acusar o Ocidente dos mesmos crimes que a própria Rússia
comete“, frisa o comunicado.
Em abril de 2020, a Organização
para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) atribuiu ao Governo sírio a
responsabilidade pelo uso de gás sarin e bombas de cloro na guerra civil
da Síria.
A Federação Russa, aliada de Assad, e peça
fundamental na reconquista militar de grande parte do território que as
forças do Presidente Bashar al-Assad tinham perdido, rejeitou, no
entanto, as acusações a OPAQ.
Tal como também negou ter
participado ou apoiado as operações de envenenamento do opositor
político Navalny, na Sibéria, e do antigo espião Serguei Skripal, na
localidade inglesa de Salisbury, com o agente nervoso Novichok – uma
arma química altamente tóxica, fabricada nas décadas de 1970 e 1980 na
União Soviética.
Entre
10% a 20% das pessoas com covid-19 sofrem de sintomas após recuperarem
da fase aguda da infeção, uma condição “imprevisível e debilitante” que
afeta também a saúde mental, alertou hoje a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
“Embora os dados sejam escassos, estimativas recentes
apontam que 10 a 20% das pessoas com covid-19 experimentam doença
contínua durante semanas ou meses após a fase aguda da infeção”, refere o
Relatório Europeu da Saúde 2021 da OMS hoje divulgado.
Segundo o
documento, esta situação conhecida por “long covid” ocorre em pessoas
com um historial de infeção pelo SARS-CoV-2 geralmente três meses a
partir do início da covid-19, com sintomas que duram pelo menos dois
meses, sendo a fadiga, falta de ar e a disfunção cognitiva os mais
comuns.
“A condição pós-covid-19 é imprevisível e debilitante e
pode, posteriormente, levar a problemas de saúde mental, tais como
ansiedade, depressão e sintomatologia pós-traumática”, alerta o capítulo
do relatório dedicado à pandemia.
De acordo com o documento da
OMS Europa, o que influencia o desenvolvimento e gravidade do long covid
é, até agora, desconhecido, mas não parece estar correlacionado com a
gravidade da infeção inicial por SARS-CoV-2 ou com a duração dos
sintomas associados, sendo, porém, mais comum em pessoas que foram
hospitalizadas.
“Espera-se que o número absoluto de casos
aumente à medida que ocorrem novas ondas de infeção na região europeia e
é necessária mais investigação e vigilância” a esta condição específica
provocada pela covid-19, adianta ainda o documento.
O relatório
sobre a Saúde na Europa, que é publicado a cada três anos, refere ainda
que as medidas de contenção da pandemia, como os confinamentos,
“influenciaram negativamente os comportamentos de saúde” da população
europeia.
Estas restrições tiveram impacto nos padrões de
consumo de álcool, tabaco e de drogas em “partes significativas da
população”, registando-se também “um aumento do comportamento sedentário
e alterações negativas” ao nível alimentar.
A OMS adianta
também que o encerramento de escolas e universidades em diversos países,
durante as fases mais críticas da pandemia, teve um “impacto no
bem-estar mental” das crianças e adolescentes.
“Uma análise
recente mostra um número significativo de crianças que sofrem de
ansiedade, depressão, irritabilidade, desatenção, medo, tédio e
distúrbios do sono”, alerta a OMS, ao avançar que o encerramento de
escolas durante os picos da pandemia em 2020 e 2021 tem provocado perdas
na aprendizagem e perturbação no desenvolvimento cognitivo de crianças e
adolescentes.
“Os dados emergentes mostram perdas de
aprendizagem correspondentes de um terço a um quinto de um ano letivo e
foram reportadas mesmo em países com uma aplicação relativamente curta
das medidas de saúde pública e sociais e o acesso generalizado à
Internet. Isto sugere que as crianças fizeram pouco ou nenhum progresso
enquanto aprenderam em casa”, sublinha a organização.
O
relatório evidencia ainda que, devido à natureza do seu trabalho, os
profissionais de saúde estão em maior risco de infeção por SARS-CoV-2 e a
prevalência de infeção é ligeiramente maior entre os profissionais de
saúde do que na população em geral.
“As estimativas atuais
mostram que cerca de 10% dos profissionais de saúde foram infetados.
Cerca de 50% destes eram enfermeiros e 25% eram médicos”, adianta o
documento.
A covid-19 provocou pelo menos 6.011.769 mortos em
todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço
da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020,
morreram 21.267 pessoas e foram contabilizados 3.367.469 casos de
infeção, segundo dados de hoje da Direção-Geral da Saúde.
Apesar
de passar despercebido perante a popularidade de Drácula, o livro
Carmilla do escritor irlandês Sheridan Le Fanu foi o primeiro a
representar os vampiros na literatura — e a protagonista era uma mulher.
Foi em 1897, com a publicação de Drácula de Bram Stoker, que os
vampiros se tornaram criaturas mais conhecidas entre os adeptos de
literatura de terror. Mas contrariamente ao que se possa pensar e apesar
de ser o mais conhecido, Drácula não foi o primeiro vampiro literário.
Na
verdade, a primeira representação em livro destas criaturas sedentas de
sangue foi no feminino, no livro Carmilla, do escritor irlandês
Sheridan Le Fanu, que foi publicado em 1872. E além de ser uma vampira,
Carmilla era também lésbica.
Escrito 26 anos antes de Drácula,
Carmilla serviu claramente de inspiração a Stoker, que escolheu uma
figura histórica — o famoso Vlad Drácula, o Empalador — e transformou-o
num vampiro, recorda o Ancient Origins.
Carmilla
é ao mesmo tempo uma obra revolucionária e com elementos comuns da era
em que foi escrita. O seu estilo é típico da literatura gótica que era
popular na altura, incluindo um castelo sombrio, um ambiente sinistro e
elementos sobrenaturais.
Mas outros aspectos do livro foram
pioneiros, notoriamente, a escolha de uma protagonista feminina que se
sentia atraída pela sua vítima, uma jovem rapariga chamada Laura — e
aparentemente, a atracção é recíproca, numa mistura de sentimentos de
desejo e repulsão. No austero período Vitoriano, histórias com alusões
ao lesbianismo eram inéditas.
A independência feminina era
também um tema tabu nesta época, quando as mulheres eram apenas vistas
como posses para os homens e não tinham autonomia própria. Além disto,
as personagens masculinas do livro também desafiam o arquétipo do homem
ideal que costumava protagonizar os livros da altura, sendo fracas e
ingénuas em vez de fortes e sábias.
A inspiração histórica em
Drácula é evidente, mas será que Le Fanu também se baseou em elementos
verdadeiros para escreve o seu livro? De acordo com os estudiosos do
assunto, o mais provável é que o autor irlandês se tenha inspirado nos
trabalhos do francês Agostinho Calmet, especialmente a sua obra de 1746 —
Dissertations sur les apparitions des anges, des démons et des esprits,
et sur les revenants et vampires de Hongrie, de Bohême, de Moravie et
de Silésie.
Este foi um dos primeiros trabalhos académicos que
se debruçou sobre os vampiros, com várias teorias sobre estas criaturas e
detalhes sobre os casos contemporâneos mais populares na Sérvia e na
Hungria.
A palavra vampiro tem inclusivamente origem sérvia, de
onde quase todos os mitos sobre estas criaturas são e onde até hoje
ainda há uma crença generalizada de que os vampiros existem, sobretudo
nas comunidades rurais. O caso de Arnaut Pavle
O famoso caso
de Arnaut Pavle pode ter sido a inspiração original para Le Fanu. Os
habitantes da vila de Pavle afirmavam que o homem os assombrava depois
de ter morrido e que em vida, teria sido assediado por um vampiro. Pavle
ter-se-ia livrado desta maldição ao comer terra da cova do vampiro e
sujar-se com o seu sangue.
No entanto, menos de um ano depois da
sua morte, os habitantes da vila de Pavle reportavam casos de
assombrações e doenças que estariam ligadas ao falecido, que se teria
tornado ele mesmo num vampiro. Em Janeiro de 1726, 17 pessoas já teriam
morrido devido a esta doença misteriosa.
A primeira vítima de
Arnaut Pavle terá sido uma mulher que terá comido a carne de ovelhas que
teriam sido mortas por Pavle. A mulher também se terá manchado com o
sangue do vampiro, tendo assim continuado a onda de vampirismo na vila.
As
autoridades austríacas terão ainda testemunhado uma exumação dos
habitantes da vila ao corpo de Arnaut Pavle, que teria “veias repletas
de sangue fluído” e o seu corpo e caixão estariam completamente
ensanguentados. A sua pele, unhas e cabelo teriam caído e nascido
novamente e o seu corpo estaria vermelho.
Ao verem isto, as
pessoas terão empalado o corpo com uma estaca de madeira e o cadáver
terá reagido com um grito. Terão depois decapitado o corpo e queimado os
seus restos mortais, chegando assim ao fim os relatos de assombrações
na vila.
Não há forma termos certeza, mas é provável que
Sheridan Le Fany se tenha inspirado nestes detalhes sombrios para
escrever Carmilla, já que ambas as histórias têm em comum uma personagem
feminina adolescente. Resta-nos especular.
Foi
a primeira vez que um líder estrangeiro falou na Câmara dos Comuns:
“Não vamos desistir e não vamos perder. Vamos continuar a lutar até ao
fim”, afirmou o Presidente ucraniano.
O Presidente da Ucrânia
discursou esta terça-feira na Câmara dos Comuns do Reino Unido.
Volodymyr Zelenskyy pediu o endurecimento das sanções contra a Rússia e
repetiu o apelo para a criação de uma zona de exclusão aérea nos céus da
Ucrânia.
“Não vamos desistir e não vamos perder. Vamos
continuar a lutar até ao fim no mar, no ar. Vamos continuar a lutar pelo
nosso país qualquer que seja o custo. Vamos lutar nas florestas, nos
campos, na costa, nas ruas”, afirmou Zelensky, repetindo as palavras
proferidas pelo ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill, num
dos discurso mais emblemáticos que fez durante a Segunda Guerra Mundial.
“Ser ou não ser? Durante 15 dias esta pergunta podia ter sido
colocada, mas agora posso dar-vos uma resposta definitiva.
Definitivamente sim, ser”, continuou usando uma das citações mais
famosas de Hamlet, obra de William Shakespeare.O líder da Ucrânia reiterou ainda o
pedido de ajuda aos “países civilizados”. “Estou muito agradecido a si,
Boris [Johnson]. Por favor aumente a pressão das sanções contra este
país [Rússia] e por favor reconheça-os como um Estado terrorista. Por
favor garanta que os céus ucranianos são seguros. Por favor garanta que
faz o que precisa de ser feito e que a sua consciência lhe disser”.
Zelenskyy
discursou por videochamada e em ucraniano (que foi traduzido em tempo
real para os membros do parlamento). Esta foi a primeira vez que um
líder estrangeiro interveio na Câmara dos Comuns. Este tipo de discursos
ocorrem normalmente em Westminster Hall, segundo o Expresso.
“A
Ucrânia não queria esta guerra. Somos o país que está a salvar pessoas
apesar de ter de lutar um dos maiores exércitos do mundo”, sublinhou o
líder ucraniano.
A intervenção foi antecedida e seguida por
longas ovações de pé, numa Câmara dos Comuns cheia para a sessão que
durou cerca de 15 minutos.
Nas intervenções que se seguiram, os
líderes parlamentares de todos os partidos saudaram a coragem de
Volodymyr Zelenskyy e do povo da Ucrânia.
Os 13 dias de guerra segundo Zelensky
Zelenskyy abriu o seu discurso a descrever os 13 dias do conflito. “Uma guerra que não começamos, que não queríamos,
mas em que temos de travar porque não queremos perder o que temos, o
que é nosso, tal como vocês não quiseram perder o vosso país quando os
nazis vos atacaram durante a Segunda Guerra Mundial”.
“No dia um, às
quatro da manhã, fomos atacados por mísseis cruzeiro. Toda a gente
acordou e desde então não temos dormido“, começou.
“No segundo dia, as forças russas exigiram que nós baixássemos as nossas armas, mas nós continuamos a lutar e sentimos a força do nosso povo que se vai opor à ocupação até ao fim”.
“No dia seguinte, a artilharia começou a lutar contra nós”.
“No dia quatro, começamos a manter prisioneiros. Não temos estado a torturá-los. Permanecemos humanos mesmo no quarto dia desta guerra terrível”.
“No dia cinco, o terror contra nós continuou contra crianças e cidades. Os bombardeamentos tinham sido permanentes, incluindo contra hospitais, mas isso não nos vergou”.
“No dia seis, os mísseis russos caíram em Babi Yar, onde os nazis
mataram milhares de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. Oitenta
anos depois, os russos atacaram-nos pela segunda vez. Até as igrejas estão a ser destruídas pelos bombardeamentos”.
“No dia oito, vimos tanques russos a disparar contra as plantas nucleares. Todos puderam perceber que este ataque é contra toda a gente”.
“No dia nove, foi a conferência da NATO que não teve o resultado que
queríamos. Sim, foi isso que sentimos. Sentimos que infelizmente nem
sempre as alianças funcionam devidamente e que a zona de exclusão aérea
não podia ser instituída”.
“No dia dez, os ucranianos começaram a protestar em massa e a parar as investidas armadas com as próprias mãos”.
“No dia onze, as crianças, percebemos que os ucranianos se tornaram heróis. Cidades inteiras, crianças, adultos”.
“No dia doze, as perdas do exército russo excederam os 10 mil mortos,
incluindo um general. Isso deu-nos esperança que haverá algum tipo de
responsabilização por essas pessoas em frente a um tribunal”.
“No dia treze, uma criança foi morta na cidade de Mariupol que estava
sob ataque. [As forças russas] não permitiam a entrada de comida e
água. As pessoas começaram a entrar em pânico. Mais de 50 crianças foram mortas. Estas são as crianças que podiam ter saído, mas estas pessoas tiraram-nas”.
Parlamento britânico reitera sanções contra Rússia
O final do discurso de Zelensky foi recebido com segunda ovação de pé por parte dos deputados britânicos.
Seguiram-se as intervenções dos líderes dos partidos com assento
parlamentar. Todos reiteraram o compromisso do Reino Unido com o povo
ucraniano, prometendo endurecer sanções, continuar a fornecer armas e a prestar assistência humanitária.
“Numa grande capital europeia, agora no alcance das armas russas, o presidente Volodymyr Zelenskyy permanece firme pela democracia e liberdade“, afirmou Boris Johnson.
“Neste momento, ucranianos normais estão a defender as suas casas e
famílias contra um ataque brutal. E pelas suas ações estão a inspirar
milhões com a sua coragem e dedicação”, continuou.
“Este é um momento
para pormos as nossas diferenças de lado. A Grã-Bretanha e os nossos
aliados estão determinados em continuar a pressionar [o regime russo]. E
vamos aplicar todos os métodos que conseguirmos – diplomáticos,
humanitários e económicos – até que o Vladimir Putin tenha falhado nesta
desastrosa investida e a Ucrânia seja novamente livre”, concluiu o
primeiro-ministro britânico.
“Ninguém o teria culpado [Zelensky] por fugir. Em vez disso ficou em
Kiev, para liderar os ucranianos e lutar. Recordou-nos que a nossa
democracia e liberdade são inestimáveis e levou o mundo a agir, quando demasiadas vezes deixamos Putin levar a sua avante”, considerou o líder do Partido Trabalhista Kier Starmer.
“Devemos fazer tudo o que conseguirmos para enviar apoio à Ucrânia e enviar a mensagem mais clara a Putin: que isto vai acabar em derrota para ele, que vai enfrentar a justiça no Tribunal Internacional”, disse Ian Blackford, líder Partido Nacional Escocês.
Já Ed Davey (Liberal Democratas) sublinhou que situação na Ucrânia
deve servir de lembrete de que os valores de liberdade, democracia e
segurança não devem ser tomados como garantidos. “Embora nesta Câmara
discordemos de muitas coisas, aqui defendemos juntos esses valores”.
“A nossa resposta não vai ser julgada pelo volume ou força do nosso
aplauso ao Presidente Zelenskyy”, defendeu por fim Jeffrey Donaldson, do
Partido Unionista Democrático. “Vai ser julgada pelo volume ou força da nossa resposta ao seu pedido de ajuda”.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse, durante uma
entrevista televisiva na segunda-feira, que não vai insistir na adesão
da Ucrânia à NATO, uma das questões que motivaram oficialmente a invasão
russa.
Num outro sinal de abertura a negociações com Moscovo, durante uma
entrevista ao canal televisivo norte-americano ABC, Zelensky disse estar
disponível para um “compromisso” sobre o estatuto dos territórios
separatistas no leste da Ucrânia, cuja independência o Presidente russo,
Vladimir Putin, reconheceu unilateralmente, pouco antes de lançar o
ataque militar.
NATO? “Percebi que não estava pronta para aceitar”
“Quanto à NATO, moderei a minha posição sobre esta questão há algum tempo, quando percebi que a NATO não estava pronta para aceitar a Ucrânia“, disse o líder ucraniano numa entrevista transmitida na noite de segunda-feira.
“A Aliança tem medo de tudo o que seja controverso e de um confronto
com a Rússia”, explicou Zelenskyy, acrescentando que não quer ser o
Presidente de um “país que implora de joelhos” por uma adesão à NATO.
Num outro sinal de abertura a negociações com Moscovo, durante uma
entrevista ao canal televisivo norte-americano ABC, Zelenskyy disse
estar disponível para um “compromisso” sobre o estatuto dos territórios
separatistas no leste da Ucrânia, cuja independência o Presidente russo,
Vladimir Putin, reconheceu unilateralmente, pouco antes de lançar o
ataque militar.
Por várias vezes, Putin disse que a adesão da Ucrânia à NATO constituía uma ameaça para os interesses de Moscovo, tendo exigido ao Ocidente que não expandisse a sua zona de influência militar junto das suas fronteiras.
O Presidente russo também reconheceu as duas autoproclamadas
repúblicas separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, exigindo agora
que Kiev também as reconheça, de acordo com a TSF.
Questionado sobre esta exigência russa, durante a mesma entrevista televisiva, Zelenskyy disse estar aberto ao diálogo.
“Estou a falar de garantias de segurança. Penso que quando se trata
destes territórios ocupados temporariamente (…), que só foram
reconhecidos pela Rússia, (…) podemos discutir e chegar a um compromisso sobre o futuro destes territórios“, explicou o líder ucraniano.
“O importante para mim é como vão viver as pessoas que estão nestes
territórios e que querem fazer parte da Ucrânia”, acrescentou Zelenskyy,
considerando que a questão é “complexa”.
“Esse é outro ultimato e nós rejeitamos ultimatos. O que é necessário é que o Presidente Putin comece a falar, inicie um diálogo, em vez de viver numa bolha”.
Kiev
foi atormentada por várias explosões durante a madrugada. Ouviram-se
ainda sirenes de ameaça de bombardeamento depois do início do
cessar-fogo.
A Rússia voltou a prometer que vai cumprir o
cessar-fogo para permitir a retirada de civis pelos corredores
humanitários. A confirmação foi dada pelo chefe do Centro Nacional para o
Controlo da Defesa da Rússia, que iria suspender os ataques a partir
das 10h de Moscovo (7h em Portugal).
Assim, os corredores
humanitários voltam reabrir numa tentativa de retirar civis de cinco
cidades ucranianas: Kiev, Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Mariupol.
Esta
madrugada ficou marcada por várias explosões na capital ucraniana e nas
áreas circundantes, sinais de bombardeamentos e combates aéreos.
Poucos
minutos antes da hora prometida do início do cessar-fogo, ouviram-se
sirenes em Kiev, perante nova ameaça de um ataque aéreo.
“Região
de Kiev – alerta aéreo. Ameaça de ataque com mísseis. Toda a gente deve
ir de imediato para os abrigos”, escreveu o governador da região,
Oleksiy Kuleba, no Telegram.
O The Kyiv Independent escreve que os bombardeamentos em Sumy, ao longo desta madrugada, causaram 22 mortos, incluindo três crianças. Entretanto, o The Guardian escreve que já terá recomeçado a retirada de civis de Sumy.
“Uma série de explosões ruidosas ouvidas em Kiev e arredores agora. A
cidade de Kiev lançou outro alerta de sirene para procurar abrigo
imediatamente. As explosões são incessantes há três minutos”, escreveu
no Twitter o correspondente da BuzzFeedNews, Cristopher Miller, esta madrugada.
As sirenes voltaram a soar já depois do início do cessar-fogo, às 9h locais. As cidades de Zhytomyr e Vasylkiv também estiveram em alerta perante um possível bombardeamento.
O Ministério da Defesa ucraniano diz que as cidades cercadas continuam sob “pesados bombardeamentos”.
Esta não é a primeira vez que se tentam estabelecer rotas de
evacuação para civis, com as outras tentativas a falharem devido a uma
alegada quebra de cessar-fogo por parte dos russos. Ainda assim, alguns
milhares de pessoas conseguiram fugir da cidade de Sumy, no nordeste, na
terça-feira.
O
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, responde às sanções do ocidente
com a proibição das exportações de produtos e matérias-primas. Uma
decisão que surge depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter
anunciado o fim das importações de petróleo e gás russo para os EUA.
Numa
intervenção na Casa Branca, Biden revelou que “o petróleo russo não
será aceite nos portos dos Estados Unidos”, reforçando o aumento das
sanções impostas à Rússia para “dar outro forte golpe a Putin”.
A
decisão foi tomada “em estreita coordenação” com os aliados dos Estados
Unidos, precisou. “Não ajudaremos a subsidiar a guerra de Putin”,
afirmou ainda Biden.
A Europa recusou, até agora, decretar um
embargo às importações russas que dão resposta a 40% das suas
necessidades em termos de gás natural e a 30% das de petróleo.
O
Chanceler alemão, Olaf Scholz, já avisou que as importações de energia
fóssil da Rússia são “essenciais” para a “vida diária dos cidadãos”
europeus.
Os EUA, pelo contrário, são exportadores líquidos, ou seja, produzem mais petróleo e gás do que consomem.
“Nós
podemos tomar esta decisão, enquanto outros não”, explicou Biden,
notando que os EUA estão “a trabalhar em estreita colaboração” com os
seus aliados europeus para desenvolver uma estratégia de longo prazo
para reduzir a dependência da Europa da energia russa“.
O petróleo russo representa apenas 8% das importações norte-americanas e 4% do consumo de produtos petrolíferos nos EUA. Reino Unido também trava importações de petróleo russo
Entretanto, o Reino Unido também anunciou que vai deixar de importar crude e produtos petrolíferos russos até ao final de 2022.
“Vamos parar de importar petróleo russo”, afirmou claramente o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
O
Governo de Boris prevê implementar uma fase de “transição” para “dar ao
mercado, empresas e cadeias de fornecimento mais tempo para
substituírem as importações russas, que representam 8% da procura no
Reino Unido“, escreveu o ministro da Economia e da Energia britânico,
Kwasi Kwarteng, na rede social Twitter.
A ideia é “assegurar uma transição suave para que os consumidores não sejam afectados“, explicou Kwarteng.
Putin proíbe exportações de matérias-primas
Em
resposta às sanções que têm sido impostas à Rússia, Putin anunciou
“medidas especiais” com um decreto que proíbe “a exportação para fora da
Federação Russa” de produtos e (ou) matérias-primas.
Estes
produtos e os países alvo da proibição serão especificadas numa lista a
ser aprovada pelo governo russo nos próximos dois dias.
O
decreto nota ainda que esta medida não se aplica a “produtos e (ou)
matérias-primas exportadas da Rússia e (ou) importadas para o país por
cidadãos da Federação Russa, cidadãos estrangeiros e apátridas, para uso
pessoal”.
O vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak,
também avisou que a Rússia tem todo o direito de tomar acções, no caso
de serem impostas sanções às suas exportações de energia, como
determinar um embargo ao gás que chega à Europa através do gasoduto Nord
Stream 1.
Novak acrescentou que com sanções mútuas em matéria
de energia “ninguém ganha”, considerando que os políticos europeus,
através das suas reivindicações e acusações, estão a empurrar a Rússia
para estas medidas.
Economia russa à beira do colapso
As sanções ocidentais à Rússia já começam a fazer-se sentir na economia, com o valor do rublo a atingir recordes de desvalorização.
Os russos já têm corrido aos multibancos para tentarem levantar o seu
dinheiro antes que desvalorize ainda mais, para o trocarem por bens
duráveis ou outras moedas.
Putin já decretou a proibição da
transferência de dinheiro para o estrangeiro e o Banco Central da Rússia
subiu as taxas de juro para níveis históricos.
Entretanto, a
agência financeira Fitch Ratings voltou a baixar o rating da dívida
soberana da Rússia para “C”, o que reflecte um risco iminente de não
pagamento.
As estimativas dos especialistas económicos apontam
que a economia russa pode encolher uns impressionantes 7%, devido às
sanções, o que será quase o dobro do que aconteceu na altura da Grande
Recessão nos EUA.
No horizonte, surgem, assim, tempos difíceis
para os russos, com negócios a falir, o desemprego a disparar e a fome a
afectar milhares de pessoas. É um antecipar de um regresso aos tempos
da ex-União Soviética, com escassez de bens.
Mas, no ocidente, também já se vão sentindo os custos da guerra, com um aumento generalizado dos preços e, logo, do custo de vida.
Em países como Portugal, os combustíveis não páram de subir e isso vai ter efeitos em outros produtos. Também nos EUA, os combustíveis têm atingido máximos dos últimos anos.
Nesta guerra de sanções, e no arrastar da guerra militar na Ucrânia, falta saber quem vai quebrar primeiro. Multinacionais suspendem vendas na Rússia
No
meio das sanções decretadas pelos vários Governos, as mais conhecidas
empresas multinacionais, como as norte-americanas McDonald’s, Pepsi,
Coca-Cola e Starbucks, estão a suspender as suas vendas no mercado
russo.
O caso do McDonald’s é especialmente simbólico, pois foi o
primeiro restaurante estrangeiro a abrir em Moscovo, em 1990, ainda
antes da dissolução da ex-URSS.
Essa abertura foi vista como uma
“verdadeira revolução” e um sinal dos ventos de mudança. A suspensão
dos serviços é, agora, pelo contrário, um sinal de retrocesso no tempo.
Os
850 restaurantes McDonald’s na Rússia vão suspender de forma
temporária, fazendo “uma pausa nas operações”, segundo comunicado da
empresa que vai continuar a pagar salários aos cerca de 62 mil
empregados que tem no país.
A McDonald’s refere que também
continua a pagar os salários aos trabalhadores que tem na Ucrânia,
apesar de a guerra ter travado o negócio neste país.
A Shell
também já anunciou que vai deixar de comprar gás e petróleo russo e
fechar os postos de abastecimento no país, num comunicado em que também
se desculpou por ter adquirido matéria-prima russa após a invasão da
Ucrânia.
Os lucros do petróleo russo que a Shell ainda tem vão
reverter para um fundo que visa ajudar vítimas da guerra, segundo a
empresa.
O grupo editorial americano Condé Nast anunciou,
igualmente, a suspensão da sua actividade na Rússia, onde publica, em
particular, a revista de moda Vogue há mais de 20 anos.
“Continuamos
chocados e horrorizados com a violência sem sentido e a trágica crise
humanitária na Ucrânia e com a recente adopção pelo Governo russo de
novas leis de censura”, avançam responsáveis do Condé Nast.
O grupo também publica na Rússia as revistas GQ, GQ Style, Tatler, Glamour e AD.
Muitas
marcas de moda e luxo também anunciaram a interrupção das suas
actividades no país, incluindo Chanel, Hermès, Prada e LVMH.
Zona
de Nova Gales do Sul está a ser afectada desde Fevereiro e já morreram
21 pessoas. Há mais de 250 mil pessoas a pedir ajuda.
A zona
sudeste da Austrália, mais concretamente na região de Nova Gales do Sul,
está a ser seriamente afectada por chuvas torrenciais.
As
inundações começaram ainda no final de Fevereiro, tendo afectado
primeiro o estado de Queensland, onde causaram pelo menos 12 mortes.
Muitas casas ficaram submersas (mais de 20 mil pessoas tiveram de sair
de sua casa) e diversos automóveis foram arrastados.
O governo de Queensland acredita que este fenómeno causará um prejuízo de cerca de 674 milhões de euros.
Na semana passada a tempestade chegou a Nova Gales do Sul, onde se situa a maior cidade australiana: Sidney.
As
autoridades locais elevaram para 21 o número de mortos relacionados com
as chuvas fortes e indicou que, só desde a noite desta segunda-feira,
já foram deslocadas 80 mil pessoas. A grande maioria (60 mil) foi
retirada de 13 distritos da parte ocidental de Sydney.
As casas e
as estradas estão inundadas, sobretudo na cidade de Camden e nas zonas
ribeirinhas, também na parte ocidental de Sidney. Receiam-se novos
deslizamentos de terra e inundações.
O cenário não vai melhorar
nos próximos dias: as chuvas torrenciais e os ventos que podem chegar a
90 quilómetros por hora vão prolongar-se, no mínimo, até à próxima
quinta-feira.
Cerca de 5 mil soldados australianos deverão
reforçar os trabalhos de socorro e de limpeza em Nova Gales do Sul e em
Queensland.
Mais de 250 mil pessoas já pediram ajuda extraordinária, devido a estas inundações.
A
subida nos preços da energia pode ter um efeito bola de neve e causar
fazer disparar os preços de todos os outros produtos. Aliada ao
desemprego e um reduzido crescimento económico, a inflação leva à
estagflação.
Ainda antes do início da guerra na Ucrânia, o
cenário já era temido, especialmente com as elevadas taxas de inflação
que se registaram logo no início do ano e que levaram a que o Banco
Central Europeu revisse em alta as taxas de juro. Mas afinal, o que é a
estagflação?
Este fenómeno ocorre quando se atravessa um período
de elevada inflação, como o que estamos a viver agora, ao mesmo tempo
que a economia estagna ou entra em recessão, com taxas de desemprego
elevadas.
O cenário já se verificou no final dos anos 70 e no
início da década de 80 — com o boicote da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP) aos países do Ocidente, que fez disparar
os preços do petróleo — e pode voltar a repetir-se com o efeito de bola
de neve causado pelas sanções impostas à Rússia, cujo impacto já de
está a sentir nos preços da energia.
Mário Centeno já deixou
avisos no início da semana sobre a possibilidade da Europa entrar neste
ciclo. “Um cenário próximo da estagflação não está fora das
possibilidades que podemos enfrentar“, alertou o governador do Banco de
Portugal, aconselhando os responsáveis portugueses e europeus a
preparem-se.
“A coisa mais importante é estarmos preparados e
disponíveis para salvaguardar a estabilidade financeira”, afirmou o
antigo Ministro das Finanças, que acredita que tudo depende da duração
do conflito e da resposta “mais ou menos concertada” que a Europa
decidir dar.
A Comissão Europeia também já está atenta e
acredita que o cenário mais provável, pelo menos por enquanto, é apenas
uma desaceleração das economias e não propriamente uma recessão, visto
que os PIBs europeus estão ainda numa trajectória de crescimento devido à
recuperação do impacto da pandemia.
Paolo Gentiloni, comissário
europeu da economia, já avisou que para além da subida dos preços da
energia, o efeito na confiança dos consumidores e empresários também não
se pode negligenciar.
Isto acontece porque a estagflação
funciona quase como uma profecia que se auto-concretiza, ou seja, os
empresários e consumidores receiam que venha aí uma crise e começam a
mais cautelosos e contidos nos investimentos e compras que fazem — algo
que, por si só, pode levar à tão temida recessão.
O Ministro das
Finanças também já avançou que as autoridades europeias estão a rever
as previsões em baixa e que Portugal não é excepção, mas João Leão
assegura que o nosso país vai ser um dos menos afectados.
Já
Vítor Constâncio, antigo presidente do Banco Central Europeu e
ex-governador do Banco de Portugal, considera que a possibilidade de
estagflação é remota e também acredita que Portugal não vai ser dos mais
afectados pela guerra na Ucrânia.
“A possibilidade de uma
situação de estagflação, entendida como a simultaneidade de uma recessão
e de inflação mais alta, é por enquanto remota no que respeita a uma
recessão”, refere em declarações por escrito ao ECO.
Constâncio
explica que o disparo nos preços da energia vai causar inflação e
reduzir o poder de compra das famílias, causando uma quebra no
crescimento na economia.
Mas mesmo que este cenário leve a uma
redução de 1,5 pontos percentuais no crescimento da economia na zona
euro, esta manteria uma “progressão da atividade económica de cerca de
2% a 2,5%”, escapando assim à recessão.
António Ascenção Costa, um dos economistas ouvidos pelo ECO,
acredita que este cenário é agora possível devido ao impacto
“potencialmente prolongado” da subida dos preços da energia, que leva a
uma inflação geral.
Há ainda questões sobre o mercado de
trabalho e sobre a “procura turística externa a maior prazo” já que a
nossa economia se baseia bastante neste sector.
Já João Borges
de Assunção acredita que “os ventos são muito adversos”, mas realça que é
“ainda cedo para avaliar de onde virão os principais problemas para a
economia portuguesa”.
Bem,
o gênio está bem e verdadeiramente fora da garrafa e não há maneira
fácil de incentivá-lo a retornar. Graças a um fluxo implacável de
propaganda, o público americano está cada vez mais convencido de que os
Estados Unidos “parecem fracos” e devem enfrentar Vladimir Putin .
Richard Haass , do Conselho de Relações Exteriores, agora está pedindo “mudança de regime”
na Rússia, enquanto o senador Robert Wicker e o congressista Adam
Kinzinger , bem como vários ex-chefes de Estado-Maior Conjunto, exigem
que os Estados Unidos estabeleçam uma “zona de exclusão aérea”.sobre
a Ucrânia, o que exigiria a destruição dos EUA das capacidades de
defesa aérea da Rússia e o abate de aviões russos, entre outras medidas.
Se isso ocorresse, a guerra poderia rapidamente se tornar nuclear.
Outros “especialistas” da mídia e do governo estão especulando que o
presidente russo, Vladimir Putin, é insano, com muitas outras desinformações vindas de inimigos da Rússia, como Bill Browder e o ex-embaixador Michael McFaul . Mas o comentarista da FOX, Sean Hannity, possivelmente vence a corrida do ódio, pedindo o assassinato de Putin porque ele “perdeu seu direito de viver”, uma visão também compartilhada pela senadora Lindsey Graham.
O
ex-vice-presidente do Partido Republicano, Mike Pence , pediu que
qualquer um que apoie a Rússia seja expulso do partido, o que sem dúvida
produzirá um expurgo de membros que estão relutantes em ir à guerra em
nome de um país estrangeiro e nenhum aliado da Ucrânia. Enquanto isso,
um senador completamente perturbado , Mitt Romney , descreveu
qualquer um que defenda a Rússia como “quase traidor”, sugerindo que
Romney se beneficiaria de procurar a definição de “traição” na
Constituição dos EUA. E o televangelista completamente maluco Pat
Robertson está alertando que a
Rússia atacou a Ucrânia, mas o verdadeiro alvo é Israel, o que
resultará em uma grande guerra e Armageddon levando ao “Fim dos Tempos”,
quando o mundo terminará e todos os verdadeiros crentes serão
arrebatados. até o céu.
Mas outras pessoas mais estáveis estão
apresentando dois argumentos básicos para justificar o crescente
engajamento de Washington na luta. A primeira é a vaga afirmação de que
Ucrânia versus Rússia é a manutenção da “liberdade e democracia” na
Europa. Geralmente é assim que o presidente Joe Biden e outros políticos
o descrevem, já que não requer mais explicações ou discussões. O outro
argumento é mais uma elaboração disso, alegando que havia algum tipo de
consenso pós-Segunda Guerra Mundial de que a guerra agressiva para
adquirir a terra de outra pessoa deveria ser condenada por todas as
nações e medidas deveriam ser tomadas para conter e reprimir qualquer
atividade desse tipo. Isso levou à criação das Nações Unidas.
O
problema é que nenhuma das justificativas para envolver os EUA em um
conflito onde não estão realmente ameaçados requer algo mais
substancial, dado o perigo de escalada dos combates ao ponto em que as
duas principais potências nucleares do mundo se encontrariam frente a
frente . E há a pequena questão da história a ser considerada, que nos
diz que nem tudo que está acontecendo pode ser reduzido a termos tão
simplistas para justificar a ação. O status quo na Europa Oriental é
consequência do desmembramento da União Soviética em 1991-2 e, além
disso, da configuração do Império Russo dos Czares que antecedeu o
comunismo. A própria Ucrânia teve suas fronteiras ajustadas várias
vezes.
Atualmente, o governo ucraniano do presidente Volodymyr
Zelenskyy está buscando ampliar o conflito com a Rússia, tentando
ingressar na União Europeia, ao mesmo tempo em que pede armas e
intervenção militar direta da OTAN. Ele convocou voluntários para se
juntarem à luta como uma “legião estrangeira” e também contatou o primeiro-ministro
israelense Naftali Bennett e sugeriu que Bennett persuadisse Putin a
participar das negociações de paz em Jerusalém. Também tem havido um
apelo menos conciliador ao judaísmo mundial para se juntar ao ataque
dirigido contra a economia de Moscou. Em um vídeo
circulou entre as organizações internacionais judaicas Zelenskyy disse:
“Você não vê o que está acontecendo? É por isso que é muito importante
que milhões de judeus em todo o mundo não fiquem em silêncio agora. O
nazismo nasce em silêncio.”
Há também mais do que uma medida de
hipocrisia no governo Biden que assume a liderança em punir a Rússia por
agressão. Os Estados Unidos entraram em guerra com um Vietnã não
ameaçador e destruíram governos e se envolveram em ocupações militares
completamente ilegais no Afeganistão, Iraque, Somália, Líbia e Síria.
Ele assassinou altos funcionários do Irã. Não foi punido por nenhuma
dessas ações. Seu aliado Israel bombardeia a Síria quase diariamente, se
envolve em assassinatos, mata crianças palestinas e anexa terras árabes
que obteve à força nas Colinas de Golã e na Cisjordânia, desapropriando
os habitantes originais. Quando isso acontece, o Congresso dos EUA e a
Casa Branca fazem vista grossa.
Além disso, a Ucrânia não é uma
democracia. O atual governo do país assumiu o poder após o golpe de
2014, planejado pelo Departamento de Estado do presidente Barack Obama,
com um custo estimado de US$ 5 bilhões. A mudança de regime foi
impulsionada pelo Departamento de Estado Russophobe Victoria Nuland com
uma pequena ajuda do globalista internacional George Soros. Ele removeu o
presidente democraticamente eleito Viktor Yanukovych, que infelizmente
para ele era um amigo da Rússia. A Ucrânia é supostamente o país mais
pobre e corrupto da Europa, como testemunha a saga de Hunter Biden.
Zelenskyy, que é judeu e afirma ter vítimas do holocausto em sua árvore
genealógica é um ex-comediante que venceu as eleições em 2019. Ele
substituiu outro presidente judeu, Petro Poroshenko, depois de ser fortemente financiado e promovidopor
outro colega judeu e o oligarca mais rico da Ucrânia, Ihor Kolomoyskyi,
que também é cidadão israelense e vive em Israel. Como artista, um dos
atos musicais de Zelenskyy consistia em tocar piano com seu pênis, sugerindo que o humor ucraniano tem algumas características únicas.
Após
a eleição do novo modelo de governo ucraniano pós-golpe em 2014, os
partidos da oposição foram declarados ilegais e alguns líderes foram
presos por “traição”, a mídia foi censurada e o parlamento proibiu o
russo, a língua de um terço da população, como uma língua oficial. Em
seguida, o governo declarou guerra às províncias orientais
predominantemente russas e, nos últimos oito anos, matou 14.000 pessoas.
Continuo
me perguntando, por que os formuladores de políticas de Washington e a
mídia, que deveriam saber melhor, se importam tanto com a Ucrânia? Não
tem valor estratégico para os Estados Unidos e as exigências russas eram
razoáveis e negociáveis. Assim, as alegações de que a defesa da
Ucrânia pretende manter a Europa democrática e livre é apenas uma
fachada para justificar a guerra econômica contra a Rússia. E, de
qualquer forma, a hipocrisia americana é claramente visível em relação à
possível intenção do Kremlin de anexar algumas regiões ucranianas
fortemente russas. Não é de forma alguma pior do que o que Israel tem
feito em Jerusalém, na Cisjordânia e nas Colinas de Golã, todos
endossados por sucessivas administrações dos EUA. Então, o que é tudo
isso realmente?
Depois de considerar os paralelos com Israel,
então me ocorreu que talvez houvesse o ângulo usual, significando que
era tudo sobre “proteger” os judeus, o argumento que tem sucesso em
Washington onde tudo mais falha e faz com que os Bidens, Blinkens,
Pelosis e Schumers se levanta e faz continência. Até mesmo um confuso
Donald Trump viu a luz e agora está chamando a intervenção russa de “holocausto” e está brincando sobre a falsa bandeira dos caças F-22 dos EUA como chineses e “bombardeando a Rússia”. A mídia judaica também está elogiando Zelenskyy, referindo-se a ele como um genuíno “herói judeu”, um Macabeu moderno resistindo à opressão, um Davi contra Golias.T-shirts
com sua imagem estão sendo vendidas com os dizeres “Resistindo aos
tiranos desde o faraó”, enquanto a comunidade judaica de Nova York está arrecadando milhões de dólares para a ajuda ucraniana.
A Agência Telegráfica Judaica relata que
uma “pesquisa demográfica de 2020 estimou que, além de uma população
'núcleo' de 43.000 judeus, cerca de 200.000 ucranianos são tecnicamente
elegíveis para a cidadania israelense, o que significa que eles têm
ascendência judaica identificável. O Congresso Judaico Europeu diz que
esse número pode chegar a 400.000.” Se isso for verdade, é uma das
maiores comunidades judaicas do mundo e inclui pelo menos 8.000 israelenses , muitos dos quais estão tentando retornar a Israel. Outros judeus ucranianos também estão fugindo do país.
Israel,
com laços estreitos com ambas as nações através da diáspora judaica,
vem tentando jogar em ambos os lados, oferecendo apoio à Ucrânia sem
condenar a Rússia. Seu primeiro-ministro Naftali Bennett está desempenhando cada vez mais o papel de mediador
entre os dois adversários, tendo se encontrado com Putin e falado
várias vezes com Zelenskyy. Os judeus, alguns dos quais têm cidadania
israelense, estão, de fato, desproporcionalmente representados entre os
chamados oligarcas em ambos os países, controlando setores-chave das
respectivas economias. Vários oligarcas judeus russos já fugiram em seus
superiates para portos que oferecem não extradição na tentativa de
preservar seus bens das sanções dos EUA e da Europa contra a economia de
Moscou.
Portanto, parece haver uma história judaico/israelense
que é parte integrante do que está acontecendo na Ucrânia. Há muito
tempo é reconhecido por muitos que uma antipatia particular dirigida
contra a Rússia permeia a visão de mundo neoconservadora. A maioria dos
neocons são judeus e vários deles estão administrando o Departamento de
Estado, ao mesmo tempo em que ocupam cargos de alto nível em outros
lugares do governo Biden, bem como nos think tanks de política externa,
incluindo Haass no influente Conselho de Relações Exteriores. Da mesma
forma, os sites de mídia e redes sociais intensamente russófobos dos EUA
e do Ocidente são desproporcionalmente judeus em sua propriedade e
pessoal. Como as negociações EUA-Rússia que antecederam os combates
atuais foram claramente projetadas para fracassar pelo governo Biden, é
preciso se perguntar se essa guerra é em grande parte produto de um ódio
étnico-religioso de longa data. Estou especulando, é claro, mas há até
mesmo algumas evidências históricas para apoiar essa visão na invasão do
Iraque e na hostilidade contra o Irã, que foram e continuam a ser
impulsionadas por interesses israelenses, não pelos Estados Unidos. A
Rússia é o inimigo um artifício semelhante? Tem que ser considerado…
Donald
Trump, ex-Presidente dos Estados Unidos, sugeriu bombardear a Rússia
com caças norte-americanos disfarçados com a bandeira da China.
O
antigo Presidente norte-americano tem uma solução, no mínimo, criativa
para travar os planos de Vladimir Putin. No sábado, durante um congresso
republicano, Donald Trump sugeriu que os Estados Unidos deveriam
bombardear a Rússia com caças americanos disfarçados com a bandeira da
China.
Bastaria colocar uma bandeira chinesa em aviões militares
F-22 e “bombardear toda a Rússia”, explicou. “[Após o ataque,] logo
diremos: foi a China que o fez, não nós. E depois eles começam a lutar
uns com os outros e nós recostamo-nos a ver.”
A sugestão motivou risos na plateia.
O Observador
escreve que esta estratégia militar teria, à partida, dois problemas.
Em primeiro lugar, o facto de os Lockheed Martin F-22 Raptor serem
originalmente norte-americanos e nenhum deles estar nas mãos dos
chineses, que têm os seus próprios caças de quinta geração, os J-20.
Em
segundo lugar, o facto de violar as leis bélicas internacionais. “Usar a
bandeira de um Estado neutro ou de qualquer Estado que não seja parte
do conflito é proibido”, sublinhou a especialista Laurie R. Blank.
As declarações de Trump surgem numa gravação áudio, obtida pelo The Washington Post.
O discurso de sábado, que durou mais de 80 minutos, foi dirigido a
cerca de 250 dos principais financiadores do Partido Republicano e
centrou-se essencialmente no tema da política externa.
Após ter
sido criticado por elogiar Vladimir Putin, em fevereiro, Donald Trump
mudou o seu discurso: o líder russo nunca teria invadido a Ucrânia se
Trump ainda fosse Presidente.
“Eu conheço muito bem Putin. Ele
não o teria feito. Jamais o teria feito!” Porquê? Porque quando Donald
Trump era Presidente foi mais duro com Vladimir Putin do que qualquer
outro líder norte-americano.
O problema, salientou, “não é que
Putin seja inteligente – claramente ele é inteligente -, o problema é
que os nossos líderes são burros e, até agora, deixaram-no avançar com
essa farsa e ataque à Humanidade”.
A
Suíça é o país que aplicou um maior número de sanções, seguido da União
Europeia e da França. Desde 22 de fevereiro, o número de sanções
aplicadas à Rússia duplicou.
Rússia passou a ser o país do mundo
com mais sanções aplicadas. Assim, a nação liderada por Vladimir Putin
ultrapassou o Irão, a Síria e a Coreia do Norte.
Segundo avança uma plataforma que analisa as sanções aplicadas, os países aliados aplicaram um total de 2.778 novas sanções, o que duplicou o número total de sanções aplicadas à Rússia.
De acordo com a Rádio Renascença, antes da invasão da Ucrânia a 22 de fevereiro, o país era alvo de 2.754 e passou para 5.530.
Com
este aumento, a Rússia ultrapassou o Irão, que tem 3.616 sanções, a
maioria devido ao programa nuclear e ao apoio ao terrorismo.
A
maior parte das sanções aplicadas são contra indivíduos, havendo ainda
343 a entidades, como companhias ou agências governamentais.
A
Suíça é o país que aplicou um maior número de sanções (568), seguido da
União Europeia (518) e da França (512). Os Estados Unidos impuseram 243.
Antes da invasão da Ucrânia, a Rússia já era alvo de sanções
devido à interferência nas eleições norte-americanas de 2016 e aos
ataques contra dissidentes políticos tanto no território russo como no
estrangeiro.
Mais de 1,7 milhões de pessoas já fugiram da
Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, de acordo
com o balanço divulgado esta segunda-feira pelas Nações Unidas.
Mais
de mil civis já foram mortos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Segundo o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos (OHCHR), que abrange o período das 4h de 24 de
fevereiro à meia-noite de 4 de março, das "1.058 vítimas civis na
Ucrânia, 351 foram mortas, incluindo 10 crianças".
O Papa
Francisco enviou dois cardeais para tentar mediar o conflito. O cardeal
Konrad Krajewski, responsável pelas obras de caridade do Papa, chegou
segunda feira à fronteira da Polónia com a Ucrânia, e o cardeal Michael
Czerny, do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, é
aguardado amanhã na Hungria.
Entretanto, Portugal recebeu desde o
início da invasão russa da Ucrânia 2.674 pedidos de proteção
temporária, segundo uma atualização feita hoje pelo Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Na
internet, o “Z” branco que surgiu nos veículos militares russos e é
agora uma marca da propaganda do Kremlin, já foi apelidado de “suástica
de Putin”.
“Z” é o maior símbolo de apoio à invasão da Ucrânia e
nem existe no alfabeto cirílico russo. O regime de Putin diz que vem de
“za pobedu” — em português, “pela vitória”. Mas há outras teorias,
segundo o Observador.
Cinco
dias antes de as forças de Moscovo invadirem a Ucrânia e abriram guerra
no país, os tanques e carrinhas militares russos colocados na fronteira
entre os dois países exibiam uma letra, que nem sequer existe no
alfabeto cirílico da Rússia.
Era um “Z” branco, com hastes
largas e sem serifas — um símbolo que conquistaria a atenção dos
analistas bélicos e tornar-se-ia num símbolo de apoio à investida russa.
De acordo com as Forças Armadas ucranianas, o “Z” tem um
significado militar: é uma das cinco letras identificadas até agora no
material bélico russo.
Sozinha, a letra “Z” rotula as forças
vindas do distrito oriental da Federação Russa, mas se estiver
emoldurada num quadrado branco identifica os militares da Rússia
colocados na Crimeia, a região ucraniana anexada pela Rússia em 2014.
Existe
também o “O” para as forças da Bielorrússia, o “V” utilizado pelos
fuzileiros navais, o “X” para as forças vindas da Chechénia (a república
na região do Cáucaso que tem sido palco de conflitos com Moscovo na
luta pela independência) e o “A” exibido pelas forças especiais.
Utilizando estes símbolos, os militares garantem que não atacam os próprios companheiros — é fogo amigo.
Mas
o “Z” e o “V” têm sido amplamente replicados por atletas olímpicos,
instituições e artistas também como forma de apoio a Putin.
Numa
fase inicial, julgava-se que o “Z” tinha sido adotado pelos militares
russos como símbolo do apoio da Rússia à independência das regiões
separatistas ucranianas de Donetsk e Lugansk, expressa a 22 de fevereiro de 2022 — apesar de, no alfabeto cirílico, o símbolo “Z” ser mais semelhante a um “3”.
Mas
a letra já tinha sido detetada em tanques militares muito antes dessa
data, quando as tropas de Putin se posicionaram na fronteira com a
Ucrânia.
A resposta pode estar em duas publicações que o
Ministério da Defesa russo, liderado por general Sergey Shoygu, colocou
nas redes sociais e que atribui às duas letras outro simbolismo.
O
“Z” vinha de “za pobedu”, que em português significa “pela vitória”, e o
“V” surgiria de “sila v pravde” ou, em português, “o poder está na
verdade”, como sugere a página governamental de Instagram.
O
assunto não ficou fechado com as explicações vindas diretamente do
governo de Putin, e há quem procure mais respostas nas entrelinhas.
Uma
das teorias é que as duas letras foram escolhidas para recordar a
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, a tenacidade da Rússia na
investida contra a Ucrânia. Há também quem teorize que o “Z” é uma
mensagem de guerra ao Ocidente, palavra que em russo é “zapad”; e que o
“V” é um sinal de apoio a Vladimir Putin.
As duas letras, mas
sobretudo o “Z”, ganharam tanta importância que se tornaram verdadeiros
símbolos da identidade nacional russa.
E o caso do ginasta russo
Ivan Kuliak, que tinha um “Z” improvisado com o que parecia ser
fita-cola no uniforme quando subiu ao pódio numa prova do campeonato
mundial de ginástica artística no Qatar, não é o único.
Segundo o Expresso,
a Federação Internacional de Ginástica anunciou que vai instaurar um
processo disciplinar a Ivan Kuliak, que competia na Taça do Mundo em
Doha.
Um pouco por toda a Rússia, mas também fora dela, circulam
carros com o “Z” desenhados nas janelas e nas portas, explica Kamil
Galeev, investigador com a bolsa Galina Starovoitova (dissidente russa
que batalhou por reformas democráticas no país) pelos Direitos Humanos
no Centro Wilson nos Estados Unidos e especialista em História Moderna,
no Twitter.
Segundo ele, a expansão da letra como símbolo da
ideologia de Putin está a ser tanta que há quem a compare a adoção da
suástica pelos apoiantes do regime nazi.
Uma das imagens mais
impressionantes partilhadas por Kamil Galeev é a de um “Z” composto por
militares russos, com recurso aos distintivos de soldados ucranianos
mortos em combate.
Outra é uma fotografia aérea de crianças com
doenças terminais dispostas em “Z” numa rua coberta de neve, à porta do
hospital onde estão internadas.
“Nas nossas mãos esquerdas,
seguramos folhetos com as bandeiras da República Popular de Luhansk e
Donetsk, Rússia e Tartaristão e fechamos a mão direita em punho”,
explicou o presidente da instituição Vladimir Vavilov, citado pela Sky News.
Academia de Ciências da Rússia lembra os “muitos anos” de confrontos na Ucrânia e pede uma resolução imediata do conflito.
Muitos
russos têm-se manifestado contra a invasão à Ucrânia, logo desde o
primeiro dia do conflito. Agora também a comunidade científica pede o
final imediato da guerra.
A Academia de Ciências da Rússia lançou o apelo, num comunicado
oficial, afirmando que o cessar-fogo é “extremamente importante” e que
todas as partes devem chegar a uma solução pacífica, através de
negociações.
A entidade indica que este conflito militar “agudo”
é a consequência de “muitos anos” de confrontos na Ucrânia, que
originaram a morte de muitos civis.
Os membros da Academia estão
“seriamente preocupados” com a saúde e mesmo com a vida das pessoas,
incluindo os colegas cientistas que estão na zona de guerra, quer na
região de Donbass, quer na Ucrânia no geral.
Por isso, pede-se
uma “resolução imediata” da questão humanitária: garantir a segurança e
condições de vida para os civis, além de assegurar a segurança das
instituições científicas, educativas e culturais, e dos monumentos do
património histórico.
E outro ponto é destacado: evitar a
destruição de centrais nucleares, de objectos da indústria química e de
outras instalações de infra-estrutura crítica.
A Academia de
Ciências da Rússia pede também a todos os cientistas e a todas as
associações e academias para que se abstenham de posições e de acções
políticas, nesta altura.
São também condenadas eventuais
“tentativas de pressão política” sobre investigadores, professores e
estudantes com base na sua nacionalidade ou na sua cidadania.
“Consideramos
necessário intensificar a diplomacia científica e fortalecer o
movimento de cientistas pela paz, pela segurança internacional, pela
resolução de conflitos, pela redução da tensão militar e pela prevenção
da ameaça de guerra nuclear”, finaliza o comunicado.
Os ataques rebeldes e ocupações militares continuam em Moçambique, mais concretamente a norte, na zona de Cabo Delgado. Fonte local indicou à agência Lusa que, só entre esta sexta-feira e este domingo, morreram 15 pessoas.
Três aldeias foram atacadas: Mbuidi (sexta-feira), Malamba (sábado) e Nangõmba (domingo). Todas pertencem ao distrito de Nangade, em Cabo Delgado, norte do país africano.
A agricultura é o principal meio de subsistência naquela região mas, devido ao receio de novos ataques, a população local deixou de aparecer no campo para trabalhar. E algumas comunidades podem passar por períodos de fome ao longo deste ano.
As matas estão a começar a ficar cheias de corpos abatidos, alguns decapitados. Os cadáveres não são enterrados, começam a decompor-se e o cheiro começa a ficar insuportável.
“Ninguém se atreve a sair sozinho, sem escolta, para Mueda (outro
distrito) porque os grupos armados atacam aldeias vizinhas e nalguns
casos ao longo da estrada principal”, indicou outra fonte local.
Já no final de Fevereiro, cinco aldeias foram atacadas e 18 pessoas foram portas.
Os criminosos serão elementos de grupos insurgentes que atacam em Cabo Delgado desde 2017. Alguns ataques foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Um
navio de carga chamado Felicity Ace, transportando 4.000 carros de luxo
coletivamente avaliados em cerca de US$ 438 milhões, pegou fogo no mês
passado. Felizmente, os membros da tripulação não foram feridos e
conseguiram abandonar rapidamente o navio. O fogo, no entanto, durou uma
semana. Isso ocorreu porque as baterias de íons de lítio dentro dos
veículos elétricos (EVs) na remessa mantiveram o fogo vivo. O fogo só se
extinguiu quando o suprimento de material combustível a bordo se
esgotou.
Algo semelhante aconteceu em julho do ano passado. Em
Victoria, na Austrália, uma instalação 'Megapack' de 13 toneladas da
Tesla – que usa uma vasta gama de baterias de íons de lítio para
armazenar energia gerada por fontes renováveis intermitentes – pegou
fogo. Este fogo acabou se extinguindo depois de três dias. Naquela
época, criou vários riscos ecológicos, incluindo fumaça tóxica, que
engoliu os moradores locais. Mas os bombeiros podiam fazer pouco mais do
que monitorar os danos ambientais – eles tiveram que esperar que o fogo
se apagasse.
“O perigo mais significativo de uma bateria de
íon-lítio é que [os incêndios] são quase impossíveis de apagar uma vez
que são acesos”, observa o engenheiro Robin Mitchell
. 'Não importa quantos sistemas de segurança sejam implementados', diz
ele, 'um incêndio iniciado por uma bateria de íons de lítio é muito
desafiador para gerenciar'. Tal tecnologia, conclui Mitchell, 'pode ser
adequada apenas para sistemas de pequena escala, como smartphones e
EVs'. Mesmo assim, os riscos de incêndio apresentados pelas baterias EV
não são insignificantes.
A maioria de nós carrega uma bateria de
íons de lítio em nosso smartphone sem pensar nisso, e elas são
relativamente seguras. O perigo de usar baterias de íons de lítio
maiores em configurações maiores foi reconhecido pelas autoridades desde
sua introdução comercial em 1991 . Por exemplo, as companhias aéreas
dos EUA não permitem laptops com baterias integradas maiores que 100
watts/hora a bordo. A probabilidade de a bateria pegar fogo é
relativamente baixa. Mas em caso de incêndio, para extingui-lo, não se
pode usar água. Os riscos de incêndio são ainda maiores para um EV, que é
um pouco como um sanduíche bem embalado de centenas de baterias de
laptop.
Então, o que nossos ativistas ambientais estão fazendo
para chamar nossa atenção para esse grande novo perigo? Você deve ter
notado uma curiosa ausência de petições, hashtags ou relatórios
alarmantes do Change.org de empresas como a BBC News.
Isso é
ainda mais surpreendente quando você considera os danos ecológicos e a
exploração que envolve a produção das baterias. A extração de lítio é
suja e usa enormes quantidades de água subterrânea. No Chile, as
atividades de mineração na região do Salar de Atacama consomem 65% da
água da área. Produtos químicos tóxicos do processo de mineração são
conhecidos por vazar no abastecimento de água. Pesquisadores em Nevada
descobriram que peixes até 150 milhas a jusante estavam sendo afetados
por operações de mineração.
As baterias de íon de lítio também
precisam de muito cobalto – normalmente cerca de 14 kg por bateria de
carro. Extrair isso é sujo e perigoso. Na República Democrática do
Congo, o maior fornecedor do mundo, crianças de até sete anos lavam e
classificam minérios como “mineiros artesanais”, de acordo com um relatório da Anistia de 2016 .
Esta,
então, é uma história ambiental que não conseguiu fazer as espécies
usuais saltarem de pesquisador acadêmico para ativista de mídia de ONGs
para produtor de notícias de TV. Isso é estranho, dado que o princípio
da precaução tem sido um elemento básico da campanha ambientalista há
cinco décadas. Por exemplo, a exploração de gás de xisto não pode
prosseguir, argumentam os ativistas verdes, porque o fracking corre o
risco de causar 'terremotos', embora estes tendam a ser em grande parte imperceptíveis
. No entanto, quando se trata de EVs e baterias de íons de lítio, o
princípio da precaução parece ter sido deixado de lado por um tempo.
Os
perigos das baterias de íons de lítio são evidentes no número de
recalls de produtos de alto perfil. A Dell fez o recall de quatro
milhões de baterias em 2006. A HP fez o recall de mais de 100.000
laptops em 2019 devido aos riscos de incêndio da bateria. Depois de
causar incêndios em voos, o smartphone Note 7 da Samsung foi recolhido –
duas vezes – e depois deixado de lado completamente.
Os custos e
riscos só aumentam com produtos maiores. Estima-se que os incêndios
originados na bateria dos veículos Chevrolet Bolt tenham custado à
General Motors cerca de US$ 2 bilhões. A Audi teve que fazer o recall de
seu SUV E-Tron pelo mesmo motivo. Os Teslas estacionados continuam explodindo em chamas – e a empresa foi castigada por não fazer o recall dos veículos.
Em vez de expor esse grande perigo ambiental, a BBC pode ser encontrada promovendo as baterias
. 'Não há dúvida de que as baterias são fundamentais para um futuro de
baixo carbono', explicou um filme recente de sua série 'Ideias'. "As
baterias de íon de lítio podem armazenar energia limpa para quando o sol
não está brilhando e o vento não está soprando, enviando-a em dias
cinzentos com a força e confiabilidade que rivaliza com os combustíveis
fósseis." Viva!
Ainda mais curioso é que o sacerdócio verde
abençoou os EVs movidos a lítio como um sucessor 'ecologicamente
correto' dos veículos movidos pelo motor de combustão interna (ICE). O
argumento é que, como os VEs não usam um ICE, que é alimentado por um
derivado de petróleo (gasolina ou diesel), conduzi-los resulta em
menores emissões de CO2.
No entanto, na semana passada, o YouTuber de carros mais popular da Grã-Bretanha, Tim Burton (mais conhecido como Shmee), anunciouque
ele estava substituindo seu Porsche elétrico por um Ferrari V12 movido a
gasolina – porque é mais verde e mais limpo. Sua razão pode surpreender
muitos que acreditam que os EVs são veículos de emissão 'baixa' ou
'zero' de CO2.
Burton citou um estudo que a Volvo divulgou
durante a cúpula climática COP26. Este estudo, liderado por Andrea
Egeskog do Centro de Sustentabilidade da Volvo, recebeu muito pouca
atenção na época. A Volvo é incomum em poder fazer comparações diretas
entre duas versões do mesmo modelo de carro, o SUV XC40. Um é elétrico, o
outro tem um ICE. A Volvo calculou as emissões de CO2 durante todo o
ciclo de vida dos dois produtos: desde a mineração de minerais, como
lítio e cobalto, até o fim de suas vidas, incluindo o descarte.
Fora
do portão da fábrica, o carro elétrico começa sua vida do lado errado
das pistas – tendo gerado muito mais CO2 do que a versão que consome
gasolina. Isso se deve ao lítio e a outros minerais de terras raras
necessários para fabricar o EV 'economizador do planeta'. As emissões
dos materiais e da produção da versão ICE do Volvo XC40 são cerca de 40%
mais baixas do que para o EV.
Claro, o modelo ICE continua a
consumir combustíveis fósseis enquanto estiver em uso. Mas para a versão
elétrica 'empatar', por assim dizer, tem que fazer muitos quilômetros
no relógio. Sua ecologia também depende enormemente de como a
eletricidade usada para carregar as baterias é gerada. A Volvo informa
que, com base em um mix de energia global típico, se você dirigir menos
de 93.000 milhas, causará maiores emissões ao escolher um veículo
elétrico em vez da versão a gasolina. Na UE, que usa uma proporção maior
de energias renováveis, o ponto de equilíbrio ainda é de 52.000 milhas.
Daí a decisão de Burton de devolver seu EV. Um carro Ferrari ou Porsche
de alto desempenho nunca atingirá essa quilometragem. Nem um carro
normal como o meu. Se eu substituir meu carro de 19 anos amanhã, e optar
pela 'opção verde' em vez da opção a gasolina, ficarei mais pobre,
porque o equivalente EV é muito mais caro, e só finalmente começará a
obter economias de emissões de CO2 em relação ao rival a gasolina em
algum momento no final da década de 2040. Mas nunca chegará a esse
ponto, pois a bateria estará esgotada muito antes disso.
Apesar
de tudo isso, os principais fabricantes de automóveis investiram bilhões
no desenvolvimento de EVs. Os VEs também têm sido fortemente
subsidiados pelos governos como meio de atingir suas metas climáticas.
'E se esses bilhões de dólares tivessem sido investidos no motor de
combustão interna, quanto melhor eles teriam sido?', reflete Burton.
Muitos
dos EVs vendidos hoje são 'runabouts urbanos' - ou seja, veículos que
nunca atingirão o ponto de equilíbrio de CO2 e, portanto, emitirão mais
CO2 do que um equivalente a gasolina. Como o valor prático de um EV hoje
na redução das emissões de CO2 é zero, seu valor é meramente sinalizar
superioridade moral, mostrando aos outros que você se importa e eles
não. É um estado bom. Faz o dono se sentir melhor.
A curiosa
moral da história é que, mesmo para seus próprios padrões, os
ambientalistas não são muito bons em praticar o que pregam. Se, como os
ativistas das mudanças climáticas insistem, nossos carros estão 'matando
o planeta', então são os virtuosos entre nós que estão matando o
planeta mais rapidamente. Que tal hipocrisia das elites verdes não tenha
sido contestada por tanto tempo é notável. Certamente não pode durar.
Os
possíveis mediadores de paz da Ucrânia nas últimas 48 horas, incluindo o
primeiro-ministro Naftali Bennett, ficaram impressionados com a
determinação do presidente Vladimir Putin de continuar com a guerra na
Ucrânia até que seu objetivo seja alcançado. Ele foi relatado preparando
as bases para a mobilização em massa e o recrutamento – até mesmo a lei
marcial, se necessário – para reforçar seu esforço militar, que ainda
está aquém de seus objetivos após 12 dias de violentos combates. Os
preços crescentes do petróleo – agora chegando a US$ 139 o barril –
estão gerando lucros para financiar seu esforço de guerra. No campo de
batalha, enquanto bombardeava cidades ucranianas, o exército russo
desacelerou seu avanço para se reagrupar e receber mais mão de obra,
combustível, munição e outros suprimentos. Eles estão se preparando para
a próxima rodada de ataques violentos para tomar Kiev, Kharkiv e
Mikolayiv. O Comando Geral da Ucrânia relata uma grande força russa se
concentrando a oeste de Khrakiv – aparentemente pronta para uma ampla
viagem ao sudoeste em direção ao rio Dnieper. De acordo com relatos
anteriores, Moscou recrutou e mobilizou combatentes sírios com
experiência em combate urbano para ajudar a tomar a força Kiev e esmagar
a resistência. No domingo, ataques com mísseis russos destruíram o
porto internacional de Vinnytsia, perto de Uman, um potencial ponto de
entrada para ajuda militar à Ucrânia. Putin, por enquanto, parece ter a
intenção de vencer a guerra que lançou contra a Ucrânia e não está
demonstrando qualquer disposição de diminuir as hostilidades ou
considerar termos que seriam aceitáveis para o Ocidente ou a Ucrânia.
Ainda assim, uma delegação russa partiu para a Bielorrússia nesta
segunda-feira, 7 de março, para uma terceira rodada de negociações com
uma delegação ucraniana. O governo Biden já está considerando seriamente
atacar a Rússia com um embargo total de petróleo para privar o esforço
de guerra de Putin e isolá-lo ainda mais. O Brent novamente atingiu o
pico de US$ 139 o barril - um salto de quase US$ 40 desde a invasão de
24 de fevereiro e o maior desde 2008. Mas os primeiros suprimentos devem
ser garantidos para o mercado mundial, disse o secretário de Estado
Antony Blinken a um entrevistador da CNN. Para este fim, o presidente
Joe Biden está buscando acordos com inimigos ricos em petróleo de
Washington como o venezuelano Nicalos Maduras – ou mesmo o príncipe
herdeiro saudita Muhammed bin Sultan, que tem sido sistematicamente
evitado pelo governo Biden após ser acusado da captura e assassinato de
Jamal Khashoggi.
De
acordos de cessar-fogo violados a cercos, a invasão russa da Ucrânia
encontra precedentes nas operações militares na Síria e na Chechénia.
O
estilo da invasão russa à Ucrânia tem precedentes históricos. Acordos
de cessar-fogo não respeitados, bombardeamentos indiscriminados e cercos
a cidades também fizeram parte do manual russo na Síria e na Chechénia,
escreve o Público.
O
conflito mais recente entre os chechenos e o Governo russo ocorreu após
a queda da União Soviética, com os separatistas chechenos a declararem a
independência em 1991.
No final de 1994, a Primeira Guerra da
Chechénia eclodiu e, após dois anos de combates, as forças russas
retiraram-se da região. Em 1999, os combates foram retomados e
concluídos no ano seguinte com as forças de segurança russas a
estabelecerem o controlo sobre a Chechénia.
Já a intervenção
russa na Guerra Civil Síria começou no fim de setembro de 2015. Os
russos lançaram uma série de ataques aéreos e navais feitos contra o
autoproclamado Estado Islâmico.
Os bombardeamentos e missões
atingiram outras organizações não-jihadistas que lutavam contra o regime
do ditador sírio Bashar al-Assad.
“Ele [Putin] agora vai fazer à
Ucrânia o mesmo que fez em Alepo, não vai?”, questiona Ahmad al-Khatib,
um sírio refugiado na Turquia, em entrevista à Al-Jazeera.
“Havia
bombas e sangue em todo o lado. Dormíamos e acordávamos com o som de
caças a voar e de ataques aéreos. As casas abanavam, as crianças
choravam e nós estávamos todos à espera da morte”, lembrou al-Khatib os
ataques russos à sua cidade natal de Alepo.
Enquanto o exército
russo cercava a cidade, foram bombardeados hospitais, depósitos de água,
prédios residenciais e até colunas de ajuda humanitária.
Apenas
numa semana morreram mais de 300 civis e foram quebrados vários acordos
de cessar-fogo, recorda o jornal Público. As semelhanças são óbvias com
aquilo que está a acontecer atualmente na Ucrânia.
Kiev está
cercada e, ao longo da última semana, cidades como Kharkiv e Mariupol
sofreram bombardeamentos em larga escala. Os ucranianos também
denunciaram por duas vezes a quebra de cessar-fogo.
“Os
cercos já existiam na Síria antes de a Rússia se envolver, mas a Rússia
instrumentalizou-os. Ajudaram a apertar os cercos e certificaram-se de
que a ajuda e outras coisas importantes não podiam entrar nem sair, só
com negociação”, disse Emma Beals, analista no European Institute of
Peace, à Foreign Policy.
Um
relatório sobre refugiados chechenos dos Médicos Sem Fronteiras, de
1999, revela ataques “contra alvos civis” e contra “grupos de
refugiados”, com a ajuda humanitária impossibilitada de atuar.
O
uso de armas termobáricas é geralmente condenado por organizações de
direitos humanos. Tanto governos ocidentais como a Rússia já foram
acusados anteriormente de recorrer a estas bombas.
Na
segunda-feira, uma explosão destruiu a refinaria de petróleo em
Okhtyrka, na Ucrânia, com as autoridades de Kiev a acusar a Rússia de
usar armas termobáricas — também conhecidas como bombas de vácuo.
Este
tipo de bombas sugam o oxigénio do ar e geram assim uma forte explosão
de alta temperatura e o seu uso é geralmente condenado pelos grupos de
direitos humanos. Frank Gardner, correspondente da BBC, refere-se a
estas bombas como “as mais poderosas” no arsenal russo, além das armas
nucleares.
As bombas de vácuo funcionam em duas etapas — a
primeira é a carga explosiva que dispersa o combustível numa nuvem que
pode então entrar em edifícios ou objetos ao redor e a segunda é a
ascensão da nuvem que causa uma enorme bola de fogo e suga o oxigénio
das áreas circundantes, causando uma onda de choque.
Segundo
Justin Bronk, investigador do Royal United Services Institute, um
explosivo normal tem 30% de combustível e 70% de oxidante em peso, mas
as bombas de vácuo são “todas combustível e usam o oxigénio do ar“,
sendo mais poderosas.
O calor e a pressão que a explosão emite
são tão fortes que uma pessoa que esteja na sua proximidade imediata
seria instantaneamente vaporizada e alguém que esteja na área
circundante ficaria ferida com gravidade.
As bombas matam
principalmente devido à “criação de uma onda de choque extremamente
poderosa que rompe órgãos e estoura os pulmões” e que se propaga em
“espaços confinados”, sendo “particularmente mortal contra pessoas em
locais escavados, como porões ou cavernas” e causando também queimaduras
graves.
Rússia já terá usado estas bombas na Chechénia
A
embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos, Oksana Markarova, acusou a
Rússia de usar este tipo de bombas no conflito entre os dois países,
após uma reunião com membros do Congresso norte-americano.
“A devastação que a Rússia está a tentar infligir à Ucrânia é grande”, acrescentou Markarova.
As
imagens captadas por um repórter da CNN perto da fronteira ucraniana
parecem mostrar lançadores de foguetes múltiplos TOS-1 a serem
transportados perto da cidade russa de Belgorod.
Outros vídeos
cuja veracidade não foi verificada também circulam nas redes sociais que
mostram os lançadores a serem transportados noutras partes da Rússia
perto da fronteira com a Ucrânia.
Já desde 1960 que os russos e
vários exércitos ocidentais usaram estas armas. Os Estados Unidos, por
exemplo, já as utilizaram durante a guerra no Afeganistão, para atacar
complexos de cavernas onde alegadamente estariam escondidos membros da
Al-Qaeda.
A Rússia também terá alegadamente usado bombas de
vácuo em 2000, na Chechénia, e mais recentemente Moscovo foi acusada de
usar estas armas juntamente com o Governo sírio na luta contra os
rebeldes.