As temperaturas vão aumentar mais de 1,5 graus Celsius nas próximas duas décadas, se não forem feitas reduções rápidas e drásticas dos gases com efeito de estufa, alertou o Painel Internacional sobre Alterações Climáticas (IPCC).
De acordo com o IPCC, numa análise publicada esta segunda-feira, todas as regiões habitadas da Terra já são afetadas pelas alterações climáticas e o limite de 1,5º C será atingido mesmo no melhor dos cenários nos próximos 20 anos. Eventos climáticos extremos serão mais frequentes e intensos e algumas das alterações são “irreversíveis”.
Neste relatório – que estava em elaboração há oito anos -, o IPCC concluiu que a atividade humana é a causa das rápidas alterações climáticas, incluindo a subida do nível das águas do mar, o degelo polar e dos glaciares, as ondas de calor, as inundações e as secas.
Os 1,5º serão atingidos caso não existam “reduções imediatas, rápidas e em larga escala das emissões de gases com efeito de estufa”, referiu o relatório.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que o relatório “é um código vermelho para a humanidade. Os sinais de alarme são ensurdecedores, e as provas são irrefutáveis: as emissões de gases com efeito de estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis e da desflorestação estão a sufocar o nosso planeta e a colocar milhares de milhões de pessoas em risco imediato”.
“Este relatório deve soar como uma sentença de morte para o carvão e os combustíveis fósseis, antes que eles destruam o nosso planeta”, acrescentou, numa declaração publicada na página da ONU esta segunda-feira.
Segundo avançou a Lusa, citando o mesmo relatório, no cenário mais pessimista, no qual as emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa duplicariam em meados do século, o aumento poderia alcançar níveis catastróficos, em torno dos 4 graus em 2100.
Cada grau de aumento faz antever cerca de sete por cento mais de precipitação em todo o mundo, o que pode originar um aumento de tempestades, inundações e outros desastres naturais, avisou o IPCC.
O estudo da principal organização que estuda as alterações climáticas, elaborado por 234 autores de 66 países, foi o primeiro a ser revisto e aprovado por videoconferência.
Temperaturas subirão na Europa a ritmo superior à média
As temperaturas subirão em toda a Europa a um ritmo superior ao da média mundial, independentemente dos futuros níveis de aquecimento global, constatou o IPCC, prevendo que a frequência de ondas de frio e dias de neve diminua na Europa, em todos os cinco cenários traçados e em todos os horizontes temporais.
Apesar da “forte” variabilidade interna, as tendências observadas nas temperaturas médias e extremas na Europa não podem ser explicadas “sem ter em conta os fatores antropogénicos [causado ou originado pela atividade humana]”, realçou a organização.
As observações apresentam um padrão sazonal e regional “coerente” com o aumento previsto das precipitações no inverno, no Norte da Europa, prevendo-se uma diminuição das precipitações no verão, no Mediterrâneo, que se estenderá às regiões do Norte, e um aumento das precipitações extremas e das inundações com níveis de aquecimento global superiores a 1,5 graus em todas as regiões, exceto no Mediterrâneo.
Independentemente do nível de aquecimento global, o nível do mar subirá em todas as zonas europeias, exceto no Mar Báltico, a um ritmo próximo ou superior ao médio global.
Os autores do estudos antecipam ainda que as mudanças continuem após 2100 e que os fenómenos extremos do nível do mar sejam mais frequentes e mais intensos, provocando mais inundações costeiras e o recuo das costas arenosas.
O relatório prognosticou uma forte redução dos glaciares, do permafrost (tipo de solo que se mantém permanentemente gelado), da extensão da capa de neve e da duração sazonal da neve nas altas latitudes/altitudes.
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