quinta-feira, 22 de julho de 2021

Johnson não queria confinar no Outono porque só idosos estavam a morrer, revela ex-assessor !

O primeiro-ministro britânico hesitou em apertar as restrições no Outono porque as vítimias mortais eram “basicamente todas acima dos 80 anos”, revela o ex-assessor de Boris Johnson, Dominic Cummings.


Dominic Cummings revelou que Boris Johnson lhe enviou mensagens a dizer que já não acreditava “nessas coisas do Serviço Nacional de Saúde estar sobrecarregado” e que preferia deixar a covid-19 “espalhar-se pelo país” do que arruinar a economia.

Estas revelações foram feitas numa entrevista televisiva à BBC, a primeira da longa carreira política de Dominic Cummings.

Os casos de covid-19 no Reino Unido no Verão passado, mas começaram a subir rapidamente no início do Outono. Cummings afirma que depois de ser aconselhado a aumentar as restrições, Johnson terá dito “não, não, não, não vou fazê-lo”, justificando que apenas pessoas acima dos 80 anos estavam a morrer.

O primeiro-ministro tinha “partes dos meios de comunicação e do partido Conservador a gritar” para não confinar e “sempre se referiu” ao Daily Telegraph como o “seu verdadeiro chefe”. Recorde-se que Johnson teve durante anos uma coluna de opinião no Telegraph.

Boris Johnson terá também querido manter no início da pandemia as suas reuniões semanais com a rainha e só mudou de ideias quando Cummings o alertou de que Isabel II, de 95 anos, poderá morrer se for infectada pelo coronavírus.

Cummings foi também questionado sobre a sua viagem no início do primeiro confinamento em Março, numa altura em que o governo tinha proibido as deslocações não essenciais. O ex-conselheiro diz que decidiu mudar-se coma família antes da sua mulher ter ficado doente com suspeita de covid devido à falta de segurança da sua casa em Londres.

A forma como lidei com toda a situação foi errada. O que devia ter feito era só demitir-me e dizer nada ou falar com a minha família e dizer “oiçam, vamos ter de dizer a verdade sobre toda esta situação”, revela. Na altura, Johnson apoiou publicamente o então assessor, depois de várias pessoas terem apelado à sua demissão.

Em resposta, Downing Street afirmou que o primeiro-ministro tomou todas as “medidas necessárias para proteger as vidas e os meios de sustento, guiado pelos melhores conselhos científicos” durante a pandemia e que o governo tinha evitado uma crise no sistema de saúde com “três confinamentos nacionais”, pode ler-se na BBC.

O gabinete de Johnson negou também que o primeiro-ministro quisesse continuar a encontrar-se semanalmente com a rainha.

O Ministro dos Negócios inglês, Paul Scully, defendeu as decisões de Johnson, referindo que também se deve ter em conta o impacto das restrições económicas na vida e na saúde das pessoas.

“Estas decisões não foram tão a preto e branco na altura como podemos pensar que são agora”, contou Scully, à estação de rádio 4 da BBC.

Esta entrevista surge depois de Inglaterra ter levantado todas as restrições e o uso obrigatório de máscara na Segunda-Feira, dia 19, e também na sequência da audição no parlamento de Cummings, em que o ex-conselheiro acusou Johnson de ter ponderado injectar-se com o vírus em directo na televisão.

Nessa mesma audição, Dominic Cummings acusou o governo de ser um grupo de “leões liderados por burros” e disse que inicialmente Boris Johnson acreditava que a pandemia era apenas um exemplo de pânico exagerado, como no caso da gripe suína.

https://zap.aeiou.pt/johnson-nao-queria-confinar-outono-418816

 

Estão a desaparecer 16 mulheres por dia no Peru !

O organismo de direitos humanos Defesa do Povo peruano considerou hoje “alarmante” o aumento do número de mulheres que desaparecem diariamente no Peru, que subiu de cinco antes da pandemia, para oito durante o confinamento e atinge, atualmente, 16.
“É inquietante, porque falamos sobretudo de mulheres que são, na sua maioria, meninas e adolescentes”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Eliana Revollar, vice-diretora da unidade dos direitos da mulher na organização de defesa e promoção dos direitos humanos peruana.

Ao longo do primeiro semestre, pelo menos 2.891 mulheres foram consideradas desaparecidas no Peru, país de 33 milhões de habitantes, o que perfaz uma média de 16 por dia. Perto de dois terços das mulheres são menores, acrescentou Revollar.

Segundo os dados oficiais, durante o confinamento associado à pandemia de covid-19, que no Peru decorreu entre março e junho de 2020, registou-se uma média de oito desaparecimentos diários, enquanto esse número era de cinco em 2019.

“É um número alarmante, uma vez que existe uma relação entre os desaparecimentos e os feminicídios”, frisou Revollar.

Em 2019, um décimo dos 166 feminicídios contabilizados no país foi inicialmente classificado como “desaparecimentos”, segundo a organização.

No decurso do primeiro semestre deste ano, foram contabilizados 76 feminicídios, número semelhante ao registado ao longo de todo o ano de 2020. “Temos casos em que os companheiros, após matarem a mulher, registam o desaparecimento e (alegam) que as estão a procurar”, explicou Revollar.

As famílias lamentam que a polícia e o sistema judiciário não investiguem os desaparecimentos, partindo do pressuposto de que as mulheres abandonaram a residência voluntariamente.

“Não há uma investigação séria. Achávamos que a polícia nos ajudaria, mas não é o caso. É como se a terra as tivesse engolido”, lamentou, por seu lado, Patricia Acosta, que procura há cinco anos pela filha de 23 anos e por duas netas, desaparecidas depois de participarem numa festa de aniversário em Lima, a 24 de abril de 2016.

Em fevereiro de 2020, a descoberta, em Lima, do corpo mutilado de Solsiret Rodriguez, 23 anos, estudante e ativista contra a violência baseada no género, desaparecida quatro anos antes, gerou grande controvérsia e polémica no país.

O seu desaparecimento mobilizou as associações feministas, mas a polícia afirmou que Solsiret Rodriguez teria partido para o norte do Peru com uma amiga.

O então ministro do Interior peruano, Carlos Basombrio, tinha assegurado o mesmo perante o Parlamento.

Depois de o corpo ser encontrado, Basombrio pediu desculpa e reconheceu a “ligeireza” da investigação. O cunhado da jovem e o homem com quem Solsiret vivia foram presos, depois de serem acusados pelo assassínio.

https://zap.aeiou.pt/desaparecer-16-mulheres-por-dia-peru-418871

 

França anuncia que está na quarta vaga de Covid - Mortes na Índia podem ser dez vezes superiores às registadas !

O Governo francês anunciou esta segunda-feira que o país entrou na quarta vaga da Covid-19, com 80% dos casos detetados a ter origem na variante Delta e um aumento de 125% de contaminações na última semana.


Entrámos na quarta vaga do vírus […] a dinâmica epidémica é extremamente forte, constatamos uma vaga mais rápida com um pico mais acentuado que as vagas precedentes”, disse o porta-voz do Governo, Gabriel Attal, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros de hoje no Palácio do Eliseu.

O governante disse ainda que a esmagadora maioria dos casos detetados, cerca de 80%, tem origem na variante Delta e que na última semana as contaminações aumentaram 125%.

Face a esta progressão do vírus, o Governo vai avançar com a medida da imposição do passe sanitário já a partir de 21 de julho para os espaços culturais, como cinemas ou museus, e no início de agosto para bares e restaurantes.

Os empregados dos bares e restaurantes também passam a ser obrigados a vacinar-se para continuar a trabalhar.

Desde o anúncio da obrigatoriedade do passe sanitário feito na semana passada pelo Presidente Emmanuel Macron, 3,7 milhões de franceses já marcaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e Gabriel Attal reforçou que há 9 milhões de vacinas armazenadas e que a França vai receber 4 milhões de doses por semana até ao final de agosto.

Desde domingo foram detetados 4.151 novos casos no país e morreram 20 pessoas devido ao vírus. Em geral, à segunda-feira, os números de novos casos em França são mais baixos, porque os laboratórios estão fechados ao domingo.

Há atualmente 7.041 pacientes internados nos hospitais devido ao vírus e 902 destas pessoas estão internados nos cuidados intensivos.

Número de mortes na Índia pode ser superior

O total de mortes na Índia devido à covid-19 pode ser 10 vezes superior aos dados oficiais, ou seja de vários milhões e não de milhares, convertendo-a na pior tragédia da Índia moderna, segundo um estudo divulgado hoje.

O documento, publicado por Arvind Subramanian, antigo conselheiro económico do governo indiano, e dois investigadores do Centro para o Desenvolvimento Global e da Universidade de Harvard, calcula que o excesso de mortes – a diferença entre os óbitos registados e os que seriam esperados em circunstâncias normais – ronde entre três e 4,7 milhões entre janeiro de 2020 e junho de 2021.

Os autores do estudo afirmam que, apesar de não ser possível determinar um número exato, “é provável que [o total de mortes] seja de uma magnitude superior à contagem oficial”.

O relatório aponta que a contagem oficial pode ter deixado de fora mortes ocorridas em hospitais sobrecarregados, especialmente durante a devastadora segunda vaga da pandemia, na primeira metade do ano.

“É provável que o verdadeiro número de mortes seja na casa de vários milhões e não das centenas de milhares, o que torna esta tragédia humana indiscutivelmente a pior da Índia desde a partição e a independência”, pode ler-se no estudo, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).

Em 1947, a partição do Império Britânico da Índia, que deu origem a dois Estados independentes (a Índia, maioritariamente hindu, e o Paquistão, muçulmano), levou à morte de cerca de um milhão de pessoas, resultantes de massacres entre hindus e muçulmanos.

O estudo recorreu a três métodos de cálculo: dados do sistema de registo civil, que regista nascimentos e mortes em sete estados, testes de sangue que mostram a prevalência do vírus na Índia, juntamente com as taxas globais de mortalidade devido à covid-19, e um inquérito económico a perto de 900.000 pessoas, realizado três vezes por ano.

Os investigadores analisaram as mortes provocadas por todas as causas e compararam esses dados com a mortalidade em anos anteriores, um método considerado preciso.

Os autores do estudo alertaram no entanto que a prevalência do vírus e as mortes por covid-19 nos sete estados analisados podem não se refletir de igual forma por toda a Índia, uma vez que o vírus pode ter-se propagado mais em estados urbanos que rurais e que a qualidade dos cuidados de saúde varia muito no país.

O especialista Jacob John, da faculdade de medicina Christian Medical College, em Vellore, no sul da Índia, disse à AP que o relatório sublinha o impacto devastador que a covid-19 teve no mal preparado sistema de saúde indiano.

“Esta análise reitera as observações de jornalistas de investigação destemidos que apontaram a enorme subavaliação das mortes”, disse Jacob.

O relatório também estima que cerca de dois milhões de indianos terão morrido durante a primeira vaga de infeções, no ano passado.

No documento, sublinha-se que não “perceber a escala da tragédia em tempo real”, nessa altura, pode ter “criado uma complacência coletiva que levou aos horrores” da devastadora segunda vaga, que atingiu o pico em meados de maio, com mais de 400 mil novos casos por dia.

Nos últimos meses, alguns estados indianos reviram em alta o número de mortes provocadas pela covid-19, suscitando preocupações de que muitas não tenham sido registadas oficialmente.

Vários jornalistas indianos também publicaram números mais elevados em alguns estados, recorrendo a dados governamentais.

Segundo dados do Governo indiano, a Índia registou 414.482 mortes desde o início da pandemia, o que faz dela o terceiro país com mais óbitos causados pelo coronavírus SARS-CoV-2, a seguir aos Estados Unidos e Brasil.

Primeiras vacinas enviadas por Portugal chegam a Timor-Leste

Um lote de 12 mil vacinas da AstraZeneca e material médico oferecido por Portugal chegou a Díli, marcando o inicio do apoio bilateral português ao processo de vacinação contra a Covid-19 em Timor-Leste.

“É um primeiro lote destinado a um combate que transcende atualmente quaisquer fronteiras, o combate para pôr termo à situação pandémica que enfrentamos atualmente”, disse o embaixador de Portugal em Díli, José Pedro Machado Vieira.

As vacinas chegaram a Díli a bordo de um Boeing 767-300 da euroAtlantic airways (EAA), empresa que desde o inicio da pandemia tem realizado vários voos entre Lisboa e Díli, sendo, em alguns momentos, uma das poucas alternativas para os portugueses viajarem entre as duas cidades.

O voo trazia a bordo cerca de 70 pessoas, regressando na quarta-feira a Lisboa com quase 190 passageiros.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros explica que, “com esta ação, conclui-se o primeiro ciclo de envio de vacinas para os PALOP e Timor-Leste”.

A medida insere-se “no compromisso político de disponibilizar àqueles países”, os principais parceiros de cooperação, “pelo menos 5% das vacinas contra a Covid-19 adquiridas por Portugal, iniciativa igualmente enquadrada na segunda fase do Plano de Ação na resposta sanitária à pandemia de Covid-19 entre Portugal e os países africanos lusófonos e Timor-Leste”.

A operacionalização desta ação, aponta-se ainda no texto, “é resultado do esforço conjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, designadamente através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e da Embaixada de Portugal em Díli, e do Ministério da Saúde, através da Direção-Geral da Saúde (DGS), da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) e da Task Force do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 em Portugal”.

No sábado, o primeiro-ministro português, António Costa, anunciou, em Luanda, que Portugal vai triplicar a oferta de vacinas aos PALOP e Timor-Leste, passando de um para três milhões de doses, no combate à Covid-19.

Na conferência de imprensa final, após o encerramento da XIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), António Costa recordou que Portugal se tinha comprometido a oferecer 5% do total de vacinas, mas as contas mais recentes permitem disponibilizar quatro vezes mais.

No caso dos PALOP e de Timor-Leste, o Governo português vai “triplicar e passar de um milhão para três milhões o número de vacinas a distribuir”, referiu Costa.

“De acordo com aquilo que é o cálculo que nós temos de vacinas que vamos poder disponibilizar”, será possível doar “um total de quatro milhões de vacinas”, explicou.

“Por isso, temos mais um milhão que afetaremos a outros programas, designadamente poderemos alargar ao Brasil, aos países da América Latina ou poderemos simplesmente integrar o mecanismo Covax, sem nenhum destinatário específico”, disse António Costa.

A bordo do avião de hoje vieram ainda as cinzas de um cidadão português, José Valverde, antigo funcionário da RTP que viveu vários anos em Timor-Leste e que acabou por falecer em Portugal, tendo expressado o desejo de poder regressar a Díli.

Timor-Leste tem atualmente 766 casos ativos em todo o país, com um total de 26 mortes e 10.142 casos acumulados desde o início da pandemia.

https://zap.aeiou.pt/franca-quarta-vaga-india-mortes-418680 

 

Instituições alertam para suicídio de jovens requerentes de asilo no Reino Unido !

Dezenas de instituições de caridade pediram ao Governo britânico que faça mudanças para apoiar jovens requerentes de asilo e refugiados, após cerca de uma dúzia ter cometido suicídio.


Como avançou esta segunda-feira o Guardian, 46 instituições de caridade que lidam com questões relacionadas a pedidos de asilo, crianças e saúde mental escreveram para a ministra da saúde, Nadine Dorries, responsável pela prevenção do suicídio, destacando o número de casos entre adolescentes requerentes de asilo.

A carta, que inclui as instituições Refugee Council, Children’s Society e Mind, apela a um inquérito urgente e independente sobre essas mortes.

O Guardian já havia relatado o caso de um grupo de quatro jovens da Eritreia, que se matou depois de chegar ao Reino Unido. Uma pesquisa do Projeto Da’aro Youth, criado em resposta às suas mortes, descobriu vários outros suicídios por parte de adolescentes desacompanhados, muitos em 2020.

Alguns aguardavam a decisão sobre os pedidos de asilo e temiam que fossem recusados ​​e devolvidos para as zonas de conflito; outros tiveram as suas idades contestadas e foram acusados ​​de serem adultos; alguns sofriam de transtorno de stress pós-traumático ou tinham problemas com drogas e álcool e dificuldade de acesso a cuidados de saúde mental.

Para Benny Hunter, coordenador do Projeto Da’aro Youth, os casos descobertos podem ser a ponta do iceberg. Fatores comuns nos casos de suicídio incluem viagens traumáticas ao Reino Unido, atendimento inadequado por parte das autoridades locais, stress de lidar com o sistema de asilo e o impacto da separação de famílias.

“A estratégia nacional do governo para a prevenção do suicídio deixa claro que crianças e jovens em busca de asilo precisam de abordagens personalizadas para atender às suas necessidades de saúde mental e todas as autoridades locais têm um plano de prevenção de suicídio em vigor”, disse um porta-voz do governo.

“Forneceremos mais financiamento este ano para apoiar as autoridades locais a fortalecer ainda mais os seus planos”, acrescentou.

https://zap.aeiou.pt/instituicoes-suicidio-requerentes-asilo-reino-unido-418436

 

Milhares de jornalistas e ativistas alvos de “programa espião” israelita !

Um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais denunciou que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos em todo o mundo terão sido espiados graças a um software desenvolvido pela empresa israelita NSO Group.


A empresa, fundada em 2011 a norte de Telavive, comercializa o spyware Pegasus, que, inserido num smartphone, permite aceder a mensagens, fotografias, contactos e até ouvir as chamadas do proprietário.

A NSO tem sido regularmente acusada de vender a regimes autoritários, mas sempre defendeu que o spyware comercializado só era utilizado para obter informações sobre redes criminosas ou terroristas.

A investigação publicada por um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais, este domingo, nos quais se incluem o jornal francês Le Monde, o britânico The Guardian e o norte-americano Washington Post, baseia-se numa lista obtida pelas organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que incluem 50 mil números de telefone selecionados pelos clientes da NSO, desde 2016, para potencial vigilância.

A lista inclui os números de telefone de pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas de direitos humanos e 65 líderes empresariais, de acordo com a análise realizada pelo consórcio, que localizou muitos em Marrocos, Arábia Saudita e México.

O documento inclui também o número do jornalista mexicano Cecilio Pineda Birto, morto a tiro algumas semanas depois de o seu nome ter surgido na lista.

Correspondentes estrangeiros de vários órgãos de comunicação social, incluindo o Wall Street Journal, CNN, France 24, Mediapart, El Pais e a agência France-Presse, também fazem parte desta lista.

Outros nomes no documento, que inclui um chefe de Estado e dois chefes de Governo europeus, deverão ser divulgados nos próximos dias.

Os jornalistas associados à investigação, batizada “Projeto Pegasus”, encontraram-se com algumas das pessoas na lista e tiveram acesso a 67 telefones, que foram submetidos a um exame técnico num laboratório da Amnistia Internacional.

A ONG confirmou a infeção ou tentativa de infeção pelo spyware do grupo NSO em 37 dispositivos, incluindo 10 na Índia, de acordo com o relatório publicado este domingo.

Dois dos telefones pertenciam a mulheres próximas do saudita Jamal Khashoggi, jornalista assassinado em 2018 no consulado do seu país, em Istambul, na Turquia, por agentes da Arábia Saudita, segundo o consórcio.

No caso dos restantes 30 aparelhos analisados, os resultados foram inconclusivos, em alguns casos porque os alvos mudaram de telefone.

Há uma forte correlação temporal entre quando os números apareceram na lista e quando foram colocados sob vigilância”, escreveu o Washington Post.

As revelações vêm juntar-se a um estudo divulgado, em dezembro de 2020, pelo Citizen Lab, um centro de pesquisa especializado em questões de ataques informáticos da Universidade de Toronto, no Canadá, que confirmou a presença do software Pegasus nos telefones de dezenas de empregados do canal Al-Jazeera, no Qatar.

A WhatsApp também reconheceu, em 2019, que alguns dos seus utilizadores na Índia tinham sido espiados pelo software.

O grupo NSO negou “fortemente” as acusações feitas na investigação, acusando-a de estar “cheia de falsas suposições e teorias não substanciadas”, escreveu a empresa no seu portal.

Em declarações ao jornal Público, um porta-voz da empresa israelita também negou estas acusações e informou que está a considerar uma ação judicial por difamação.

A NSO não é a única empresa israelita suspeita de fornecer spyware a Governos estrangeiros acusados de violar os direitos humanos, com o aval do Ministério da Defesa de Israel.

O software “DevilsTongue”, da Saito Tech Ltd, mais conhecido como Candiru, foi utilizado contra cerca de 100 políticos, dissidentes, jornalistas e ativistas, denunciaram na quinta-feira peritos da Microsoft e do Citizen Lab.

Empresas israelitas como a NICE Systems e a Verint forneceram tecnologia à polícia secreta no Uzbequistão e no Cazaquistão, bem como às forças de segurança na Colômbia, acusou a ONG Privacy International, em 2016.

https://zap.aeiou.pt/jornalistas-ativistas-spyware-israelita-418324

 

“Estripador de Hollywood” condenado à morte por assassinar duas mulheres !

Um homem de 45 anos apelidado de “Estripador de Hollywood” foi condenado à morte na sexta-feira pelos assassinatos de duas mulheres no início dos anos 2000.

Esfaqueadas várias vezes, as vítimas sofreram mutilações no peito e uma delas foi encontrada quase decapitada.

Michael Gargiulo, conhecido como “Estripador de Hollywood”, vai, contudo, escapar do corredor da morte por enquanto, já que a Califórnia estabeleceu uma moratória às execuções em 2019. Nenhum detido foi executado naquele estado desde 2006.

O ator Ashton Kutcher conhecia a primeira vítima, a estudante de design de moda Ashley Ellerin, de 22 anos, com quem tinha marcado um encontro na noite da sua morte, no final de 2001.

Kutcher disse ao tribunal que estava atrasado para o encontro e ninguém lhe abriu a porta. Depois olhou pela janela e viu o que julgou ser vinho tinto derramado no chão e deixou o local, pensando que a jovem tinha ido embora sem o esperar. Ellerin foi depois encontrada morta em casa, tendo sofrido 47 facadas.

A segunda vítima, Maria Bruno, de 32 anos, vizinha de Gargiulo, foi esfaqueada 17 vezes durante o sono em dezembro de 2005.

O promotor Dan Akemon garantiu que Gargiulo atacou mulheres que moravam perto dele e esperou pacientemente o momento para atacar. Foram “assassinatos cuidadosamente planeados”, afirmou.

Diante do tribunal, Gargiulo declarou-se novamente inocente na sexta-feira. O homem foi preso em 2008 em Santa Monica, perto de Los Angeles, após se cortar acidentalmente durante o ataque a uma terceira vítima, que sobreviveu.

Gargiulo também está a ser julgado em Illinois pelo assassinato de uma mulher em 1993.

https://zap.aeiou.pt/estripador-hollywood-condenado-morte-418216

 

Segredos do Estado Islâmico revelados em telemóveis de jovens recrutados !

Com acesso a um smartphone usado por três homens britânicos, que se associaram ao Estado Islâmico (EI), e foram para a guerra na Síria, um jornalista da BBC investigou as razões que os levaram a ingressar por este caminho.


Estima-se que 900 pessoas já deixaram o Reino Unido para aderir à organização extremista ou a outros grupos semelhantes.

O grupo que se auto-denomina Estado Islâmico foi responsável por cerca de 14 mil mortes. Até hoje, muitos britânicos que foram lutar pelo EI permanecem desaparecidos.

No rescaldo da guerra na Síria, onde o grupo tem forte atuação, um sírio que trabalhou para o jornal britânico Sunday Times conseguiu um disco rígido que continha arquivos de um smartphone.

As fotos, vídeos e capturas de ecrã retratam a vida de homens britânicos que deixaram as suas casas e cruzaram continentes para combater ao lado dos insurgentes.

Um desses casos é o de Choukri Ellekhlifi. O jovem cresceu em Londres e esteve envolvido em crimes violentos antes de ingressar no EI. Aos 22 anos, a sua vida acabou na Síria.

Um vídeo ao qual o jornalista da BBC teve acesso mostra Choukri no norte da Síria: um jovem cheio de exuberância, que se diverte dar uma cambalhota na piscina.

O registo podia representar um momento das férias de qualquer jovem pelo mundo fora, mas, neste caso, Choukri fazia algo de muito diferente: posava com uma arma.

Mais tarde, Choukri foi filmado a fazer uma paródia de comentários sobre a natureza no estilo do naturalista britânico David Attenborough (famoso por emprestar a voz a programas sobre história natural).

Em outra situação, mostra o jovem a participar num treino com armas.

Segundo a BBC, os vídeos online do EI costumavam ser semelhantes a filmes. Fazem até referência à cultura popular, incluindo a videojogos violentos que são famosos, de acordo com o acadêmico Javier Lesaca, que estudou mais de 1,5 mil vídeos de propaganda do grupo.

Mas esse conteúdo oferece uma visão diferente da vida no chamado califado.

Por sua vez, também Mehdi Hassan, outro jovem britânico,  aparece em vídeos do Estado Islâmico.

Ao contrário de Choukri, este jovem não estava envolvido em crimes antes de entrar para o EI.

Mehdi trocou a sua vida em Portsmouth, no sul da Inglaterra, por uma morte prematura na Síria. A sua mãe explicou que Mehdi fazia parte de uma “família trabalhadora e de classe média” e disse que o viu mudar repentinamente no ano em que recebeu os resultados das provas do Ensino Médio.

Mehdi havia estudado numa escola particular católica e tirado boas notas, mas queria ser o melhor da turma. Segundo a sua mãe, foi no ano em que o jovem estudou mais para aperfeiçoar as suas notas, que a sua visão do mundo mudou.

A mudança de perspetiva está documentada nas redes sociais de Mehdi. No início, o seu perfil online não chamava a atenção, porém, ao longo de poucas semanas começou a partilhar mais sobre as aulas do Alcorão (livro sagrado do Islamismo) e sobre a sua visão da política internacional.

Poucos meses depois, Mehdi foi capturado por câmaras de segurança no aeroporto a caminho da Síria.

A partir daí, continuou a partilhas imagens e vídeos nas redes sociais, conduzindo sessões de perguntas e respostas para todos os interessados ​​em seguir o seu caminho. O recrutado se tornou, então, recrutador.

Nafees Hamid, um neurocientista que estudou os cérebros de extremistas violentos, acredita que ter crenças desafiadas por colegas é a chave para a desradicalização.

Ao longo do tempo em que esteve na Síria, Mehdi manteve o contacto com familiares e amigos em Portsmouth. No entanto, o jovem britânico nunca voltou para casa. Morreu na Síria, perto da fronteira com a Turquia, sendo que a sua localização final sugere que poderia estar a preparar-se para deixar o EI para trás.

Acredita-se que todos os homens que aparecem nos vídeos já estão mortos. Muitos outros continuam desaparecidos.

https://zap.aeiou.pt/segredos-estado-islamico-418104

 

Em 1972 o MIT previu o colapso da sociedade no século 21 - Novo estudo revela que estamos nesse caminho !

Um novo estudo, desenvolvido por uma diretora da empresa de contabilidade KPMG sobre um modelo criado em 1972 por investigadores do MIT, revela que a previsão de então sobre o colapso da sociedade no século 21 mantém-se atual.

O modelo, denominado World3, foi criado a partir de dados empíricos e publicado no livro ‘Limits to Growth’, revelou a Vice. O modelo visava responder à pergunta sobre o que aconteceria se a humanidade continuasse em busca do crescimento económico, sem se importar com o custo social e ambiental.

Na altura, os investigadores concluíram que, sem mudanças drásticas, a sociedade industrial estava a caminhar para o colapso.

“Dada a perspetiva desagradável de colapso, estava curiosa para ver quais cenários estavam mais alinhados com os dados empíricos atuais”, disse Gaya Herrington, diretora de Consultoria, Auditoria Interna e Risco da KPMG, que escreveu o novo artigo.

“O livro que apresentava esse modelo mundial foi um ‘best-seller’ nos anos 70 e teríamos agora várias décadas de dados empíricos para fazer uma comparação significativa. Mas, para minha surpresa, não consegui encontrar tentativas recentes nesse sentido. Então decidi fazer isso sozinha”, contou.

Este novo estudo, publicado no Yale Journal of Industrial Ecology, concluiu que o modelo de 1972 está alinhado com os dados recentes. Sem mudanças, a civilização global está a caminhar para um declínio económico na próxima década, o que pode levar ao colapso da sociedade por volta de 2040.

Gaya Herrington analisou dados relativos à população, taxas de fertilidade e de mortalidade, produção industrial, produção de alimentos, serviços, recursos não renováveis, poluição persistente, bem-estar humano e pegada ecológica.

“Buscar um crescimento [económico] contínuo não é possível. Mesmo quando combinado com desenvolvimento e adoção de tecnologia sem precedentes, negócios” como os atuais “levariam inevitavelmente a declínios no capital industrial, na produção agrícola e nos níveis de bem-estar neste século”, explicou a autora.

Contudo, embora a janela para efetuar as alterações necessárias para evitar o pior cenário seja pequena, “uma mudança deliberada de trajetória provocada pela sociedade, voltada para outro objetivo que não o crescimento, ainda é possível”, apontou o artigo.

O estudo de Gaya Herrington não é conduzido pela KPMG, embora a empresa o tenha publicado na sua página oficial. A diretora realizou a pesquisa como parte da sua tese de mestrado na Universidade de Harvard.

https://zap.aeiou.pt/mit-colapso-sociedade-caminho-417972

 

Em ano de pandemia, mais de 23 milhões de crianças ficaram sem vacinas !

Os números relativos a 2020 mostram um decréscimo de vacinas administradas sobretudo no Sudoeste Asiático e no Mediterrâneo Oriental. Para a Organização Mundial de Saúde, a atual crise sanitária está a expor crianças a “doenças terríveis” que podem ser facilmente prevenidas, tais como o sarampo, a poliomielite ou a meningite.


Caso ainda existissem dúvidas de que a pandemia da covid-19 atingiu com especial força os países mais desfavorecidos, agravando, assim, as desigualdades existentes, a Organização Mundial de Saúde e a UNICEF acabam de as dissipar com um novo relatório relativo à vacinação infantil em 2020.

Segundo o documento, no ano em que a pandemia transformou o mundo como o conhecíamos, cerca de 23 milhões de crianças ficaram por vacinar. Trata-se de um aumento de 3,7 milhões face ao ano de 2019 e a maior quebra nos programas de vacinação mundiais desde 1970.

Os dois organismos estimam que das 23 milhões de crianças, 17 milhões viram-se impedidas de tomar qualquer vacina durante 2020. Face ao ano anterior, mais de 3,5 milhões de crianças falharam a primeira dose da vacina tripa que protege contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa (DTP-1), enquanto mais três milhões falharam a primeira dose da vacina contra o sarampo.

De acordo com o relatório, as crianças mais atingidas vivem em zonas de conflito, em zonas periféricas com poucos serviços essenciais, ou em habitações informais ou bairros de lata.

O flagelo tem maiores dimensões na região do Sudoeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental. Em termos de países, a índia, o Paquistão e a Indonésia destacam-se pela negativa, já que são as nações onde mais aumentou o número de crianças que ainda não recebeu a primeira dose da vacina DTP-1. O situação é especialmente grave na índia, onde esse número mais do que duplicou, passando para mais de três milhões de crianças em 2020.

No continente africano, Moçambique é quem mais que sobressai, já que em 2020 cerca de 186 mil crianças não foram vacinadas com a primeira dose da DTP-1 – em 2019 foram 97 mil. Um lugar abaixo na tabela (em quinto da classificação mundial) está Angola que passou de 399 mil crianças sem vacinação contra a DTP-1 em 2019 para 482 em 2020.

Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, “numa altura em que os países reclamam vacinas contra acovid-19, temos recuado noutras imunizações, deixado as crianças expostas ao risco de doenças terríveis mas que podem ser prevenidas, como o sarampo, a poliomielite ou a meningite.”

“Os surtos de doenças múltiplas podem ser catastróficos para as comunidades e sistemas de saúde que já lutam contra a covid-19, tornando mais urgente que nunca investir na vacinação infantil e assegurar que todas as crianças sejam alcançadas”, disse, citado pelo Público.

Num balanço provisório, é já possível afirmar que os países de rendimento médio vivem atualmente com uma tendência de crescimento no que respeita a crianças não imunizadas. A índia, por exemplo, debate-se com uma queda de 91% para 85% no que concerne à cobertura da vacina contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa.

No continente americano, a cobertura também decresceu de 91% para 82% ­- com números de 2016, apesar da principal justificação para os números, neste contexto geográfico, ser a desinformação, a instabilidade politica e as insuficiências da financiamento, avançam a Organização Mundial de Saúde e a UNICEF.

https://zap.aeiou.pt/em-ano-de-pandemia-mais-de-23-milhoes-de-criancas-ficaram-sem-vacinas-417818

Um pouco por todo o mundo, multiplicam-se as guerras pela água !

Os conflitos causados pelo acesso à água existem um pouco por todo o planeta e, com as alterações climáticas, a tendência vai crescer.


É um recursos naturais mais importantes e alimenta a vida na Terra e, devido às alterações climáticas, cada vez mais raro. Há muito que água é um dos motivos para guerras e essa tendência parece ter tudo para crescer, já que, de acordo com previsões da Organização das Nações Unidas, 5 mil milhões de pessoas podem sofrer com a escassez de água em 2050, escreve o The Guardian.

A dependência do rio Nilo em África

Já se muito se falou da importância do rio Nilo para a civilização egípcia, não só pela escassez de água na região, mas também pela terra fértil que cresce nas margens do rio. A verdade é que essa dependência do rio continua até aos dias de hoje e pode dar origem a um conflito com consequências globais.

A Iniciativa da Bacia do Nilo nasceu em 1999 precisamente para incentivar a cooperação entre dez países que são banhados pelo rio, sendo estes o Egipto, o Sudão, a Etiópia, o Quénia, o Uganda, o Burundi, a Tanzânia, o Ruanda e a República Democrática do Congo e também a Eritreia, que tem o estatuto de país observador.

Apesar de inicialmente ter tido sucessos no incentivo à gestão colectiva do Nilo, desde 2007 que os interesses divergentes entre os países que ficam a jusante, como o Egipto e o Sudão, e a montante do rio, como é o caso da Etiópia.

Já há anos que a Etiópia tinha a intenção de construir uma enorme barragem no Nilo Azul, um dos maiores afluentes do Nilo. Conhecida como Grande Barragem do Renascimento Etíope, começou a ser construída em 2011 e tem uma capacidade superior a 74 mil milhões de metros cúbicos. A barragem tem um custo estimado de mais de 3.8 mil milhões de euros e é a maior obra de sempre do país.

O impacto económico da barragem não pode ser subestimado, visto que cerca de dois terços da população etíope não tem electricidade, problema que a barragem ajudaria a resolver. A obra também daria a oportunidade ao país de exportar energia.

Mas este impulso positivo para a economia etíope seria uma catástrofe para o Egipto. Visto que o Nilo é o único grande rio que corre de Sul para Norte, o Egipto é bastante afectado por qualquer interrupção no curso de água, assim como o Sudão, que fica localizado entre o Egipto e a Etiópia. 85% da água do rio Nilo passa pelas terras no norte da Etiópia, onde a barragem está a ser construída.

O Egipto depende do Nilo para 90% da sua água. Dois acordos assinados em 1929 e em 1959 deram ao Egipto e ao Sudão o controlo de practicamente toda a água do rio e o poder de veto sobre obras de países a montante do rio que afectassem o curso de água. Os outros países não foram tidos em conta nestes dois acordos ainda da era colonial, por isso a Etiópia entendeu não ter de os seguir e iniciou a construção sem consultar o Egipto.

De acordo com as previsões da Aljazeera, se a Etiópia concordar em encher totalmente a barragem ao longo dos próximos 10 anos, isso destruiria 18% dos terrenos para agricultura no Egipto. Caso a barragem fique com a capacidade máxima ao fim de cinco anos, metade dos terrenos agrícolas egípcios seriam destruídos.

A instabilidade política no Egipto durante a Primavera Árabe acabou por adiar o conflito, já que o país tinha outros problemas internos mais urgentes. Mas a questão voltou a ser discutida depois da Etiópia ter revelado querer encher a barragem nos próximos seis anos.

“Temos um plano para começar a encher na próxima estação chuvosa, e começaremos a gerar electricidade com duas turbinas em Dezembro de 2020″, afirmou Seleshi Bekele, Ministro da Água etíope, em Setembro do ano passado.

As conversações entre os três países ao longo de quatro anos não têm sido produtivas e os Estados Unidos estão agora a tentar mediar o conflito. A Etiópia revelou que os egípcios propuseram ligar a nova barragem à já existente barragem de Aswan, no Egipto.

Mas Seleshi Bekele acusou o Egipto de não estar a negociar em boa fé e revelou à BBC que ligar as duas barragens será “difícil”. “Tinham recuado um pouco nesse assunto, mas hoje trouxeram a ideia de volta até certo ponto”, disse.

Com o aumento das tensões entre os dois países, será possível um conflito armado no futuro? A resposta é sim. Em 2013, gravações secretas a políticos egípcios revelaram as intenções de sabotar ou bombardear a barragem, pode ler-se no LA Times, e o actual presidente, Abdel Fattah Al-Sisi, disse que vai fazer de tudo para proteger os direitos do país sobre as águas do Nilo.

Em Outubro do ano passado, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, respondeu que “nenhuma força” vai impedir o país de construir a barragem. O envolvimento dos EUA na mediação é também um sinal de que a tensão está aumentar.

Uma potencial guerra poderia trazer efeitos devastadores na região, dada a dependência do rio Nilo, e também a nível internacional, visto que ambos os países são aliados dos Estados Unidos. Um conflito armado poderia também impactar toda a economia global ao “ameaçar a rota comercial vital do canal do Suez ao longo do corno de África”, escreve o Washington Institute.

Um problema global

Mas o problema no Nilo está longe de ser o único. Em Junho, nos EUA, surgiram conflitos depois das autoridades federais cortarem o fornecimento de água do rio Klamath a agricultores, devido à morte em massa de salmões causada pela seca, lê-se na Bloomberg.

Outros grupos interessados que precisam do Klamath, como tribos indígenas, gestores de serviços públicos no sul do Oregon e no norte da Califórnia, campos de golfe, barragens, etc, estão também a reclamar direitos ao rio. Esta disputa é um sinal dos conflitos que se avizinham na costa Oeste americana.

A Índia e o Paquistão vivem também uma situação tensa. Depois de um ataque paquistanês devido à disputa sobre o território da Caxemira em 2019, a Índia retaliou ao ameaçar desviar as correntes dos rios Indo, Chenab e Jhelum.

Este possível desvio seria uma violação de um tratado de 1960, mediado pelo Banco Mundial, que dividiu os recursos hídricos pelos dois países, ficando o Paquistão com o controlo maioritário de três rios ocidentais, enquanto que a Índia gere três rios de leste. Os indianos pretendiam cortar o fornecimento dá água que não usavam, cerca de 7%, que corre livremente para o Paquistão.

“Quando entramos no tratado com o Paquistão, decidimos que a harmonia e a fraternidade prevaleceriam. Se o Paquistão matar o nosso povo e promover o terrorismo, então como é que a harmonia será mantida?”, perguntou Nitin Gadkari, Ministro de Recursos Hídricos da Índia numa entrevista em 2019.

O então Ministro dos Recursos Hídricos paquistanês respondeu que rasgar o acordo poderia levar ao início de uma guerra. “Está na hora de perceberem as consequências de uma guerra. O exército do Paquistão não é uma força fictícia, é ousado, corajoso e bem treinado, e é capaz de destruir as gerações do Modi, mas nós não queremos isso, por isso aprendam que o vosso belicismo não vos trará nenhum bem, querida Índia”, respondeu Vawda no Twitter.

A falta de água potável no subcontinente indiano pode mesmo ser a primeira causa de uma guerra nuclear na Terra. De acordo com um estudo da Universidade das Nações Unidas, “a bacia fluvial do Indo é uma bomba-relógio“.

Parte do problema é político, devido às dificuldades que a região já tem com o abastecimento de água, e qualquer disrupção vai afectar a população e criar instabilidade interna. A outra grande causa é já global, as alterações climáticas. O estudo concluiu que os rios no sul da Ásia vão ser mais afectados pela mudança do clima e a escassez de água vai ser ainda mais agravada.

De acordo com o jornal indiano Mint, a Índia está mesmo a planear reter as águas em excesso que correm para o Paquistão. Esta decisão surge quando a Índia está a tentar desviar as águas do Ujh, um dos principais afluentes do Ravi que corre pelo Paquistão.

“Temos potencial de explorar os rios que correm do nosso território e que vão para o Paquistão, mesmo com o Tratado do Indo. Primeiro, temos o direito de parar a água precisa para regar 100 mil hectares de território. Estamos à procura de potencial, exercê-lo e planeá-lo”, afirmou Gajendra Singh Shekhamat, Ministro do Jal Shakti, um ministério nascido em 2019 com a fusão dos antigos ministérios dos Recuros Hídricos e da Água Potável e Saneamento.

Shekhamat reforça que as águas do Ravi, Beas e Sutlej são indianas. “A água destes três rios e dos seus afluentes é nossa por direito. Se nós construirmos projectos de rega nessas águas e usar-mos o seu potencial, o Paquistão não pode reclamar, o que eles tentam fazer, mas isso é ilegal”, remata.

A região de Caxemira é reivindicada tanto pela Índia como pelo Paquistão desde o fim da colonização britânica, em 1947. Um possível conflito nuclear entre os dois países teria consequências catastróficas para todo o planeta. De acordo com um estudo de 2016 citado pelo Hindustan Times, 21 milhões de pessoas morreriam numa semana e metade da camada do ozono na Terra seria destruída.

As alterações climáticas prometem tornar a água um recurso ainda mais valioso e escasso, o que vai desafiar ainda maior aos governos a aprender a gerir a sua distribuição de forma diplomática para se evitarem conflitos com consequências globais.

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Chuvas fortes provocam cheias e subida dos caudais de rios em vários países na Europa !

As chuvas intensas registadas nas últimas horas em vários países da Europa ocidental e central provocaram cheias e a subida dos caudais de rios, relataram hoje as agências internacionais, indicando ainda que um homem está desaparecido na Alemanha.


A agência noticiosa alemã DPA relatou que, na noite de terça-feira para quarta-feira, um homem desapareceu quando tentava proteger a sua propriedade em Joehstadt, no estado alemão da Saxónia, da subida repentina das águas e que terá sido arrastado por uma forte corrente.

Os bombeiros locais retomaram hoje de manhã os trabalhos de busca.

Ainda em território alemão, no condado de Hof, perto da fronteira oriental com a República Checa, foi emitido um alerta de desastre devido à forte precipitação, que provocou a queda de árvores e deixou várias zonas sem eletricidade.

O serviço meteorológico alemão (DWD) informou que nesta região choveu 80 litros por metro quadrado durante um período de 12 horas.

Em Hagen, no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, os bombeiros tiveram de resgatar vários automobilistas, cujos veículos ficaram presos numa passagem subterrânea inundada.

Os “vizinhos” Países Baixos e Bélgica também foram atingidos por condições meteorológicas adversas e por inundações, segundo a agência Associated Press (AP).

Por exemplo, as autoridades da província holandesa de Limburg (sul) estão a alertar para a subida dos caudais de vários riachos e para a possível formação de uma forte corrente de água, pedindo à população local para se afastar destas áreas.

Os proprietários de embarcações foram aconselhados a evitar o rio Maas (que passa pelos territórios holandês e belga), devido às fortes correntes e aos detritos que estão a ser arrastados pelas águas.

Também na Suíça, a subida do nível das águas do lago dos Quatro Cantões, também conhecido como lago Lucerna, obrigou as autoridades helvéticas a acionarem o nível mais alto do aviso de inundações.

As fortes chuvas que têm sido registadas no país também colaram o lago de Bienna, também na zona centro da Suíça, no limite da sua capacidade, depois do caudal ter aumentado 60 centímetros na noite passada, situação que levou à proibição, como medida preventiva, de qualquer atividade de navegação.

Alguns rios no norte da Suíça também transbordaram devido à intensa precipitação, de acordo com a agência espanhola EFE.

As chuvas torrenciais obrigaram ainda ao corte de um trecho da estrada localizada nas margens do lago Léman, o maior da Suíça e que banha cidades como Genebra ou Lausanne.

Até ao momento, não existem relatos de vítimas no país na sequência das cheias.

Em diferentes áreas do país foram emitidos avisos de alerta, com os cidadãos a serem aconselhados a limitarem as deslocações e a evitarem zonas próximas de lagos e rios.

https://zap.aeiou.pt/chuvas-fortes-cheias-europa-417344

 

A subida do nível do mar no Bangladesh está a empurrar mulheres para a prostituição !

A subida do nível do mar no Bangladesh está a ter repercussões dramáticas na vida de muitas mulheres que têm como única opção a prostituição.


De acordo com a Sky News, a emergência climática no país está a ter graves consequências sócio-económicas e as mulheres são a classe mais afetada. O jornal britânico indica que muitas se vêm obrigadas a prostituir-se num bordel na costa sudoeste conhecido como Banishanta.

Entre muitos casos, o diário britânico destaca a situação de Pervin: uma jovem que começou a trabalhar no bordel, depois de a sua família ter ficado com a casa destruída em consequência da subida do mar, erosão e sucessivos ciclones.

Com apenas 15 anos, e ao perceber que a família precisava de ajuda monetária, Pervin decidiu pôr mãos à obra e ir trabalhar. Foi contactada por uma mulher que lhe prometeu emprego numa fábrica de têxteis, mas acabou por ir parar ao bordel onde agora presta serviços sexuais a troco de dinheiro.

Em declarações à Sky News diz que se deixou enganar pela ingenuidade: “Não sabia o que fazer. Ela abandonou-me”, contou.

Banishanta é um dos bordéis mais antigos de Bangladesh, atraindo clientes do porto próximo de Mongla. Mesmo sendo legal no país, o trabalho sexual é extremamente estigmatizado na cultura tradicional e as mulheres que o praticam são descriminadas.

Pervin é apenas um dos muitos casos – estima-se que sejam cerca de 100 mulheres – a passar por esta situação. As histórias, geralmente, têm como ponto de partida a vulnerabilidade provocada pelas mudanças climáticas.

Normalmente, as mulheres que vão parar ao bordel acabam por ser vendidas e ficam prisioneiras. Há ainda mulheres mais velhas que vivem há anos no local e não têm para onde ir, acabando por se sujeitar a todo o tipo de tratamentos indignos.

A pequena faixa de terra onde Banishanta foi construído também está a desaparecer, por isso, o aumento do nível do mar está a destruir as margens do bordel, sendo que quando as casas são inundadas, as mulheres que lá trabalham são forçadas a gastar o dinheiro que ganham na manutenção do local.

https://zap.aeiou.pt/subida-nivel-mar-bangladesh-prostituicao-416728

 

Onda de calor no Canadá pode ter causado a morte de mais de mil milhões de animais marinhos !

A onda de calor no Canadá atingiu milhões de pessoas, mas a situação, que causou incêndios e problemas no abastecimento de energia, não afetou apenas os humanos. Estima-se que mais de mil milhões de animais marinhos tenham sucumbido às altas temperaturas.


Chris Harley, biólogo da Universidade da Columbia Britânica, acredita que as temperaturas extremas que se sentiram na semana passada no Canadá, podem ter resultado na morte de mais de mil milhões de criaturas marinhas, como mexilhões, estrelas do mar e percebes, no Mar Salish, na costa sudoeste do país. O efeito devastador deverá afetar também qualidade da água na região.

O país registou temperaturas que chegaram aos 49,6 graus, sendo que durante a onda de calor, Harley e a sua equipa usaram câmaras de infravermelhos para detetar as temperaturas nos habitats costeiros.

Durante a pesquisa, os investigadores encontraram inúmeros mexilhões a apodrecer nas suas próprias cascas. “Dava para sentir o cheiro mesmo antes de chegar perto”, referiu citado pelo The Guardian.

“A praia não costuma estalar quando se anda sobre ela. Mas havia tantas conchas de mexilhões vazias por toda a parte que não se podia evitar pisar animais mortos“, descreveu ainda.

Os mexilhões toleram temperaturas de até 30 graus, e os percebes são mais resistentes, suportando até 40 graus. No entanto, o termómetro esteve muito perto de chegar aos 50 graus durante algumas horas de vários, o que levou a que vários elementos destas espécies acabassem por colapsar.

A morte destes animais também irá a qualidade da água na região, já que, por exemplo, os mexilhões têm a função de filtrar a água do mar.

Tendo em conta a quantidade de animais mortos encontrados numa área pequena, Harley calculou que mais de mil milhões de criaturas marinhas possam ter morrido com a onda de calor.

https://zap.aeiou.pt/calor-canada-morte-animais-marinhos-416714

 

Idosa belga morreu infetada com duas variantes da covid-19 !

Uma belga de 90 anos morreu depois de adoecer com covid-19. A idosa estava infetada com a variante Alpha (do Reino Unido) e a variante Beta (da África do Sul).


Investigadores belgas relataram, este domingo, o caso inédito de uma nonagenária que morreu em março com covid-19, após ter sido infetada simultaneamente por duas variantes diferentes, a Alpha (britânica) e a Beta (sul-africana), um fenómeno que, alertam, está “subestimado”.

“Este é um dos primeiros casos documentados de coinfecção com duas variantes preocupantes do SARS-CoV-2″, disse a autora do estudo, a bióloga molecular Anne Vankeerberghen, citada num comunicado do Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID).

No Brasil, dois casos de pessoas infetadas por duas variantes diferentes foram relatados em janeiro num estudo, mas esse “ainda não foi publicado em revista científica”, explicou o ECCMID.

A 3 de março de 2021, a mulher de 90 anos, sem antecedentes médicos em particular e não vacinada, foi internada num hospital na cidade belga de Aalst após várias quedas, de acordo com este estudo de caso, apresentado no congresso e revisto por pares no comité de seleção.

A idosa, que testou positivo para covid-19 ao chegar, apresentava inicialmente “um bom nível de saturação de oxigénio e nenhum sinal de dificuldade respiratória”, segundo o ECCMID.

No entanto, “rapidamente desenvolveu sintomas respiratórios agravados e morreu cinco dias depois”, afirma a nota.

Segundo a bióloga do hospital OLV em Aalst, “é difícil dizer se a coinfecção por duas variantes desempenhou um papel na rápida deterioração da condição do paciente”.

Em extensos testes e mediante sequenciamento, o hospital descobriu que a idosa tinha sido infetada com duas variantes do vírus que causa a covid-19: uma originária do Reino Unido, chamada Alpha, e a outra inicialmente detetada na África do Sul, chamada Beta.

“As duas variantes estavam a circular na Bélgica na época (março de 2021), então é provável que a mulher tenha sido coinfectada por duas pessoas diferentes. Infelizmente não sabemos como ela foi contaminada”, acrescentou Vankeerberghen.

Até o momento, “não há nenhum outro caso publicado” de coinfecção com duas variantes, apontou a investigadora, que considera “crucial” continuar o sequenciamento e o estudo de um fenómeno “provavelmente subestimado”.

https://zap.aeiou.pt/idosa-morre-infetada-duas-variantes-416334

 

Em 1959, três homens que acreditavam ser Jesus Cristo fizeram parte de uma experiência pouco ética !

Em 1959, no Hospital Estatal Ypsilanti no Michigan, EUA, viviam três homens que acreditavam ser a figura bíblica de Jesus Cristo. Todos tinham sido diagnosticados com esquizofrenia e fizeram parte de uma experiência eticamente duvidosa.


O psicólogo Milton Rokeach estava convencido de que poderia pôr fim às ilusões dos três homens juntando-os no mesmo espaço durante várias sessões.

A primeira reunião foi – como seria de esperar – um pouco tensa. Como estavam inabalavelmente convencidos de quem eram, tornaram-se hostis quando foram confrontados com alguém que reclamava a sua própria identidade.

Ainda assim, segundo o IFL Science, Clyde, Joseph e Leon compareceram a todas as sessões, apesar de não terem surtido qualquer efeito: em vez de questionarem a sua própria crença de que eram Jesus, incorporaram os outros dois pacientes nas suas crenças ilusórias.

Clyde, por exemplo, acreditava que os outros dois não estavam vivos. “As máquina estão a falar. Retira-lhes as máquinas e eles não falam. Não se pode matar os que têm máquinas dentro deles”, dizia.

Joseph argumentava que os seus “colegas” eram “pacientes num hospital psiquiátrico e o facto de serem pacientes prova que são loucos“. Leon, por sua vez, acreditava que os outros dois eram deuses menores, ou reencarnações do capitão Davy Jones e do rei Mathius.

A experiência durou dois anos e, com o tempo, o psicólogo usou técnicas diferentes, muitas vezes antiéticas. O portal escreve que chegaram a contratar uma atraente assistente de investigação numa tentativa de conseguir que Leon se apaixonasse por ela, usando-a para pôr fim à sua crença.

À medida que o tempo foi passando, a relativa simpatia que os homens demonstraram ter uns pelos outros desmoronou-se, desencadeado lutas físicas e verbais.

A experiência não foi, de todo, um sucesso. No final, Rokeach escreveu um relatório no qual apresenta um olhar fascinante sobre crença e identidade, mas também admite a natureza pouco ética do seu trabalho e a manipulação dos seus pacientes.

Eu não tinha o direito, mesmo em nome da Ciência, de fazer de Deus e interferir 24 horas por dia na vida quotidiana” dos três homens, escreveu.

“Eu não consegui curar os três Cristos dos seus delírios, mas eles conseguiram curar a minha ilusão, semelhante à de Deus, de que poderia mudar as suas crenças organizando e reorganizando omnipotente e omniscientemente a sua vida quotidiana.”

https://zap.aeiou.pt/tres-homens-que-acreditavam-jesus-cristo-416144

 

 

“Coelhinhas” - Guardas prisionais e pessoas externas abusam sexualmente de reclusas em Maputo !

A comissão criada para investigar a denúncia de exploração sexual numa cadeia feminina em Maputo concluiu que houve abuso sexual de reclusas por guardas prisionais e “pessoas externas”, mas os casos ocorreram no interior do estabelecimento penitenciário.


No relatório final, apresentado hoje em conferência de imprensa em Maputo, a comissão esclarece que não encontrou evidências sobre a alegada rede de exploração sexual denunciada pela organização não-governamental Centro de Integridade Pública (CIP), em que guardas prisionais forçam mulheres reclusas a sair da cadeia para se prostituírem, mas encontrou elementos da existência de casos de funcionários prisionais que se aproveitam da condição vulnerável das reclusas, abusadas sexualmente.

“No cômputo geral, os eventos [constatados pelos psicólogos] são caracterizados e classificados em forma de abuso sexual no sistema penitenciário. O abuso sexual na prisão aconteceu de várias formas”, declarou Elisa Samuel, relatora da comissão, na leitura das conclusões do trabalho.

De acordo com o relatório, o abuso sexual na cadeia foi praticado por guardas penitenciários e por “pessoas externas“, que entravam na prisão em festas promovidas ao fim de semana ou feriados, com complacência de altos funcionários da prisão.

“Em outros casos, os agentes exigiram sexo em troca de comida, drogas ou promessas de tratamento privilegiado”, acrescentou a relatora da comissão.

Refere-se ainda que as reclusas denunciaram vários casos em que foram obrigadas a fazer abortos após relações com guardas prisionais, algumas das quais descritas pela comissão como “aparentemente consensuais”, embora baseadas em ameaças.

“A maioria das reclusas engravidou mais de uma vez e foi forçada a fazer aborto, recorrendo aos serviços das enfermeiras afetas ao estabelecimento penitenciário”, relata o documento, que sugere um instrumento jurídico específico para penalizar guardas que se envolvam com reclusas.

A comissão sugere ainda uma reflexão sobre a condição das mulheres reclusas em Moçambique, alertando para a possibilidade de existirem casos similares em outros estabelecimentos penitenciários.

“Os resultados desta investigação podem não captar a dimensão do problema, impondo-se a necessidade de se continuar a investigar”, frisou Elisa Samuel, considerando que a denúncia do Centro de Integridade Pública tem “lacunas e insuficiências”, mas é importante porque levanta o debate sobre a situação das mulheres reclusas no país.

O relatório da denúncia da alegada rede para a exploração sexual produzido pelo CIP indicava que as mulheres eram obrigadas a sair da cadeia para se prostituírem, num “negócio lucrativo” e em que as reclusas eram tratadas “como uma mercadoria com um preço”, só ao alcance de pessoas com algumas posses em Maputo.

“Pombinhas”, “coelhinhas” são alguns dos termos usados pelos guardas prisionais para se referirem às mulheres durante a negociação com os clientes.

O método passa por acertar o dia, o local do encontro e o preço – os guardas podem receber cerca de 40 a 400 euros por cada reclusa entregue, acrescentou o documento da ONG.

Para a realização do trabalho, a comissão de inquérito realizou 53 entrevistas com reclusas, reuniu-se com os denunciantes, o CIP, e membros da direção suspensa.

O Estabelecimento Penitenciário Especial para Mulheres de Maputo alberga um total de 96 reclusas, distribuídas por oito celas, com capacidade para 20 pessoas cada.

O caso levantou a indignação de vários setores da sociedade moçambicana, tendo sido submetida à Procuradoria-Geral da República uma queixa crime contra a direção do estabelecimento penitenciário por 17 organizações de defesa dos direitos das mulheres.

https://zap.aeiou.pt/guardas-prisionais-abusam-reclusas-415676

 

Donald Trump disse que “Hitler fez muitas coisas boas” !

Foi numa visita à Europa, para assinalar o 100.º aniversário do fim da I Guerra Mundial, que Donald Trump disse a John Kelly: “Na verdade, Hitler fez muitas coisas boas”.


Quando ainda estava no cargo de Presidente dos Estados Unidos, e durante uma viagem à Europa para assinalar o 100.º aniversário do fim da I Guerra Mundial, em 2018, Donald Trump terá defendido a recuperação económica na Alemanha Nazi nos anos 30 e chocou o seu chefe de gabinete, John Kelly, com as suas afirmações.

As revelações surgem em Frankly, We Did Win This Election, um livro escrito por Michael Bender, jornalista do The Wall Street Journal.

O The Guardian, que já recebeu uma cópia adiantada da obra, revela que Trump terá dito ao seu chefe de gabinete que, “na verdade, Hitler fez muitas coisas boas“. A frase deixou Kelly “chocado”, como o próprio admite no livro.

Segundo o diário britânico, o chefe de gabinete da Casa Branca tentou explicar ao governante quais países estavam de que lado no conflito e “tentou ligar a I Guerra Mundial à II e todas atrocidades de Hitler”.

Donald Trump também foi entrevistado para este livro e nega ter dito tal coisa sobre o ditador que governou a Alemanha entre 1933 e 1945 sob a ideologia nazi.

No entanto, são várias as testemunhas anónimas que contradizem o ex-Presidente norte-americano, que, além de ter proferido esta frase, a defendeu com a recuperação económica na Alemanha nazi nos anos 30, mesmo depois de John Kelly “dizer ao Presidente que estava errado”.

“Kelly reagiu e defendeu que os alemães teriam ficado melhor pobres do que sujeitos ao genocídio nazi”, sublinhando que, mesmo que haja um fundo de verdade quanto à esfera económica, “não se pode dizer nada que apoie Adolf Hitler“.

Kelly saiu da Casa Branca em 2019 e, desde aí, tornou-se um crítico acérrimo do ex-Presidente. O antigo chefe de gabinete disse a amigos que Donald Trump foi “a pessoa com mais falhas” que já conheceu, entre elas a “chocante falta de respeito pela História“, mais concretamente as experiências de “qualquer raça, religião ou crença”.

Ao longo dos anos, Trump fez alguns comentários positivos sobre grupos de extrema-direita e de supremacia branca.

Em 2017, um supremacista branco avançou com um carro sobre uma multidão em protesto em Charlottesville, no estado da Virgínia, vitimando mortalmente uma pessoa e ferindo outras 19.

Na altura, Trump atribuiu culpas iguais aos manifestantes de esquerda e de extrema-esquerda e aos apoiantes da extrema-direita que estiveram no local. “Acho que há culpa dos dois lados”, disse, depois de considerar haver “pessoas boas de ambas as partes”.

No ano passado, num debate no âmbito das eleições presidenciais, Donald Trump recusou-se a condenar explicitamente milícias armadas de extrema-direita, proferindo antes “Proud Boys, afastem-se e aguardem”.

https://zap.aeiou.pt/donald-trump-disse-hitler-fez-coisas-boas-415294

 

A Grande Demissão: Os americanos estão a despedir-se em número recorde !

Fenómeno surge em contra-ciclo, já que os mais recentes números divulgados revelam uma melhoria robusta da economia norte-americana. Investigações desenvolvidas no passado, no âmbito da psicologia organizacional, ajudam a compreender e a justificar a tendência.


Os números de desemprego nos Estados Unidos da América bateram recordes no início da pandemia, com a evolução do indicador a servir como barómetro para avaliar uma possível recuperação. Semanalmente, os relatórios com dados relativos aos pedidos de subsídio de desemprego são aguardados com muita expectativa tanto pelos organismos oficiais como pelos analistas.

Entre Fevereiro e Abril de 2020 — período marcado pela anúncio da Organização da Mundial de Saúde de que a propagação da Covid-19 já se enquadrava no quadro de uma pandemia —, o número de desempregados passou de 5.717.000 para 23.109.000.

Em Junho de 2021, a taxa de desemprego situava-se nos 5.9% — correspondente a 9,3 milhões de pessoas, menos 850 mil do que no mês anterior —, muito abaixo dos 14.8% registados em Abril de 2020 — num claro sinal de melhora.

Numa resposta ao relatório do último mês, Joe Biden foi rápido a apontar “as mudanças no poder dinâmico do mercado”. “A força da nossa economia está a ajudar-nos a inverter o guião. Em vez de os trabalhadores estarem a competir entre si por postos de trabalho que são escassos, os empregadores estão a competir uns com os outros para para atrair funcionários”, disse, citado pelo The Guardian.

No entanto, uma nova tendência laboral — um tanto imprevisível — começa a verificar-se no contexto americano: os pedidos de demissão.

De facto, durante o mês de Abril, quando os números de pedidos para subsídios de desemprego desceram para as marcas mais baixas desde o início da pandemia, no início de 2020, quatro milhões de trabalhadores escolheram deixar os seus empregos, um fenómeno que não acontecia, nesta escala, desde 2000, como aponta a BBC.

Como tal, a pergunta impõe-se: por que motivo estão os norte-americanos a pedir a demissão em números tão elevados?

As respostas, apontam os especialistas, estão diretamente relacionados com a pandemia. Anthony Klotz, investigador especialista em psicologia organizacional, estudou uma fenómeno semelhante há alguns anos, batizando-o de “A Grande Demissão” — um “realinhamento no mercado de trabalho em que um número considerável de pessoas, por diversos motivos, escolhem despedir-se”.

Apesar de os motivos variarem de indivíduo para indivíduo, Klotz, investigador na Escola de Negócios Mays, da Universidade do Texas A&M, aponta quatro explicações para a vaga de demissões estar a acontecer agora, num momento em os Estados Unidos da América se preparam para entrar no pós pandemia.

Esgotamento e epifanias

A primeira justificação são os trabalhadores que já tinham intenções de se demitir antes da pandemia, mas que, por uma questão de segurança, optaram por permanecer no seu emprego até agora.

“Entre 2015 e 2019, o número de demissões nos Estados Unidos cresceu de forma consistente, mas o número caiu muito em 2020, o que faz sentido dada a incerteza da pandemia. As pessoas optaram por se manter no emprego, mesmo que quisessem deixá-lo”, explicou Klotz.

De acordo com os analistas, estima-se que o ano de 2020 tenha registado, nos EUA, menos seis milhões de demissões do que esperado.

Agora, com a melhoria da situação pandémica — com especial destaque para o processo de vacinação —, um cenário laboral mais favorável parece surgir para aqueles desejosos de uma mudança.

Paralelamente, o “esgotamento do trabalho” também pode ser um fator na equação. “Sabemos por diversas pesquisas que, quando as pessoas se sentem esgotadas no trabalho, é mais provável que saiam”, resumiu o investigador.

“Vimos inúmeras histórias de trabalhadores essenciais, mas também de muitas pessoas que trabalharam de casa e tentaram equilibrar o tempo da família e do trabalho, que experimentaram altos níveis de esgotamento durante a pandemia.

Atualmente, há mais trabalhadores ‘esgotados’ do que o normal.” Segundo Klotz, a única solução para este problema seria “um bom período de descanso” — algo que nem sempre é possível, mas que abre a porta à demissão.

Os momentos de revelação ou epifania também são consideradas por Anthony Klotz como uma justificação para o fenómeno. Estes episódios acontecem quando uma pessoa, ainda que feliz com a sua função, passa por uma situação que a faz querer demitir-se, algo como uma promoção recusada ou um aumento salarial negado.

“Com a pandemia, sofremos um impacto que nos fez reavaliar as nossas vidas. Algumas pessoas perceberam que querem passar mais tempo com a família, outras sentem que agora o trabalho não é tão importante como pensavam, enquanto que outras querem, por exemplo, lançar um negócio próprio”, avança o especialista em psicologia organizacional.

Klotz resume a situação da seguinte forma: “Muitas pessoas estão a considerar fazer mudanças nas suas vidas e isso implica uma mudança na carreira”.

Ampliação do teletrabalho

A quarta explicação sugerida prende-se com a adaptação (e preferência) dos trabalhadores ao modelo de teletrabalho. No entanto, perante as perspetivas de controlo da pandemia e retoma das atividades, muitas empresas anseiam pelo regresso dos trabalhadores aos seus escritórios.

Estas visões contrárias têm levado muitos profissionais a abandonar os postos de trabalho em busca de uma oportunidade profissional que se enquadre nas suas preferências.

“Como seres humanos, temos a necessidade fundamental de desfrutar de autonomia. Quando se trabalha à distância, consegue-se estruturar o dia à maneira de cada um e há muita mais flexibilidade do que no escritório”, refere Klotz.

“Por isso, muitas pessoas não querem perder essa liberdade. Existem pessoas que se estão a demitir para procurar empregos que funcionem só com trabalho remoto ou em modalidade híbrida”, conclui.

De acordo com um estudo internacional encomendado pela Microsoft, 70% dos funcionários querem que as suas empresas mantenham a opção, de forma flexível, de trabalho remoto, enquanto 45% dos trabalhadores em teletrabalho pretendem mudar de local de residência, já que não precisam de se deslocar para o trabalho.

Simultaneamente, as empresas também parecem cada vez mais dispostas a conceder essas possibilidades aos trabalhadores. Segundo dados fornecidos pelo LinkedIn à BBC, anúncios na plataforma com referência a teletrabalho aumentaram cinco vezes entre Maio de 2020 e 2021, com o setor dos media e da comunicação a liderar a oferta (27%), seguido pela indústria de software e tecnologia de informação (22%).

Novas oportunidades (com salários mais elevados)

Finalmente, há uma última justificação para a vaga de pedidos de demissão que decorre atualmente nos EUA. Trata-se da valorização dos trabalhadores, consequência da pandemia.

De facto, uma parte considerável das demissões ocorreram nos setores da hotelaria e da restauração, o que levou os empregadores, durante o processo de reabertura da economia, a ter que oferecer incentivos, como salários mais elevados, para preencher os lugares deixados vagos.

“Há muita rotatividade em cargos de baixa remuneração, nos quais as pessoas não têm perspetivas de progressão na carreira. Se um profissional encontra um emprego com um salário mais alto, mudar não vai trazer qualquer custo”, explicou a economista Julia Pollak ao The New York Times.

Anthony Klotz, por sua vez, destaca o desempenho positivo da economia como fator de empoderamento dos trabalhadores. “Há muitas oportunidades de trabalho disponíveis atualmente. Portanto, se forem trabalhadores isso é bom porque dá opções”, refletiu.

https://zap.aeiou.pt/a-grande-demissao-americanos-recorde-415038

 

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