Esta quarta-feira, o Presidente moçambicano disse que as violações de direitos humanos por membros das forças de segurança na luta contra os grupos armados “não são nem serão toleradas em Moçambique”.
Moçambique está a ponderar recorrer à ajuda militar internacional no combate aos grupos armados, revelou o Presidente Filipe Nyusi esta quarta-feira.
“O nosso Governo já manifestou perante a comunidade internacional as necessidades para o combate ao terrorismo, e estas necessidades estão a ser avaliadas”, disse, deixando claro que prefere que não haja um envolvimento militar internacional em nome do “sentido de soberania” do país.
O executivo moçambicano e os parceiros internacionais estão a fazer o levantamento das carências do país na luta contra o terrorismo internacional, mas esta frente deve ser liderada pelos moçambicanos, disse. “Não é orgulho vazio, é sentido de soberania.”
O chefe de Estado moçambicano reiterou as informações já avançadas pelo Ministério da Defesa Nacional de que Palma voltou ao controlo das forças governamentais, adiantando que decorre a perseguição de membros dos grupos armados que atacaram a vila no dia 24 de março.
“Os terroristas foram expulsos de Palma, não pretendemos proclamar vitória, porque estamos a lutar contra o terrorismo, mas temos a certeza de que se estivermos unidos, venceremos”, referiu.
Niusy enalteceu o empenho do executivo na modernização, apetrechamento e formação das Forças de Defesa e Segurança na luta contra os grupos armados no norte, observando que as forças governamentais foram sujeitas a décadas de falta de “um investimento sólido”.
Moçambique, prosseguiu, está igualmente mobilizado para formar uma frente comum de prevenção e combate ao terrorismo com os seus parceiros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Nesse sentido, a capital do país vai acolher na quinta-feira uma cimeira de chefes de Estado da SADC da área da defesa e segurança para a definição de meios de erradicação do terrorismo, continuou.
Filipe Nyusi anunciou igualmente a convocação do Conselho Nacional de Defesa (CND) para uma discussão sobre a violência armada em Cabo Delgado, mas não avançou a data do encontro.
O chefe de Estado moçambicano dirigiu também uma palavra para os milhares de deslocados pela violência armada em Cabo Delgado, anunciando a criação de um grupo interministerial que vai fazer a coordenação da mobilização do apoio humanitário às vítimas.
“A situação que (os deslocados) enfrentam é transitária, sabemos que parece vazio dizer isto (dado o drama humanitário que passam), mas juntos e unidos venceremos o terrorismo”, afirmou.
O Presidente alertou para o perigo de “divisão e discórdia” entre os moçambicanos pela “narrativa” de atribuir a ação de grupos armados ao Islão, defendendo que “os terroristas também estão a matar muçulmanos”.
“Os terroristas não traduzem os valores do Islão, que são valores de paz, os muçulmanos estão a ser igualmente vítimas”, destacou.
O chefe de Estado moçambicano admitiu que a guerra em Cabo Delgado não será ganha apenas através da via militar, advogando a promoção de emprego para a ocupação de jovens que se sintam seduzidos a integrar grupos armados.
“Violações dos direitos humanos não serão toleradas”
Filipe Nyusi sublinhou, na mesma comunicação, que não serão toleradas as violações de direitos humanos por parte de membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na luta contra os grupos armados no norte do país.
“De forma clara, reiteramos que as violações dos direitos humanos não são nem serão tolerados em Moçambique”, declarou.
O chefe de estado moçambicano falava numa comunicação à nação por ocasião do Dia da Mulher Moçambicana, que se assinala esta quarta-feira, precisamente duas semanas após os ataques armados à vila de Palma, província de Cabo Delgado, no norte do país.
“Todas as eventuais violações de direitos humanos serão investigadas exaustivamente e serão tomadas medidas adequadas”, informou o governante.
As FDS, prosseguiu, devem assumir que a vitória contra os grupos armados que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, norte do país, será inalcançável sem a colaboração da população, se esta for vítima de abusos. “Nenhuma vitória será alcançada sem total confiança e entreajuda com a população civil”, destacou o Presidente.
Filipe Nyusi sustentou que a preparação das forças governamentais inclui a formação ética e moral, não se limitando a aspetos meramente ligados à defesa e segurança, e assinalou que as FDS devem inspirar-se nos valores da luta de libertação nacional contra o colonialismo português, assinalando que a vitória só foi possível graças ao apoio das comunidades aos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
“As Forças de Defesa e Segurança conhecem a sua nobre missão de proteção dos cidadãos, existem para defender o povo e a nação e serão sempre sujeitos aos mais altos padrões éticos”, rematou.
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