Pelo menos sete pessoas morreram na sequência de um incêndio num campo de refugiados rohingya no sudeste do Bangladesh e que se prolongou desde a tarde de segunda-feira até esta manhã.
O fogo começou por volta das 15h20 de segunda-feira no campo de refugiados localizado na zona de Balukhali, distrito de Cox’s Bazar, e só foi considerado extinto durante a madrugada de hoje, disse à agência EFE o chefe dos serviços de bombeiros, Shahadat Hossain. A mesma fonte disse que foram encontrados sete mortos.
Por outro lado, o comissário-adjunto para os refugiados, Mohammad Shamsud Douza, disse que o incêndio destruiu por completo entre 1000 e 1500 tendas e danificou milhares de refúgios precários ocupados pelos rohingya.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), as chamas destruíram albergues, centros de saúde, pontos de distribuição de alimentos e outras instalações do campo.
Os refugiados disseram que um hospital de campanha oferecido pela Turquia ficou destruído, assim como os gabinetes de organizações não-governamentais, e que o fogo também atingiu casas próximas do campo.
Em janeiro, um incêndio num outro campo de refugiados destruiu 3500 instalações precárias feitas de bambu e plástico onde vivem os rohingya e, poucos dias depois, a Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância denunciou um incêndio premeditado que destruiu quatro centros educativos.
No Bangladesh mantém-se a polémica sobre as intenções do Governo, que pretende instalar cerca de 10 mil rohingya na remota ilha de Bhasan Char, para descongestionar os campos, um processo que começou no passado mês de dezembro com o envio do primeiro grupo de 3500 pessoas. Neste momento, encontram-se na ilha 12.400 rohingya.
Mais de 738.000 rohingya refugiaram-se no sudeste do Bangladesh após as brutais perseguições por parte do Exército da Birmânia contra a minoria étnica muçulmana.
A Organização das Nações Unidas (ONU) classificou as campanhas de violência contra os rohingya como uma ação de limpeza étnica e possível genocídio, que ainda está a ser investigado por instâncias internacionais.
Os ataques do Exército birmanês contra o povo rohingya ocorreram quando a líder da Liga Nacional para a Democracia, Aung San Suu Kyi, ocupava “de facto” o cargo de chefe do Governo do Myanmar.
Em fevereiro, o Exército prendeu a chefe do Governo, o Presidente e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.
Os militares tomaram o poder alegando irregularidades durante o processo eleitoral do ano passado, apesar de as autoridades eleitorais terem negado a existência de fraudes.
Desde o golpe militar, sucessivos protestos contra a atuação dos militares têm ocorrido diariamente em várias cidades de Myanmar, manifestações que têm sido fortemente reprimidas pelas forças de segurança.
Até ao momento, 250 pessoas morreram durante as manifestações e mais de 2600 pessoas foram detidas, de acordo com os dados da Associação de Auxílio aos Prisioneiros Políticos.
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