A nova estirpe do coronavírus SARS-CoV-2 identificada no
Reino Unido, apresentada como mais contagiosa e que está a inquietar o
mundo, já está a circular em vários países e territórios, dentro e fora
da Europa.
Bélgica, Gibraltar (território britânico situado no extremo sul de
Espanha e reivindicado por Madrid), Dinamarca e Austrália são os mais
recentes países e territórios onde a nova variante do coronavírus
responsável pela doença covid-19 foi identificada, cuja presença já
tinha sido confirmada anteriormente nos Países Baixos, Itália ou na
África do Sul.
A Bélgica anunciou esta segunda-feira ter detetado
no país a nova variante do SARS-CoV-2, precisando que esta circula há
pelo menos um mês no território belga.
“Esta variante não se limita ao Reino Unido, já foi detetada em
outros lugares do mundo, entre os quais nos Países Baixos e na Bélgica”,
declarou o porta-voz da equipa técnica belga responsável pelo combate
contra a covid-19, o virologista Yves Van Laethem.
O especialista precisou que até à data “existem quatro casos conhecidos na Bélgica”
e que a deteção “foi feita há um mês”. “É possível que existam mais
casos a circular no nosso país e em outros países da Europa
continental”, acrescentou Van Laethem.
O virologista lembrou que esta variante do SARS-CoV-2 é conhecida
“desde o mês de setembro” e que atualmente representa “60% das novas
infeções no Reino Unido”.
“Existem outras estirpes que circulam no nosso país e em outros países
(…). É totalmente normal que as variantes apareçam” e que “acabem por
se tornar dominantes”, prosseguiu o especialista, realçando que, até ao
momento, não está totalmente comprovado se esta estirpe se transmite com
mais facilidade.
“Ainda temos de esperar para ter um certo número de dados para ver se é realmente mais contagiosa”, afirmou Yves Van Laethem.
“Em qualquer caso, nada nos mostra que seja mais violenta,
mais agressiva ou mais perigosa para a nossa saúde. Nada nos mostra que
as vacinas não nos darão imunidade contra a doença covid-19 marcada por
esta variante”, acrescentou o virologista belga.
O especialista vai mais longe e consegue justificar o facto desta
nova estirpe ter sido identificada no Reino Unido. Segundo Yves Van
Laethem, o Reino Unido tem “um dos programas de investigação e de
vigilância genética mais eficientes e completos do
mundo”, o que permite aos britânicos “analisar sistematicamente entre 5 e
10% das amostras para determinar a respetiva composição genética”.
“Muitos outros países são muito mais limitados na percentagem de
amostras que estudam em profundidade”, disse o virologista belga,
destacando que o Reino Unido não é o único país onde está a ser
verificado um aumento significativo de novas infeções.
Países Baixos, Dinamarca, República Checa e Eslováquia
foram alguns dos países mencionados por Yves Van Laethem que
recomendou, no entanto, que as viagens devem ser reduzidas e limitadas
“tanto quanto possível”.
Pelo menos um caso de infeção relacionado com a nova estirpe foi
detetado em Gibraltar, segundo confirmou hoje um porta-voz de Downing
Street (o gabinete do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson).
“Foram detetados casos em Gibraltar, Dinamarca e Austrália”, informou o
porta-voz de Downing Street, em declarações à agência espanhola EFE.
Ainda não há casos registados em França
Por sua vez, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, indicou
também nesta segunda-feira que “até ao momento” esta nova estirpe não
foi identificada em França.
“Nos últimos dias, os cientistas analisaram 500 estirpes virais e não foi encontrada esta variante. Isto não significa que não esteja a circular”, disse Olivier Véran, em declarações à emissora Europe 1.
Embora não tenham sido detetados casos até agora, o ministro da Saúde
francês admitiu que “é muito possível que a variante já esteja a
circular” em França. Perante esta possibilidade, o Presidente francês,
Emmanuel Macron, que foi diagnosticado com covid-19 na semana passada,
apelou a um reforço da “vigilância”.
Em Portugal não foi identificada, até ao momento, a nova estirpe do SARS-CoV-2, disse à Lusa no domingo uma fonte oficial do Instituto Ricardo Jorge.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) disse neste domingo que, de acordo com
os dados de que dispõe, a nova variante do coronavírus detetada no
Reino Unido pode não diminuir a eficácia das vacinas desenvolvidas
contra a covid-19.
“As vacinas demonstraram ser capazes de induzir a produção de anticorpos
protetores nos seres humanos contra várias regiões da espícula do
vírus, pelo que, com base na opinião dos peritos do Reino Unido, não
existem dados que sugiram a perda de eficácia das vacinas nesta nova
variante”, explica a DGS, numa resposta enviada à Lusa.
A vacinação deverá arrancar em Portugal a 27 de dezembro, um dia
depois de as primeiras vacinas da Pfizer-BioNTech, chegarem a Portugal.
https://zap.aeiou.pt/belgica-gibraltar-australia-nova-estirpe-do-coronavirus-ja-identificada-varios-paises-367318