Quase dois meses depois da retomada de Tikrit, as autoridades
anunciaram nesta quinta-feira a descoberta dos corpos em quatro fossas
comuns nos arredores desta cidade ao norte de Bagdá.
"Exumamos os corpos de 470 mártires de Speicher", declarou a ministra
iraquiana da Saúde, Adila Hamud, em uma coletiva de imprensa em Bagdá.
Em junho de 2014, vários homens armados vinculados ao EI sequestraram
centenas de jovens recrutas na base militar de Speicher, no norte de
Tikrit, e os executaram um por um, segundo as imagens de propaganda
divulgadas pelo grupo jihadista.
Estas gravações e o apelo por uma intervenção do aiatolá Ali
Al-Sistani, a maior autoridade xiita no Iraque, contribuíram para
mobilizar as milícias locais contra o EI.
Alguns corpos foram lançados ao rio Tigre, que passa por Tirkit,
enquanto a maioria deles foram enterrados em fossas comuns nos
arredores.
Os 470 cadáveres encontrados foram exumados de quatro locais distintos,
um deles com 400 corpos, explicou Ziad Ali Abbas, médico chefe do
principal necrotério de Bagdá.
"Havia várias camadas de corpos empilhados", declarou.
O massacre de Speicher teria deixado 1.700 mortos, uma das maiores atrocidades cometidas pelo EI, segundo as estimativas.
A pressão das famílias dos mortos levou as autoridades iraquianas a
iniciar a escavações depois de retomar, no dia 31 de março, a cidade de
Tikrit, o reduto do ditador Saddam Hussein.
Especialistas estrangeiros, incluindo membros da Cruz Vermelha
Internacional, participam da identificação das vítimas, com exames de
DNA e dos objetos pessoais encontrados junto aos corpos (documentos,
telefones celulares...).
O governo planeja comunicar na próxima semana os nomes das primeiras vítimas identificadas.
"É um trabalho complicado devido ao número importante de desaparecidos", disse a ministra Hamud.
Speicher se transformou nas últimas semanas em um local de peregrinação
para as famílias que estão há um ano sem notícias dos parentes.
Nesta quinta-feira, as forças iraquianas, apoiadas por grupos
paramilitares de maioria xiita, seguiam tentando cercar os jihadistas em
Ramadi, a capital de Al-Anbar (oeste), a maior província do Iraque.
A tomada desta cidade no dia 17 de maio por parte dos jihadistas, após a
retirada caótica das forças governamentais, representou um duro revés
para o Iraque e seus aliados americanos, que mudaram sua estratégia
inicial de criar uma força sunita para expulsar o EI.
O governo iraquiano precisou recorrer aos milicianos xiitas, que haviam
ficado à margem das operações em Al-Anbar para evitar conflitos com a
população da província, de maioria sunita.
Dentro da operação lançada na terça-feira, 4.000 homens - soldados,
policiais, milicianos, xiitas e membros de tribos sunitas -
reconquistaram alguns bairros ao redor de Ramadi, situada 100 km a oeste
de Bagdá.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/oriente-medio/iraque-exuma-470-corpos-de-fossas-comuns-na-cidade-de-tikrit,b4c3824df91cdec58a7c91d7c9691a02v0ncRCRD.html
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