
De
acordos de cessar-fogo violados a cercos, a invasão russa da Ucrânia
encontra precedentes nas operações militares na Síria e na Chechénia.
O
estilo da invasão russa à Ucrânia tem precedentes históricos. Acordos
de cessar-fogo não respeitados, bombardeamentos indiscriminados e cercos
a cidades também fizeram parte do manual russo na Síria e na Chechénia,
escreve o Público.
O
conflito mais recente entre os chechenos e o Governo russo ocorreu após
a queda da União Soviética, com os separatistas chechenos a declararem a
independência em 1991.
No final de 1994, a Primeira Guerra da
Chechénia eclodiu e, após dois anos de combates, as forças russas
retiraram-se da região. Em 1999, os combates foram retomados e
concluídos no ano seguinte com as forças de segurança russas a
estabelecerem o controlo sobre a Chechénia.
Já a intervenção
russa na Guerra Civil Síria começou no fim de setembro de 2015. Os
russos lançaram uma série de ataques aéreos e navais feitos contra o
autoproclamado Estado Islâmico.
Os bombardeamentos e missões
atingiram outras organizações não-jihadistas que lutavam contra o regime
do ditador sírio Bashar al-Assad.
“Ele [Putin] agora vai fazer à
Ucrânia o mesmo que fez em Alepo, não vai?”, questiona Ahmad al-Khatib,
um sírio refugiado na Turquia, em entrevista à Al-Jazeera.
“Havia
bombas e sangue em todo o lado. Dormíamos e acordávamos com o som de
caças a voar e de ataques aéreos. As casas abanavam, as crianças
choravam e nós estávamos todos à espera da morte”, lembrou al-Khatib os
ataques russos à sua cidade natal de Alepo.
Enquanto o exército
russo cercava a cidade, foram bombardeados hospitais, depósitos de água,
prédios residenciais e até colunas de ajuda humanitária.
Apenas
numa semana morreram mais de 300 civis e foram quebrados vários acordos
de cessar-fogo, recorda o jornal Público. As semelhanças são óbvias com
aquilo que está a acontecer atualmente na Ucrânia.
Kiev está
cercada e, ao longo da última semana, cidades como Kharkiv e Mariupol
sofreram bombardeamentos em larga escala. Os ucranianos também
denunciaram por duas vezes a quebra de cessar-fogo.
“Os
cercos já existiam na Síria antes de a Rússia se envolver, mas a Rússia
instrumentalizou-os. Ajudaram a apertar os cercos e certificaram-se de
que a ajuda e outras coisas importantes não podiam entrar nem sair, só
com negociação”, disse Emma Beals, analista no European Institute of
Peace, à Foreign Policy.
Um
relatório sobre refugiados chechenos dos Médicos Sem Fronteiras, de
1999, revela ataques “contra alvos civis” e contra “grupos de
refugiados”, com a ajuda humanitária impossibilitada de atuar.
https://zap.aeiou.pt/russia-manual-siria-chechenia-465944
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