Com muitos recuperados a queixarem-se de névoa cerebral,
dificuldades de concentração e confusão após a covid-19, vários
investigadores estão a tentar perceber se as infeções podem ter
consequências a longo prazo para o cérebro. Os resultados não são
tranquilizantes.
Os três novos estudos, apresentados na Conferência Internacional
anual da Associação de Alzheimer, realizada em Denver, examinaram
diferentes aspetos da ligação entre a covid-19 e as questões cerebrais.
Para já, nenhum dos estudos passou na revisão por pares – o padrão
para pesquisas científicas – sendo que as descobertas são preliminares.
Ainda assim, os resultados deixaram os peritos inquietos, sobretudo
porque ainda há várias perguntas sem respostas.
Nas pesquisas divulgadas na quinta-feira, os cientistas descobriram
mudanças na biologia do cérebro após a hospitalização de doentes com
covid-19.
Por exemplo, uma das pesquisas, realizada por investigadores da
Langone Health da Universidade de Nova Iorque, analisou 310 pacientes
com covid-19 com mais de 60 anos e que foram hospitalizados. Percebeu-se
que cerca de metade apresentava sintomas neurológicos, principalmente
confusão.
Os pacientes com sintomas tinham níveis sanguíneos mais elevados de marcadores frequentemente associados a danos cerebrais e Alzheimer.
Os investigadores estão preocupados com a possibilidade dos sintomas
cerebrais persistentes poderem levar à demência, anos ou décadas depois
da infeção de covid-19. “Não sabemos ainda, mas precisamos de entender”,
referiu Heather Snyder, vice-presidente de relações médicas e científicas da Associação de Alzheimer, citado pelo USA Today.
Já Ronald Petersen, diretor do Centro de Pesquisa da
Doença de Alzheimer da Mayo Clinic em Rochester, no Minnesota, afirma
que a duração dos sintomas da covid-19 permanece obscura.
Petersen, que não esteve envolvido nos estudos, referiu que ainda é
cedo para entender o que está a acontecer no cérebro das pessoas com
sintomas de longa duração, mas considera que este estado, provavelmente,
se deve a uma inflamação persistente ou a efeitos colaterais da inflamação que ocorreram durante a infeção.
George Vavougios, o autor principal de um dos novos
estudos, sublinha estar preocupado com a frequência dos problemas
cerebrais, já que muitos dos participantes do seu estudo também estão a
apresentar problemas cognitivos após a infeção, independentemente da
idade.
O especialista não tem a certeza se a infeção pode influenciar o
aparecimento da doença de Alzheimer no futuro, ou se as pessoas com
graves sintomas também têm maior probabilidade genética de desenvolver
Alzheimer.
Perante tantas dúvidas, a Associação de Alzheimer apoia pesquisas em todo o mundo, na esperança de acelerar a compreensão de qualquer ligação entre a covid-19 e problemas cerebrais.
O
verão de 2021 trouxe consigo além de um calor sem precedentes muitas
outras anomalias para todos os continentes. Então na África do Sul pela
primeira vez na história caiu neve, o Japão quebrou todos os recordes
históricos de temperatura de verão, a China está afundando, no Brasil há
seca ou frio gelado o que não é característico desta latitude. Em geral
há muita aventura para todos.
Essas
aventuras também afetaram a Europa - uma enchente permanente na Bélgica
e na Alemanha, um granizo gigantesco na Itália, tornados na Rússia
central o que nunca aconteceu antes. No entanto parece que a Natureza
prepara outra surpresa para o continente:
A
tela foi tirada na noite de 30 de julho de 2021 serviço ventusky.com a
distribuição da temperatura é mostrada no mapa. Como você pode ver o Mar
Negro, Mar Mediterrâneo, Mar Vermelho e Mar Cáspio, Mar de Aral e Golfo
Pérsico têm uma anomalia de temperatura pronunciada em comparação com a
costa. A diferença é muito nítida e claramente corre ao longo da
fronteira litoral-mar o que é melhor visto no exemplo da Turquia:
Em
média, a diferença de temperatura entre a costa e o mar é de 10 graus
para os turcos a diferença chega a 20 graus. Não funciona assim!
A
tela mostra a distribuição da temperatura na América do Norte, onde
tudo está dentro dos limites normais. Portanto, o ar no Golfo do México
se aqueceu até 35 graus e a mesma temperatura no México e no Texas. Ou
seja, tudo é distribuído uniformemente. Por que existe uma demarcação
tão marcante na Europa, Ásia Central e Oriente Médio?
Algo
aproximadamente semelhante acontece no mapa no outono, quando um
ciclone frio vem do Norte ou do Atlântico, expele ar quente do
continente, mas o mar aquecido emite calor e o ar acima do mar é mais
quente. Mas, mesmo neste caso, é quente na costa e o ar quente do mar
pode ir centenas de quilômetros para o interior do continente.
No
entanto, definitivamente não é outono agora e a fronteira entre o
quente e o frio é muito difícil. Como isso pode ser explicado?
A
primeira coisa que vem à mente é algum tipo de processo geológico na
Europa. Todos os mares que ganharam calor estão localizados nas falhas o
manto está mais próximo lá então talvez o manto irradie algo adicional,
fazendo com que os mares pareçam ferver um pouco.
A
segunda explicação possível pressupõe algum tipo de jogo dos
globalistas com o clima, agora suspeitado por muitos. Assim vários
teóricos da conspiração são de opinião que o clima é deliberadamente
liberado a fim de agravar o caos que cresce a cada dia devido à pandemia
e em cujo pano de fundo será proclamada uma Nova Ordem Mundial da qual
as pessoas estão exauridas pelo manicômio será terrivelmente feliz com.
No entanto o mecanismo de um aquecimento tão nítido dos mares por sistemas do tipo HAARP
não é muito claro uma vez que tais instalações operam em grandes áreas e
é impossível traçar uma anomalia estritamente sobre um ou outro mar.
Por outro lado não conhecemos todas as tecnologias modernas de controle
do clima então talvez os globalistas tenham aprendido a esquentar os
mares de alguma forma.
No
entanto o que pode ser dito com certeza e com qualquer resposta à
pergunta acima tal distribuição de temperatura não é um bom presságio.
Em breve o tempo vai piorar de alguma forma e nas regiões onde o mar foi
afetado pela anomalia de temperatura. Ou seja os residentes das margens
do Mar Mediterrâneo e do Mar Cáspio as pessoas do Mar Negro e as que
vivem na costa do Golfo precisam se preparar para as surpresas do tempo.
Embora, é claro possa haver surpresas geológicas.
Martine Moise, a viúva do presidente haitiano Jovenel Moise —
assassinado na sua residência por um comando armado no início de julho —
descreveu abertamente o ataque e partilhou as suas suspeitas sobre o
crime numa entrevista.
“A única coisa que vi antes de o matarem foram as suas botas”, disse Martine Moïse sobre os assassinos, em declarações ao The New York Times.
Despertada naquela noite de 7 de julho por tiros, a primeira-dama
explica que escondeu os seus dois filhos numa das casas de banho da
residência antes de se deitar no chão, a conselho do marido.
Segundo Martine Moise, o marido ter-lhe-á dito que seria o local onde estaria “mais segura”.
Depois de ser ferida por uma bala, permaneceu
deitada, revelou ao jornal. “Naquele momento, senti que estava a sufocar
com o sangue na boca e não conseguia respirar”, descreveu.
Mais tarde, membros do comando vasculharam o quarto. Martine Moise
ouviu-os a falar em espanhol um com o outro e com alguém ao telefone.
“Eles estavam a procurar alguma coisa e encontraram”, revelou ao jornal norte-americano.
A primeira-dama sobreviveu ao ataque e teve de ser transportada de
avião para tratamento no estado da Florida, nos Estados Unidos. Duas
semanas depois, voltou ao Haiti para o funeral do marido.
Martine pergunta-se quanto ao que aconteceu durante o ataque no que toca à equipa de 30 a 50 agentes encarregados da segurança na residência do presidente. “Não entendo como ninguém foi atingido pelas balas”, deixa no ar.
Após os primeiros disparos, o presidente chamou os dois homens
responsáveis pela sua segurança. “Eles disseram-me que estão a vir”,
disse Moïse à esposa depois de desligar o telefone.
A polícia haitiana prendeu os dois chefes de segurança do presidente,
bem como vários mercenários colombianos, e afirma ter descoberto um
complô organizado por um grupo de haitianos com ligações ao exterior,
mas muitas incógnitas persistem na investigação.
Para Martine Moïse, as pessoas detidas durante a investigação são apenas os executores do crime de 7 de julho, que aprofundou a crise política no empobrecido país. “Só os oligarcas e o sistema poderiam matá-lo”, acusa.
A primeira-dama deu um nome ao The New York Times: o de um empresário
influente que acabara de entrar na política, Réginald Boulos.
Evitando acusá-lo de ordenar o assassinato, Martine acredita que o
empresário tinha algo a ganhar com oa morte do presidente, escreve o
jornal.
Contatado pelo The New York Times, Boulos negou veementemente as
alegações veladas da viúva do presidente e expressou o seu apoio a uma
investigação internacional independente.
Dezenas de aldeias e hotéis
foram este domingo evacuados nas zonas turísticas do sul da Turquia
devido a incêndios que começaram há cinco dias e já mataram oito pessoas
no país, devastando também regiões da Grécia, Itália e Espanha.
Os países ao
redor do Mediterrâneo, muito dependentes das receitas do turismo, das
quais têm estado privados por causa da pandemia de covid-19, estão a
enfrentar temperaturas escaldantes e incêndios florestais mais numerosos
do que o normal.
A Turquia regista atualmente os piores incêndios da última década,
com quase 95.000 hectares queimados desde janeiro, quando, entre os
anos 2008 e 2020, a média para esta altura do ano costumava ficar pelos
13.516 hectares ardidos.
Os corpos de
duas pessoas foram encontrados na cidade de Manavgat, na província de
Antalya, elevando o número de mortos para oito, avançou o ministro da
Saúde turco, Fahrettin Koca, numa mensagem divulgada hoje na rede social
Twitter.
Os dois mortos eram um casal turco-alemão que estava em casa quando o edifício ardeu, segundo a agência de notícias estatal Anadolu.
De acordo com o
mesmo governanete, o número de pessoas que teve de receber tratamento
médico devido aos incêndios ascende, desde quarta-feira, a 864 e mais de
1.100 turistas tiveram de ser retirados através de embarcações – porque as estradas estavam intransitáveis – da estância turística turca de Bodrum.
Também em
Marmaris, na província de Mugla, muitas pessoas tiveram de ser retiradas
dos locais através de embarcações, com a ajuda da Marinha, avançou o
Ministério da Defesa.
Segundo o
ministro da Agricultura e Florestas turco, Bekir Pakdemirli, 111
incêndios florestais estão atualmente sob controlo, mas os fogos
continuam intensos nas regiões de Antalya, Mugla e Tunceli (leste).
Espera-se que as temperaturas permaneçam altas após os máximos registados no mês passado, com destaque para os 49,1° alcançados em 20 de julho em Cizre, Anatólia, no extremo sudeste da Turquia.
De acordo com o instituto de meteorologia local, o mercúrio deverá subir, na segunda-feira, aos 40° em Antalya.
O Ministério da
Defesa turco divulgou imagens de satélite que mostram a extensão dos
danos nas florestas, completamente pretas e cheias de cinzas, além de
fumo ainda visível.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi alvo de críticas quando se descobriu que a Turquia não tinha aviões bombardeiros de água, já que um terço do território é constituído por florestas.
De acordo com
dados divulgados pela União Europeia, a Turquia foi devastada por 133
incêndios desde o início do ano, o que compara com uma média de 43 fogos
entre 2008 e 2020.
Casas queimadas na Grécia
Na Grécia, os bombeiros também lutaram este domingo contra um incêndio que eclodiu no sábado, devido às altas temperaturas que se fazem sentir no noroeste da península do Peloponeso, próximo da cidade de Patras.
Oito pessoas foram hospitalizadas com problemas respiratórios e queimaduras e cinco aldeias foram evacuadas.
“O desastre é enorme”, admitiu Dimitris Kalogeropoulos, autarca de Aigialeias, vila próxima do local do incêndio.
Nas aldeias de Ziria, Kamares, Achaias, Labiri, quase 30 casas, armazéns agrícolas e estábulos arderam e campos inteiros de oliveiras foram destruídos, de acordo com o jornal local Patrastimes.
“Dormimos do
lado de fora à noite, com medo de já não termos casa quando
acordássemos!”, explicou Skai, morador de Labiri, à televisão grega.
A estância
balnear de Loggos também foi evacuada, tendo 100 moradores e turistas
sido transportados, na noite de sábado, pela guarda costeira até o porto
de Aigio, poucos quilómetros à frente.
Quase 13.500
hectares arderam já na Grécia, desde o início do ano, o que compara com
uma média de 7.500 hectares que se registaram nesta fase do ano entre
2008 e 2020.
Depois de
incêndios devastadores na Sardenha no último fim de semana, a Itália
contabilizou mais de 800 fogos florestais neste fim de semana,
principalmente no sul do país, disseram os bombeiros na rede social
Twitter.
“Nas últimas 24
horas, os bombeiros realizaram mais de 800 intervenções: 250 na
Sicília, 130 na Puglia e Calábria, 90 em Lazio (região de Roma) e 70 na
Campânia”, referiram os bombeiros na mensagem.
Em Espanha,
afetada em meados de julho por um incêndio num parque natural da costa
catalã, perto da fronteira com França, os bombeiros lutaram neste fim de
semana contra um incêndio perto do reservatório de San Juan, a cerca de
70 quilómetros de Madrid.
Colisão aconteceu durante um dos períodos mais quentes
da Guerra Fria e foi camuflado pela marinha britânica, que tratou de
fazer regressar a sua embarcação à base de Devonport durante a noite
para evitar dar nas vistas. Versão comunicada aos jornalistas também não
correspondia à verdade.
Na década de 80, o mundo assistia a um dos períodos mais críticos da Guerra Fria, com a ameaça de uma guerra nuclear ao virar da esquina.
Os aparelhos bélicos das grandes potencias eram o reflexo disso mesmo,
com muito do clima de tensão a escapar despercebido à maioria da
população, já que se passava em bases militares longínquas ou nas
profundezas dos oceanos.
De facto, foi neste meio que se deu um episódio entre as marinas da
União Soviética e do Reino Unido que poderia ter influenciado o rumo da história mundial.
Em Maio de 1981, o submarino soviético K211 Petropavlovsk,
com 155 metros de cumprimento e conhecido pelo grande compartimento de
boxe na sua estrutura que era capaz de acomodar tubos de lançamento de
16 mísseis balísticos R-29R — cada um deles transportava três ogivas
nucleares —, navegava sem destino e de forma incógnita,
esperando apenas um sinal que alertasse para um embate nuclear entre as
duas potências e ordens para desencadear um ataque de grandes dimensões
contra os adversários.
Do outro lado da barricada, também os Estados Unidos e o Reino Unido dispunham dos seus próprios submarinos, os SSN’s ou os “caçadores-assassinos,
enviados frequentemente para detetar mísseis balísticos soviéticos, de
forma igualmente discreta, enquanto também aguardavam por indicações para disparar e tentar torpedar os submarinos soviéticos.
Consciente desta ameaça, às sete e meia da noite, um dos comandantes do K-211 parou o submarino para que o sistema de som MGK-400 Rubikon
conseguisse detetar possíveis embarcações que se esgueirassem no ponto
morto do seu rasto — uma manobra conhecida como limpeza de deflectores.
Um objetivo que não foi concretizado, já que nenhum sinal foi detetado.
No entanto, um ataque aconteceu poucos minutos depois: três pequenos
impactos à popa e de baixo para cima, cada um deles com apenas alguns
segundos. O submarino regressou de imediato à profundidade de
periscópio, com a equipa responsável pelo som a detetar o ruído de uma
hélice a cerca de 127 graus. A colisão, pensou-se, foi com um submarino.
Após voltar à superfície, foram identificados no revestimento do submarino soviético marcas que indicavam um embate, assim como fragmentos de metal que estavam incrustados num parafuso e que tinham perfurado um tanque traseiro.
Uma investigação posterior levada a cabo pelas autoridades soviéticas revelaram que os vestígios pertenciam a um submarino da classe Sturgeon
da marinha dos Estados Unidos. Nesse mesmo ano, relatos da imprensa
britânica davam conta do regresso do submarino caçador-assassino Sceptre
com a estrutura danificada após a colisão com um “glaciar descolado“.
O mistério acabaria por ser revelado, quando o oficial da marinha britânica David Forghan, numa entrevista ao programa de televisão This Week, descreveu as circunstâncias em que o acidente verdadeiramente aconteceu.
O Sceptre, submarino em causa, era um dos seis submarinos de ataque
nucleares da classe Swiftsure, lançados pela Vickers nos anos 70. Os
Swifts eram mais curtos e mais largos do que a primeira geração de
embarcações da classe Churchill do Reino Unido. Todos, à exceção do
navio de chumbo, utilizavam um propulsor de jato em vez
de uma hélice convencional para um funcionamento mais silencioso e
tinham os seus mecanismos internos isolados com borracha para diminuir
ainda mais a assinatura acústica.
Naquele mês de Maio de 1980, o Sceptre estave a seguir o K-211 e a utilizar o seu sistema de som tipo 2011, com um alcance de deteção subaquática de 25 a 30 milhas.
Neste contexto, terá perdido esta capacidade ao mesmo tempo que a
marinha soviética reportou uma mudança de posição do K-211 para manobras
de limpeza dos seus deflectores. O submarino britânico, por sua vez,
continuou a navegar à frente quando a sua proa embateu na cauda do K-211.
Uma das hélices de cinco lâminas do submarino soviético
também terá danificado o casco frontal do Sceptre, arrancando um pedaço
de 23 pés de comprimento da sua proa e arrancando a frente da sua torre
de cone, aponta o site Business Insider.
Normalmente, danos desta dimensão significariam o desligar automático do reator
do submarino, no entanto, o capitão do Sceptre terá desencadeado uma
“batalha curta”, uma manobra que corresponde à anulação manual do
sistema de segurança, de forma a manter o submarino de 5.500 toneladas sob controlo. Os ocupantes da embarcação britânica acreditaram mesmo que estavam a ser perseguidos por forças soviéticas durante dois dias.
Mais uma vez, só quando o submarino chegou à superfície foi possível
ver as verdadeiras consequências do incidente. “A fratura começou com
cerca de três polegadas da escotilha de fuga para a
frente. Se essa escotilha tivesse sido atingida ou danificada, então as
extremidades teriam enviado água, o que teria tornado o barco muito
pesado. Provavelmente, teríamos afundado“, revelou o oficial Michael Cundell no livro The Silent Deep.
Com algum esforço, o Sceptre conseguiu regressar à base de Devonport, com o escuro da noite a esconder os danos,
juntamente com mantos de tecidos e tinta preta aplicada pela
tripulação. Já no porto, os frgmentos da hélice russa que tinham
penetrado parcialmente no casco de pressão tiveram de ser removidos e a marinha britânica tratou de fabricar a versão dos acontecimentosque mais tarde fez chegar à imprensa.
A gigante farmacêutica Johnson & Johnson continuou a
comercializar pó de talco para mulheres negras, apesar de existirem
provas de que esses produtos causam cancro.
A queixa
contra a Johnson & Johnson, apresentada pelo Conselho Nacional das
Mulheres Negras, afirma que a empresa farmacêutica fez das mulheres
negras uma “parte central” da sua estratégia comercial, mas não as
avisou dos potenciais perigos dos produtos de pó de talco que vendia.
“Esta empresa, através das suas palavras e imagens, disse às mulheres
negras que (…) precisavam de utilizar os seus produtos para se manter
frescas”, disse Janice Mathis, diretora executiva do Conselho Nacional
das Mulheres Negras, num comunicado.
“Gerações de mulheres negras acreditaram [na Johnson
& Johnson] e tornámos prática diária utilizar os seus produtos de
formas que nos colocavam em risco de cancro — e ensinámos as nossas
filhas a fazer o mesmo. Que vergonha para a Johnson & Johnson“, continuou.
O processo judicial é o mais recente de uma onda de litígios contra a
Johnson & Johnson por alegações de que os seus produtos de talco,
tais como pó de bebé, têm causado aos utilizadores o desenvolvimento de doenças, incluindo cancro nos ovários e mesotelioma.
A empresa enfrenta mais de 25 mil ações judiciais relacionadas com os
produtos e reservou quase quatro mil milhões de dólares (cerca de 3.400
mil milhões de euros) para combater as batalhas legais, avança o The New York Times.
A farmacêutica defende que os seus produtos à base de talco são
seguros e não causam cancro. Mas, no ano passado, após uma série de
acordos legais dispendiosos, deixou de vender produtos à base de talco
nos Estados Unidos e no Canadá.
Em declarações à NPR, a empresa negou a alegação de que tinha usado as mulheres negras como parte central de uma campanha de marketing com “más intenções”.
“As acusações feitas contra a nossa empresa são falsas e a ideia de
que a nossa empresa iria propositada e sistematicamente visar uma
comunidade com más intenções é insensata e absurda”, lê-se na
declaração.
“A Johnson’s Baby Powder é segura e as nossas campanhas são multiculturais e inclusivas”, defendem.
De acordo com a queixa, a Johnson & Johnson terá comercializado
os seus produtos em pó — que estariam com atraso nas vendas — para
“consumidores de alta propensão”, como as mulheres negras.
Os dados mostram que 60% das mulheres negras utilizavam, nessa
altura, o pó de talco de bebé, em comparação com apenas 30% da população
total.
A Johnson & Johnson terá contratado uma empresa que entregou 100
mil sacos de oferta com pó de talco em igrejas e outros locais em
Chicago e uma “grande proporção” dos seus membros “desenvolveram cancro
nos ovários como resultado”.
Os devastadores incêndios que se estão a fazer sentir na zona sul da costa da Turquia já fizeram pelo menos quatro mortes.
Depois das ondas de calor mortais nas Américas, inundações na Europa e China e incêndios na Sibéria, as imagens de destruição na Turquia aumentam as preocupações sobre a crescente ferocidade das condições meteorológicas extremas.
Os bombeiros estão no quarto dia de combate às chamas, que obrigaram à
evacuação de dezenas de localidades e até de alguns hotéis de luxo,
numa zona muito turística.
São mais de 70 fogos florestais que deflagraram esta
semana, e que estão a afetar as zonas costeiras nos mares Egeu e
Mediterrâneo. Desses, pelo menos 14 ainda continuam ativos, segundo o
presidente do país.
Para ajudar no combate aos incêndios, a Rússia, Ucrânia e Azerbaijão
enviaram já vários meios aéreos, que acabaram por ajudar os operacionais
a virar o rumo da situação.
Do país chegam imagens aterradoras, de zonas paradisíacas e tradicionalmente turísticas a serem completamente dizimadas.
Segundo o The Guardian,
em Bodrum, na província de Muğla, 80 hectares ficaram totalmente
queimados, apesar dos esforços de combate a incêndios terrestres e
aéreos. As chamas acabaram por cortar o acesso a dois hotéis, forçando a
evacuação de mais de 4.000 turistas e funcionários.
Os incêndios florestais durante o verão são comuns na Turquia, mas os
incêndios nos últimos dois dias foram excecionais. O jornal britânico
frisa que vários moradores das cidades afetadas disseram aos repórteres
locais que nunca tinham visto nada assim antes.
“Tudo o que eu tinha ficou queimado. Perdi cordeiros e outros animais ”, disse um dos habitantes ao jornal Daily Sabah, acrescentando que o cenário “foi um inferno”.
Em Manavgat, a leste da estância balnear de Antalya, um total de 27
bairros e um hospital também foram evacuados. Na área rural junto a
Manavgat, mais de 40 ovelhas e cabras morreram calcinadas.
Apesar de muitos dos incêndios já estarem controlados, a Organização Meteorológica Mundial partilhou avisou no Twitter que o calor extremo está a atingir toda a região do Mediterrâneo, com previsão de temperaturas acima dos 40°C nas áreas do interior da Itália, Grécia, Tunísia e Turquia.
Desta forma, é aconselhado à população que se previna com o abastecimento de água.
Ainda assim, e apesar das acusas naturais estarem a dificultar o combate aos fogos, há indícios de que a situação possa ter sido impulsionada por mão criminosa.
De acordo com o Correio da Manhã, a origem dos fogos está a ser investigada, havendo suspeitas de que pelo menos alguns deles tenham origem criminosa.
“Os responsáveis prestarão contas por ataques contra a natureza e as florestas”, afirmou Fahrettin Altun, conselheiro do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Os focos de incêndio chegaram a superar 1114 frentes. Na sexta-feira,
segundo dados oficiais, dezenas de fogos tinham sido extintos, mas
havia muitos ainda ativos e fora de controlo em seis províncias.
No início do verão, o líder norte-coreano Kim Jong Un
descreveu a situação alimentar do país como “tensa”, após o encerramento
da fronteira causado pela pandemia e cheias devastadoras. No meio da
estação, um ciclo de calor opressor e as chuvas podem aumentar a crise.
As temperaturas no país têm estado tão altas que a media estatal tem
alertado os residentes sobre os perigos da desidratação e dos baixos
níveis de sódio, especialmente os idosos. Pedem ainda que se protejam do
sol, comam mais frutas e vegetais e bebam mais de dois litros de água
por dia, de acordo com a NK News, citada pelo Washington Post.
As condições extremas podem ter efeitos de longo alcance no país, que
conta com sistemas de irrigação deficientes e uma crise alimentar em
curso, ao mesmo tempo que o governo sofre uma forte pressão económica
causada pelas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) devido ao programa nuclear de Pyongyang.
O calor na Coreia do Norte está associado a uma zona de alta pressão
no oeste do Pacífico, que se estende pelo nordeste da China, Península
Coreana e norte do Japão. Este é um dos três verões mais quentes já
registados no país, com uma alta taxa de humidade.
Em 2020, a Coreia do Norte enfrentou a pior recessão económica em
mais de duas décadas devido ao encerramento da fronteira com a China, às
cheias e aos tufões. O governo sul-coreano disse esta semana que está a
monitorizar a situação alimentar naquele país.
De acordo com os especialistas, a falta de abastecimento de água e de
acesso a produtos como fertilizantes, combustível e equipamentos está
afetar os agricultores norte-coreanos. O país encerrou grande parte da
atividade comercial durante a pandemia e as sanções internacionais
limitaram as opções de importação para a agricultura.
Embora a atual escassez de alimentos não seja tão grave como a vivida
na década de 1990, os especialistas apontam para até 3 milhões de
mortos.
As autoridades norte-coreanas começaram uma iniciativa para salvar as
plantações da onda de calor, mobilizando trabalhadores para regar os
campos, com as autoridades a melhorar a gestão das fontes de água e a recuperar as instalações subterrâneas, informou um relatório da Agência Central de Notícias da Coreia.
Um relatório interno dos Centros de Controlo e Prevenção de
Doenças (CDC) dos Estados Unidos indica que a variante Delta é tão
contagiosa como a varicela.
O jornal Washington Post teve acesso a este relatório interno do CDC, que indica que a variante Delta parece causar doença mais grave do que as outras variantes que já foram identificadas e que se propaga tão facilmente como a varicela.
O documento, que dá a entender às autoridades que têm de começar a
“reconhecer que a guerra mudou”, avança ainda com uma nota urgente, que
mostra que a comunicação deve ser reformulada para enfatizar a vacinação como a melhor defesa
contra uma variante tão contagiosa e que atua quase como um vírus
diferente, sofrendo mutações mais rapidamente do que o Ébola ou uma
gripe comum.
Segundo o mesmo jornal norte-americano, o relatório cita também uma
combinação de dados obtidos recentemente, que ainda não foram
publicados, que mostram que pessoas vacinadas que foram infetadas com a
variante Delta podem ser capazes de transmitir o vírus tão facilmente como aqueles que não estão vacinados.
As pessoas vacinadas que ficaram infetadas com a Delta, inicialmente
detetada na Índia, têm cargas virais semelhantes àquelas que não estão
vacinadas e estão infetadas com esta variante, pode ler-se ainda.
Os cientistas destes Centros de Controlo e Prevenção de Doenças
ficaram tão alarmados com a nova investigação que a agência, no início
da semana, mudou significativamente as orientações para os vacinados.
Agora, as recomendações voltam a apelar para que todos – quer estejam vacinados ou não – usem máscaras em locais públicos fechados em determinadas circunstâncias.
Uma parte desta apresentação declara que existe um risco maior de
hospitalização e morte entre os grupos etários mais velhos em comparação
com pessoas mais jovens, independentemente do seu estado de vacinação. E
que há 35 mil infeções sintomáticas por semana entre 162 milhões de
norte-americanos vacinados.
Segundo o Washington Post, o relatório inclui dados de estudos que mostram que as vacinas não são tão eficazes em doentes imunodeprimidos e residentes em lares, admitindo a possibilidade de ser necessária uma terceira dose em alguns casos.
O documento clarifica que a vacinação dá uma proteção substancial
contra o coronavírus, mas também mostra que os CDC devem “melhorar as
comunicações em torno do risco individual entre os vacinados”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, se
reuniu na quarta-feira com líderes dos Talibãs na cidade de Tianjin, no
norte da China, um sinal do estreitamento dos laços entre Pequim e o
grupo islâmico.
Durante uma reunião com o cofundador dos Talibãs, Mullah Abdul Ghani
Baradar, que lidera o comité político, Wang Yi descreveu o grupo como
uma importante força militar e política no Afeganistão e disse esperar
que este desempenhe um papel importante no “processo de paz, reconciliação e reconstrução” do país, noticiou a CNN.
Após a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, os
Talibãs expandiram rapidamente a sua presença no território, controlando
agora grandes áreas. Todas as forças estrangeiras devem deixar o país
até 31 de agosto.
A reunião de quarta-feira, que contou com a presença dos chefes dos
comités religioso e publicitário dos Talibãs, é o último passo do
governo chinês para fortalecer o seu relacionamento com o grupo
islâmico.
Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente na Ásia Central e o
Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês já havia discutido a
possibilidade de estender o Corredor Económico China-Paquistão para o Afeganistão. No encontro, Wang enfatizou que o destino daquele país deveria estar “nas mãos do povo afegão”.
Wang disse que a retirada das tropas norte-americanas e da NATO
marcou o “fracasso da política dos Estados Unidos no Afeganistão”, sendo
uma oportunidade para o país estabilizar e desenvolver. A China
“respeita a independência” e “a integridade territorial do Afeganistão e
insiste na não interferência nos assuntos internos” do país, frisou.
Por sua vez, os Talibãs disseram ao South China Morning Post, no início de julho, que consideravam a China um “amigo bem-vindo”.
Wang mencionou ainda o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM), que classificou como uma “organização terrorista internacional”,
sublinhando que os Talibãs deveriam “cortar completamente todos os
laços” com o grupo, de forma a promover a estabilidade regional.
O governo chinês tem acusado regularmente o ETIM de realizar ataques
terroristas em Xinjiang, acusações que tem usado para justificar a
repressão na região ocidental.
O vídeo foi gravado por um grupo de conservação ambiental
depois de uma onda de calor no Noroeste Pacífico que fez as temperaturas
da água atingirem os 21 graus Celsius.
De acordo com o jornal The Guardian, os salmões do rio Columbia,
na América do Norte, foram recentemente expostos a temperaturas
insuportáveis, o que lhes provocou feridas e infeções fúngicas.
No vídeo, divulgado esta terça-feira pela organização sem fins
lucrativos Columbia Riverkeeper, pode ver-se um grupo de salmões
vermelhos a nadar com ferimentos no corpo, que a associação diz serem
resultado do stress e do sobreaquecimento.
Os salmões estavam a nadar rio acima, vindos do oceano, para
regressar às suas áreas de desova, quando inesperadamente mudaram a sua
rota, explicou Brett VandenHeuvel, diretor executivo da Columbia
Riverkeeper. Segundo este responsável, foi a forma encontrada para “escapar de um prédio em chamas”.
A organização gravou o vídeo depois de uma onda de calor no Noroeste
Pacífico, num dia em que as temperaturas da água atingiram os 21 graus
Celsius, uma temperatura que pode ser letal para estes peixes se forem
expostos a ela durante longos períodos.
VandenHeuvel comparou a situação a alguém a tentar correr uma
maratona com temperaturas acima dos 38 graus. “A diferença é que isto
não é um passatempo para os salmões. Eles não têm escolha. Ou conseguem
sobreviver ou morrem”, declarou.
Segundo o jornal britânico, os salmões que aparecem no vídeo não
serão capazes de se reproduzir no afluente e morrerão, provavelmente, de
doença e stress provocados pelo calor.
“É desolador ver animais a morrer de forma tão pouco natural. E pior, pensar na causa dessa morte. Este é um problema causado pelo ser humano e faz-me realmente pensar no futuro”, lamentou VandenHeuvel.
“Vejo isto como uma visão profundamente triste do nosso futuro. Mas
também o vejo como um apelo para agir. Há medidas que podemos tomar para
salvar o salmão, para arrefecer os nossos rios. Se este vídeo não
inspira uma reflexão séria, não sei o que o fará.”
Este é mais um exemplo da tragédia causada pela recente onda de calor
na América do Norte, que matou centenas de pessoas nos Estados Unidos e
no Canadá e terá causado também a morte de mais de mil milhões de animais marinhos.
Os quatro polícias norte-americanos que testemunharam na
principal comissão de inquérito do Congresso dos EUA sobre a invasão do
Capitólio, foram ridicularizados nos canais de televisão ligados à
direita radical e dizem que receberam ameaças de apoiantes de Donald
Trump.
Numa entrevista ao CNN, o agente Michael Fanone,
da polícia de Washington D.C., divulgou uma mensagem de áudio que diz
ter recebido no seu telemóvel na terça-feira, no momento em que
respondia às perguntas da comissão especial da Câmara dos Representantes
dos EUA.
Na gravação ouvem-se várias ofensas ao polícia, e o autor pergunta a Michael Fanone se está a tentar vencer um Emmy ou um Óscar, sugerindo que os testemunhos dos agentes não foram verdadeiros.
“És um mentiroso de m… Então e a escumalha dos
pretos que andaram a destruir, a queimar e a roubar as nossas cidades e a
agredir polícias e a matar civis? Não dizes nada sobre isso, c…?”,
ouve-se na gravação.
“Quem me dera que vos tivessem matado a todos no Capitólio, porque
vocês são todos uma escumalha. Eles roubaram a eleição ao Trump e vocês
sabem isso. É pena que não te tenham espancado ainda mais. És um maricas
de m…”
Michael Fanone, de 40 anos, entrou para a polícia na
sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e passou
grande parte da carreira a investigar o tráfico de droga e a
criminalidade violenta em Washington D.C.
Na terça-feira, na comissão de inquérito, contou que foi espancado e submetido a vários choques com uma arma durante a invasão do Capitólio.
Fanone contou ainda que ouviu os atacantes a dizerem que o iam matar
com a sua própria arma. As agressões puseram-no inconsciente e, já no
hospital, os médicos disseram-lhe que tinha sofrido um ataque cardíaco.
Embora sejam muitos os relatos de agressões violentas, os canais que
sempre apoiaram o ex-Presidente dos EUA desvalorizaram as acusações dos
agentes e retrataram-nos perante milhões de telespectadores como atores pagos para prejudicarem Donald Trump e o Partido Republicano, escreve o Público.
Para além de Michael Fanone, a comissão de inquérito ouviu também os
agentes Daniel Hodges. Aquilino Gonell e Harry Dunn, um afro-americano
que integra a polícia do Capitólio e que diz ter sido alvo de agressões e
insultos racistas.
A comissão de inquérito que está a investigar a invasão do Capitólio
foi criada por iniciativa da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
No dia 6 de Janeiro, milhares de apoiantes de Donald Trump marcharam
até ao Capitólio depois de terem assistido a um discurso do então
Presidente dos EUA junto à Casa Branca, onde lhes foi pedido que
impedissem “o roubo” e que não desistissem de “lutar” contra a
certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.
Um médico sírio foi acusado na Alemanha de crimes contra a
humanidade por supostamente torturar e matar pessoas em hospitais
militares no seu país de origem, informaram os promotores na
quarta-feira.
O Ministério Público Federal de Karlsruhe disse em comunicado que
Alla Mousa, na Alemanha desde 2015 e detido no ano passado, foi acusado
de 18 crimes de tortura em hospitais militares nas cidades sírias de
Homs e Damasco, noticiou o Guardian. As acusações incluem homicídio e lesão corporal grave.
De acordo com promotores, após o início da oposição contra o
Presidente sírio Bashar al-Assad, em 2011, os manifestantes eram
frequentemente detidos e torturados. Civis feridos, considerados membros
da oposição, eram levados para hospitais militares, onde eram
torturados.
Em fevereiro, um tribunal alemão condenou um ex-membro da polícia
secreta de Assad por facilitar a tortura de prisioneiros. Eyad Al-Gharib
foi condenado a quatro anos e meio de prisão por cumplicidade em crimes
contra a humanidade.
O médico sírio é acusado de verter álcool sobre os órgãos genitais de
dois homens, ateando fogo de seguida. É ainda acusado de torturar
outras nove pessoas, em 2011, e de ter espancado um recluso que estava
ter um ataque epiléptico. Poucos dias depois, administrou-lhe-lhe um fármaco, tendo este morrido sem ser determinada a causa exata.
A acusação lista outros casos de tortura. Mousa também é acusado de
abusar de internos no hospital militar de Mezzeh, em Damasco, entre o
final de 2011 e março de 2012.
“Crimes graves contra a sociedade civil da Síria não acontecem apenas
nos centros de detenção dos serviços de inteligência. O sistema de
tortura e extermínio (…) é complexo e só existe graças ao apoio de uma
ampla variedade de atores”, disse o secretário-geral do Centro Europeu
para os Direitos Constitucionais e Humanos, Wolfgang Kaleck.
“Com o julgamento [de Mousa], o papel dos hospitais militares e das
equipas médicas neste sistema pode ser abordado pela primeira vez”,
disse, acrescentando: “A violência sexual está a ser usada como arma
contra a oposição na Síria”.
A recente onda de calor na América do Norte é mais um exemplo
de que apesar de ser um problema global, as alterações climáticas não
vão afectar todos igualmente e podem exacerbar injustiças sociais e
económicas já existentes.
As alterações climáticas já estão a fazer estragos um pouco por todo o
mundo, entre as recentes cheias no norte da Europa e na China ou a onda
de calor e os incêndios na América do Norte. Já dizia George Orwell que
se todos os animais são iguais, há alguns mais iguais que outros, e
esse parece ser o caso quando o assunto é quem vai sofrer mais com as
alterações climáticas.
No mundo inteiro, mais de 166 mil pessoas morreram
em ondas de calor entre 1998 e 2017, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde. Isto torna o calor uma das maiores causas de morte dentro dos
desastres relacionados com o tempo. No entanto, o seu impacto continua a
ser muitas vezes subestimado, já que as certidões de óbito geralmente
registam a causa de morte sem referir a associação ao calor extremo.
As ondas de calor mais fatais costumam ocorrer em cidades com um
clima temperado que são inesperadamente expostas a temperaturas
extremas, como aconteceu em Paris em 2003, quando morreram 14 mil
pessoas. A recente onda de calor na costa oeste dos EUA casou também 116 mortes só no estado do Oregon.
Para ajudar a reduzir o risco de insolação, os planeadores urbanos,
climatólogos e meteorologistas estão a trabalhar para identificar as
zonas mais vulneráveis. As pesquisas mostram que as minorias étnicas e comunidades pobres vão ser desproporcionalmente afectadas por ondas de calor, especialmente nos Estados Unidos.
Esta diferença explica-se pelo redlining,
uma práctica histórica nos EUA e no Canadá que barrava a compra a negros
em comunidades mais desenvolvidas e que segregou as minorias a zonas
urbanas mais pobres. O termo foi criado pelo sociólogo John McKnight
nos anos 60 visto que o governo desenhava uma linha vermelha no mapa à
volta dos bairros onde não iam investir devido aos dados demográficos.
Mas o legado do redlining vai para além da discriminação no
acesso à habitação. Os efeitos desta política no crime já eram
conhecidos, devido à concentração de comunidades negras em zonas mais
pobres e também com a maior probabilidade de envenenamento por chumbo,
que está associado a atrasos cognitivos e delinquência.
O jovem Freddie Gray, cuja morte às mãos da polícia em 2015 motivou
protestos e motins em Baltimore, é um exemplo mediático de intoxicação
por chumbo associada ao redlining. Os efeitos destas políticas racistas ainda se sentem hoje em dia, visto que muitas das grandes cidades norte-americanas continuam extremamente segregadas, e notam-se correlações entre as comunidades mais pobres e com menores esperanças de vida e as zonas onde vivem mais negros.
Apesar das ondas de calor também afectarem as zonas rurais, as
cidades geralmente sofrem mais. Isto acontece por causa do efeito de ilha de calor urbano,
visto que os materiais de que são feitas as ruas e os edifícios causam
um aumento de temperatura maior do que áreas mais frondosas.
Muitas das comunidades onde vivem minorias aquecem mais por estarem
em zonas com muito asfalto, enquanto a população branca geralmente
beneficia da proximidade de zonas verdes e parques. “É muito chocante.
Temos de nos perguntar porque é que estes padrões são tão consistentes e universais“, revela a cientista Angel Hsu, da Universidade da Carolina do Norte, à Nature.
A cientista do clima gere um grupo que analisa dados para soluções
climáticas e o racismo que determina quem sofre mais com o calor ficou
claro. Num dos maiores estudos
até agora que avaliou as diferenças na exposição ao calor nos EUA, a
equipa de Angel Hsu combinou as medidas de satélites sobre as
temperaturas urbanas com os dados demográficos dos Censos em 175 cidades
americanas.
Já se esperavam grandes diferenças, mas Hsu ficou chocada. Em 97% das cidades, as minorias foram expostas a temperaturas um grau mais altas,
em média, do que as comunidades brancas. “Temos provas sistémicas e
difundidas do racismo ambiental relativo à exposição ao calor urbano.
Não achava que fosse basicamente universal”, afirma.
Um outro estudo
de 2018 mostrou que as temperaturas nas áreas separadas nos mapas do
redlining são em média 2.6 graus mais altas em 108 áreas urbanas nos
Estados Unidos, como resultado de decisões como construir auto-estradas e
zonas industriais nas comunidades de minorias étnicas.
As comunidades hispânicas nos EUA estão também expostas a mais poluição aérea
do que aquela que produzem, ao contrário da população branca, que
respira ar de melhor qualidade apesar de ser mais poluidora, de acordo
com um estudo de 2019.
Uma investigação
de 2017 concluiu também que as comunidades negras que vivem nas zonas
na costa do sul dos EUA estão sob um risco desproporcional de sofrer com
o aumento do nível das águas do mar.
As desigualdades raciais também se traduzem em menos recursos para
lidar com as alterações climáticas. Mais de 30% dos negros de Nova
Orleães não tinha carro para poder evacuar quando o Furacão Katrina
atingiu a cidade em 2005, de acordo com um estudo
de 2008. A população negra da cidade caiu depois do Katrina, pois
muitos residentes não tinham condições económicas para regressar à
cidade.
De acordo com a socióloga ambiental Dorceta Taylor, o mundo do activismo climático tem sido dominado historicamente por homens brancos, citada pelo Washington Post. Um estudo
de 2014 da Iniciativa pela Diversidade Verde mostrou que só 12% dos
membros das fundações e organizações não-governamentais ambientais
pertenciam a minorias.
Um problema global
Mas dada a escala planetária das alterações climáticas, este não é só
um problema nos Estados Unidos. No Qatar, muitos imigrantes que
trabalham na indústria da construção morreram por falhas cardiovasculares causadas por golpes de calor. Cerca de 6500 imigrantes que trabalham na preparação do Mundial de 2022 no país já morreram.
Já em Banguecoque, capital da Tailândia, um inquérito
a 505 residentes realizado durante a estação quente em 2016 concluiu
que as pessoas com rendimentos mais baixos tinham uma maior
probabilidade de sofrer stress térmico do que quem vive com rendimentos mais altos.
Em Madagáscar, mais de um milhão de pessoas estão a sofrer com aquela
que está a ser considerada a primeira escassez de alimentos na história
moderna causada pelas alterações climáticas. Em resposta à fome, um executivo das Nações Unidas afirmou que uma “área do mundo que em nada contribuiu para as alterações climáticas” está agora a “pagar um preço alto”.
Muitos países em desenvolvimento estão a sofrer bastante com as
consequências das mudanças no clima, apesar de não serem os principais
poluidores. Uma estudo
deste ano concluiu que os dez países que mais devem sofrer os impactos
são: Singapura, Ruanda, China, Índia, Ilhas Salomão, Butão, Bostwana,
Geórgia, Coreia do Sul e Tailândia.
A crise climática também está a exacerbar a desigualdade entre homens e mulheres. De acordo com dados das Nações Unidas citados pela BBC, 80% das pessoas que tiveram de se deslocar devido ao clima eram mulheres.
Há já algumas estratégias de combate às desigualdades sociais que a
crise climática está a expor. Muitas cidades nos EUA estão agora a ter
em conta a igualdade térmica no planeamento urbano ao
pintar os telhados de branco ou plantar mais árvores em zonas que tinham
sido historicamente discriminadas. Há também metrópoles a dar apoios
financeiros a residentes para ajudar a pagar as contas energéticas no
Verão.
Uma abordagem é manter parques abertos mais horas durante ondas de
calor, para que as pessoas que vivem em casas mais quentes possam ir a
um lugar mais fresco. Na Índia, em Ahmedabad, começaram a enviar alertas públicos quando as previsões da temperatura ultrapassassem os 41 graus depois de uma onda de calor em 2010. Um estudo concluiu que a estratégia salvou em média 1190 vidas por ano.
Já em Paris, há um programa para tornar os recreios das escolas
públicas em lugares de refresco, em especial nos subúrbios, onde vivem
mais minorias raciais.
Os recentes fenómenos extremos, como as cheias na China e no Norte da
Europa e os incêndios em Itália ou nos Estados Unidos, têm posto a nu as desigualdades
sociais e económicas das vítimas das alterações climáticas a uma escala
global. Resta saber se os líderes mundiais vão conseguir unir-se para
reverter esta tendência.
O estilo de vida de três norte-americanos leva a uma emissão
de carbono suficiente para matar uma pessoa, revelou um novo artigo,
concluindo ainda que as emissões de uma única usina a carvão podem
causar mais de 900 mortes.
A análise, publicada na Nature Communications e citada esta quinta-feira pelo Guardian, baseou-se no “custo social do carbono”,
um valor monetário atribuído aos danos causados por cada tonelada de
dióxido de carbono, estabelecendo um número estimado de mortes derivadas
dessas emissões.
O relatório inclui dados de vários estudos de saúde pública,
constatando que, para cada 4.434 toneladas métricas de CO2 projetadas
para a atmosfera para além da taxa de emissões de 2020, uma pessoa no
mundo morrerá prematuramente devido ao aumento da temperatura. Este CO2
adicional é equivalente às emissões de 3,5 norte-americanos.
A adição de mais 4 milhões de toneladas métricas acima do nível de
2020, produzida em média pelas usinas a carvão média dos Estados Unidos
(EUA), custará 904 vidas até o final do século. Numa maior escala, a
eliminação das emissões – que causam o aquecimento do planeta – até 2050
salvaria cerca de 74 milhões de vidas em todo o mundo neste século.
O número estimado de mortes devido às emissões não são definitivos,
visto que representa apenas mortalidade associada ao calor, deixando de
fora as cheias, os ciclones e outros impactos da crise climática, referiu Daniel Bressler, do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos EUA, autor do artigo.
Esta pesquisa ilustra as disparidades nas emissões geradas pelo
consumo em diferentes países. Embora sejam necessários 3,5
norte-americanos para criar emissões suficientes para matar uma pessoa,
seriam necessários 25 brasileiros ou 146 nigerianos para fazer o mesmo,
concluiu o estudo.
Gernot Wagner, economista do clima da Universidade de Nova Iorque,
não envolvido na pesquisa, disse que o custo social do carbono é uma
“ferramenta política crucial”, mas é também “muito abstrato”.
Para Bressler, embora o seu artigo analise as emissões causadas por
atividades individuais, o foco deveriam ser as políticas que impactam as
empresas e os governos, que influenciam a poluição de carbono numa
escala social.
“Na minha opinião as pessoas não deveriam levar as suas emissões por
pessoa para o lado pessoal. As nossas emissões [derivam] em grande parte
da tecnologia e da cultura dos locais onde vivemos”, acrescentou.
Na segunda-feira, a Federação de Cientistas Americanos (FAS)
publicou um relatório no qual denuncia a existência de um campo de
instalações nucleares perto da cidade de Hami, na província chinesa de
Xinjiang. Estarão a ser construídos 110 novos silos para mísseis
balísticos no local.
Os Estados Unidos estão preocupados com os riscos da expansão nuclear
da China e insistem que esta se deve manter comprometida com a
estratégia de “dissuasão mínima”, após a divulgação de um relatório que denuncia a existência de um campo de instalações nucleares perto a cidade de Hami.
“Apesar do secretismo da República Popular da China, esta construção acelerada [de silos] torna-se cada vez mais difícil de esconder
e demonstra como o país está a desviar-se de décadas de uma estratégia
nuclear baseada na dissuasão mínima”, acusou o Departamento de Estado
norte-americano, em comunicado enviado à CNN.
O Público destaca que a FAS considera que a capacidade nuclear combinada das instalações de Hami e de Gansu corresponde “à expansão mais significativa de sempre do nuclear arsenal chinês”. As instalações de Gansu tem outros supostos 119 silos e foram reveladas em junho pelo think tankJames Martin Center for Nonproliferation Studies.
“O programa chinês de silos para mísseis constitui a maior produção de silos desde a produção dos EUA e da União Soviética durante a Guerra Fria”, lê-se no documento.
“O número de novos silos chineses excede o número de ICMB [mísseis
balísticos intercontinentais] em silos operados pela Rússia e constitui
mais de metade da capacidade total de ICBM dos EUA”, acrescenta ainda.
O Comando Estratégico dos Estados Unidos reagiu às novas revelações e lembrou que “é a segunda vez em dois meses
que o público descobre o que temos vindo a dizer há muito tempo sobre a
crescente ameaça que o mundo enfrenta e o véu de sigilo que a rodeia”.
O campo de silos de Hami tem cerca de 800 quilómetros quadrados e o
campo de Gansu terá aproximadamente 380 quilómetros quadrados.
O facto de os silos estarem colocados em Xinjiang, longe da costa,
garante que não podem ser atingidos pelos mísseis de cruzeiro
disparados pelos navios de guerra norte-americanos estacionados no
Oceano Pacífico.
“[O relatório] tem provas bastante convincentes das intenções da China para expandir significativamente o seu arsenal nuclear, de uma maneira mais rápida do que aquela que muitos analistas previam”, reagiu Adam Ni, diretor do China Policy Center, em Canberra, Austrália.